quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Só não é cômico por ser trágico

Não bastasse tudo o que representa em termos de boçalidade e obscurantismo, a chapa do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) está se caracterizando pela total falta de sintonia entre seus integrantes e auxiliares. O candidato a vice na chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), tem dado uma série de declarações  desastradas, todas elas marcadas pelo preconceito racial e de classe e por uma feroz demofobia. Suas falas acabam sendo desautorizadas por Bolsonaro, temeroso de que o boquirroto general ponha tudo a perder com seus excessos verbais. O mesmo acontece com o guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes. Várias declarações de Guedes foram, também, desautorizadas por Bolsonaro. Na verdade, não há nenhuma afinidade de pensamento entre os dois. Bolsonaro já admitiu nada entender de economia, e buscou em Paulo Guedes, um ultraliberal, um meio de obter apoio junto ao "mercado". A atuação de Bolsonaro como deputado federal mostra que, ao contrário de Guedes, ele é favorável a uma forte presença do Estado na economia. Mourão, por sua vez, depois que suas afirmações geram reações negativas, apela para o surrado expediente de culpar a imprensa, dizendo que elas foram "descontextualizadas". Tudo isso só não é cômico por ser trágico. Esse quadro mostra o descalabro em que se constitui essa chapa, e do caos que seria para o país se ela chegasse ao poder. O eleitor brasileiro não irá permitir isso. A queda de Bolsonaro nas pesquisas é contínua, e nas projeções de segundo turno ele já perde para seus três principais adversários. O Brasil não vai eleger um defensor da violência e do autoritarismo para presidente. A candidatura de Bolsonaro é apenas um pesadelo, mas que irá acabar em breve.