domingo, 31 de maio de 2020

Confrontos

O que era inevitável aconteceu. A polarização que se estabeleceu no Brasil desde 2013, e a crescente tensão política no país, ocasionaram confrontos entre manifestantes contrários e favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em Copacabana e na Avenida Paulista, policiais militares se colocaram entre os dois grupos para evitar uma pancadaria. Os grupos de defesa da democracia, finalmente, deixaram sua letargia e foram ocupar as ruas, o que antes só vinha sendo feito pelos incentivadores da barbárie. Paralelamente a isso, grupos na internet foram criados para defender os valores democráticos. A necessária resposta aos descalabros do governo Bolsonaro começa a acontecer. A situação chegou a um nível intolerável, em que não há possibilidade de Bolsonaro continuar no cargo. A manifestação de bolsonaristas, na madrugada de hoje, diante do Supremo Tribunal Federal, com símbolos utilizados pela Ku Klux Klan, é inadmissível. O país não pode seguir com a ameaça de uma escalada do autoritarismo. Hoje, como sempre, o presidente Jair Bolsonaro prestigiou manifestações inconstitucionais e contrárias à democracia. A parte sadia da sociedade brasileira já faz com que sua voz seja ouvida, e ela constitui a maioria da população. Falta só os poderes responsáveis agirem para que Bolsonaro seja destituído do cargo, e o Brasil se veja livre desse pesadelo.

sábado, 30 de maio de 2020

Os protestos nos Estados Unidos

O assassinato covarde de um homem negro, George Floyd, por um policial branco, em Minneapolis, fez explodir uma série de protestos nos Estados Unidos. Floyd foi assassinado na segunda-feira e, desde então, às manifestações anti-racistas só fazem crescer. O início dos protestos foi, obviamente, em Minneapolis, mas eles já se espalharam por mais de 30 cidades americanas. Os manifestantes já incendiaram prédios e viaturas da polícia, e repetem em coro, entre outras falas, a frase "eu não consigo respirar", dita por Floyd enquanto tinha seu pescoço pressionado pelo joelho do policial. As manifestações não se resumem aos jovens. Pessoas de todas as idades, e famílias inteiras, saem às  ruas, em pleno confinamento pela pandemia de coronavírus, para manifestar sua indignação com o ocorrido. O racismo é uma chaga histórica dos Estados Unidos, que nunca foi erradicada. Nem o mesmo o fato do país já ter tido um presidente negro, Barack Obama, amenizou a questão. Porém, ao que parece, a paciência com essa iniquidade acabou. A intensidade dos protestos não dá sinal de arrefecimento. As manifestações deverão continuar, e se prolongar por muito tempo. Somados à pandemia, que já causou a morte de mais de cem mil americanos, os protestos nos Estados Unidos podem comprometer decisivamente as chances de reeleição do presidente Donald Trump. Diante de um crime tão brutal e odioso, que foi recebido com indiferença por Trump, o qual só se manifestou para condenar os saques a lojas por parte dos manifestantes, esse seria um princípio de consolo. Se 2020 é um ano para ser esquecido, 2021 talvez traga a ausência de Trump do cenário político. As consequências benéficas desse fato não abrangeriam apenas a terra do Tio Sam, mas o mundo inteiro.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A desfaçatez de Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes é um descarado. No momento em que houve a eclosão da pandemia de coronavírus, Guedes lamentou que ela teria ocorrido justamente no momento em que a economia brasileira reagia. Uma mentira deslavada de Guedes. Desde que o governo Bolsonaro começou, a economia brasileira jamais decolou. Os números foram sempre pífios, a massa de desempregados não diminuiu. Agora, diante da informação de que o PIB brasileiro sofreu uma queda de 1,5%, Guedes fala em solidariedade, e diz que quem se coloca contra o governo é um "cretino". Na verdade, Guedes é o grande vilão do caótico governo Bolsonaro. Comprometido com os grandes empresários, Guedes empreendeu a ampliação da destruição dos direitos trabalhistas, conseguiu a implementação da execrável reforma previdenciária, pretende liquidar o patrimônio público do país com privatizações, e defende que milionários estrangeiros façam turismo sexual no Brasil. Sem nenhuma condição moral de fazer qualquer pedido à população, a desfaçatez de Guedes ao solicitar solidariedade ao governo é repugnante. Tudo o que o Brasil precisa é que Guedes e toda a gangue do governo Bolsonaro saiam de cena o quanto antes.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

O bufão do cercadinho

O comportamento do presidente Jair Bolsonaro continua o mesmo. Sempre que se sente acuado, Bolsonaro parte para o ataque e faz ameaças veladas de que poderá agir de modo autoritário contra os demais poderes. Hoje, não foi diferente. Foi mais uma apresentação do quadro "O bufão do cercadinho", encenado diariamente no exíguo espaço em frente ao Palácio da Alvorada. Sempre tendo em vista a reação dos seus apoiadores, que invariavelmente se fazem presentes no local, Bolsonaro subiu o tom de voz e disse, referindo-se à operação da Polícia Federal, ontem, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, contra os disseminadores de fake news, que a situação chegou a um limite. O ex-capitão declarou que "ontem foi o último dia triste". A ameaça de uma ruptura institucional fica clara na fala de Bolsonaro, o que foi reforçado por uma afirmação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que ela ocorrerá, inevitavelmente. O país não pode continuar refém dos humores de Bolsonaro e seus filhos meliantes. Antes que o Brasil seja jogado nessa anunciada ruptura, Bolsonaro terá de ser destituído. Só assim o país poderá recobrar sua paz, e colocar o enfrentamento à pandemia de coronavírus, que atinge um número de mortes cada vez mais alarmante, em primeiro lugar.  

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Chumbo trocado

A política brasileira vive momentos eletrizantes. Ontem, a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão na residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal realizasse ações de busca e apreensão contra 27 pessoas, entre elas o empresário Luciano Hang, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, o blogueiro Alan dos Santos, e a ativista Sarah Winter. A ação é parte integrante do inquérito sobre as Fake News. Em comum, as 27 pessoas tem o fato de serem apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro. Moraes determinou que elas tenham os seus sigilos bancário e fiscal quebrados, e bloqueados os seus perfis nas redes sociais. As medidas de Moraes, mais do que oportunas, visam desbaratar o chamado "gabinete do ódio". Portanto, há chumbo trocado entre o governo federal e o Supremo Tribunal Federal. Absurdamente, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, pediu ao ministro Edson Fachin, do STF, relator do inquérito das Fake News, para que o arquive. Fica evidente que Aras tornou-se um aliado de Bolsonaro, que o nomeou para o cargo, de olho numa indicação para a mais alta corte do país. O mesmo Aras, em outubro de 2019, mostrou-se favorável ao inquérito. O grande temor do presidente Jair Bolsonaro é que o inquérito chegue até seu filho, Carlos Bolsonaro, que é vereador no Rio de Janeiro e não tem foro privilegiado. Afora isso, serão revelados, também, os nomes dos empresários que financiam essas ações antidemocráticas. A parte saudável da sociedade brasileira vibra com as medidas tomadas para desbaratar o gabinete do ódio. A casa de Bolsonaro começa a cair. Não será fácil, nem tão rápido quanto deveria, mas o governo genocida de Bolsonaro irá chegar ao fim.

terça-feira, 26 de maio de 2020

O preço da leniência

Razões para determinar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro é o que não faltam, são dezenas de crimes tipificados. Porém, os poderes Legislativo e Judiciário, aos quais caberia agir para encaminhar a queda de Bolsonaro se omitiram. Essa omissão fez com que o ex-capitão se sentisse à vontade para assediar explicitamente o Procurador Geral da República, Augusto Aras, para arquivar o processo que o acusa de interferir na Polícia Federal. Hoje, a Polícia Federal, já transformada num órgão auxiliar de Bolsonaro, desfechou uma ação de busca e apreensão contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, medida que deverá se estender a outros administradores estaduais que o tresloucado presidente considere como seus inimigos. Esse é o preço da leniência, pois, ao não agirem com a agilidade necessária, ou, o que é pior, associando-se a um governo putrefacto, o Legislativo e o Judiciário levam o país para o abismo. O Brasil não suportará que Bolsonaro cumpra o seu mandato por inteiro. Nada sobrará do país se isso acontecer. Não é hora de composições. O momento exige uma ação radical, de ruptura. A cassação da chapa Bolsonaro-Mourão é a melhor e mais rápida solução, pois propiciará uma deposição imediata, sem as delongas de um processo de impeachment, e com a convocação de novas eleições em 90 dias. Está na hora dos que não apoiam Bolsonaro, imensa maioria da população brasileira, fazerem valer a sua voz, e exigirem a sua queda imediata do cargo.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Falsa normalidade

Em meio a pandemia de coronavírus, que atinge números cada vez mais catastróficos, e a revelação de imagens de uma reunião ministerial de conteúdo obsceno, o país vive uma inexplicável calma no terreno político. Depois de semanas turbulentas, geradas pelo comportamento alucinado e errático do presidente Jair Bolsonaro, os demais poderes da República parecem empenhados em impor uma falsa normalidade, o que está longe de ser o melhor para o futuro do Brasil. Nas atuais circunstâncias, só quem lucra com uma acomodação das tensões políticas é o grande empresariado e o mercado financeiro,  sempre esperançosos de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, complete a destruição dos direitos dos trabalhadores brasileiros e a liquidação do patrimônio público do país, transferindo-o para proprietários privados. Não há espaço para a conciliação entre os poderes, especialmente o Executivo e o Judiciário. As ofensas proferidas pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, contra o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, na referida reunião, não são passíveis de uma retratação. O Brasil virou um pária internacional, em função do governo caótico de Bolsonaro. Dar-lhe fôlego, buscando baixar a temperatura política, é praticar um crime contra os interesses do país, prolongando a permanência de um sociopata no poder. O Brasil consciente, e o mundo, clamam pela queda de Bolsonaro.

domingo, 24 de maio de 2020

Apenas mais do mesmo

A movimentação política no fim de semana, em Brasília, não trouxe novidades em relação aos anteriores. Foi apenas mais do mesmo. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro saiu para mais um de seus passeios sem máscara em meio ao povo, apertando mãos e gerando aglomerações. Hoje, Bolsonaro participou de mais uma manifestação de apoio de seus seguidores, que chamou a atenção pela escassez de pessoas presentes. Enquanto isso, o lado saudável da sociedade brasileira ainda tenta digerir o conteúdo da nauseante reunião ministerial do dia 22 de abril, revelada pela exibição de um vídeo. As barbaridades ali proferidas caracterizam uma série de crimes e desvios de conduta no exercício do governo, o que impõe a necessidade de que os poderes legislativo e judiciário tomem as medidas cabíveis para o impeachment do presidente e a penalização devida de seus ministros. Espera-se que durante a semana, novidades positivas nesse sentido possam ocorrer. O Brasil consciente não aguenta mais esperar por essas providências.

sábado, 23 de maio de 2020

Os amigos de Bolsonaro

Não bastasse a divulgação de um vídeo com conteúdo estarrecedor, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista concedida na parte externa do Palácio do Planalto, ontem, revelou algo ainda mais absurdo. O ex-capitão disse que, por ter "amigos" nas polícias civil e militar do Rio de Janeiro, foi avisado de ações de busca e apreensão nas casas de seus filhos que seriam determinadas pelo governador Wilson Witzel. Conforme Bolsonaro, Witzel deseja ser presidente, e, para isso, quer lhe prejudicar, bem como aos seus familiares. Na argumentação de Bolsonaro, Witzel pretendia "plantar provas" contra seus filhos. Deixando de lado a leviandade das declarações de Bolsonaro em relação às intenções de Witzel, o núcleo de suas afirmações é inadmissível para um presidente. Entre as prerrogativas do ocupante do cargo não está a de ter um sistema de informações paralelo. Os amigos do presidente não podem lhe fornecer informações privilegiadas, nem receber proteção do Gabinete de Segurança Institucional, como Bolsonaro reinvidicou na deprimente reunião que veio ao conhecimento público da opinião pública com a liberação do vídeo, ontem. Não houve, por parte de Bolsonaro, o esclarecimento de quando se deu o fato, nem de quem são os tais informantes. Os amigos de Bolsonaro representam mais um escândalo, dos tantos produzidos por esse governo dantesco. O esgarçamento ético do país, que atingiu um nível abissal, faz com que se conviva com naturalidade com uma situação inaceitável. Se as instituições do país estivessem funcionando normalmente, como alegam os promotores do golpe que derrubou uma presidente legitimamente eleita, Bolsonaro já teria sido alijado do cargo há muito tempo.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Sobram motivos para o impeachment

Depois da exibição, na quase totalidade, do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, é inaceitável a continuidade do presidente Jair Bolsonaro no cargo. O conteúdo da reunião é estarrecedor. O ex-capitão utiliza uma linguagem imprópria até para bordéis, e profere um total de 29 palavrões ao longo do encontro. Sobram motivos para o impeachment de Bolsonaro. Fica claro no vídeo, ainda que o próprio presidente e seus apoiadores neguem, sua intenção de interferir na Polícia Federal. Durante a reunião, Bolsonaro ofende os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro com impropérios, afirma que quer armar toda a população para evitar uma "ditadura", reclamou dos órgãos de informação que não lhe abasteciam adequadamente, mas destacou possuir um, de natureza particular, que funciona muito bem, não dando, no entanto, nenhum esclarecimento a respeito. Afora os absurdos ditos por Bolsonaro, alguns ministros também declararam barbaridades. O da Educação, Abraham Weintraub, disse que era preciso prender os ministros do Supremo Tribunal Federal. A ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, manifestou o desejo de prender governadores e prefeitos por suas ações no enfrentamento à pandemia de coronavírus. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que era preciso aproveitar que a atenção da imprensa está focada na pandemia para aprovar "de baciada", as desregulamentações pretendidas para a sua área. Se, do ponto de vista jurídico, o vídeo é visto por alguns como frágil para sustentar as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, contra Bolsonaro, no terreno político ele é devastador. O país não pode continuar sendo governado por um desequilibrado e seus ministros de índole criminosa. Em meio a maior tragédia sanitária da história do país, Bolsonaro e seus ministros não mostram nenhuma preocupação com o assunto, voltando-se, tão somente, para o cumprimento de sua nefasta agenda de governo. O governo Bolsonaro é um cadáver insepulto. O impeachment é uma necessidade, e a cada dia que essa medida é postergada perpetra-se um crime lesa-pátria contra o Brasil.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

John Galt

Não estranhe se você não souber quem é o homem que serve de título para esse texto. John Galt não existe. Seu nome foi visto em outdoors, hoje, em Porto Alegre e Vitória, com a seguinte pergunta: "Quem é John Galt"? Em Porto Alegre, os outdoors foram uma iniciativa do "Instituto da Liberdade", execrável instituição que difunde as ideias do neoliberalismo. Os painéis de Vitória foram bancados por um grupo que preferiu não se identificar. Então, respondendo a pergunta, esclareça-se que John Galt é um personagem da escritora e dramaturga russa Ayn Rand. Tendo deixado a Rússia para fugir do regime comunista, Rand se radicou nos Estados Unidos, onde criou sua obra, que defende os argumentos neoliberais. O personagem em questão, John Galt, exalta esses argumentos, ao buscar sua realização pessoal como único objetivo, sem atentar para possíveis prejuízos causados aos outros. Dentro da ótica neoliberal, nada nem ninguém pode servir de obstáculo à consecução de objetivos individuais. Por isso, entre outras razões, seus adeptos desejam a implantação de um estado mínimo. Para um neoliberal, o governo não tem o direito de lhe impor medidas coercitivas em nome de interesses coletivos. Na explicitação dos pensamentos neoliberais, Ayn Rand chega a afirmar que o "nosso grande inimigo", é o homem de posturas morais sólidas, que se deixa deter pela culpa. Os neoliberais são a favor do darwinismo social, em que os "melhores e mais aptos" levam vantagem, esmagando os demais, sem qualquer constrangimento. O fato de tais ideias estarem sendo propagadas por meio de painéis em plena pandemia, situação que acentua a necessidade da intervenção do Estado e incentiva a solidariedade entre as pessoas, é uma demonstração do quanto a sociedade está deteriorada em seus valores, e deixa claro quem é o inimigo a ser derrotado na busca pelo bem estar coletivo.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Uma queda mais do que prevista

A atriz Regina Duarte foi demitida, pelo presidente Jair Bolsonaro, do cargo de secretária de Cultura. Essa era uma queda mais do que prevista, por todos. A ex-secretária teve direito a uma saída "honrosa", com a alegação de ter deixado o cargo para ficar próxima da família, em São Paulo, e recebendo o cargo de diretora da Cinemateca Brasileira, na capital paulista. Desde o início, a nomeação de Regina apontava para um total fracasso. Sem contar com o apoio da maioria da classe artística, e mostrando afinação com as ideias preconceituosas de Bolsonaro, Regina já foi mal no seu discurso de posse. Ao tentar definir o que era cultura, lançou mão de vários exemplos, entre eles o "pum do palhaço". A repercussão negativa foi enorme, com muitos comentários jocosos, como não poderia deixar de ser. Há poucos dias, Regina enterrou ainda mais a sua já desgastada imagem numa entrevista patética para a CNN em que debochou dos mortos pela ditadura, cantou a marchinha "Pra Frente Brasil", disse não querer carregar "cordéis de caixões", e teve um chilique diante da exibição de um vídeo com a atriz Maitê Proença, o que forçou o encerramento antecipado de seu questionamento pelo canal de tevê. O ator Mário Frias bolsonarista convicto, é o favorito para ocupar o lugar de Regina. Frias tem uma carreira obscura como ator, com poucos papéis de alguma relevância, mas sua fidelidade às ideias de Bolsonaro o colocam como o principal nome cogitado para ser o novo secretário. Afora as gafes e declarações absurdas de Regina, nada mais se soube que tenha sido feito pela atriz em seus breves 77 dias no cargo. Com Mário Frias, caso seu nome venha a ser confirmado, nada se poderá esperar de melhor.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Um ministério de militares


  1. Em meio a pandemia de coronavírus, o ministério da Saúde deveria ser o mais importante dentre todos. No Brasil, no entanto, saúde nunca foi prioridade, e continua não sendo. O que está acontecendo no ministério comprova isso. Depois da demissão de dois ministros da Saúde em apenas dois meses, o cargo foi entregue, conforme o que se diz, interinamente, ao general Eduardo Pazuello. Porém, mesmo com sua suposta interinidade, o general nomeou outros nove militares para diversos cargos dentro do ministério. Um ministério de militares, eis no que se transformou a pasta da Saúde. Em princípio, Pazuello ficaria no cargo só até domingo, e ontem um novo ministro já seria anunciado. A tendência não se confirmou, e as nomeações parecem indicar que o general pretenda ser efetivado. O fato é que, cada vez mais, o governo Jair Bolsonaro está se valendo de militares para ocupar funções nos diversos escalões. Se, antes, tomaram o poder colocando os tanques nas ruas, os militares agora entraram pela porta da frente, conduzidos por um presidente eleito. O resultado, entretanto, é igualmente desastroso. Com a ditadura imposta em 1964, os militares derrubaram um presidente legitimamente eleito, que se preparava para fazer importantes reformas estruturais. Hoje, dão sustentação a um governo que não tem mais condições de prosseguir, pois está desmoralizado, dentro e fora do país. Em ambos os casos, a maior vítima é o Brasil. 

segunda-feira, 18 de maio de 2020

O vídeo

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, irá assistir, hoje, a gravação da já famosa reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual, segundo afirma o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fica provada a tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Celso de Mello irá decidir, até o final da semana, se o vídeo terá o seu conteúdo revelado ao público, no todo ou em parte. Novas informações dão conta de que se todo o conteúdo da reunião for conhecido, os ministros Abraham Weintraub e Ernesto Araújo, respectivamente da Educação e das Relações Exteriores, perderão seus cargos. No caso de Weintraub, por ter ofendido todos os ministros do STF. Por sua vez, Araújo fez comentários desairosos sobre a China. A Advocacia Geral da União quer uma divulgação apenas parcial do vídeo, e a Procuradoria Geral da República defende o mesmo, mas de forma ainda mais restrita. Se isso acontecer, será mais um crime lesa-pátria. Não há porque auxiliar o governo a omitir fatos que interessam a todos os brasileiros. O decano do mais alto tribunal do país não pode se acovardar. O conteúdo do vídeo precisa ser inteiramente conhecido por todos. Não há porque blindar um governo que já deveria ter se encerrado, pelos tantos males que já causou ao país.

domingo, 17 de maio de 2020

O prolongamento de uma agonia


  1. Está claro que o governo Jair Bolsonaro, em termos práticos, já acabou. Alguns aliados começam a pular do barco, como é o caso do empresário Paulo Marinho, um dos maiores entusiastas da campanha do ex-capitão e suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-SP). Marinho afirmou que Flávio foi alertado por um policial federal, cujo nome não revelou, sobre investigações envolvendo seu assessor, Fabrício Queiroz, que comprometiam sua família e que seriam concluídas durante o segundo turno das eleições, o que poderia prejudicar a candidatura de seu pai. Esse é um indício de que o barco bolsonarista já está fazendo água. Daqui por diante, outras denúncias desse tipo deverão surgir. Paralelamente a isso, as carreatas em favor de Bolsonaro, em Brasília, com a sua presença, continuam. O governo brasileiro está desmoralizado internacionalmente, e não tem mais nenhuma chance de recuperação. O fato de Bolsonaro ainda permanecer no cargo é o prolongamento de uma agonia. Os que permitem isso têm de ser considerados seus cúmplices no genocídio que ele está causando ao agir em desacordo com a ciência em relação à pandemia de coronavírus.

sábado, 16 de maio de 2020

A volta do futebol

Com o reinicio do Campeonato Alemão, hoje, ocorreu o retorno dos jogos de futebol após a eclosão da pandemia de coronavírus. A volta do futebol, no entanto, se deu em condições especiais. As partidas são realizadas com portões fechados, sem a presença de torcedores. Os jogadores trazem de casa os seus uniformes. No caso de acontecerem gols, não há contato físico nas comemorações. Em alguns momentos, o jogo se parece com uma partida do período de férias, com finalidade beneficente, dada a ausência de uma marcação mais cerrada, e poucas bolas divididas, para evitar o contato físico. Mesmo com tantas diferenças em relação ao futebol com que se está acostumado, os jogos tiveram bons momentos e muitos gols. Só um deles acabou empatado por 0 x 0. Certamente, os jogos de hoje causaram estranhamento tanto para quem deles participou quanto para as pessoas que os assistiram. Não é uma situação desejável, mas é um recomeço, e isso é importante. Em breve, outros campeonatos irão ser retomados. Tomara que esse quadro seja temporário, e que ainda em 2020 os torcedores possam voltar aos estádios.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Desgoverno

O pedido de demissão do ministro da Saúde, Nélson Teich, apenas 28 dias depois de assumir o cargo é um retrato fiel do descalabro que vive o país. O Brasil está entregue a um desgoverno. No momento em que vive os terríveis efeitos da pandemia de coronavírus, que está causando a morte de mais de oitocentas pessoas por dia, o país se vê nas mãos de um presidente, Jair Bolsonaro, que só se preocupa com sua permanência no cargo. A insistência de Bolsonaro em recomendar o uso da cloroquina como remédio contra a doença, e sua obsessão em pôr fim ao confinamento, tornaram inviável a continuidade de Teich como ministro da Saúde. O uso da cloroquina contra o coronavirus não tem respaldo da comunidade médica. A medicação não tem qualquer efeito benéfico contra a doença, e ainda apresenta uma série de efeitos colaterais. Em relação ao confinamento, a medida é cada vez mais necessária, dado o crescente número de mortes, com a possibilidade de se ampliar para um "lockdown", ou seja, um fechamento total. Uma flexibilização do confinamento, nesse momento, é uma atitude genocida. O Brasil vive uma tragédia sanitária que só tende a se ampliar, pois quem deveria zelar pelo país e por sua população, age em sentido contrário. O próximo ministro da Saúde, provavelmente, não será um médico, mas sim alguém disposto a aceitar todas as imposições de Bolsonaro para a área. Nenhum médico deverá concordar com isso, até porque sofreria sanções dos seus conselhos profissionais por agir em desacordo com as orientações científicas. O impeachment de Bolsonaro não é uma questão política, é a única chance de salvar o país do maior genocídio da sua história.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Descaramento

A reunião, realizada hoje, do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, com figurões do empresariado paulista, é simplesmente escandalosa. No encontro, Bolsonaro, em tom inflamado, disse aos empresários que eles precisatm pressionar o governador de São Paulo, João Dória Júnior, a não decretar um "lockdown", ou seja, um confinamento total, nos próximos dias. Porém, o descaramento maior foi de Guedes, que, ao dirigir-se aos empresários, referiu-se ao fato de que eles são financiadores de campanhas, e que possuem "acesso" junto aos parlamentares, fator que deveriam usar para conseguir a quebra do confinamento. Em tempo algum se viu uma autoridade pública ser tão explícita na sua canalhice. Na reunião, Bolsonaro declarou que governadores e prefeitos, ao não cumprirem o que determinam decretos presidenciais, estão incorrendo em "desobediência civil", mais uma das tantas tolices saídas de sua boca. Absurdamente, Bolsonaro chegou a declarar que os empresários eram seus "patrões". O ex-capitão insistiu, também no uso da cloroquina contra o coronavírus, o que não está de acordo com as recomendações científicas. Mais do que nunca, Bolsonaro aposta no confronto, e ignora as mortes pelo coronavírus no país, que chegam a quase mil por dia. Desoladoramente, o Brasil está entregue à própria sorte em meio a uma tragédia sanitária.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Os 70 anos da Fórmula 1

A data de hoje é um marco histórico para o automobilismo mundial. Ela marca os 70 anos da Fórmula 1. Nesse dia, em 1950, era realizado o primeiro grande prêmio de um campeonato da categoria, o da Inglaterra, no autódromo de Silverstone. O primeiro campeonato daquela que se tornaria a principal competição do automobilismo mundial teve apenas seis corridas, todas na Europa, mais a adição das 500 milhas de Indianápolis, embora os carros utilizados nessa prova fossem diferentes dos usados no Velho Continente. Ainda nos seus primórdios, a Fórmula 1 conheceria um dos seus maiores mitos, o argentino Juan Manuel Fangio, cinco vezes campeão da competição, feito que só foi superado entre os anos 90 e 2000 pelo alemão Michael Schumacher, que obteve sete títulos. No ano em curso, o campeonato ainda não foi iniciado, em função da pandemia de coronavírus, mas será uma edição histórica, pois, afora a comemoração dos 70 anos da categoria, há a possibilidade de que o inglês Lewis Hamilton, o atual campeão, iguale o número de conquistas de Schumacher. Ao longo dessas sete décadas a Fórmula 1 conheceu grandes campeões, e outros pilotos igualmente notáveis, ainda que não tenham ganho o título. Figuras lendárias como os já citados Fangio, Schumacher e Hamilton, e ainda Stirling Moss, Giuseppe Farina, John Surtees, Graham Hill, Jim Clark, Jack Brabham, Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Clay Regazzoni, Nikky Lauda, Alain Prost, Gilles Villeneuve, Nélson Piquet, Ayrton Senna, Fernando Alonso, Sebastian Vettel. A Fórmula 1, aos 70 anos, mostra-se sólida, e pronta para continuar encantando os seus milhões de apreciadores.

terça-feira, 12 de maio de 2020

A confirmação

O conteúdo do vídeo da reunião ministerial realizada no dia 22 de abril já é conhecido, ao menos em parte. Nele, há a confirmação do que fora denunciado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ou seja, de que o presidente Jair Bolsonaro decidira trocar o diretor-geral da Polícia Federal e o superintendente do órgão no Rio de Janeiro para proteger sua família e seus amigos de investigações. Como faz habitualmente, Bolsonaro negou as acusações, dizendo que em momento algum da reunião falou em Polícia Federal. Como se fosse necessário! Diante de mais esse fato, é de se perguntar o que falta para que seja instaurado o processo de impeachment do ex-capitão. A cada dia, se acumulam os crimes praticados por Bolsonaro no exercício do cargo, nas mais diversas tipificações. Nem sequer a metade do mandato de Bolsonaro foi completada, o que torna evidente que é impossível que o mesmo seja cumprido integralmente. Dessa forma, quanto mais tempo levar para que seja destituído, o preço a ser pago pelo país se tornará insuportavelmente alto, como já ocorre com as vidas perdidas para a epidemia de coronavírus, tragédia sanitária tratada com desdém por Bolsonaro. O Brasil não pode mais arcar com os danos causados por um presidente insano. O país está acéfalo, sem governo. Os poderes Legislativo e Judiciário tem o dever de cumprir o seu papel, e aliviar o país da presença de Bolsonaro. A hora é agora, não dá mais para adiar.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Realismo

A pandemia de coronavírus, ainda longe de arrefecer, está gerando diferentes reações nos vários estamentos da sociedade. A dificuldade de encarar um fato tão assustador, leva muitos para diversas formas de escapismo. Sem que o problema tenha sido superado, já surgem os que querem fazer previsões sobre como será o mundo pós-pandemia. Acumulam-se, então, os que apelam para o chavão de que o mundo nunca mais será o mesmo. Bobagem. Não é hora de especular como será o mundo depois da pandemia, pois ninguém tem a certeza de que irá sobreviver a ela. O importante, nesse momento, é ver a situação com realismo. A doença está matando milhares de pessoas, e o achatamento da curva de infectados ainda está longe de acontecer. Diante desse quadro, é preciso tomar as medidas profiláticas indispensáveis, respeitar o confinamento, por parte dos cidadãos, e dotar o sistema de saúde dos recursos financeiros e equipamentos necessários para o combate à doença, no que tange ao poder público. O Brasil vive uma tragédia sanitária, e superar esse drama deve ser a única prioridade de todos. Não é hora de especular como será o futuro. O presente já é um desafio suficientemente pesado.

domingo, 10 de maio de 2020

A dualidade de Teich

O nível de ridículo e insanidade dos ministros do governo Jair Bolsonaro parece não ter limites. Numa postagem feita nas redes sociais, hoje, o ministro da Saúde, Nélson Teich, registrou que vivia uma dualidade de sentimentos, em que se faziam presentes a alegria pelo Dia das Mães e a tristeza pelos mais de dez mil mortos pela pandemia de coronavírus. Teich não levou em conta que muitas das vítimas fatais da doença eram mães, e que, entre as que permanecem vivas, várias delas perderam filhos na pandemia. Afora isso, em função do confinamento, um grande número de mães, principalmente as mais idosas, ficaram afastadas de seus filhos no dia de hoje. A dualidade de Teich não faz nenhum sentido. Sua manifestação é a expressão clara da falta de caráter. No Brasil atual, refém de um governo genocida e indiferente aos interesses da população, não há motivo para alegria. Nesse momento tão cruel que vive o país só há lugar para a tristeza, que, a cada dia, se torna mais profunda.

sábado, 9 de maio de 2020

Little Richard

Um dos pioneiros do rock, ícone que influenciou várias gerações de artistas e grupos do gênero. Assim foi Little Richard, que faleceu, hoje, aos 87 anos. Na segunda metade dos anos 50, formou, junto com Elvis Presley e Chuck Berry, o grupo dos primeiros mitos do rock. Seu jeito gutural de cantar fascinava Paul McCartney, por exemplo, que fez o vocal principal da regravação pelos Beatles de "Long Tall Sally", um dos maiores sucessos de Richard. Sua postura no palco, dançando freneticamente e entretendo o público com suas performances, inspirou Mick Jagger, dos Rolling Stones. Sua maneira espalhafatosa de se vestir e a maneira singular de tocar piano tiveram grande influência sobre Elton John. Como se não bastasse tudo isso, ao saber da morte de Richard, Brian Wilson, dos Beach Boys, disse que ele lhes ensinou o que era o rock. Com algumas interrupções, em função de guinadas em seu comportamento e modo de vida, sua carreira foi longa, só se encerrando aos 80 anos, por motivos de saúde. Ainda que ela tenha tido períodos de altos e baixos, por razões artísticas e pessoais, Little Richard é um integrante do panteão de nomes imortais do rock.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Os 50 anos de Let It Be

Na data de hoje, há 50 anos, era lançado o  que seria o último disco dos Beatles, "Let It Be". Não foi o que se pode chamar de um fato festivo, pois, vinte e oito dias antes, Paul McCartney havia anunciado o fim do grupo. Na verdade, embora tenha sido o último disco a ser lançado, "Let It Be" foi o penúltimo a ser gravado, em janeiro de 1969, antes de "Abbey Road", de setembro do mesmo ano. Originalmente, era parte do projeto "Get Back", que incluía a volta dos Beatles aos shows, que não eram realizados desde 1966. A insatisfação com a qualidade do trabalho que estava sendo realizado, e as várias desavenças entre os membros do grupo, fez com que o projeto fosse abandonado no meio do caminho. O material, no entanto, foi retomado no ano seguinte, e entregue ao produtor Phil Spector, que recebeu autorização para fazer um disco. Por isso, "Let It Be" é o único trabalho do grupo que não foi produzido por George Martin. Porém, o resultado não agradou aos Beatles, principalmente Paul. Como pôde trabalhar o material livremente, sem a interferência dos quatro músicos, que já estavam em carreiras próprias, Spector adicionou recursos e efeitos sonoros que não os agradaram. Na lindíssima balada "The Long And Winding Road", de Paul, por exemplo, Spector adicionou um coro feminino, o que deixou seu autor  inconformado. Mais de trinta anos depois, Paul, com a concordância de George Harrison e Ringo Starr, colocou no mercado "Let It Be Naked", a gravação original do disco, sem as adições sonoras de Spector, e com a inclusão de "Don't Let Me Down", faixa que havia sido deixada de lado pelo produtor. Por todas essas razões, "Let It Be" não é um dos melhores discos do grupo, mas está longe de ser um trabalho fraco. A faixa título, "Get Back" e "The Long And Winding Road" são três clássicos. O disco, inclusive, ganhou o prêmio "Grammy". Os 50 anos de "Let It Be" merecem ser comemorados, assim como deve ser festejada qualquer obra do melhor grupo musical de todos os tempos.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Toffoli não mordeu a isca

Totalmente indiferente ao número crescente e assustador de mortes causadas pelo coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro fez, hoje, acompanhado por líderes empresariais, uma "visita surpresa" ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. A intenção de Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que também estava presente, era que Toffoli determinasse o afrouxamento da quarentena determinada por governadores e prefeitos em todo o Brasil. Mesmo sem a reunião prevista na agenda, Toffoli recebeu o grupo de visitantes. Porém, Toffoli não mordeu a isca que lhe foi jogada por Bolsonaro. Ponderou aos presentes que as decisões sobre dimensão e duração do isolamento social devem ser estabelecidas por meio de uma concertação entre as esferas administrativas municipais, estaduais e federal, não cabendo a interferência do Poder Judiciário. Fiéis à sua visão neoliberal que glorifica o mercado e despreza vidas humanas, membros da comitiva expressaram sua preocupação com a possível morte de CNPJ's se a reabertura da atividade econômica não for permitida. Diante da posição de Toffoli, no entanto, um dos empresários presentes na reunião entendeu que foi vítima, junto com seus pares, de uma armadilha de Bolsonaro. Como se vê, o ex-capitão ocupa o seu tempo, em vez de governar o país, com a elaboração de ardis os mais variados para levar adiante suas maquinações políticas. Até agora, só tem colhido fracassos.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Governo genocida

O que está sendo praticado pelo governo Jair Bolsonaro em relação à pandemia de coronavírus é uma política de extermínio. Adotando a postura do negacionismo, Bolsonaro tentou sempre minimizar a gravidade da pandemia, numa ação macabramente calculada. Por entender que, de qualquer maneira, seriam muitos os mortos pela doença, o ex-capitão preferiu cruzar os braços. Para Bolsonaro, tanto faz se, ao final da pandemia, terão morrido cem mil ou um milhão de brasileiros. Na sua visão totalmente insensível, o importante é que, depois de terminada a crise, seja possível voltar a implantar a agenda carregada de demofobia do ministro da Economia, Paulo Guedes. Para isso, é essencial evitar o aumento dos gastos públicos, medida obrigatória numa situação de emergência como a pandemia. Sem dúvida, esse é um governo genocida. Com mais de 600 mortes por dia no país, e uma enorme escassez de leitos nos hospitais públicos, o governo já deveria ter estatizado os da rede privada, enquanto durar a pandemia. O fato de ainda não ter tomado essa atitude, escancara ainda mais o fato de que o compromisso do governo não é com a sociedade, mas com os grandes grupos econômicos. O Brasil caminha para se tornar o epicentro da pandemia em todo o mundo. Não precisaria ser assim. Porém, esse é o preço a ser pago por quem tem um governo que é indiferente para com a vida humana.

terça-feira, 5 de maio de 2020

A absurda posição de Caio Ribeiro

Um atrito, ontem, entre os comentaristas Casagrande e Caio Ribeiro, ambos ex-jogadores de futebol, no programa "Bem Amigos", do SporTV, causou grande repercussão. A razão da polêmica foi a crítica de Caio a uma declaração do diretor-executivo do São Paulo, Raí, pedindo que o presidente Jair Bolsonaro renunciasse. Para Caio, em função de seu cargo no clube, Raí não deveria falar sobre política. A absurda posição de Caio Ribeiro é um atentado à liberdade de expressão. Todo e qualquer cidadão tem o direito de expressar suas opiniões sobre qualquer assunto, independentemente do cargo que ocupe. A se levar em consideração a posição de Caio, só os autônomos, que não estão vinculados a um empregador, e os aposentados, poderiam se posicionar livremente. O fato de Raí ocupar um alto cargo no São Paulo, não significa que sua opinião se confunda com a do clube. Até porque a renúncia de um presidente não é um assunto que caiba no escopo de uma instituição esportiva. A opinião de Raí é, obviamente, a expressão de uma visão pessoal, a qual ele tem pleno direito. Ao criticar a fala de Raí, Caio mostrou a postura habitual dos "coxinhas", sempre dispostos a estabelecer a censura em nome de um pretenso bom senso. Não há como tolerar isso.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Flávio Migliaccio

O suicídio, por si só, é um ato chocante. O que dizer, então, quando ele é cometido por um homem de 85 anos, como aconteceu, hoje, com o ator Flávio Migliaccio? O ator deixou um bilhete, no qual escreveu que a velhice no Brasil era um caos, e que tinha a sensação de que os 85 anos que vivera foram jogados fora em função do país e de algumas pessoas que veio a conhecer. Migliaccio estava fazendo o seu confinamento, por conta do coronavírus, no seu sítio em Rio Bonito (RJ). As informações dão conta de que ocupava o seu tempo escrevendo, e que já havia criado três peças de teatro. Hoje, abruptamente, Migliaccio encerrou sua vida e uma longa e vitoriosa carreira na televisão, cinema e teatro. Seu primeiro grande sucesso televisivo foi o personagem "Xerife", da novela "O Primeiro Amor" (1972), da Rede Globo. O êxito foi tão grande que ocasionou a criação do seriado "Shazam, Xerife e Companhia", onde fazia dupla com Paulo José, o qual vivia o outro personagem inscrito no título do programa, igualmente retirado da novela. A partir daí, participou de várias novelas, seriados e programas humorísticos, sempre cativando o público com suas atuações. Transmitia ao público uma imagem de leveza e doçura que tornam ainda mais intrigante o seu gesto radical. Deixa uma enorme saudade, e a admiração por uma carreira tão bem construída.

Aldir Blanc

O público nem sempre dá a devida consagração aos compositores, a menos que eles gravem suas próprias músicas. Os que se limitam a ter suas obras gravadas por outras vozes ficam fora do foco da mídia, o que dificulta seu reconhecimento pelas grandes massas. Esse é o caso de Aldir Blanc, que faleceu, hoje, aos 73 anos. Carioquíssimo, Aldir formou uma das maiores duplas de compositores do país com o mineiro João Bosco. Em parceria, os dois criaram várias pérolas da música brasileira. A maior delas, sem dúvida, foi "O Bêbado e a Equilibrista", composta em 1977, e gravada no ano seguinte por João Bosco e em 1979 por Elis Regina, que a tornou um clássico. Culto e inspirado, Aldir criava letras primorosas, valorizadas pelas belas melodias de João Bosco. A parceria foi rompida, depois de muitos anos, mas os dois se reaproximaram e reataram a amizade. Aldir também compôs com outros autores, sempre com brilho. Paralelamente à música,  escreveu livros. Suas composições permanecerão na memória dos brasileiros. Se não obteve fama e fortuna, Aldir deixa, inegavelmente, uma obra extensa e qualificada como compositor.

domingo, 3 de maio de 2020

Limite

A escalada de ódio dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro só faz crescer. Hoje pela manhã, em mais um ato contra as instituições e de defesa de medidas ditatoriais, com a presença de Bolsonaro, jornalistas foram agredidos. O ex-capitão declarou que chegou ao seu limite, e que, agora, a Constituição será cumprida, acrescentando que Deus queira que nada aconteça na semana que está se iniciando. Os militares, disse Bolsonaro, estão ao lado do povo. As atitudes de Bolsonaro, hoje, foram um rol de insanidades. Mais uma vez, descumpriu as orientações da Organização Mundial de Saúde contra o coronavírus circulando em público e sem usar máscara. Afrontou  os demais poderes da República, ameaçando, claramente, com a deflagração de um golpe. A situação, verdadeiramente, chegou ao limite, mas não no sentido que quer lhe dar Bolsonaro, mas pelo país e suas instituições. Não é mais possível ter de suportar Bolsonaro num momento em que o país deveria estar voltado, totalmente, para a luta contra a pandemia de coronavírus. As instituições não podem se encolher nessa hora. Soluções apaziguadoras não são mais aplicáveis depois da ameaça de Bolsonaro da deflagração de um golpe. Antes que Bolsonaro torne a situação do país ainda mais caótica, tem de ser afastado do cargo. Não há mais motivo para ser adiada uma medida tão essencial para o futuro do Brasil.

sábado, 2 de maio de 2020

Pizzas

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, depôs por mais de oito horas, hoje, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. No depoimento, Moro teria de apresentar provas sobre as acusações que fez ao presidente Jair Bolsonaro de ter tentado influir em investigações da Polícia Federal. O depoimento foi determinado pelo juiz do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, buscando dar celeridade ao inquérito, para evitar o perecimento de provas. Durante a longa exposição, foram encomendadas dezesseis pizzas, o que é muito sugestivo. O que se espera é que não acabe tudo em pizza, como costuma acontecer no país quando os poderosos estão envolvidos. Na verdade, como bem disse o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek, esse depoimento nem seria necessário, já que todas as acusações feitas por Moro ao deixar o cargo, foram confirmadas no pronunciamento de Bolsonaro, realizado poucas horas depois. O ex-capitão admitiu que queria no cargo de diretor-geral da Polícia Federal, alguém com quem pudesse "interagir". Não há porque perder tempo com investigações. Os crimes de Bolsonaro são vários e estão devidamente tipificados. Sobram razões para sua destituição do cargo. Prolongar uma ação nesse sentido só o beneficia, e arrasta por mais tempo o sofrimento que tem causado ao país.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Empilhando mortos


  • Uma triste realidade tomou conta do país. O Brasil está empilhando mortos pelo coronavírus. A cada dia, já são mais de 400 mortes pelos dados oficiais, que estão muito subnotificados, num quadro de evidente e total descontrole, que só tende a piorar. Era tudo que o presidente Jair Bolsonaro desejava. O ex-capitão nunca esteve preocupado em preservar vidas, e permanece contrariando as orientações da Organização Mundial de Saúde. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido porque cometeu dois "erros" terríveis pela ótica de Bolsonaro, ao ficar mais em evidência que o chefe, e priorizar a verdade quanto aos números do coronavírus e a estratégia correta para fazer frente à pandemia. Alucinado pelo poder, Bolsonaro não suporta que alguém de sua equipe o supere nos holofotes da mídia. Em relação aos planos traçados por Mandetta contra a pandemia, nunca foi da sua vontade fazer o gasto necessário para isso, nem divulgar os números verdadeiros do elevado morticínio, para não ter o seu governo desgastado. Ao nomear Nélson Teich como o novo ministro da Saúde, Bolsonaro resolveu os dois "problemas". Teich é um inepto, que nada faz contra a doença, e os números de infectados e mortos que são divulgados já não tem nenhum grau de confiabilidade. Não é por acaso que o comentarista político Demétrio Magnoli, mesmo sendo reconhecidamente de direita, disse que o Ministério da Saúde fechou. Faltou acrescentar que isso era, exatamente, o que Bolsonaro queria.