domingo, 31 de agosto de 2014

Vitória com mau futebol

O Grêmio ganhou do Bahia por 1 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo valeu pelo resultado, pois o futebol do Grêmio foi de muito má qualidade. A derrota para o Santos, que praticamente eliminou o clube da Copa do Brasil, e os acontecimentos extracampo que envolveram aquele jogo, parece ter afetado o time do Grêmio. O próprio ambiente no estádio não apresentava o entusiasmo habitual. A torcida, em bem menor número do que em outras partidas, parecia acabrunhada. O primeiro tempo foi muito ruim e terminou empatado em 0 x 0, com vaias do torcedor. No segundo tempo, a entrada de Mateus Biteco no lugar de Alan Ruiz melhorou a produção do Grêmio. Ainda que não tenha sido um crescimento extraordinário, foi o suficiente para o Grêmio fazer um gol e garantir a vitória. Uma vitória magra, com mau futebol, mas que levou o Grêmio para o sexto lugar, apenas dois pontos atrás da zona de classificação para a Libertadores. O próximo jogo, contra o Flamengo, que vem em grande ascensão, no Maracanã, deverá ser dificílimo, mas a partida contra o Cruzeiro era ainda mais dura, e o Grêmio atuou muito bem, embora tenha sido derrotado. O futebol demonstrado hoje pelo Grêmio não autoriza nenhum entusiasmo, mas a vitória e a consequente subida na tabela poderá dar ao time uma maior tranquilidade para tentar obter um bom desempenho e alcançar um resultado satisfatório contra o Flamengo.

sábado, 30 de agosto de 2014

Vencendo novamente

O Inter ganhou do Palmeiras por 1 x 0, hoje, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro. A vitória veio depois de três derrotas consecutivas, o que deverá servir para estancar a possibilidade de uma crise, que já se avizinhava. A exemplo das vitórias anteriores do Inter no Brasileirão, essa também foi pelo placar mínimo, e, como, igualmente, ocorreu contra Bahia e Goiás, se deveu, em grande parte, à extrema fragilidade técnica do adversário. O Palmeiras, que com seu time completo já não assusta ninguém, jogou com vários desfalques, o que o transformou numa caricatura. Pela sua posição na tabela, e com o grupo fraco de que dispõe, dificilmente o Palmeiras se livrará do rebaixamento pela terceira vez, o que seria deplorável para um clube da sua expressão. Porém, o Inter não tem nada com isso. Vencendo novamente, acalma o seu ambiente e se recoloca em condições de buscar uma classificação para a Libertadores. Para melhorar, ainda mais, esse quadro, o próximo jogo do Inter será contra o Figueirense, no Beira-Rio, o que traz a perspectiva de uma vitória mais ou menos tranquila. Pelo menos por enquanto, os dias de turbulência ficaram para trás no clube.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Racismo

O episódio envolvendo as manifestações racistas contra o goleiro Aranha, do Santos, no jogo de ontem com o Grêmio, na Arena, pela Copa do Brasil, está se prestando para uma série de enfoques absolutamente disparatados e sensacionalistas. O crime de racismo é gravíssimo e deve ser repudiado, mas imputar sanções a um clube por um ato individual cuja autora foi devidamente identificada é um despropósito. Na verdade, muitos dos que posam de paladinos nessa questão o fazem apenas por enxergarem nela um meio de atingir ou prejudicar o Grêmio, por não gostarem do clube. Decididamente, nem o Grêmio, nem qualquer outro clube, tem condições de se responsabilizar pelas atitudes de seus torcedores. Argumentar o contrário é defender uma postura fascista, estimulando uma fúria punitiva descabida e injusta. Tudo o que o clube podia e devia fazer a respeito foi realizado. Expediu uma nota de repúdio ao ato da torcedora e de outros que ofenderam Aranha, e comprometeu-se a, caso as pessoas identificadas fossem sócias do clube, suspendê-las do quadro social e proibir sua entrada no estádio. Punir o clube com perda de pontos, exclusão de competições, rebaixamento de divisão ou multas pesadas seria um descalabro. Os paladinos, sinceros ou não, sustentam que só medidas drásticas porão fim ao problema do racismo, que a impunidade só estimulará a continuidade de tais fatos. Acertam no conceito, mas erram quanto à medida a ser adotada. Atos racistas tem de ser severamente punidos, mas a responsabilização deve alcançar apenas quem os pratica. A punição ao clube dá a entender que ele, em algum grau, é responsável pelo atos de seus torcedores, o que não faz sentido. Argumentar que isso ocorre porque os fatos se deram num estádio de sua propriedade beira o ridículo. Cada um é responsável pelos seus atos, e mais ninguém. A torcedora já foi identificada, e, em consequência, perdeu o emprego e foi suspensa da condição de sócia do Grêmio. Poderá até ser presa, e é justo que assim seja. Porém, imputar sanções esportivas ou pecuniárias ao clube é um absurdo. O episódio de ontem está sendo superdimensionado e permitindo a prática do mau jornalismo. O fato pertence à esfera criminal, não à esportiva. Envolve Aranha e seus ofensores como pessoas físicas. O Grêmio nada tem a ver com isso.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Rotina insuportável

O Grêmio perdeu para o Santos por 2 x 0, hoje à noite, na Arena, pela Copa do Brasil. A estreia do Grêmio na competição, portanto, já encaminhou a despedida, pois precisará golear o Santos, na semana que vem, na Vila Belmiro, para se classificar para a próxima fase. Assim, prossegue a rotina insuportável de fracassos do Grêmio em competições de grande porte, que já dura 13 anos. A torcida do Grêmio, mais uma vez, se fez presente em bom número ao estádio, mas não há apoio que compense tanta falta de qualidade. A exemplo do que ocorreu contra o Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, o Grêmio criou várias chances de gol, mas não concretizou nenhuma, e acabou derrotado. Foram quase 20 escanteios em favor do Grêmio, que em nada resultaram. Alguns jogadores desafiam a paciência até do mais tolerante dos torcedores, como Pará, Werley, Dudu e Barcos. Sabia-se que o Grêmio, ao ser sorteado para enfrentar o Santos, com o segundo jogo na casa do adversário, pegara um desafio muito difícil na Copa do Brasil, mas imaginava-se que, pelo menos, fosse capaz de obter uma vitória na Arena. Porém, o Grêmio não se cansa de surpreender, negativamente, o seu sofrido torcedor. Pelo que se viu hoje em campo, o ano acabou em termos de possibilidade de títulos para o Grêmio. Resta tentar manter um mínimo de rendimento no Brasileirão para fugir da possibilidade, por enquanto distante, de um rebaixamento. Mesmo com nomes vitoriosos como Fábio Koff e Felipão, o Grêmio é, no momento, um barco rumo ao naufrágio.

Avenida da Legalidade e da Democracia

Em meio a tantos fatos negativos que nos atormentam diariamente, vez por outra surgem notícias capazes de elevar o nosso ânimo. Esse é o caso da aprovação, ocorrida ontem, da alteração do nome da principal via de acesso a Porto Alegre, de "Avenida Castelo Branco" para "Avenida da Legalidade e da Democracia". O projeto de autoria dos vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, ambos do PSol, recebeu 21 votos a favor e cinco contra. Os vereadores dos partidos de direita, e até alguns comunicadores e historiadores, mostraram-se contrários a medida, argumentando que ela busca "apagar a história". O historiador Sérgio da Costa Franco, por exemplo, disse: "Já pensou se diversas ruas começassem a mudar de nome"? Eu responderia ao historiador que não só pensei na ideia, como ela me agradaria muito. Todas as rodovias, avenidas, ruas, praças, parques, escolas, pontes, prédios ou construções de qualquer tipo que levem o nome de agentes da espúria e assassina ditadura militar deveriam ter seus nomes trocados. Não faz sentido "preservar a memória histórica" homenageando ditadores e democraticidas. O projeto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), mas não se pode imaginar que ele não venha a fazê-lo, dada a sua trajetória pessoal vinculada ao combate à ditadura. O primeiro passo para eliminar as homenagens aos artífices do golpe militar, substituindo-as pela exaltação aos valores mais caros à sociedade, foi dado. Tomara que todo o Brasil o siga.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Outra derrota

O Inter perdeu para o Bahia por 2 x 0, hoje à noite, no Beira-Rio, pela Copa Sul-Americana. Essa é a terceira derrota consecutiva do Inter. O pior é que ela ocorre na estreia do clube em uma competição que pode lhe levar para a Libertadores, afora pagar prêmios expressivos em dinheiro. O fato de ter jogado com um time misto não serve de atenuante, pois o Bahia também poupou vários titulares. Aliás, a opção por não escalar o que tem de melhor é muito discutível por parte do Inter. Ainda que se saiba que o calendário apresenta muitos jogos sucessivos, um clube grande não pode desdenhar de competições como o Inter fez com a Copa do Brasil e, ao que parece, repete com a Copa Sul-Americana. Até porque, com a parada para a Copa do Mundo, os clubes tiveram a oportunidade de ficar 40 dias sem jogar e puderam realizar uma intertemporada, não havendo razão para tanta queixa quanto ao desgaste físico. O desejo do Inter de ganhar o Campeonato Brasileiro, o que não acontece há 35 anos, é plenamente compreensível, mas não se justifica que, em nome dessa intenção, o clube despreze outras competições. O título do Brasileirão, inclusive, ficou distante do Inter depois de duas derrotas seguidas, já que está oito pontos atrás do Cruzeiro, e caiu do segundo para o terceiro lugar na tabela. A série de três derrotas, que ocorre logo após um conjunto de cinco vitórias consecutivas, irá, por certo, gerar grande instabilidade no ambiente do clube. O próximo jogo, contra o Palmeiras, fora de casa, sábado, pelo Campeonato Brasileiro, poderá ser um divisor de águas para o Inter em 2014, pois, se ocorrer um novo insucesso, a crise deverá se instalar de vez no clube, com consequências imprevisíveis.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Os cem anos do Palmeiras

O centenário de um dos grandes clubes brasileiros é sempre um fato digno de nota. Boa parte deles já alcançou essa marca histórica, e, hoje, quem completa cem anos de fundação é o Palmeiras. Nascido como Palestra Itália, adotou seu atual nome em 1942, mas tanto antes quanto depois da alteração, sempre foi um clube vencedor. Ao longo desses cem anos, muitos craques vestiram a gloriosa camisa verde. Oberdan Cattani, Chinesinho, Romeu Pelliciari, Julinho Botelho, Mazzola, Valdir de Moraes, Ademir da Guia, Leão, Luís Pereira, Leivinha, Rivaldo, Zinho, Djalminha, Marcos, Edmundo. Outros, ainda que não fossem craques, conquistaram a admiração dos torcedores, por sua dedicação e eficiência, como Valdemar Carabina, Dudu, César Maluco e Evair. O Palmeiras tem uma enorme galeria de títulos. Dentre os de maior expressão só falta o mundial, que lhe escapou em 1999, numa decisão com o Manchester United. Ainda que não viva um bom momento dentro de campo, o Palmeiras será sempre um dos maiores clubes do Brasil,  merecedor do respeito de todos os que amam o futebol. Parabéns, Palmeiras!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Candidaturas nanicas

A cada eleição para cargos majoritários, no Brasil, um fenômeno se repete: as candidaturas nanicas, ou seja, de nomes sem densidade eleitoral, concorrendo por partidos inexpressivos. Sua atuação nas eleições é uma excentricidade bem brasileira, pois, embora não tenham nenhuma representatividade, se fazem presentes, muitas vezes, em debates no rádio e na televisão. Assim, o que poderia ser uma discussão produtiva entre os candidatos melhor situados nas pesquisas, torna-se uma farsa que entedia o eleitor. Afinal, candidatos com reais chances de vitória são forçados a formular perguntas para quem não tem nenhuma chance de se eleger, e tem de responder às suas indagações. Por sua vez, os candidatos nanicos pouco auferem em tais encontros, a não ser a exposição midiática que lhes conferem os tais "quinze minutos de fama" de que falava Andy Warhol. Sim, porque, na quase totalidade dos casos sequer se valem do espaço na mídia para, futuramente, concorrer numa eleição proporcional. Com exceção de José Maria Eymael, eterno candidato a presidente pelo PSDC, que já foi deputado federal, a maioria jamais passou pelo parlamento. Como exemplo da bizarrice desses candidatos, há um concorrente a governador do Rio Grande do Sul, em 2014, que está sempre vestido com a indumentária típica do gaúcho, e que compareceu a um debate de rádio montando um cavalo, em pleno centro de Porto Alegre. Nas eleições presidenciais, a cada quatro anos, nos deparamos com o já citado Eymael, Levy Fidélix (PRTB), José Maria de Almeida (PSTU), e Rui Costa Pimenta (PCO). Eles sabem que não vão ganhar, mas continuam a concorrer. Talvez vejam na eleição para o cargo mais importante do país a chance de divulgar suas ideias e seus partidos, mas, na prática, isso não acontece, dado o pouquíssimo tempo de que dispõem no horário eleitoral gratuito. Dessa forma, a presença de seus partidos nas casas parlamentares continua irrelevante. Afora dar um toque de folclore ao processo eleitoral, não se consegue vislumbrar qualquer outro sentido na presença dos candidatos nanicos nos pleitos.

domingo, 24 de agosto de 2014

Esperança renovada

O Grêmio venceu o Corinthians por 2 x 1, hoje á tarde, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A vitória sobre um dos primeiros colocados do Brasileirão, e que estava invicto em jogos fora de casa, renova a esperança do torcedor de que o Grêmio ainda possa obter grandes êxitos em 2014. Depois de um primeiro tempo equilibrado, o Grêmio marcou dois gols logo no início do segundo, mas sofreu um ainda cedo, o que deu feições dramáticas à partida até o final. O jogo tornou-se tenso, com muitos conflitos entre jogadores, e até uma expulsão, de Guerrero, do Corinthians. Não faltou, também, a reclamação do clube derrotado contra a arbitragem. Foi uma vitória árdua e sofrida, o que, para alguns, representa a identidade do Grêmio. A distância do Grêmio para o líder da competição, o Cruzeiro, segue sendo muito grande, mas o 7º lugar agora ocupado na tabela, torna a zona de classificação para a Libertadores um pouco mais próxima. Até agora, sob o comando do técnico Felipão, o Grêmio só ganhou os dois jogos que fez em casa, o que foi destacado pelo próprio treinador. Porém, a boa atuação diante do Cruzeiro, no Mineirão, quando a derrota foi considerada injusta por muitos, somada com a vitória de hoje, reanimam a torcida, e podem impulsionar o Grêmio a começar uma sequência de bons resultados que o levem a ter um final de ano bem melhor do que foi sua trajetória de janeiro até agora.

sábado, 23 de agosto de 2014

Sequência negativa

O Inter perdeu por 1 x 0 para o Atlético Mineiro, hoje, no Independência, pelo Campeonato Brasileiro. Foi a segunda derrota consecutiva do Inter, pelo mesmo placar, no Brasileirão. Portanto, uma sequência negativa, que ocorre depois de cinco vitórias em série na competição. Porém, para os observadores mais atentos, já era possível notar, mesmo naqueles triunfos, os sinais de futuros fracassos. As cinco vitórias foram obtidas contra um Flamengo destroçado, um Grêmio em crise, um Santos inconstante e com gols contra diante de Bahia e Goiás. Em jogos anteriores, quando se defrontara com adversários postados nas primeiras posições da tabela, o Inter não conseguira vencer, perdendo para Cruzeiro e Corinthians, e empatando com o Fluminense. Agora, novamente confrontando-se com clubes que buscam as primeiras posições, o Inter foi derrotado por São Paulo e Atlético Mineiro. No jogo de hoje, as razões do insucesso estiveram longe de ser circunstanciais. O Inter tem um bom meio de campo, mas sua defesa é inconfiável e seu único atacante de ofício, Rafael Moura, não está a altura das ambições do clube. Rafael Moura perdeu duas chances de gol incríveis, daquelas capazes de levar qualquer torcedor ao desespero. Sua relação com a torcida, que já estava em crise, só tende a piorar. O pior é que a alternativa de que o Inter dispõe no grupo, Wellington Paulista, pode até, eventualmente, apresentar um rendimento melhor do que o de Rafael Moura, mas também não é uma solução definitiva. Seria preciso que o Inter contratasse um jogador mais qualificado para a posição. A derrota dessa noite poderá fazer com que o Inter fique oito pontos atrás do Cruzeiro, que lidera a disputa, caso o clube mineiro vença o Goiás, amanhã. Uma situação extremamente desconfortável para quem, há exatamente uma semana, chegou a ser líder provisório. Os próximos jogos colocarão o Inter numa prova de fogo. Será a hora de mostrar se é, de fato, candidato ao título, ou se só lhe restará buscar uma classificação para a Libertadores.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Composições políticas

A coerência ideológica e programática dos partidos políticos tornou-se quase uma peça de ficção no Brasil pós-redemocratização. A necessidade de compor alianças para obter a "governabilidade", leva os partidos a flexibilizarem conceitos e a abrirem mão, muitas vezes, de bandeiras históricas. A atual campanha política está trazendo esse fato, novamente, para o centro do debate. A morte repentina do candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, levou Marina Silva, antes sua candidata a vice, para a cabeça de chapa. Se, por um lado, isso aumentou consideravelmente as chances de vitória da coligação, pois Marina possui uma densidade eleitoral bem maior que a de Campos, por outro, gerou atritos. Tudo porque Marina tem um perfil bem menos conciliador que Campos. Sua conhecida postura contra o chamado "agronegócio" gera contrariedade em vários setores, e muitos que apoiavam a candidatura de Campos não se sentem estimulados a abraçar a de Marina. A candidata, então, passa a viver um conflito. Se não flexibilizar suas posições, cria áreas de atrito que podem inviabilizar sua candidatura. Se aceitar abrir mão de seus postulados, desgastará sua imagem de candidata autêntica e idealista, que é seu maior patrimônio junto ao eleitorado. Muitos acusam o PT de ter perdido a sua "pureza" original depois de ter alcançado o poder, fazendo alianças antes impensáveis para poder governar. Essa, inclusive, foi a razão para que a própria Marina deixasse o partido e buscasse um novo caminho. Agora, Marina está vendo como as circunstâncias políticas podem ser complexas. O modo como vai se portar diante desses desafios irá determinar o seu futuro político.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Filme repetido

O Grêmio perdeu para o Cruzeiro por 1 x 0, hoje, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo foi um filme repetido, já decorado em cada uma das suas cenas em todos esses anos de fracassos. O time mostra-se aplicado, esforçado, consegue marcar com eficiência, e cria algumas chances claras de gol, invariavelmente não concretizadas, seja pela imperícia na conclusão ou por grandes defesas do goleiro adversário. Para culminar com esse roteiro já tão conhecido, uma falha infantil da defesa ocasiona a derrota no final do jogo. A velha frase "jogou como nunca, perdeu como sempre", mais uma vez, se aplica a uma partida do Grêmio. Os eternos otimistas exaltarão as chances criadas, os três "quase gols", dois de Dudu e um de Luan, lamentarão as grandes defesas do goleiro Fábio, dirão que faltou sorte e que a derrota foi injusta. Não foi. No segundo tempo, o Grêmio foi se recolhendo ao seu campo, cedendo espaço ao Cruzeiro, e o desfecho não poderia ser outro. Os fatos se repetem monotonamente. Novamente, a falha decisiva que proporcionou o gol causador da derrota foi de Pará. A reclamação, por parte de Rhodolfo, de que foi uma falha infantil, que não pode acontecer, também é uma repetição. Esse é o Grêmio do jejum de títulos, uma cansativa reprise de atuações esforçadas e fracassadas, erros cometidos pelos mesmos autores de sempre, e reclamações idênticas a cada novo revés. O pior é que, com exceção do pensamento mágico dos torcedores mais fanáticos, que sempre vislumbram novos e maravilhosos tempos, nada indica que essa desalentadora realidade do Grêmio vá se alterar num curto prazo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Derrota inesperada

O Inter perdeu para o São Paulo por 1 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Embora o jogo fosse contra um adversário de alto nível, foi uma derrota inesperada. Afinal, o Inter vinha de cinco vitórias consecutivas no Brasileirão, e sem sofrer gols. Afora isso, ainda estava invicto no Beira-Rio em jogos pela competição. O São Paulo, por sua vez, a despeito de ter jogadores de grande nome no seu time, como Paulo Henrique Ganso, Kaká e Alexandre Pato, ainda não havia deslanchado na disputa, desperdiçando muitos pontos contra adversários mais fracos. Porém, em campo, o que se viu foi um São Paulo determinado, e com seus destaques em grande noite. Paulo Henrique Ganso, que marcou o gol, Kaká e Alexandre Pato foram os melhores jogadores do time em campo, fizeram a diferença. Depois de sair na frente no placar, o São Paulo, no segundo tempo, passou a jogar em contra-ataques, explorando os espaços deixados pelo Inter, que partiu para a pressão. O São Paulo esteve mais perto de marcar o segundo gol do que o Inter de empatar a partida. Aliás, o segundo gol só não saiu porque o árbitro deixou de marcar um pênalti escandaloso de Juan, que tocou na bola com a mão, de maneira indiscutível. Com esse resultado o Inter segue sem obter vitórias contra os clubes situados na parte de cima da tabela. Perdeu para Cruzeiro, Corinthians e São Paulo, e empatou com o Fluminense. Esse fato, somado às vitórias fortuitas contra adversários fracos como Bahia e Goiás, deixam uma certa desconfiança sobre o potencial do time para buscar um título que o Inter não alcança há 35 anos.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Primeira convocação

A primeira convocação do técnico Dunga em sua segunda passagem pela Seleção Brasileira misturou jogadores que estiveram na Copa do Mundo com novidades. No total, foram convocados 22 jogadores, 10 que estiveram na Copa e 12 novos. Os 10 remanescentes da Copa são Jéfferson, Maicon, David Luiz, Luís Gustavo, Fernandinho, Ramires, Oscar, Neymar e Hulk. Para uma Seleção de tão fraco desempenho na Copa, dez jogadores mantidos parece um número elevado. Duas dessas reconvocações, pelo menos, são injustificáveis: Maicon e Hulk. Maicon foi jogador de Dunga na Copa de 2010, mas há muito tempo seu futebol entrou em declínio. Sua convocação para a Copa de 2014 foi muito mais uma demonstração da falta de boas opções do que decorrente de méritos. Para a próxima Copa, Maicon já estará com uma idade muito avançada. Portanto, sua convocação não faz sentido. A outra convocação incompreensível é a de Hulk. Dunga já é o terceiro técnico a convocar Hulk para a Seleção, sem que se entenda o porquê. Hulk possui uma excelente compleição física, mas seu futebol, tecnicamente, é pífio. Depois de suas atuações ruins na Copa, não há nada que justifique Hulk ser novamente convocado. Os 12 novos jogadores chamados por Dunga também não entusiasmam. O lateral direito Danilo já teve chances na Seleção, mas está longe de ser um grande jogador. O mesmo acontece com o lateral esquerdo Alexsandro. Ambos são ex-jogadores do Santos, de futebol apenas mediano. O outro lateral esquerdo convocado, Filipe Luís, quase foi para a Copa, sendo preterido, na última hora, por Maxwell. O zagueiro Gil e o volante Elias, do Corinthians, e os meias Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, do Cruzeiro, tem se destacado nas competições jogadas no Brasil, mas ainda precisam provar que são de nível de Seleção. Marquinhos, de meteórica ascensão na carreira, terá a chance de mostrar se é tão bom quanto se diz. Miranda é a reparação de uma injustiça. Pelo momento que vivia no Atlético de Madrid, ele deveria ter sido convocado para a Copa, em vez de Dante, o preferido de Felipão. Diego Tardelli, que já teve outras oportunidades na Seleção, retorna muito mais pela falta de boas revelações no ataque. As duas melhores novidades de Dunga são o goleiro Rafael Cabral, do Nápoli, e o meia Phillipe Coutinho, do Liverpool. Rafael Cabral recebeu chances com Mano Menezes, mas depois foi esquecido. Phillipe Coutinho é, há um bom tempo, uma reivindicação de muitos analistas, pela excelência do futebol que vem jogando. Enfim, na média, é uma convocação que não empolga ninguém, e que reflete o momento de pobreza técnica que vive o futebol brasileiro.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Magda do futebol

Durante seis anos, nas noites de domingo, a Rede Globo levou ao ar, com enorme sucesso, o programa humorístico "Sai de Baixo". Nele, uma das personagens de maior destaque era Magda, vivida pela atriz Marisa Orth. Magda dizia os maiores disparates, fazendo com que o seu marido, Caco Antibes, personagem de Miguel Falabela, a cada uma das besteiras que ela proferia, soltasse o bordão "Cala a boca, Magda". Pois o futebol também tem a sua Magda. Trata-se do técnico da Seleção Brasileira, Dunga. Restituído, inexplicavelmente, ao cargo, Dunga nada mudou em relação a sua passagem anterior pela função. Continua agredindo o idioma, com terríveis erros de concordância, e persiste com sua arrogância e truculência, temperadas por lugares comuns e palavras de ordem típicas dos livros de auto-ajuda mais vulgares. Numa entrevista concedida à revista "Época", na semana passada, Dunga saiu-se com mais uma das suas. Perguntado se Neymar era craque, Dunga respondeu que ele é o maior jogador brasileiro, mas que para ser craque falta-lhe o selo de um campeão mundial. Poucas vezes se viu uma declaração tão estapafúrdia. A se levar em conta o critério de Dunga, jogadores como Puskas, Cruyff, Platini, Zico, Zizinho, entre outros, não poderiam ser classificados como craques, pois não foram campeões de uma Copa do Mundo. O que dizer, então, de Di Stéfano, que nem sequer disputou uma Copa? Na verdade, Dunga adora esfregar sua condição de campeão mundial na cara de seus críticos, que ele trata como inimigos. Na sua visão míope e tacanha, própria dos seres intelectualmente rarefeitos, Dunga divide o mundo entre vencedores e perdedores, e exalta sua condição de pertencente ao primeiro grupo. A declaração sobre Neymar é apenas mais uma a demonstrar o tamanho do desatino que representa sua volta à Seleção. Como bem colocou o comentarista Mauro Cézar Pereira, dos canais ESPN, afora o retrocesso que seu retorno representa para o futebol brasileiro, a presença de Dunga na Seleção lhe oportuniza dar inúmeras entrevistas, e acumular declarações absurdas. Amanhã, Dunga fará sua primeira convocação nessa sua segunda passagem como técnico da Seleção. Tomara que apenas divulgue a lista de convocados e faça considerações breves. Caso contrário, os brasileiros serão obrigados a, em coro, gritar: "Cala a boca, Dunga".

domingo, 17 de agosto de 2014

Vitória em momento importante

O Grêmio venceu o Criciúma por 2 x 0, na Arena, hoje à tarde, pelo Campeonato Brasileiro. Uma vitória que veio num momento importante, depois de três derrotas consecutivas, a última delas num Gre-Nal. Portanto, ganhar era indispensável, para que o clube não entrasse em crise. Bastou essa vitória para que o Grêmio subisse três posições na tabela, indo para o oitavo lugar. Afora isso, era fundamental garantir pontos num jogo, teoricamente, mais fácil, já que as duas próximas partidas do Grêmio, contra o Cruzeiro, no Mineirão, e o Corinthians, na Arena, serão extremamente difíceis. No jogo de hoje, o Grêmio não chegou a ter um grande atuação. A escalação do time merece reparos, pois o técnico Felipão colocou Walace, de muito bom desempenho no Gre-Nal, no banco, pondo em seu lugar Ramiro, um jogador que há muito deveria ter saído do time. Outra opção equivocada foi a de Dudu como titular, em detrimento de Fernandinho. Dudu, mais uma vez, foi de uma total ineficiência, movimentando-se muito sem nenhuma produtividade. A escolha de Zé Roberto para a lateral esquerda também não parece a melhor solução. Matias Rodriguez mostrou bom potencial no apoio, foi frágil na ação defensiva, mas merece mais chances. Os dois melhores jogadores em campo foram Lucas Coelho e Felipe Bastos, curiosamente substituídos por Felipão durante o jogo. O resultado foi o mais importante de tudo. A vitória, tão necessária, aconteceu. Agora, mais fortalecido pela quebra da sequência de resultados negativos, o Grêmio terá de arregimentar forças para dois enormes desafios. Se conseguir superá-los, aí sim, um novo horizonte se abrirá para o clube num ano em que, até aqui, só colheu decepções.

sábado, 16 de agosto de 2014

Vitória em jogo ruim

O Inter ganhou do Goiás por 1 x 0, hoje, no Serra Dourada, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo se pareceu em tudo com a vitória sobre o Bahia, na Arena Fonte Nova: o placar foi o mesmo, o futebol praticado pelos dois times foi muito ruim, e o gol nasceu de uma falha do goleiro. Porém, no futebol o que importa é o resultado, e com essa vitória, a quinta consecutiva, o Inter assumiu, provisoriamente, a liderança do Brasileirão. As atuações individuais do Inter foram muito opacas, até mesmo as estrelas D'Alessandro e Aránguiz não renderam bem. No entanto, a sorte tem acompanhado o Inter nos últimos tempos. Mais tarde, o Corinthians não passou de um empate em 1 x 1 com o Bahia, em pleno Itaquerão, perdendo a chance de encostar no Inter. Num futebol nivelado por baixo, como ocorre no Brasil no momento, jogar bem não é fundamental para vencer. Mesmo sem convencer, o Inter tem ganho seus jogos. Depois de algum tempo, volta a experimentar a sensação de estar entre os primeiros da competição, contrastando com o mau desempenho nos anos mais recentes. Resta saber se essa boa fase é passageira, ou será mantida até o fim da disputa.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A nova face da eleição

A morte do candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, poderá dar uma nova face para a eleição. A tendência é de que Marina Silva ocupe o lugar de Campos na cabeça de chapa, o que traria uma nova dimensão para o pleito. Marina era a candidata a vice-presidente de Campos, mas muitos defendiam que as posições deveriam ser invertidas na chapa, dada a sua maior densidade eleitoral em relação ao ex-governador de Pernambuco. Agora, com a morte de Campos, essa aspiração poderá ser concretizada, alterando significativamente as perspectivas do pleito. O maior prejudicado, caso a candidatura de Marina se confirme, deverá ser Aécio Neves. Com a presença de Marina na disputa, a ocorrência de um segundo turno ficaria mais provável, mas tendo a ex-senadora e a presidente Dilma se confrontando, com Aécio Neves ficando de fora. O mais curioso é que, na ânsia de retirar o PT do poder, muitos políticos conservadores apoiam a ideia da candidatura de Marina, ainda que ela seja marcadamente de esquerda e tenha posições que se chocam frontalmente com os conceitos do neoliberalismo. Seja como for, a eleição, que até então se apresentava morna, irá, ao que tudo indica, ganhar em intensidade, a partir do novo quadro que começa a se formar. Se antes Eduardo Campos estava num distante terceiro lugar nas pesquisas, com Marina os índices tendem a ser bem maiores. Com isso, o Brasil poderá viver uma experiência, até aqui, inédita no país, com duas mulheres disputando o cargo de presidente, sem a presença de um candidato masculino.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Panorama desolador

Os jogos de ontem pela Copa do Brasil e a decisão da Libertadores deixaram claro que o panorama do futebol brasileiro e sul-americano, no momento, é desolador. Em todos eles, a pobreza técnica foi uma marca presente. No caso da Copa do Brasil, três grandes clubes sofreram eliminações para outros de menor porte. A hipótese de que São Paulo, Fluminense e Inter, eliminados por Bragantino, América-RN e Ceará, respectivamente, tivessem "amolecido" seus jogos, para saírem fora da competição e ingressarem na Copa Sul-Americana, logo ganhou corpo. No caso do Inter a suspeita é mais robusta, pois, depois de ter perdido o primeiro jogo para o Ceará, escalou um  time misto para a segunda partida. As eliminações de São Paulo e Fluminense, no entanto, foram mais constrangedoras, pois haviam vencido o primeiro jogo, e faziam a segunda partida em casa com toda a vantagem para confirmarem suas classificações. Seja como for, com facilitações ou não, esses resultados apenas confirmam a má fase vivida pelo futebol no país, já evidenciada pela pífia performance da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Como pode o Fluminense, depois de golear o América-RN por 3 x 0 na Arena das Dunas, perder para o mesmo adversário, no Maracanã, por 5 x 2? O que dizer, também, do São Paulo, que vencera o Bragantino, fora de casa, por 2 x 1, e, em pleno Morumbi, perdeu por 3 x 1? Como explicar que o Inter, somados os dois jogos, tenha levado cinco gols do Ceará e marcado apenas dois, 2 x 1 no Beira-Rio e 3 x 1, ontem, no Castelão? A decisão da Libertadores, também  não foi melhor. Ela reunia os dois piores dentre os 16 clubes que passaram da fase de grupos da Libertadores para as etapas eliminatórias. Depois de um empate em 1 x 1 no primeiro jogo, no Defensores del Chaco, o San Lorenzo venceu o Nacional, do Paraguai, no Nuevo Gasometro, com um gol de pênalti. No jogo, sobrou emoção, mas faltou futebol. Por tudo que se viu nos jogos de quarta-feira, vai ser preciso muito trabalho para que o futebol sul-americano, e o brasileiro, em particular, retorne ao seus melhores tempos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Tragédia

O país ainda está estupefato com a tragédia ocorrida na manhã de hoje. As atividades diárias de cada um mal se iniciavam, e a notícia chocante chegava ao conhecimento de todos, informando que um avião que conduzia o candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, havia caído em Santos (SP). Mais tarde, vinha a confirmação de que todos os ocupantes haviam falecido no acidente. Poucas horas antes, na noite de ontem, Campos havia concedido entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo. Milhões de brasileiros o assistiram ontem à noite, e se depararam, incrédulos, hoje pela manhã, com a notícia da sua morte repentina. O fato só reforça a fragilidade e fugacidade da vida humana. A qualquer momento, sem prévio aviso, qualquer ser humano pode sair de cena, levado pela fatalidade ou por um mal súbito. A morte é algo que sempre nos abala, e, nas circunstâncias em que ocorreu a de Campos, o choque é ainda maior. Ele era um homem relativamente jovem, havia completado 49 anos no domingo, Dia dos Pais. Deixou cinco filhos, um deles com poucos meses de idade. Estava empreendendo o seu maior projeto político, depois de governar seu Estado de origem, Pernambuco, por dois mandatos. Neto de Miguel Arraes, um dos maiores nomes da política brasileira em todos os tempos, morreu na mesma data em que o avô faleceu, 13 de agosto. Sua morte, seis dias antes do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, impacta todo o processo eleitoral. Como bem expressou a candidata a presidente pelo PSOL, Luciana Genro, a eleição já está irremediavelmente marcada por esse acontecimento. Uma trajetória política ascendente foi bruscamente interrompida. Eduardo Campos estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenções de voto. Provavelmente, não conseguiria vencer a eleição. Porém, com a idade que tinha, e aproveitando o pleito desse ano para se tornar mais conhecido pelo eleitorado, teria grandes chances de êxito em disputas futuras. A fatalidade impediu que essas perspectivas pudessem se concretizar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

As dores de cada um

A morte do ator Robin Williams, aos 63 anos, ontem ocorrida, é um desses acontecimentos que nos fazem pensar, por serem, em princípio, de difícil compreensão. Williams, ao que tudo indica, se suicidou, e o senso comum costuma considerar que um gesto tão extremo só pode ser praticado por quem se encontre numa condição de vida muito desfavorável, acossado por dramas como a solidão, a doença e a pobreza. Não era o caso de Williams. Ator famoso, de talento reconhecido, com vários prêmios na carreira, incluindo um Oscar de coadjuvante, Williams estava longe de cumprir o perfil do fracassado. No entanto, lutava contra uma depressão severa. Ao longo de sua vida, enfrentou problemas devido ao consumo de drogas e álcool, tendo se internado diversas vezes. Casado pela terceira vez, ultimamente estaria sofrendo problemas financeiros, devido aos muitos gastos com os divórcios de suas uniões anteriores. Sua carreira, a partir dos anos 2000, entrou num certo declínio. Porém, nada disso parece suficientemente forte para justificar um suicídio. Na verdade, cada um de nós carrega suas próprias dores e inquietações, não necessariamente relacionadas com possíveis desventuras da vida. São os "monstros" que nos habitam, e com os quais alguns lidam com mais habilidade do que outros. Robin Williams foi um homem bem sucedido. Foi um vitorioso em sua profissão. Amou várias mulheres. Teve filhos. Portanto, teve uma existência intensa. Ainda assim, buscou o álcool e as drogas, e acabou por tirar a própria vida. Diante do senso comum, sua atitude parece incompreensível, mas as dores que assaltam os seres humanos não respeitam a lógica elementar.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lobos em pele de cordeiro

Há segmentos da sociedade que enxergam tudo sob a perspectiva do lucro, do ganho financeiro. Diante de qualquer entrave à sua sede de realização de "bons negócios" queixam-se da excessiva burocracia ou de posturas governamentais que não favorecem o "empreendedorismo". São lobos em pele de cordeiro, vilões posando de vítimas. Esse é o caso do setor da construção civil. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) queixa-se de que o setor está atravessando um período de dificuldades devido à demora para aprovar novos projetos em Porto Alegre. Entre as causas de tais dificuldades estariam a falta de informatização de dados por parte da prefeitura, a Lei Kiss, que tornou mais rígida a prevenção contra incêndios nas edificações no Estado, e o processo de licenciamento ambiental, que seria demasiadamente lento. A questão da informatização de dados é meramente burocrática, mas as outras duas mostram claramente o confronto entre os interesses maiores da sociedade e a sede de lucros por parte dos construtores. Uma lei que amplie o rigor na prevenção de incêndios em edificações é algo para ser saudado, não para ser visto como um empecilho. O licenciamento ambiental também é um fator de extrema relevância antes de se aprovar qualquer nova construção. Por trás do discurso modernoso de que a cidade é que sofre prejuízos, que o mercado fica engessado para oferecer opções aos interessados, e outros argumentos do mesmo gênero, está a avidez por ganhos que resulta numa expansão imobiliária que agride o espaço físico das cidades com prédios altos, causando-lhes prejuízos estéticos e ambientais. O município de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, por exemplo, está tomado por prédios gigantescos, até com mais de 70 andares, que projetam sua sombra sobre a beira-mar, impedindo o banho de sol. Isso sem contar todos os danos ambientais que prédios de tamanho porte causam. Agora, intenta-se fazer algo semelhante em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Os defensores da "sociedade de mercado" acusam de retrógrados todos os que se opõem a sua visão de mundo, caracterizada pela busca incessante de lucros, sobrepondo-se aos mais legítimos interesses da coletividade. Seu discurso bem articulado é puro disfarce, capaz de impressionar alguns incautos. Na verdade, os administradores públicos, ao serem mais exigentes na autorização para novos empreendimentos imobiliários, nada mais estão fazendo do que cumprir com seu compromisso precípuo com os cidadãos. O ideal, inclusive, seria que sempre agissem assim. As queixas da construção civil, portanto, são improcedentes. Não passam de mero esperneio de quem coloca os seus interesses setoriais acima dos da população como um todo.

domingo, 10 de agosto de 2014

Martírio interminável

O Grêmio perdeu por 2 x 0 para o Inter, no Beira-Rio, hoje à tarde, pelo Campeonato Brasileiro, e prolongou ainda mais o sofrimento de seu torcedor, que vive um martírio aparentemente interminável. O clube já não ganha um grande título desde 2001. Até mesmo o modesto Campeonato Gaúcho não é vencido pelo Grêmio desde 2010. Nesse longo período de frustrações, o Grêmio já fez de tudo, e fracassou quase sempre. Todos os tipos de técnicos foram tentados. Famosos e consagrados, como Paulo Autuori e Vanderlei Luxemburgo. Ex-ídolos, como Cuca, De León e Renato. Apostas, como José Luís Plein e Julinho Camargo. Emergentes, como Mano Menezes, Silas e Enderson Moreira. Retranqueiros, como Celso Roth. Alguns tiveram relativo sucesso, ganhando o Gauchão. A maioria fracassou rotundamente. Nesse período, o Grêmio fez algumas boas campanhas obtendo dois vice-campeonatos brasileiros e um da Libertadores, mas título, mesmo, não veio. No próximo dia 26, serão completados dois anos sem que o Grêmio vença um Gre-Nal sequer. Nem mesmo os heróis do passado estão conseguindo alterar essa rota de desastres. Fábio Koff, que em duas administrações anteriores como presidente teve um desempenho histórico, só vem colhendo insucessos dentro de campo no atual mandato. Não conquistou nenhum título, nem ganhou grenais. Felipão, técnico com duas passagens exitosas pelo clube, reestreou, hoje, cercado de esperanças da torcida, e nada fez de animador. Mexeu em quase todo o time, o que por si só prejudica o entrosamento. Fez escolhas imperdoáveis, como improvisar Ramiro na lateral direita e Pará na esquerda, restituir a titularidade de Werley justamente num Gre-Nal, depois de ele ter falhado gravemente nos dois anteriores, não escalar um terceiro volante para dar maior proteção a um time que tinha tudo contra si, manter Barcos até o final do jogo, mesmo com sua inoperância na partida. Claro, foi a estreia de Felipão, ele não é mágico. Porém, o que causa desconsolo ao torcedor do Grêmio é que nenhuma fórmula parece dar certo para levar o clube de volta às grandes conquistas.

sábado, 9 de agosto de 2014

Rolling Stones em Porto Alegre

Ainda falta a confirmação oficial, mas cada vez mais é dado como certo que Porto Alegre estará no roteiro das apresentações que os Rolling Stones farão, em 2015, no Brasil. Há alguns anos, Porto Alegre deixou de ser um local periférico no que tange ao recebimento de grandes nomes do show business internacional. Estiveram se apresentando na cidade nomes como Paul McCartney, Ringo Starr, Eric Clapton, Bob Dylan, Elton John, Madonna, Roger Waters. Por isso mesmo, a vinda dos Rolling Stones era algo que se impunha, e, ao que parece, irá se concretizar. As apresentações que o grupo fará em 2015 pelo mundo deverão marcar, possivelmente, a sua despedida dos palcos, o que as torna ainda mais especiais. Assim sendo, fique atento, e, se a vinda deles, que já se especula que seria no mês de fevereiro, se confirmar, prepare-se para viver uma experiência inesquecível. Por certo, o preço dos ingressos não será barato, mas diante da grandiosidade do acontecimento, isso é apenas um detalhe. Assistir a um show de um grupo lendário como os Rolling Stones é sempre um privilegio, o que justifica plenamente o dinheiro a ser pago.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Consenso impraticável

A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) criticou o tom da campanha do candidato a presidente pelo seu partido, Eduardo Campos. Erundina disse que Campos tem que se posicionar ao lado dos trabalhadores, formular um discurso que lhe proporcione o voto da massa. O discurso ambíguo utilizado até aqui por Campos, analisa Erundina, se dá pela temor de desagradar as elites financeiras. Num posicionamento crítico e lúcido, Erundina declara que uma proposta que envolva consenso não tem serventia num país tão contraditório, desigual e injusto como o Brasil. Ela tem toda a razão. Há que se ter a coragem de tomar posição, de contrariar interesses. O partido de Campos e Erundina leva a palavra "socialista" no seu nome. Logo, deveria ser um partido à esquerda no espectro político. Eduardo Campos, no entanto, até aqui, tem se comportado como um candidato "engomadinho", palatável para os setores mais conservadores da sociedade. Na sua ânsia de se mostrar uma alternativa ao governo de seus antigos aliados do PT, Campos não ousa nas proposições, parece preocupado em não se indispor com nenhum segmento social. Porém, como bem observou Luíza Erundina, o consenso, numa sociedade com contrastes tão intensos como é o caso da brasileira, é impraticável. Se continuar "em cima do muro" em questões polêmicas e fundamentais, Campos não conseguirá romper a polarização PT-PSDB. Por enquanto, Campos constituiu uma candidatura, mas não se revelou uma alternativa concreta de mudança.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Na mão de quem sabe

O candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, disse que o país não pode suportar mais quatro anos sob a atual administração, e que é preciso deixar o Brasil "na mão de quem sabe". Claro, trata-se de uma provocação que tem como alvo a presidente Dilma Rousseff, na esperança de que ela aceite um bate-boca, rebaixando o nível do debate. Por certo, Dilma irá frustrar as pretensões de Aécio. Porém, ela poderia perguntar ao candidato o que ele e seu grupo "sabem", ao ponto de se gabarem. Não é difícil, no entanto, definir essa "sabedoria". O partido de Aécio, o PSDB, já governou o país por oito anos, com Fernando Henrique Cardoso como presidente. Entre outras "façanhas" trocou patrimônio público por moedas podres, privatizando empresas como a Vale, por exemplo. Nesse governo de "quem sabe" foi criado também o famigerado fator previdenciário, que corroeu os ganhos dos aposentados. O partido, uma vez no poder, abriu mão de qualquer prática da "social democracia" que inspira seu nome, e adotou um figurino nitidamente neoliberal. Se fora do poder o PSDB era um partido "de centro", ao assumir o governo adotou, claramente, uma posição de direita. Deixar o país, novamente, "na mão de quem sabe", equivaleria a um enorme retrocesso. As políticas sociais que levaram milhões de brasileiros a terem acesso ao consumo e que abriram as portas das universidades para integrantes das classes menos favorecidas, certamente, seriam deixadas de lado, implantando-se um sistema que valorize a "meritocracia", um termo pomposo para designar a opção pelas elites em detrimento da maioria da população. O governo não é perfeito, longe disso, e a alternância de poder é muito salutar. Mudar, todavia, é algo que se faz para melhorar, não para retroceder, que é o que aconteceria ao Brasil caso voltasse a ser conduzido pela "mão de quem sabe".

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Empate

Ninguém levou vantagem no primeiro jogo da decisão da Libertadores. Nacional (PAR) e San Lorenzo empataram em 1 x 1, hoje, no Defensores del Chaco. O resultado, em princípio, foi melhor para o San Lorenzo, que jogava como visitante e fará a segunda e decisiva partida em casa. Porém, o Nacional, que saiu perdendo, conseguiu o empate no último minuto dos acréscimos, o que é sempre um estímulo. O empate de hoje só reforça a paridade dessa decisão, nitidamente nivelada por baixo, já que os dois clubes foram os de pior campanha entre os 16 que se classificaram para as fases eliminatórias. Seja quem for o campeão, será uma conquista inédita, pois ambos os clubes ainda não ganharam a Libertadores. O San Lorenzo, por ter obtido um empate, fora de casa, no primeiro jogo, tem um leve favoritismo para a conquista do título. No entanto, na decisão da Libertadores, não há saldo qualificado, o que torna a disputa mais equilibrada. Assim sendo, a competição ainda está em aberto.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dez recomendações para uma vida plena

O Papa Francisco, desde que iniciou o seu pontificado, tem despertado a admiração de quase todas as pessoas, católicas ou não. Mesmo os não crentes, como eu, não deixam de reconhecer em sua postura serena e flexível uma diferença substancial em relação aos seus antecessores mais recentes, marcados por um dogmatismo ferrenho. Francisco, em suas manifestações, tem se mostrado aberto ao diálogo, mesmo quando cerceado por conceitos que sua condição o obriga a defender. Numa entrevista, para a revista "Viva", do jornal "Clarin", de Buenos Aires, Francisco dá mais uma demonstração dessa visão positiva perante a existência, e faz dez recomendações para uma vida plena. Não há como deixar de reconhecer que os dez conselhos são carregados de bom senso, e não expressam nenhum viés sectário. São sugestões que, se adotadas por qualquer pessoa, só podem ter efeitos positivos. A primeira recomendação já dá uma ideia dessa maneira aberta de Francisco se posicionar. Ela diz: "Viva e deixe viver". Convenhamos, se todos a observassem, a vida na Terra seria bem melhor. Não vamos, aqui, tratar de cada uma das recomendações, todas muito boas, pois seria algo muito extenso. Foquemos, então, o nono conselho: "Respeite quem pensa diferente". Francisco destaca, em relação a esse item, de que a Igreja cresce por atração, não por proselitismo. Esse aspecto me tocou, particularmente. O proselitismo me irrita profundamente. Sempre tive sólidas convicções a respeito dos mais diversos assuntos, mas nem por isso me senti estimulado a "fazer cabeças", tentando convencer os outros de ser o portador de verdades únicas e incontestáveis. Até mesmo por isso, jamais tolerei ser alvo de discursos de convencimento sobre seja lá o que for. Nunca abdiquei de minha total independência de pensamento. Sou um livre pensador, não aceito me ver atrelado a qualquer tipo de "corrente". Como o próprio Francisco disse, até mesmo a opção por se integrar à Igreja deve vir de uma identificação natural, não pelos efeitos de uma pregação insistente. Num mundo de tanta intolerância e de posições radicalizadas, as recomendações de Francisco constituem-se num bálsamo. Como seria bom se todos as seguissem. Viver, nesse caso, seria uma experiência muito mais recompensadora, e não um pesado fardo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Terrorismo econômico

Na sua ânsia de derrubar o atual governo, a imprensa conservadora brasileira lança mão de todos os recursos. Em geral, costuma apelar para o terrorismo político, com teorias delirantes de "cubanização" ou adoção de práticas "bolivarianas" por parte do governo. Como esse recurso tem se mostrado pouco eficiente, a imprensa de direita resolveu acenar com o terrorismo econômico. A tese que se sustenta mais esse "fantasma" é a de que o governo está represando medidas no campo econômico para não sofrer prejuízo na eleição, mas que, passado o pleito, uma conta amarga será apresentada ao eleitor que votar na presidente Dilma Roussef. Dessa forma, caso seja reeleita, Dilma irá aumentar o preço dos combustíveis, reajustar as tarifas de energia. A inflação, já considerada em níveis "perigosos", sairia do controle, pois o governo continuaria sem conter o "inchaço" das contas públicas. A solução, claro, para evitar um cenário tão "dramático", seria eleger Aécio Neves ou Eduardo Campos, os arautos da "modernidade" no ato de governar. Eles tratariam de dar "previsibilidade e segurança" aos investidores, reduziriam a carga tributária das empresas, entre outras medidas favorecedoras do "crescimento em bases sólidas" e do aumento da "produtividade". Todos nós já vimos esse filme, e não gostamos. Sabemos do custo social imenso que ele embute. Ele implica em privatizações em troca de moedas podres, torrando patrimônio público, aumento da desigualdade social e da concentração de renda. Esse sim, seria um cenário arcaico, nem um pouco "moderno". Por mais defeitos que possua, o atual governo é o responsável pela inserção no mercado de consumo de milhões de brasileiros, antes relegados a uma condição de penúria. Suas políticas sociais beneficiaram famílias de baixa renda e minorias, ampliaram o acesso dos menos favorecidos economicamente ao ensino superior. Em relação ás camadas menos privilegiadas da sociedade, os governos de Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff fizeram, em 12 anos, até aqui, muito mais do que outras administrações realizaram em décadas. Trocar esse modelo pelo neoliberalismo é que representaria um inaceitável retrocesso.

domingo, 3 de agosto de 2014

Reviravolta

O Inter ganhou do Santos por 1 x 0, hoje à tarde, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Como expressa a sabedoria popular, nada como um dia após o outro. A semana não fora nada favorável ao Inter. Seu maior rival, o Grêmio, apresentara seu novo técnico, Felipão, causando verdadeira comoção no meio futebolístico local. Para piorar, na quarta-feira, o Inter perdeu para o Ceará, e está seriamente ameaçado de eliminação na Copa do Brasil. Porém, veio o fim de semana, e ocorreu a reviravolta. Ontem, o Grêmio, treinado pelo técnico interino André Jardine, perdeu, de virada, para o Vitória. Hoje, o Inter venceu o Santos. Dessa forma, o Inter vai como favorito para o Gre-Nal do próximo domingo, no Beira-Rio. Felipão terá uma tarefa das mais árduas na tentativa de começar seu novo período no Grêmio com um bom resultado. No que se refere ao jogo, em si, Inter e Santos não fizeram uma boa partida. Os dois times abusaram dos erros de passes e concederam muitas chances ao adversário, invariavelmente desperdiçadas. O único gol da partida nasceu da cobrança de uma falta, curiosamente, logo depois que o Inter teve o zagueiro Paulão expulso. Não foi um grande exibição do Inter, mas o time fez o suficiente para vencer. O Santos, por sua vez, mostrou que é um time em reconstrução, e que ainda está longe de ter condições de brigar pelo título do Brasileirão. Depois de alguns dias de instabilidade, em contraste com a euforia pelo lado do Grêmio, o Inter começa a semana bem mais confiante do que o seu maior adversário para o Gre-Nal que se aproxima..

sábado, 2 de agosto de 2014

Erros repetidos

O Grêmio perdeu para o Vitória por 2 x 1, de virada, no Barradão, hoje, pelo Campeonato Brasileiro. A atuação do Grêmio foi uma repetição do jogo contra o Coritiba. Mais uma vez, o time saiu na frente e permitiu a virada. Novamente, Barcos marcou gol, mas perdeu pelo menos outra oportunidade claríssima, exatamente como havia acontecido contra o Coritiba. Antes dos dois últimos jogos, o Grêmio havia sofrido apenas cinco gols em jogos do Brasileirão. Agora, nessas duas partidas, levou o mesmo número de gols. Para agravar o quadro, o árbitro do jogo de hoje, Sandro Meira Ricci, representante do Brasil na Copa do Mundo, marcou um pênalti inexistente que decretou a vitória do clube baiano. A velha máxima de que no futebol quem não faz leva mostrou-se verdadeira, outra vez. O Grêmio poderia ter feito um placar bem mais largo no primeiro tempo, mas desperdiçou chances claras de gol e pagou um preço alto por isso no segundo tempo. Afora a dificuldade de estrear num Gre-Nal, na casa do adversário, Felipão vai ter de superar o efeito de duas derrotas consecutivas. Tarefa nada fácil, que porá Felipão à prova já em seu primeiro jogo no retorno ao Grêmio.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A desvalorização da vida

A vida é o bem supremo, o maior dentre todos os elementos valoráveis. Bem, pelo menos, deveria ser assim. Porém, nos tempos atuais, até mesmo essa dimensão ética aparentemente inabalável está sendo posta em xeque. Não se pode pensar de outra forma quando se fica sabendo da atitude de um casal australiano, divulgada, hoje, pela imprensa, marcada pela desvalorização da vida. Impossibilitado de ter filhos, o casal, utilizando-se de um agente, contratou uma mãe de aluguel, a tailandesa Pattharamon Janbua, de 21 anos. Ela recebeu US$ 11, 7 mil pelo procedimento. Com a constatação de que a inseminação resultara numa gravidez de gêmeos, o agente ofereceu US$1.673 pelo outro bebê. Foi constatado, então, que um dos fetos tinha síndrome de Down. O casal, com quem a mãe de aluguel nunca se encontrou, recusou-se a ficar com o bebê com síndrome de Down, e pediu que ela o abortasse. Pattharamon Janbua, que é budista, negou-se a abortar, por considerar que isso seria um pecado. Nascidos os bebês, um de cada sexo, o casal ficou apenas com a menina, que nasceu saudável. O menino, chamado Gammy, apresentava ainda, uma doença congênita no coração. A mãe de aluguel revelou que o agente não pagou US$ 2.341 mil do montante acordado. Ela ficou com o bebê doente, mas não tem dinheiro para pagar os custos da cirurgia de que ele necessita. Uma campanha está levantando fundos para ajudá-la. A campanha visa arrecadar US$ 150 mil. Em dez dias, mais de duas mil pessoas já doaram US$ 102 mil. A mãe de aluguel, ainda que não tenha, segundo seus valores, cometido um pecado, transgrediu as leis de seu país. A Tailândia só permite a barriga de aluguel caso um familiar se ofereça de boa vontade. Deixando de lado todos esses detalhes, vamos a questão ética a que me referi na abertura do texto. Como pode uma vida humana ser tratada de um modo tão frio? Despreza-se uma criança por ela ter problemas de saúde, como se fosse uma mercadoria defeituosa. A barriga de aluguel, quando envolve interesses financeiros, já é algo reprovável. Se, afora isso, inclui o descarte de um ser humano, torna-se, simplesmente, repugnante.