quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Os dez anos da Batalha dos Aflitos

O tempo transcorre velozmente, e a data de hoje registra a passagem dos dez anos da "Batalha dos Aflitos", nome que foi dado ao jogo em que o Grêmio, com apenas sete homens em campo, venceu o Náutico e retornou à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. O jogo foi realizado no acanhado Estádio dos Aflitos, pertencente ao Náutico, que estava superlotado, com mais de 20 mil pessoas presentes. Num ambiente hostil, com um gramado deficiente e um vestiário em condições precárias, o Grêmio cumpriu a página mais épica da sua história, e por extensão do futebol gaúcho. Os detratores do Grêmio, e os que se escondem sob a capa de uma falsa neutralidade, procuram, inutilmente, diminuir a grandiosidade desse feito histórico. Alegam que o acontecimento não pode ser considerado grandioso por ter sido num jogo da Segunda Divisão, contra um adversário que não se inscreve no rol dos grandes clubes. Argumentação pífia! O que torna a "Batalha dos Aflitos" um feito notável não é o nível da divisão que estava sendo disputada, nem a menor ou maior categoria do adversário. O que a torna magnífica, extraordinária, estupenda, mítica, inesquecível, é o fato de um time com apenas sete homens em campo, que já tivera dois pênaltis contra si que não foram convertidos, encontrar forças para chegar a vitória diante de outro que estava com dez jogadores. Os que não reconhecem a dimensão magistral dessa façanha imortal do Grêmio, chegam ao cúmulo de dizer que ser rebaixado é tão constrangedor para um clube grande que ele não deveria retornar como campeão, para não passar pela "vergonha" de ostentar um título de divisão inferior. Asneira pura. A "Batalha dos Aflitos" confirmou uma característica que, no Rio Grande do Sul, pertence só ao Grêmio, que é a de obter conquistas calando estádios lotados por uma multidão de torcedores contrários. Foi assim no título de campeão brasileiro de 1981, contra o São Paulo, no Morumbi; na Libertadores de 1995, diante do Nacional de Medellin, no Atanásio Girardot; na Copa do Brasil de 1997, tendo por adversário o Flamengo, no Maracanã. Foi assim, também, na Copa do Brasil de 2001, enfrentando o Corinthians, novamente no Morumbi. Ao contrário dos que se gabam de jamais terem disputado a Segunda Divisão, o Grêmio caiu e voltou como se deve, conquistando esse direito em campo. O Grêmio nunca se valeu de expedientes excusos para se manter na Primeira Divisão. Caiu e voltou sem jamais abrir mão da sua altivez e dignidade, e é isso que dói tanto nos que tentam, infrutiferamente, diminuir o enorme significado da Batalha dos Aflitos, não só para o Grêmio, mas para o futebol gaúcho. O torcedor do Grêmio, portanto, deve ignorar essas manifestações mesquinhas, e comemorar efusivamente a primeira década desse fato memorável.