segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Voltando atrás

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), voltou atrás em sua decisão, e renunciou ao aumento do seu salário, o que se estende ao seu vice, José Paulo Cairoli (PSD). Ao explicar sua nova posição em relação ao assunto, Sartori foi tão confuso e inconvincente quanto no momento em que sancionou o aumento, que, por sinal, será mantido para as demais categorias por ele abrangidas, como, por exemplo, secretários estaduais e deputados da Assembléia Legislativa. Na verdade, Sartori assustou-se com a repercussão negativa de sua decisão anterior, pois foi alvo de uma saraivada de críticas, vindas de todos os lados. Nem mesmo a grande imprensa, sua aliada, o poupou. Vendo que, com menos de um mês no cargo, seu capital político começava a se esfarinhar, Sartori recuou. A medida, no entanto, parece a colocação de uma tranca de ferro numa porta já arrombada, como expressa o ditado popular. O arranhão na imagem de Sartori já foi feito. A reconsideração da decisão tomada anteriormente ameniza o quadro, mas não elimina o desgaste. Não há, em tudo isso, nenhuma surpresa. Sartori mostrou, de forma inequivoca, durante a campanha, ser um candidato despreparado para o cargo de governador. Falta-lhe competência e peso político para exercer tão alta função. Sua eleição se deu movida pelo antipetismo fóbico da grande imprensa, sempre disposta a incentivar candidatos conservadores. O início do governo Sartori é exatamente o que se poderia esperar. Uma administração errática, inexpressiva, sem projeto, com ausência de conteúdo, ou seja, um retrato fiel do próprio Sartori.