segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estranhos critérios

O público vem acompanhando, pela imprensa, a "novela" em que se transformou a reforma do estádio Beira-Rio, para utilzação na Copa do Mundo de 2014. As obras estão paradas há meses, e já quem diga que não estarão concluídas a tempo do estádio sediar jogos pela Copa das Confederações, em 2013. Há quem afirme, também, que o Grêmio estaria agindo nos bastidores para que os jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre sejam levados para o seu novo estádio, que será inaugurado em novembro de 2012. O que não se vê ser questionado na imprensa é porque o Beira-Rio foi escolhido como o estádio de Porto Alegre para a Copa. O Brasil foi designado como sede da Copa em 2007, portanto, sete anos antes da realização da competição. Um período tão largo de tempo permite a construção de vários estádios novos. Ora, a CBF sabia, porque o próprio clube lhe dera ciência naquele mesmo ano, de que o Grêmio iria construir um novo estádio, inteiramente dentro dos padrões da FIFA. Sendo assim, porque a pressa em escolher um estádio construído há mais de 40 anos, que teria de sofrer reformas para se adaptar aos padrões da FIFA? A atitude torna-se ainda mais incompreensível quando se vê o que ocorreu em São Paulo. Lá, o Morumbi foi recusado como estádio para a Copa e decidiu-se pela construção de um novo, que pertencerá ao Corinthians, e cujas obras ainda não passaram da fase de terraplenagem. Claro que há toda sorte de maquinações políticas envolvendo tais decisões, mas é incrível que a imprensa do Rio Grande do Sul não questione tal fato. Os torcedores do Inter, quando o Grêmio ampliou o Olímpico, passaram a chamar o estádio de "remendão". Pois é, nada como o tempo. O Beira-Rio também se transformará num "remendão". Estranho, para dizer o mínimo, é que um estádio reformado seja escolhido em detrimento de um novo, maior e mais moderno. Até por uma questão de equidade, o estádio do Grêmio deveria ser o escolhido dessa vez, já que, na Copa de 1950, a indicação recaiu sobre os Eucaliptos, de propriedade do Inter. A escolha do Beira-Rio como estádio de Porto Alegre para a Copa de 2014 é uma afronta ao bom senso. Esse é o ângulo da questão que mais deveria ser explorado pela imprensa. Inexplicavelmente, no entanto, tem sido ignorado.