segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Protestos

Enfim, ontem tivemos o dia de protestos, marcado com grande antecedência e amplamente divulgado, com o intuito de pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As manifestações ocorreram em todas as capitais do país, e em vários outros municípios. O barulho feito em torno de tais atos nas redes sociais, somado ao fato de as pesquisas apontarem uma baixíssima popularidade de Dilma Rousseff, levavam a crer que teríamos milhões de pessoas saindo às ruas, estabelecendo, de modo inequívoco, o desejo do povo brasileiro de destituí-la do cargo. Não foi o que se viu. Os mesmos veículos de comunicação que não escondem sua simpatia pelo impeachment foram obrigados a reconhecer que o número de pessoas presente ontem nas ruas foi muito abaixo do projetado. Esse foi o terceiro protesto com igual finalidade realizado nos últimos cinco meses. A repetição, em tão curto espaço de tempo, em vez de reforçar seu conteúdo, contribuiu para banalizá-lo. Não há dúvida de que o governo enfrenta problemas, e que muitas pessoas estão insatisfeitas, mas daí para um clamor majoritário das ruas solicitando a sua deposição vai uma distância muito grande. A avaliação é de que o número de participantes dos protestos de ontem foi um pouco maior do que em relação aos de abril, mas bem menor do que os de março. Não há nada de surpreendente nisso. As manifestações de março foram as primeiras, e atraíram pela novidade. Os atos de abril, por estarem, ainda, muito próximos dos realizados no mês anterior, ficaram um tanto esvaziados. Agora, transcorridos mais quatro meses, o interesse despertado foi um pouco maior. Um novo protesto foi marcado para o dia 7 de setembro, mas é improvável, pelo já exposto, que obtenha uma adesão maciça. Em resumo, as manifestações pró-impeachment representam a vontade de grupos bem identificados e da imprensa conservadora, e não traduzem o sentimento majoritário do povo brasileiro. O melhor a fazer seria tais grupos e seus apoiadores na imprensa acatarem o resultado legítimo das urnas, e esperarem a próxima eleição para terem, ou não, as suas aspirações atendidas. Democracia se faz respeitando as regras do jogo, não insuflando golpes.