domingo, 15 de dezembro de 2013

Uma mudança para servir de exemplo

A redemocratização do Brasil já ocorreu há 28 anos, pondo fim aos 21 anos de duração da execrável e espúria ditadura militar. Porém, mesmo depois de todo esse tempo, municípios, avenidas, ruas e escolas continuam a levar o nome de figuras que participaram do golpe militar. Inciativas para que tais denominações fossem trocadas chegaram a ser feitas, mas esbarraram na resistência da direita. Agora, uma escola de Salvador partiu para a ação. A Escola Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici decidiu trocar seu nome, pois incomodava à comunidade que ele homenageasse um ditador. Numa votação democrática, envolvendo a comunidade escolar, optou-se entre os nomes do ex-deputado federal e guerrilheiro Carlos Marighella e o do geógrafo Mílton Santos. Marighella venceu com 69% dos votos. Conforme a vice-diretora do colégio, Maria das Graças Passos, a mudança vem em boa hora, ainda mais com a escolha do nome de um baiano que combateu a ditadura. Esse é um fato que merece ser exaltado, ainda mais por se tratar de uma escola. Num país que insiste em não fazer a devida punição dos agentes da ditadura, ignorando o exemplo dos seus vizinhos, Argentina e Uruguai, é digna de aplausos a medida tomada na Bahia. Não se justifica que ainda existam no país homenagens a artífices da ditadura. A avenida Castelo Branco, via de acesso a Porto Alegre, por exemplo, deveria ter o seu nome trocado. A direita certamente irá estrilar com o ocorrido em Salvador, mas vai ficar falando sozinha. A alteração foi feita numa votação democrática, pelos diretamente interessados. Restituída a democracia, a população deixa a cada dia mais claro por qual dos lados confrontantes optou. Mesmo com toda a carga da grande imprensa em favor do conservadorismo, o povo mostra, em pequenas votações, como a da escola de Salvador, ou nas eleições, que fez a sua opção, e ela não contempla homenagens a golpistas e liberticidas.