sábado, 5 de dezembro de 2020

Conciliações impraticáveis

A extrema direita que tomou o poder no país costuma se definir como "liberal na economia e conservadora nos costumes". Nessa apresentação já há uma clara contradição. Liberalidade e conservadorismo são condições posturais opostas. Não é possível ser liberal em determinados assuntos e conservador em outros. No caso da extrema direita brasileira, essa divisão absurda se dá pela necessidade de agradar os seus dois pólos de sustentação. A liberalidade econômica é o meio de conquistar o apoio financeiro do grande empresariado, interessado em destruir todos os direitos dos trabalhadores. O conservadorismo moral é a maneira de manter a fidelidade dos evangélicos fanatizados, a grande base popular do presidente Jair Bolsonaro. Dentro dessa linha de buscar conciliações impraticáveis, se encontra a prefeita reeleita de Palmas, capital de Tocantins, Cinthia Ribeiro (PSDB). A prefeita se define como "católica, muito feminista e conservadora". Como consegue conciliar ser "muito feminista" com a condição de católica conservadora é algo que Cinthia não explica, talvez por não ser possível. Embora tenha declarado que era impossível não se emocionar com a posse de Bolsonaro, Cinthia não aceita ser chamada de bolsonarista. Com todo esse contorcionismo conceitual, Cinthia é um retrato fiel da escumalha que tomou conta da política brasileira. Falsa, oportunista, sem projeto político para o país, exploradora da boa fé dos incautos .