domingo, 24 de dezembro de 2023

Celebração descaracterizada

Ficou para trás o tempo em que o Natal era uma celebração essencialmente religiosa. Hoje, o nascimento de Jesus Cristo é o pretexto para uma festa de excessos alimentares e etílicos. Os mais jovens pouco sabem do significado religioso da festa. Para eles, Natal é dar e receber presentes, e participar de uma saborosa ceia. A festa de Natal também serve para reunir familiares e parentes que pouco se encontram durante o ano. Para o comércio, é a data mais rentável do ano, o que demonstra como o Natal foi apropriado pelo capitalismo. Na sociedade de consumo voraz da atualidade, tudo é mercantilizado, e disso nem o Natal escapou. A noite de hoje terá a mesa farta. O dia de amanhã será marcado pelas crianças exibindo os seus presentes. Tudo logo se dissipará, até o próximo Natal. Na sociedade do consumismo, terminada uma festa já se vislumbram as próximas, e o Ano Novo virá uma semana mais tarde. Poucos meses depois, chegará a Páscoa, outra celebração religiosa que foi descaracterizada e se transformou, basicamente, num motivo para comer chocolate. O calendário de efemérides prosseguirá com outras datas, não tão grandiosas como o Natal e a Páscoa, mas também estimuladoras da compra de presentes. Exemplo é o Dia das Mães, a segunda melhor data do comércio. O Dia dos Pais. Antes dele, o Dia dos Namorados. Próximo do fim do ano, o Dia das Crianças. Nos tempos atuais, comemorar significa consumir.