sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A blindagem de Bolsonaro

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi afastado do cargo por seis meses. Não serão referidos nesse espaço os fatos que resultaram nessa decisão, pois o foco desse texto é outro. O que chama a atenção no afastamento de Witzel é, mais uma vez, a seletividade existente no Brasil em relação ao julgamento de ocupantes de cargos executivos. O processo de impeachment deveria ser técnico, mas é político. Para que uma casa legislativa deflagre um processo dessa ordem, pesam muito mais as mesquinharias políticas e interesses eleitoreiros. Se Witzel pode ser afastado, porque o mesmo não é feito com o presidente Jair Bolsonaro? Os crimes praticados por Bolsonaro são os mais variados, todos devidamente tipificados. Há mais de quarenta pedidos de impeachment de Bolsonaro enviados para a Câmara dos Deputados por partidos e organizações da sociedade civil. Seu presidente, Rodrigo Maia (DEM/RJ), no entanto, nega-se a dar andamento a qualquer um deles, alegando que o momento não é adequado para isso. A blindagem de Bolsonaro não é um ato isolado de Maia. Ela faz parte do conluio entre o Congresso, poder Judiciário, em suas diversas instâncias, imprensa conservadora e o grande empresariado, que promoveu o golpe de 2016. Todo aquele que cometer irregularidades no exercício de um cargo executivo, deve sofrer as consequências. Para o bem do país, espera-se que o Congresso e o Supremo Tribunal Federal cumpram com a sua obrigação, sem proteger um presidente que desonra o cargo.