domingo, 24 de março de 2024

Crime desvendado

Em princípio, o fato está esclarecido. Com a prisão dos irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal (União Brasil/RJ)), e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, bem como do delegado Rivaldo Barbosa, o assassinato conjunto da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes é um crime desvendado. A prisão de Chiquinho, Domimgos e Rivaldo se deu a partir do depoimento do ex-PM Ronnie Lessa, executor do crime. Conforme Lessa, Chiquinho e Domingos foram os mandantes do crime, e Rivaldo colaborou com os dois. A motivação do crime teria sido o apoio de Marielle à regularização fundiária para construção de moradias populares, enquanto os irmãos Brazão desejavam utilizar as mesmas terras para favorecimento às milícias e especulação imobiliária. Chiquinho era vereador do Rio de Janeiro em 2017 quando um projeto de lei de regularização fundiária recebeu a oposição de Marielle e do seu partido, o PSOL, por não atender a interesses sociais. A posição de Marielle e do PSOL teria, segundo Lessa, gerado uma reação descontrolada de Chiquinho, o que teria levado com que o então vereador e seu irmão decidissem encomendar o crime. O Ministério da Justiça e Segurança e a Polícia Federal deram as investigações por encerradas, o que transmite a ideia de que o caso foi solucionado. Porém, o que foi apurado até aqui pode ser, apenas a ponta de um iceberg. Num crime que teve, entre seus fatores, a motivação política, como foi declarado pelo ministro da Justiça e Segurança, Ricardo Lewandowski, conviria ficar atento a possíveis outros envolvidos.