terça-feira, 21 de abril de 2015

Os 30 anos de um trauma

Na data de hoje, há 30 anos, o Brasil vivia o desfecho de um drama, que se converteu num trauma político. O presidente eleito, Tancredo Neves, morria sem ter tomado posse, depois de uma longa internação hospitalar e de várias cirurgias. Tancredo fora eleito pelo Colégio Eleitoral, depois da rejeição, pelo Congresso Nacional, da emenda que propunha restituir as eleições diretas para presidente. Conciliador por natureza, homem afeito ao diálogo, Tancredo era um nome que os militares aceitavam para pôr fim ao seu ciclo no poder, algo que não aconteceria com outros líderes da oposição de perfil mais combativo. Sua eleição para presidente, ainda que da forma indireta adotada no período da ditadura, foi encarada pelo povo como uma redenção. Por conseguinte, sua morte sem ter tomado posse mergulhou o país num clima de desalento e desencanto. O cargo de presidente foi assumido por José Sarney, o vice na chapa de Tancredo, figura umbilicalmente ligada ao regime militar. No entanto, mesmo com esses dissabores, começava, ali, a chamada Nova República, e, a partir dela, o Brasil chega, atualmente, a 30 anos de continuidade democrática. Mesmo sem ter exercido o cargo de presidente, Tancredo Neves cumpriu o seu papel de por fim ao regime militar e reconduzir o país à democracia, e inscreveu o seu nome na história como um dos seus grandes vultos.