terça-feira, 11 de agosto de 2015

Argumentos golpistas

Obcecada com a ideia de retirar o PT do poder, o que tenta há anos sem sucesso, a revista "Veja" traz, em sua mais recente edição, uma entrevista com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014. Tanto as perguntas formuladas pela revista quanto as respostas do senador deixam clara a defesa da ideia do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os argumentos golpistas são disfarçados por uma pretensa defesa da lei e da Constituição. Aécio chega ao ponto de afirmar que golpe é tentar impedir o desfecho do impeachment no âmbito da Constituição. Conversa fiada. Os argumentos de Aécio e de "Veja" são golpistas, inegavelmente. Travestida de seriedade, a entrevista mais parece um fuxico de comadres que desejam derrubar o governo a qualquer custo. Chega-se ao ponto de ser sugerida a adoção do parlamentarismo como uma "saída para a crise", quando a intenção, apenas, é transformar a presidente Dilma numa rainha da Inglaterra, retirando-lhe os poderes. Num dos trechos da entrevista, Aécio declara que o caminho mais curto para diminuir a corrupção é tirar o PT do governo. Na sua última resposta, o senador é mais claro, ainda, sobre suas intenções, e afirma que quem tem condições de tirar o país da crise é o PSDB. Acrescentou que acredita que, em breve, o partido será chamado a assumir sua responsabilidade de tirar o Brasil "desse poço sem fundo em que o PT nos enfiou". "Estamos preparados para isso", concluiu. Pelo visto, Aécio sofre de amnésia, pois esquece que a corrupção é uma prática comum ao seu partido. Afinal, o primeiro "mensalão", até hoje não julgado, foi do PSDB. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, como Aécio, comprou parlamentares para obter a aprovação da reeleição para cargos executivos, medida tomada em benefício próprio. Aécio e "Veja" são lobos em pele de cordeiro, fingindo-se de paladinos da ética e da democracia para fomentarem um golpe. Como tantas outras tentativas torpes, praticadas pela revista, de inviabilizar governos legitimamente eleitos, essa também irá fracassar.