sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os escândalos no Ministério dos Transportes

O Ministério dos Transportes não sai das manchetes dos jornais. Infelizmente, isso não ocorre por uma ação eficiente, por um trabalho bem realizado. A permanência do orgão no noticiário se deve a uma série de escândalos envolvendo desde a cúpula até os mais diferentes escalões. Os atos de corrupção no Ministério dos Transportes são os mais variados, passando por obras superfaturadas, sobrepreço em compra de materiais, favorecimento a empresas de familiares de integrantes do orgão. O primeiro a cair, após as denúncias chegarem ao conhecimento da opinião pública, foi o próprio ministro Alfredo Nascimento. O número de demitidos já chega a 16 e deverá aumentar, o que indica que toda a estrutura da pasta está comprometida. A presidente Dilma Roussef tem se mostrado firme na decisão de proceder uma limpeza na área dos Transportes e já há quem diga que a atitude poderá ser ampliada para outros ministérios. Um fato, no entanto, chama a atenção. Dilma nomeou Paulo Sérgio Passos como novo ministro dos Transportes, após a queda de Nascimento. Passos era o secretário-geral do ministério, ou seja, o segundo cargo mais importante na estrutura da pasta. Cabia a ele ser o substituto eventual do ministro, o que aconteceu várias vezes. Sendo assim, será possível que ignorasse tudo o que de irregular acontecia no orgão? Ora, se sabia e nada fez, foi omisso. Se sabia e tomou parte, incorreu em corrupção. Se não sabia, é um inepto, incapaz de perceber o que acontece diante do próprio nariz. Em qualquer das três hipóteses, sua indicação para ser o novo ministro não parece adequada. Corrupção e irregularidades, por certo, não são exclusividade da área dos Transportes. Outros ministérios devem apresentar situações semelhantes. A raiz de tais acontecimentos está na forma como se constrói a estrutura de poder dos governos. A política de alianças visando a governabilidade, que transforma ministérios em feudos de partidos, é o que está por trás de tanta sujeira. Sabe-se que Dilma Roussef gostaria de montar um ministério com perfil mais técnico. A grande oportunidade de fazê-lo é agora. Porém, para isso, Dilma terá de tomar a iniciativa, não esperando o surgimento de denúncias para agir, e mostrar coragem para bater de frente com uma estrutura viciada de poder, ignorando as pressões em contrário por parte dos partidos aliados ao governo. Parece improvável, mas, pelo bem do Brasil, torçamos para que seja possível.