segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Afronta

A volta do senador Renan Calheiros (PMDB/AL) à condição de presidente do Senado, mesmo cargo ao qual havia renunciado, em 2007, por denúncias de corrupção, é um acinte, uma afronta ao povo brasileiro. Mais do que isto, mostra o ânimo da classe política em estabelecer uma "queda-de-braço" com a opinião pública, indicando homens inidôneos para postos de tamanha relevância num momento em que o país repudia os sucessivos escândalos envolvendo homens públicos. Nada parece deter os políticos brasileiros. Tal e qual a massa que quanto mais sovada mais cresce, eles mostram uma desfaçatez crescente, na mesma medida em que aumentam as críticas que recebem. Certos de que permanecerão impunes em suas manobras, desdenham do repúdio da imprensa e da população às suas atitudes, parecendo se considerarem acima do bem e do mal. O pragmatismo e a busca da "governabilidade" na política brasileira chegou no fundo do poço. Não há o que justifique o apoio do governo federal a indicação de Renan Calheiros para o cargo. O senador Paulo Paim (PT/RS), particularmente, manchou de forma irrecuperável a sua biografia ao votar em Calheiros, enquanto os outros dois membros do Rio Grande do Sul no Senado, Pedro Simon (PMDB) e Ana Amélia Lemos (PP), escolheram o nome de Pedro Taques (PDT/MT). O novo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), também tem uma ficha das mais sujas entre os integrantes do parlamento brasileiro. Com a escolha de nomes como os de Calheiros e Alves para presidir as duas casas do Congresso, o poder Legislativo brasileiro vira as costas para a população e entrega-se, única e exclusivamente, à defesa de seus próprios interesses e conveniências.