terça-feira, 30 de setembro de 2014

Debates engessados

Tivemos hoje, em todo o Brasil, os debates dos candidatos a governador dos estados e do Distrito Federal, promovidos pela Rede Globo e suas emissoras afiliadas. Embora outros debates já tenham sido realizados, os da Globo, por serem os últimos antes da eleição, e pela liderança que ela possui em termos de audiência, sempre são os de maior visibilidade. Porém, os debates em geral, e os da Globo em particular, não atingem o seu objetivo de bem esclarecer o eleitor. Por força de uma legislação eleitoral absurda e, no caso da Globo, até mesmo do pouco tempo disponibilizado para o debate, tais encontros se tornam rasos em termos de conteúdo, pouco ou nada auxiliando o eleitor para que faça sua escolha. O fato de a legislação conceder o direito de participação nos debates para candidatos sem nenhuma expressão eleitoral trava a dinâmica do programa. Em vez de confronto entre candidatos que estão nos primeiros lugares das pesquisas, perde-se tempo com a participação de candidatos folclóricos e pouco qualificados. O pouco tempo de duração dos debates é outro problema. Os de hoje tiveram uma hora e cinquenta minutos de duração, divididos em cinco blocos, o que faz com que a formulação das perguntas, as réplicas e as tréplicas sejam realizadas num tempo muito exíguo, o que não favorece a uma exposição de ideias consistente. O Brasil necessita de uma reforma política urgente, e nela deve ser incluída a mudança da legislação eleitoral. Os debates poderiam ser encontros muito interessantes, caso não fossem tão engessados pelas regras. Eles deveriam ter a presença, apenas, de candidatos com chances de vitória, com liberdade para que fizessem questionamentos entre si, sem limites de perguntas e podendo escolher a quem iriam se dirigir. Com sua estrutura atual, os debates não fazem o menor sentido. Não empolgam, pouco ou nada informam, tornam-se desinteressantes e, por conseguinte, tendem a ter pouca influência na decisão dos eleitores.