quinta-feira, 13 de junho de 2013

Cidadania

Os protestos contra o aumento nos preços das passagens de ônibus que estão acontecendo em várias capitas brasileiras, mostram que o país está mudando. Como era de se esperar, os mais conservadores classificam os manifestantes de baderneiros e vibram com atitude violentas de repressão por parte da polícia. Também não faltam governantes, como foi o caso dos governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo, Sérgio Cabral Filho e Geraldo Alckmin, respectivamente, que classificam os protestos como atos políticos e não uma manifestação espontânea da população. Há, infelizmente, quando de movimentos desse tipo, aqueles que se excedem, agindo como vândalos, aproveitando-se do anonimato dos que se misturam a uma multidão. Porém, não me parece que seja uma "ação orquestrada" para desestabilizar administrações. O que está ocorrendo é que, depois de longos períodos ditatoriais que sufocavam as manifestações próprias da condição de cidadãos, o Brasil vive um período de continuidade democrática que já dura 28 anos. Com isso, a passividade do povo brasileiro, sempre tão criticada, está, aos poucos, cedendo lugar ao ímpeto reivindicatório. As pessoas não estão mais dispostas a aceitar, resignadamente, os ataques ao seu bolso. As tarifas dos ônibus urbanos, com seus constantes aumentos, causam sensíveis perdas financeiras aos usuários. Esse tipo de transporte é essencial, não eletivo. Milhões de pessoas necessitam dele para se deslocar ao local de trabalho ou estudo. Trata-se de um serviço de largo alcance social, que não pode ser visto sob a vil perspectiva do lucro. As pichações e depredações que acompanham alguns desses protestos, devem ser repudiadas, e o excesso dos atos de repressão, também. Não se justifica o uso de balas de borracha, ferindo várias pessoas, entre elas jornalistas. Ainda que com alguns excessos criticáveis por parte dos manifestantes, os protestos que estão se espalhando pelo país são a demonstração de que, finalmente, os brasileiros estão aprendendo a exercer a sua cidadania.