sexta-feira, 15 de julho de 2011

O campeão de 87

O futebol brasileiro, hoje, está bem mais organizado que no passado, embora muita coisa ainda deva ser corrigida. Porém, um fantasma da época em que imperava o descalabro administrativo no futebol nacional continua a atormentar. Trata-se da definição de quem foi o campeão brasileiro de 1987. Isso mesmo, passados 24 anos, o título brasileiro de 1987 ainda é objeto de disputa judicial entre Flamengo e Sport. No conceito de quem trata o futebol com um mínimo de seriedade, o Flamengo foi o justo campeão daquele ano. Porém, a CBF oficializou o Sport como campeão. Tudo porque, Flamengo e Inter, primeiro e segundo colocados na chamada Copa União, que a CBF considerava ser o "módulo verde" do Campeonato Brasileiro, recusaram-se a fazer um cruzamento final com Sport e Guarani, que obtiveram as mesmas posições no "módulo amarelo". Com a recusa de Flamengo e Inter, a CBF declarou Sport e Guarani como campeão e vice-campeão brasileiro de 1987, respectivamente. Os dois clubes, inclusive, representaram o Brasil na Libertadores de 1988. Ocorre que o Flamengo não se conformou com a decisão da CBF e, desde então, vem lutando para ser reconhecido como o campeão brasileiro de 1987. Agora, após muitas idas e vindas, com decisões judiciais ora favorecendo um lado, ora outro, o Sport resolveu levar a questão para a FIFA! Isso mesmo. Numa prova de incompetência na gestão interna do futebol no país, caberá a FIFA decidir quem foi o campeão brasileiro de 1987! Se a definição depender de lógica e sensatez, o Flamengo deverá ser apontado como o legítimo campeão, pois defrontou-se, em sua campanha, contra os principais clubes do país, enquanto o Sport disputou uma espécie de segunda divisão. O clube pernambucano, no entanto, agarra-se ao oficialismo e sustenta que é o campeão, pois essa foi a decisão tomada pela CBF na época. Seja qual for o desfecho da questão, o fato já é desabonador para o futebol brasileiro. Levar quase um quarto de século para decidir um campeão, não conseguir fazê-lo e, por fim, transferir a questão para a FIFA, é uma demonstração poucas vezes vista de inépcia por parte de uma confederação nacional. Resta esperar que a FIFA tome a melhor decisão, e que essa novela intermínavel chegue ao fim.