quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A decadência da escola pública

Houve um tempo em que o ensino público era motivo de orgulho no Brasil. Escolas públicas ofereciam uma educação de altíssima qualidade. Não era necessário para as famílias recorrerem às escolas pagas para prover um ensino de alto padrão para seus filhos. Infelizmente, este tempo está cada vez mais distante. Num processo que se arrasta há décadas, a cada governo, independentemente de orientação ideológica, a escola pública vive uma realidade de abandono, precariedade, falta de professores, prédios em péssimo estado. Muitos culpam a universalização do ensino por tal quadro, como se o fato de garantir-se o acesso de todos à escola não tornasse possível oferecer uma educação de bom nível. Dessa forma, amplia-se o fosso social brasileiro. Os situados da classe média para cima na escala econômica garantem uma boa educação para seus filhos recorrendo às escolas pagas. Aos mais pobres, que não tem recursos para tanto, restam as escolas públicas, que vivem uma rotina de ensino de má qualidade, falta de professores para lecionar determinadas matérias, salas de aula em mau estado, atraso no início do ano letivo. A quem interessa tamanho descalabro? Por que os sucessivos governos, mesmo os de face popular, nada fazem para alterar este quadro? O Brasil possui milhões de analfabetos funcionais, isto é, pessoas que sabem ler e escrever, mas são incapazes de interpretar adequadamente o sentido de um texto. Nas pesquisas comparativas com o nível de ensino de outros países, estamos sempre nos últimos lugares. Se à grande massa carente do país é oferecido um ensino cada vez pior, como mudar esse panorama? Até quando a educação aparecerá como prioridade nos discursos de políticos em campanha, para, logo depois, ser esquecida? As matérias sobre a retomada das aulas nas escolas públicas, publicadas nos jornais, mostram uma situação desanimadora. Mais do que isto, revoltante. Afinal, um ensino público de má qualidade cria um abismo social entre os pobres e os demais segmentos da sociedade, perpetuando desigualdades. A indiferença com que os governos tratam a educação pública mostra que o Brasil, embora esteja se tornando mais próspero, continua um país, socialmente, muito injusto.