terça-feira, 25 de março de 2014

Os algozes do futebol

Paixão que move multidões, o futebol vem sendo golpeado por pessoas e instituições que o submetem a seus interesses. A decisão da Brigada Militar de não permitir que, no jogo de amanhã, contra o Grêmio, na Arena, o Brasil, de Pelotas, tenha mais de 1.500 torcedores, é absurda, e fere o Estatuto do Torcedor, que estabelece uma cota de ingressos para o clube visitante de 10% da capacidade do estádio. A partida é válida pela semifinais do Campeonato Gaúcho, e a torcida do Brasil, fanática e numerosa, ocuparia um espaço muito maior no estádio, se lhe fosse disponibilizado. Num campeonato de média de público ridícula, estabelecer esse tipo de restrição num dos poucos jogos capazes de receber um grande número de assistentes é um contrassenso. Isso também tem ocorrido nos grenais, tirando parte do brilho de um clássico que, em outros tempos, concedia pouco menos da metade do estádio para a torcida visitante. A alegação é sempre a de falta de "condições de segurança". No caso do jogo de amanhã, isso se daria pela precariedade do entorno da Arena. Ainda no caso do novo estádio do Grêmio, sua administradora, a Arena Porto Alegrense, submeteu os torcedores do clube a um suplício no jogo de domingo, contra o Juventude. Ao liberar apenas duas das quatro rampas de acesso ao estádio, com o intuito de economizar no número de funcionários utilizados, obrigou os torcedores a uma maratona em volta da Arena. Esses fatores, somados ao encolhimento dos estádios, transformados em arenas, e ao alto preço dos ingressos,  estão elitizando o mais popular dos esportes. Os algozes do futebol estão bem identificados. Resta, aos que amam esse esporte, não deixar que eles continuem a agir impunemente.