domingo, 29 de novembro de 2020

Uma chocante aversão à ética

O resultado do segundo turno das eleições municipais confirmou um dado estarrecedor. Grande parte do eleitorado brasileiro tem uma chocante aversão à ética. Mal instruído, inculto, despolitizado, tomado por visões falso moralistas, esse eleitor recusa candidatos dignos e honrados, e opta por políticos profissionais com um currículo repleto de malfeitos e deslizes éticos. Como explicar a derrota de Manuela D'Ávila (PCdoB)para uma figura tão ignóbil como Sebastião Melo (MDB), em Porto Alegre? Certamente, o fato de Manuela ser de um partido que leva a palavra "comunista" em seu nome teve um grande peso. Bronco, parvo, do tipo que se impressiona com a arenga de pastores, esse eleitor, cuja credulidade anda de mãos dadas com a mais profunda ignorância, deixa-se levar por mentiras deslavadas como a da existência de um "kit gay", ou de uma "mamadeira de piroca", como aconteceu no pleito presidencial. Porém, o mesmo eleitor dá de ombros para o fato de Sebastião Melo negar-se a pagar uma dívida com o fisco, alegando ser pobre, embora seja deputado estadual e receba um salário de R$25 mil. Esse mesmo tipo de eleitor deu a vitória, em Cuiabá, a Emanuel Pinheiro (MDB)um candidato a reeleição que já foi flagrado guardando dinheiro de propina no bolso do paletó. Diante de tamanhas demonstrações de burrice desses eleitores, atentando contra os interesses do município onde moram, só resta lembrar o ditado que expressa que quem corre por gosto não cansa.