sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A construção da usina

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na região Amazônica, tem tudo para se transformar numa grande dor de cabeça para o governo federal. A obra, necessária, segundo o governo, para evitar "apagões" energéticos no país, resultará num desastre ambiental. Uma enorme área de floresta será inundada, devastando a fauna e a flora locais. Populações índigenas serão desalojadas de seu habitat. Um imenso prejuízo ecológico em nome de uma pretensa necessidade estrutural do país. Outras usinas, aliás, estão sendo projetadas pelo governo, para garantir o fornecimento de energia, o que causará danos semelhantes. Diante da perspectiva de tão grave agressão ao meio ambiente, setores da sociedade já se mobilizaram. Uma campanha para angariar assinaturas contra a construção da usina de Belo Monte já está nas redes sociais, com depoimentos de artistas da Rede Globo. A campanha também deverá contar com a adesão de astros internacionais do porte de Leonardo Di Caprio. Uma forma legítima e pacífica de pressão para que o governo brasileiro reveja a sua intenção de construir essa e outras usinas, evitando o seu rastro de prejuízos ambientais. Como é dito em alguns dos depoimentos da campanha, há outras formas de geração de energia, não danosas ao meio ambiente, que podem ser adotadas pelo governo. Ao que se sabe, a presidente Dilma Roussef permanece firme na intenção de levar adiante a construção da usina. Dilma deveria repensar sua posição. O Brasil ficará com sua imagem muito desgastada, no mundo todo, caso insista em erguer a obra. Não convém ao governo apostar que essa é uma questão de grupos organizados ou privilegiados da sociedade e de que o "povão" está alheio a tais manifestações. A popularidade de Dilma, bastante alta, a exemplo de seu antecessor no cargo, não deve ser vista como um escudo intransponível. Não é. Voltar atrás em uma decisão, quando se fizer necessário, também é uma demonstração de sabedoria de um governante. Se precisar de um estímulo para rever sua posição, Dilma deveria ouvir o depoimento do ator Ary Fontouta para a campanha. Dirigindo-se a Dilma, Ary Fontoura diz: "Presidente, pense no país em que seu neto vai crescer". Considero ser desnecessário fazer qualquer acréscimo.