quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Crime chocante

O assassinato de uma repórter e um cinegrafista, durante uma transmissão ao vivo, nos Estados Unidos, é mais um capítulo das mortes violentas por armas de fogo naquele país. Um crime chocante, por ser testemunhado ao vivo por telespectadores. O assassino, ex-funcionário da mesma emissora de TV da repórter e do cinegrafista, morreu horas depois, num hospital, em decorrência de ferimentos autoinfligidos numa tentativa de suicídio. A mulher que estava sendo entrevistada no momento do ataque, recebeu um tiro nas costas, mas foi operada e sobreviveu. Esse crime, como tantos outros do gênero que ocorrem com frequência nos Estados Unidos, mostram as consequências da liberalidade com que aquele país trata o porte e uso de armas. O Brasil, com o Estatuto do Desarmamento, adotou um posicionamento muito adequado em relação ao assunto. No entanto, muitas pessoas defendem abertamente a liberação do porte de armas para a população como uma forma do cidadão "se defender". Demagógica e irrefletidamente, argumentam que enquanto os bandidos estão armados, as pessoas não tem possibilidade de se defender por não poderem fazer o mesmo. Raciocínio rasteiro. Pessoas comuns não estão habilitadas a usar armas, algo que exige preparo técnico e, principalmente, psicológico. Será que os defensores dessa tese não aprendem com o exemplo americano? A absoluta facilidade com que qualquer pessoa pode adquirir uma arma nos Estados Unidos faz com que, com uma constância inquietante, ocorram chacinas, nas quais inocentes são vítimas de indivíduos desequilibrados. Os americanos insistem em não tomar medidas práticas a respeito, pela enorme resistência cultural que possuem a que se restrinja o acesso às armas. O preço que tem pago por isso é alto, com o desperdício de vidas. Saudemos a legislação brasileira nessa questão. Uma população armada é uma ameaça a si própria. Desequilibrados ou não, os que cometem crimes como o assassinato dos dois profissionais de imprensa só o fazem pela facilitação do acesso às armas. Não copiemos o mau exemplo dos Estados Unidos. O Estatuto do Desarmamento não deve ser revogado. Ele é um exemplo de bom senso.