quarta-feira, 31 de julho de 2013

Perspectivas sombrias

O Grêmio perdeu por 2 x 0 para o Corinthians, hoje à noite, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro. Em cinco jogos fora de casa, no Brasileirão, o Grêmio teve três derrotas e dois empates. A mudança de técnico, com a saída de Vanderlei Luxemburgo e a entrada de Renato, surtiu pouco efeito. O time não demonstra nenhuma evolução técnica, nem tática. Houve alguma melhora anímica, mas, hoje, nem isso se verificou. Na derrota para o Corinthians, o Grêmio foi um time amorfo, e que não atacou. Nem mesmo o erro de arbitragem, no primeiro gol do Corinthians, marcado por Émerson em impedimento, serve como atenuante. Renato começou cometendo um erro grave, ao escalar Kléber e deixar Vargas no banco. Errou mais, ainda, ao só mexer no time aos 32 minutos do segundo tempo, quando o Corinthians, que ganhava o jogo, já havia feito suas três substituições. A primeira, de Zé Roberto por Guilherme Biteco, ainda no primeiro tempo, não conta, pois foi motivada por uma lesão. As individualidades seguem sem dar resposta no Grêmio. Kléber e Barcos foram duas nulidades, Elano joga cada vez menos, Zé Roberto abusa dos toques laterais. Há também uma lacuna terrível na lateral direita, onde a mediocridade de Pará acaba com a paciência de qualquer um. Em termos de atuações, o único destaque foi Riveros, mais uma vez o melhor jogador do Grêmio em campo. No entanto, isso é muito pouco para as pretensões de um clube como o Grêmio. O presidente do Grêmio, Fábio Koff, ao trazer Renato de volta, tomou uma medida populista, para obter apoio da torcida. O mais indicado seria contratar Cristovão Borges, de grande trabalho no Vasco, e que agora brilha no Bahia. Foram apenas cinco jogos do Grêmio com Renato, é verdade, mas, mesmo assim, o time já teria de apresentar melhoras consistentes. Isso não aconteceu. As perspectivas do Grêmio não parecem nada animadoras, pelo contrário, são bastante sombrias.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Decisão absurda

A decisão da Brigada Militar de que o Gre-Nal do próximo domingo, na Arena, tenha torcida única do mandante, o Grêmio, é absurda. O Gre-Nal, hoje reconhecido, até fora do Rio Grande do Sul, como o clássico de maior rivalidade do futebol brasileiro, vem, infelizmente, sofrendo um processo de esvaziamento, e, o que é pior, com a participação dos próprios clubes. Tudo começou, há alguns anos, quando, sob a alegação de preservar os interesses de seus associados, cada vez em maior número, Grêmio e Inter passaram a fornecer para o visitante apenas 2 mil ingressos nos Gre-Nais. Agora, tendo como argumento a impossibilidade de garantir a chegada da torcida do Inter em segurança ao estádio, a Brigada Militar determina que o Gre-Nal tenha a presença, apenas, da torcida do clube mandante. Isso é uma confissão de incompetência! Como pode uma corporação cuja finalidade é zelar pela segurança pública declarar-se incapaz de proporcioná-la? O maior espetáculo esportivo do Rio Grande do Sul é descaracterizado no seu brilho porque quem deveria garantir a segurança de sua realização se declara incapaz de fazê-lo? O pior é que o Ministério Público acatou a determinação da Brigada Militar. Frequento estádios desde 1971. Assisti ao meu primeiro Gre-Nal em 1972. Sempre com estádios cheios e com cerca de 40% do espaço reservado para o visitante. Era um espetáculo belíssimo e de um notável colorido. Um lado em azul, preto e branco, outro em vermelho e branco. Tudo isso está virando uma doce lembrança. Estão acabando com o Gre-Nal. A Brigada Militar não pode assumir tamanho protagonismo. A corporação existe para servir à sociedade, não para submetê-la aos seus caprichos e à sua autodeclarada incompetência. Espero que, até o final da semana, essa absurda decisão venha a ser modificada, se preciso for, até mesmo, com a intervenção do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Abuso

O conflito ocorrido ontem entre torcedores da Geral do Grêmio e soldados da Brigada Militar, na Arena, antes do início do jogo entre Grêmio e Fluminense,  foi de culpa exclusiva dos integrantes da corporação policial. A reação dos torcedores se deu após a covarde agressão ao torcedor conhecido como "Gaúcho da Geral". O torcedor foi estupidamente agredido por que portava uma muleta que adaptara como mastro para a bandeira do Rio Grande do Sul que sempre carrega consigo. "Gaúcho da Geral" é um frequentador assíduo dos estádios, e não se sabe de nenhuma conduta indevida de sua parte. A alegação de que ele não poderia estar de muletas naquele setor do estádio, e de que a mesma poderia se converter numa arma, varia entre o patético e o ridículo. Não faltam, é claro, dentro e fora da imprensa, os "paladinos da moral" defendendo a ideia de que a Brigada Militar tem mais é de "baixar o cacete" mesmo. Outros aproveitam para pedir que o Grêmio acabe com a torcida Geral de uma vez por todas. A apresentadora Renata Fan, da Rede Bandeirantes, fanática torcedora do Inter, diz que a culpa do incidente é do Grêmio, por insistir em manter um setor do estádio sem assentos, contrariando o que acontece em todas as arenas modernas. Afora a facciosidade, Renata Fan demonstra desinformação. O estádio do Borussia Dortmund, por exemplo, reserva 25 mil lugares, de uma capacidade total de pouco mais de 70 mil, para uma área sem assentos, de ingressos de custo mais baixo e que concentra os torcedores mais entusiasmados. A verdade é que, desde o início, a Brigada Militar está exorbitando em relação a Arena. Subitamente, no Brasil, em função do tal "padrão Fifa" resolveu-se, na base do "canetaço", mudar a forma de se torcer no futebol. Não se quer mais permitir torcedores portando bandeiras com mastro, tirando a camisa, entre outras imposições absurdas só concebíveis por quem nunca entrou num estádio. O Grêmio já sofreu um enorme prejuízo ao ter de instalar gradis na área da Geral que reduziram a capacidade do setor, e, agora, poderá perder o mando de campo em alguns jogos em função de um fato que só ocorreu devido ao despreparo e truculência da Brigada Militar. Está mais do que na hora do Grêmio dispensar os serviços da Brigada Militar e contratar seguranças privados para os dias de jogos. Isso trará mais tranquilidade e segurança para os frequentadores da Arena. O que se viu ontem foi uma clara demonstração de abuso policial injustificável contra um torcedor indefeso. As reações de outros torcedores, ainda que violentas, foram mera consequência.

domingo, 28 de julho de 2013

Fiasco

O Inter foi goleado pelo Náutico por 3 x 0, hoje à tarde, na Arena Pernambuco, pelo Campeonato Brasileiro. Não há outra classificação para esse fato que não seja a de fiasco. Ainda que seja verdade que os dois últimos gols tenham ocorrido no final do jogo, quando o Inter lançou-se ao ataque na busca do empate, a derrota é injustificável e, tendo sido por goleada, torna-se ainda mais constrangedora. Afinal, o jogo começou com os dois clubes em posições extremas na tabela. Na liderança, o Inter, na lanterna, o Náutico. Deve-se destacar, contudo, que, mesmo nas quatro vitórias consecutivas que obteve antes da partida de hoje, o Inter não chegou a jogar bem. Em todas elas, também, a presença de D'Alessandro foi, quase sempre, preponderante. Hoje, sem seu principal jogador, o Inter, mais uma vez, não encontrou soluções. O resultado é uma ducha de água fria na semana que antecede o primeiro Gre-Nal da Arena. A única vantagem do Inter é que o Grêmio terá um jogo dificílimo contra o Corinthians, na quarta-feira, fora de casa. Se o Grêmio tiver um mau resultado, somado ao desgaste do jogo em si, enquanto seu maior rival passará a semana apenas treinando, é possível que o Inter venha a ganhar confiança para o Gre-Nal. Até lá, no entanto, o caldeirão colorado irá ferver. Uma derrota como a de hoje não se assimila tão facilmente.

Sem brilho

O Grêmio venceu o Fluminense por 2 x 0, hoje à tarde, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Era uma vitória que, pelas circunstâncias, era praticamente obrigatória. Afinal, o Grêmio vinha de uma derrota para o modesto Criciúma, jogava em casa, e seu adversário tinha perdido as quatro partidas anteriores. No entanto, embora tenha obtido a vitória de que precisava, o Grêmio, mais uma vez, exibiu um futebol sem brilho. No primeiro tempo, que terminou empatado em 0 x 0, o Grêmio mostrou pouca produtividade, com exceção de uma forte pressão exercida nos últimos minutos. Ainda assim, o Grêmio foi prejudicado pela não marcação de um pênalti claríssimo de Leandro Euzébio sobre Barcos. No segundo tempo, o Grêmio marcou um gol cedo, com Riveros, e depois ampliou, com Kléber, mas não fez muito mais do que isso em termos ofensivos. Algumas atuações individuais deixaram bastante a desejar. Foi o caso de Elano, apagadíssimo durante todo o tempo que esteve em campo, e de Zé Roberto, que, novamente, abusou de toques laterais improdutivos. Por outro lado, três jogadores se destacaram. Alex Telles voltou a jogar muito bem, Kléber fez sua melhor partida pelo Grêmio em 2013, e Riveros, que fazia sua estreia, marcou um gol e foi o melhor em campo. A vitória foi muito importante, mas o Grêmio não terá tempo para respirar. Na quarta-feira, jogará contra o Corinthians, fora de casa, e, no próximo domingo, terá o primeiro Gre-Nal da história da Arena. Grandes desafios para um time que ainda tem muito o que melhorar, mas que, com a vitória de hoje, serão enfrentados com mais confiança.

sábado, 27 de julho de 2013

O legado da jornada

Amanhã terminará a Jornada Mundial da Juventude, e o Papa Francisco retornará ao Vaticano. Durante toda a semana, o Brasil voltou seus olhos para o Rio de Janeiro. Francisco, inegavelmente um papa simpático e carismático, mobilizou multidões. Hoje, em Copacabana, 3 milhões de pessoas estiveram presentes a mais um contato com o pontífice. Um número verdadeiramente impressionante, pois representa o dobro da população de Porto Alegre concentrada nos poucos quilômetros de Copacabana. O sucesso de público de Francisco, portanto, é inegável. A cobertura midiática de sua estada no Brasil foi ampla. No entanto, aproximando-se o momento do final da Jornada e do retorno do papa ao Vaticano, impõe-se o questionamento sobre o que ficará como legado para a Igreja e a sociedade dessa semana tão intensa. A escolha de Francisco como papa não se deu por acaso. Seu despojamento, sua opção pelos pobres, sua fala objetiva e sem rodeios, sua acessibilidade, são essenciais para tentar dar uma nova imagem a uma Igreja marcada por escândalos e pelo distanciamento de seus fiéis. O fato de ser um sul-americano também não é aleatório, pois a América do Sul é o lugar do mundo onde, mesmo perdendo adeptos como em todas as outras regiões do globo, a Igreja ainda é largamente preponderante. Porém, o que de prático a passagem de Francisco pelo Brasil irá mudar na relação da Igreja com seus fiéis e no encolhimento do número de adeptos? Muito pouco. Mesmo encantadas com a simpatia de Francisco, as pessoas não irão aceitar as imposições e os dogmas da Igreja. Mesmo entre os que se declaram católicos, a maioria aprova o uso da camisinha e da pílula anticoncepcional, práticas condenadas pela Igreja. Pouquíssimas pessoas nos dias de hoje, mesmo entre os fiéis, estão dispostas a manterem a castidade antes do casamento, outra preceito defendido pela Igreja. Até mesmo a homossexualidade, ainda rejeitada pela maioria da população, não recuará no seu avanço rumo a aceitação pela sociedade. O papa foi muito bem recebido no Brasil, que viveu uma semana de festa em torno de sua figura, mas nem mesmo o seu carisma será capaz de reverter a perda de fiéis para outras religiões nem o constante aumento do ateísmo. Se não revisar suas posturas e alterar significativamente o seu discurso, a Igreja terá sua crise agravada. Nada indica, contudo, que isso venha a acontecer.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Os 70 anos de Mick Jagger

Hoje, Mick Jagger completa 70 anos. Para quem, como eu, gosta de rock, é uma data que não pode passar em branco. Mick Jagger é um dos mais talentosos e controvertidos astros do rock, e a principal figura dos Rolling Stones, grupo que, na história desse gênero musical, só perde em importância para os Beatles. Jagger tem uma excepcional performance nos palcos, e uma agitada vida pessoal, o que faz com que atraia os holofotes para si. Contra todas as expectativas, dado o seu perfil polêmico, tornou-se "sir". Como líder dos Rolling Stones, gravou com o grupo discos que venderam milhões de cópias. Em parceria com o guitarrista Keith Richards, outro integrante dos Stones, criou alguns dos clássicos eternos do rock. Não há como não se impressionar com seu desempenho no palco. Em 2006, assisti ao show dos Stones na praia de Copacabana. Mesmo já  estando com 63 anos na ocasião, Mick Jagger teve uma performance digna de um atleta no palco, movimentado-se o tempo todo, sem parar. Na vida pessoal, Mick Jagger é um homem de várias mulheres e muitos filhos. Está longe de ter um temperamento dócil, mas, até por isso, é uma celebridade na acepção da palavra. Porém, acima de tudo, Mick Jagger é um grande artista, de extraordinário talento. Parabéns, Sir Mick Jagger!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Hegemonia

Houve um tempo em que a Libertadores era uma competição dominada por clubes da Argentina e do Uruguai. Os brasileiros, os únicos a não falarem espanhol na América do Sul, eram como um corpo estranho na competição, sofrendo com adversários que, por vezes, abusavam da violência, e arbitragens suspeitas, para dizer o mínimo. O extraordinário Santos, de Pelé e Pepe, foi bicampeão da competição, em 1962 e 1963, mas depois dele, só em 1976 um clube brasileiro obteria o título da Libertadores, o Cruzeiro, de Nelinho e Palhinha. O terceiro título só viria em 1981, com o Flamengo, de Zico e Tita. Em 1983, novo título, com o Grêmio, de Renato e De León. Só a partir dos anos 90, no entanto, o Brasil passou a ser um vencedor constante na competição. Naquela década, São Paulo, Grêmio, Vasco e Palmeiras foram campeões. Aos poucos, os clubes brasileiros foram tomando conta da Libertadores, a ponto de em dois anos seguidos, 2005 e 2006, ela ser decidida em confrontos entre eles, o que motivou a Confederação Sul-Americana de Futebol a modificar o regulamento da competição, impedindo que isso se repita. Nas últimas quatro edições da Libertadores, o campeão foi um clube brasileiro. O Brasil já tem 17 títulos no total, apenas cinco a menos do que a Argentina, que ainda é a recordista de conquistas. Agora, com o título ganho, ontem, pelo Atlético Mineiro contra o Olímpia, do Paraguai, dos 12 grandes clubes brasileiros, só dois ainda não venceram a competição. São eles o Botafogo e o Fluminense. Este último chegou a decidir a Libertadores em 2008, deixando o título escapar, em favor da LDU, do Equador, nos tiros livres da marca do pênalti. O futebol brasileiro se tornou hegemônico no continente, como nunca foi antes. Uma agradável realidade para nossos clubes e seus torcedores.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Conquista sofrida

Foi uma decisão dramática, como já havia sido nas duas fases anteriores, mas o Atlético Mineiro venceu o Olímpia, hoje à noite, no Mineirão por 2 x 0 no tempo normal, resultado que se manteve na prorrogação, e por 4 x 2 nos tiros livres da marca do pênalti, e é o novo campeão da Taça Libertadores da América. Depois de uma fase inicial em que foi o primeiro colocado na classificação geral, com uma campanha brilhante, o Atlético viveu momentos terríveis nos mata-matas, o que resultou numa conquista sofrida. Valeu a pena. O clube, que teve a honra de ter sido o primeiro ganhador do Campeonato Brasileiro, em 1971, ressentia-se da falta de grandes títulos, ao contrário de seu maior rival, o Cruzeiro, que já vencera duas Libertadores e quatro Copas do Brasil, por exemplo. A partir de agora, um novo horizonte se descortina para o Atlético Mineiro. O clube muda de patamar, passa a ser um dos campeões continentais. Deixará de fazer sentido a pecha de ser "um cavalo paraguaio", que faz grandes campanhas e "morre na praia" na hora decisiva. O mesmo acontecerá com seu técnico, Cuca, reconhecido em sua competência, mas que tinha a fama de azarado, por lhe faltarem grandes títulos. Agora, o título de expressão não falta mais ao Atlético nem a Cuca. Em dezembro, se, pela lógica, ultrapassar as semifinais do Mundial de Clubes, o Atlético Mineiro irá decidir a competição contra o Bayern de Munique, treinado por Josep Guardiola, e com jogadores como Robben, Ribéry, Schwasnteiger, Thomas Müller. Depois de tantas décadas de sofrimento, o sonho, para os torcedores do Atlético Mineiro, está apenas começando.

Maré favorável

O Inter ganhou do São Paulo por 1 x 0, hoje à noite, no Morumbi, em jogo antecipado da 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. O gol, feito por Leandro Damião no primeiro tempo teve a participação decisiva do goleiro Rogério Ceni, numa falha que soma-se a outras tantas que demonstram que, aos 40 anos, o grande ídolo do São Paulo deveria aposentar-se. Pensei que, diante de um segundo jogo consecutivo em casa contra de um clube de tradição, o São Paulo pudesse encontrar forças para uma reação. Isso não aconteceu. A crise do São Paulo é mesmo profunda, o que pode fazer com que o clube mais vitorioso do futebol brasileiro, o único a conquistar três títulos mundiais, corra risco de rebaixamento. Como  não tem nada a ver com isso, o Inter aproveitou a oportunidade e segue em sua maré favorável. Com uma campanha que já lhe coloca em primeiro lugar na tabela, ainda que com um jogo a mais, e tendo reforços por estrear, o Inter já se vê envolvido por uma onda de otimismo. Resta saber se o time manterá a regularidade no Brasileirão, ou se a boa fase é apenas episódica.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Grandes perdas

O Brasil perdeu, hoje, duas grandes figuras. As mortes de Djalma Santos e Dominguinhos deixam o panorama humano brasileiro bem mais pobre. Djalma Santos foi bicampeão mundial como lateral direito da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1958 e 1962. Na Copa de 58 era reserva de De Sordi, e só jogou na decisão, devido a uma lesão do titular. Mesmo assim, foi eleito o melhor jogador da posição na competição. Em 62, foi titular absoluto. Divide, até hoje, com Carlos Alberto, lateral direito e capitão da equipe campeã da Copa do Mundo de 1970, a condição de melhor jogador da posição na história da Seleção Brasileira. Teve uma carreira longeva, que só foi encerrada, aos 42 anos, no Atlético Paranaense. Afora ser um grande jogador era um homem simples e de caráter extraordinário. Depois de parar de jogar levou uma existência digna e humilde e, há 30 anos, residia em Uberaba, no interior de Minas Gerais. Djalma Santos era um símbolo de tempos que, infelizmente, não voltam mais. Tempos de um futebol brilhante, praticado por jogadores de técnica refinada, e de um amor à camiseta que ficou no passado. Um tempo de jogadores que, mesmo exibindo uma categoria inigualável, não faziam fortuna, e tinham de trabalhar após "pendurarem as chuteiras". Com Djalma Santos, o grupo dos campeões mundiais pela Seleção falecidos ganha mais um integrante. Ele se junta a Orlando, Mauro, Zózimo, Didi, Garrincha, Vavá, Castilho, Oreco, Dida, Everaldo, Fontana. Uma grande perda para o futebol brasileiro. Por outro lado, no meio artístico, também perdeu-se um grande nome. Dominguinhos, com sua sanfona, foi um digno sucessor da linhagem de Luiz Gonzaga o Rei do Baião. Era um típico representante do homem nordestino, em sua origem humilde e sofrida. Compositor inspirado, criou músicas que encantam pelo romantismo e simplicidade, como "Só Quero Um Xodó", em parceria com Anastácia, grande sucesso na voz de Gilberto Gil, e "De Volta Pro Aconchego", que estourou gravada por Elba Ramalho. A exemplo de Djalma Santos, Dominguinhos não era apenas brilhante no exercício de sua atividade, era um ser humano admirável. O Brasil termina o dia de hoje bem mais pobre de talento, e muito triste.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A visita do Papa

O assunto do dia, no Brasil, como não poderia deixar de ser, é a visita do papa Francisco ao país, em função da realização, no Rio de Janeiro, da Jornada Mundial da Juventude. A chegada do papa movimentou o Rio de Janeiro. Francisco, mais uma vez, impressionou pela simplicidade e acessibilidade. Pediu um carro simples para conduzi-lo pela cidade e manteve a janela do veículo aberta. A simpatia que desperta entre os católicos e até pessoas que não pertencem à sua igreja é inegável. Porém, o que ficará como legado para a Igreja Católica após a realização de mais essa edição da Jornada Mundial da Juventude? Muitos jovens vieram de várias localidades do país e até do exterior para participar da jornada e ver o papa, mas o que isso trará de prático para a Igreja? Entendo que será muito pouco. Por mais que se esforce em tentar adotar um canal de comunicação com os jovens, a Igreja não consegue fazê-lo, e por razões muito claras. A Igreja Católica é uma instituição aferrada à dogmas anacrônicos, que não encontram eco na juventude. Claro que sempre existirão jovens dispostos a seguir a cartilha da Igreja e propagar seus ensinamentos, mas eles são exceção. A Igreja vive uma perda de fiéis constante, no mundo inteiro. Ela insiste em defender a castidade antes do casamento, a indissolubilidade do matrimônio, não aceita o uso da camisinha, renega a homossexualidade. Tais posturas são incompatíveis com os tempos atuais. A história não anda para trás e, portanto, é absurdo alguém pensar que possa haver uma reversão que possibilite uma volta a antigos costumes. Isso, simplesmente, não vai acontecer. A Igreja ainda é capaz de mobilizar milhões de pessoas em torno de si, mas esse número vem diminuindo, e vai encolher cada vez mais. Muitas pessoas migraram para outras religiões, e o número de ateus também tem crescido significativamente. A Igreja sempre partiu do pressuposto de que a rigidez dos seus dogmas era uma das razões, senão a principal, para explicar sua notável longevidade. No entanto, é justamente essa inflexibilidade que está levando-a a perder adeptos, e nem mesmo a simpatia do papa Francisco poderá deter esse processo. A única saída para a Igreja Católica não encolher cada vez mais é fazer aquilo a que sempre se negou, isto é, transigir em suas posturas. Nada indica, contudo, que assim procederá, o que fará com que o quadro atual se acentue de forma inescapável.

domingo, 21 de julho de 2013

Sorte

O Inter ganhou do Flamengo por 1 x 0, hoje à tarde, no Francisco Stédile, pelo Campeonato Brasileiro. A vitória veio no final do jogo, e mostrou que o Inter está com sorte. No primeiro tempo, o Flamengo foi bem superior. No segundo, o Inter conseguiu equilibrar a partida e teve mais posse de bola, mas em momento algum foi superior ao seu adversário. Uma saída errada de Felipe propiciou que Juan marcasse o gol do Inter, mas o resultado foi injusto para o Flamengo. Mesmo contando com um time de individualidades modestas, o Flamengo soube jogar com naturalidade, e merecia ter ido para o intervalo com a vitória parcial. Faltou competência ao Flamengo para transformar a boa atuação em gols. No segundo tempo, o Flamengo ficou mais retraído, mas, ainda assim, não merecia a derrota. Porém, no futebol o que vale é a bola na rede. O Inter fez um gol e ganhou. Continua a vencer, mesmo sem convencer.

sábado, 20 de julho de 2013

Tropeço desastroso

O Grêmio perdeu para o Criciúma, hoje, no Heriberto Hülse, pelo Campeonato Brasileiro. Uma derrota imprevista e inaceitável. O Criciúma estava apenas um ponto acima da zona de rebaixamento e, no meio de semana, havia sido eliminado da Copa do Brasil, em casa, pelo modesto Salgueiro, do interior de Pernambuco. Mesmo diante de um adversário de tão escassas credenciais, o Grêmio foi derrotado, e isso poderá lhe custar muito caro no Brasileirão. Os erros já começaram antes do jogo. O responsável pela logística da delegação, Renato Schmidt, alojou-a num hotel em Orleans, demasiadamente distante do local da partida, o que contrariou os jogadores. Em campo, Mateus Biteco, depois de sofrer uma falta forte que foi ignorada pelo árbitro, revidou e foi expulso. Logo depois, o Grêmio sofreu o primeiro gol, mas ainda teve forças para empatar, com um belo gol de Zé Roberto. No segundo tempo, contudo, veio o lance decisivo. Vargas cometeu uma falta que não foi percebida pelo árbitro, mas esse foi alertado por um dos bandeirinhas e expulsou o jogador. Com dois jogadores a menos, a derrota do Grêmio era, praticamente, inevitável, e se confirmou. A partir da segunda expulsão, o Grêmio limitou-se a se defender, chamando o Criciúma para o seu campo e submetendo-se à pressão do adversário. Após o segundo gol do Criciúma, o Grêmio fez o que deveria ter realizado antes, e foi para cima do adversário, que, acuado, conseguiu manter o placar. Após o jogo, o técnico do Grêmio, Renato, elogiou a garra do time e criticou as expulsões. Faltou ao técnico assumir a sua parcela de culpa na derrota. Renato errou na escalação e nas substituições. Colocou dois volantes inexperientes no time, Ramiro e Mateus Biteco, deixando Riveros em Porto Alegre. Durante o jogo, quando já estava com dois jogadores a menos, trocou Elano por Gabriel, ou seja, tirou um meia para colocar um zagueiro, chamando o Criciúma para cima do Grêmio, o que acabou redundando na derrota. O correto seria colocar Máxi Rodriguez. A entrada de Kléber foi, mais uma vez improdutiva. Com Renato, o Grêmio tem, até agora, pela ordem, um empate, uma vitória e uma derrota. Em nenhuma das três partidas chegou a jogar bem e, na maior parte do tempo, foi dominado pelos adversários. Como acontece há 12 anos, o Grêmio continua distante do caminho que leva aos títulos e às glórias.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O preço dos ingressos

Foram divulgados, hoje, os preços dos ingressos para os jogos da Copa do Mundo de 2014. Eles variam de R$ 60, o mais barato, até R$ 1.980, o mais caro. Claro, os preços variam conforme a importância do jogo e a fase da competição. O preço de R$ 1.980 refere-se ao ingresso mais caro para a grande decisão, cuja entrada de menor custo será vendida a R$ 330. Haverá ingressos mais baratos para idosos, beneficiários do programa Bolsa Família e um lote destinado a operários que construíram e reformaram os estádios que serão utilizados na Copa. Os ingressos não são, propriamente, baratos, mas, não me parecem de um custo extorsivo. Temos de levar em conta que se trata de uma Copa do Mundo, o maior espetáculo que o futebol pode proporcionar. Assim sendo, mesmo o ingresso mais caro para a decisão, de quase dois mil reais, não chega a ser um absurdo. Afinal, é o preço para se assistir, no lugar mais privilegiado, ao jogo que decidirá a mais importante competição do futebol, que só ocorre a cada quatro anos e que, no caso do Brasil, ocorrerá pela segunda vez, 64 anos depois da primeira. Afora isso, o preço dos ingressos nas competições rotineiras do futebol já tiveram seus preços sensivelmente majorados. Se em jogos de enfadonhos campeonatos estaduais há ingressos que custam mais de R$ 100, os preços praticados para as partidas da Copa estão longe de ser abusivos. A Copa do Mundo é um espetáculo singular, o que exige um preço compatível para os seus ingressos.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A fala de Blatter

Antes de mais nada, preciso deixar claro que sempre fui a favor da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, e não revi meu pensamento. Porém, as declarações do presidente da Fifa, Joseph Blatter, dizendo-se incomodado com os protestos ocorridos no Brasil durante a realização da Copa das Confederações, não podem ser aceitas passivamente. Blatter declarou que se os protestos acontecerem de novo será o caso da Fifa questionar se tomou a decisão errada ao indicar o Brasil como sede da Copa de 2014. O presidente da Fifa tem mantido contatos constantes com o governo brasileiro manifestando sua preocupação com o assunto. O dirigente argumentou que a Fifa não pode ser responsabilizada pelas discrepâncias sociais que existem no Brasil e que não é ela que tem que aprender com os protestos, mas, sim, os políticos brasileiros. Joseph Blatter afirmou que o governo brasileiro terá de trabalhar para evitar os protestos durante a Copa, pois já comunicou à presidente Dilma Rousseff que não irá tolerá-los. Convenhamos, é muita arrogância de Blatter. Sua biografia está longe de ser brilhante. Alcançou o cargo que ocupa depois de ser, durante anos, o secretário-geral da Fifa, quando esta era presidida pelo brasileiro João Havelange, que, sabe-se hoje, teve uma longa gestão marcada pela corrupção. Blatter, no entanto, porta-se como se fosse dotado de um poder incontrastável, acima dos governos. Como pode se achar no direito de dizer à presidente de um país soberano que não admite isso ou aquilo? Os países, quando se candidatam a sediar uma Copa do Mundo, submetem-se, voluntariamente, ao rigoroso caderno de encargos da Fifa. Isso, contudo, não significa que, durante a Copa, o país abra mão de sua soberania em favor da Fifa, nem que a mesma possa se imiscuir em assuntos da sua ordem interna. A manifestação de Blatter foi totalmente imprópria, e está a merecer uma enérgica reprovação por parte do governo brasileiro.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Derrota reversível

O Atlético Mineiro perdeu por 2 x 0 para o Olímpia, hoje à noite, no Defensores del Chaco, no primeiro jogo da decisão da Libertadores. O dado cruel do resultado foi que o segundo gol do Olímpia aconteceu numa cobrança de falta próxima da grande área aos 48 minutos do segundo tempo. Com mais esse gol sofrido, a tarefa do Atlético Mineiro ficou mais difícil no segundo jogo. Para ser campeão, o Atlético terá de vencer por dois gols de diferença para levar a decisão para a prorrogação e, caso persista a igualdade, para os tiros livres da marca do pênalti, ou por três ou mais no tempo normal. Não é fácil, mas está longe de ser impossível. O Atlético tem muito mais time que o Olímpia, e empurrado por um Mineirão com 60 mil pessoas pode obter o placar de que precisa. Agora, o importante é não se abater e manter a mobilização. Nada está perdido.

Classificação esperada

O Inter empatou com o América Mineiro em 1 x 1, hoje à noite, no Independência, pela Copa do Brasil. Assim, conseguiu, como era esperado, a sua classificação para as oitavas de final da competição. Porém, mais uma vez, o Inter não jogou bem. O primeiro tempo terminou empatado em 0 x 0, e, logo no início do segundo, o América Mineiro abriu o placar, num espetacular gol contra de Ronaldo Alves, escalado em lugar de Juan, que foi poupado. Com mais um gol, o América teria eliminado o Inter, mas isso não aconteceu porque, novamente, D'Alessandro fez a diferença. Ele marcou um belo gol, esfriando o ímpeto do América e garantindo a classificação do Inter. Um dado, contudo, deve preocupar o Inter. O time tem levado gols em todos os jogos. A partir das oitavas de final, os adversários deverão ser de uma qualidade superior, e aí o Inter precisará de mais futebol e de uma defesa mais sólida para poder postular o título.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A ocupação

Amanhã, a ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre por ativistas do movimento "Bloco de Luta pelo Transporte Público" estará completando uma semana. Trata-se de mais um episódio dentro da onda de protestos e manifestações que tomou conta do país desde o mês de junho. O grupo de ocupantes da Câmara deseja auditoria imediata das contas do transporte público, com participação popular; passe livre para estudantes, desempregados e idosos; e transporte 100% público. A ocupação proporciona mais um embate entre progressistas e conservadores. Não são poucas as vozes, inclusive na imprensa, que se levantam contra o que consideram uma afronta à ordem institucional, e clamam por uma ação enérgica da Brigada Militar para desocupar o prédio. Independentemente de como vá terminar essa situação, o que ela demonstra é que, definitivamente, a passividade da população diante dos desmandos da classe política chegou ao fim. Os políticos já evidenciaram, também, de que não vão abrir mão tão facilmente de seus privilégios, nem agir contra os seus interesses e os de seus apoiadores. Como sempre, eles apostam que, com o tempo, os movimentos arrefecerão, o que permitirá que tudo continue como dantes. Vão perder a aposta. Os tempos, no Brasil, são outros. As reivindicações não irão parar. No caso específico da ocupação do legislativo municipal de Porto Alegre, há um item, pelo menos, em que os ativistas tem toda a razão. A auditoria nas contas do transporte público é algo indispensável. No estabelecimento da tarifa é sempre usado o argumento de que é preciso levar em conta a planilha de contas das empresas. Ocorre que não hã transparência nessas contas, que permanecem desconhecidas da maioria da população. A prefeitura e a Câmara, por certo, não tem interesse nessa transparência, pois as empresas são financiadoras de campanhas de candidatos. Não será de uma hora para outra que os políticos vão abrir mão da defesa de seus interesses e vantagens. Porém, a população também não irá esmorecer na sua luta por mudanças. Eis um confronto que vai se intensificar cada vez mais, e cujo desfecho ainda está distante.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O dia do homem

O ser humano parece ser dotado de uma compulsão celebrativa. Não bastassem as várias datas reverenciadas ao longo de cada ano, vão surgindo, constantemente, novas homenagens. São criados, então, os dias disso e daquilo. Algumas dessas comemorações emplacam, outras não. O Dia Internacional da Mulher vem ganhando prestígio a cada ano. O Dia da Criança e o dos Namorados já estão consagrados no calendário. Porém, o Dia dos Avós não conseguiu sensibilizar as pessoas. Faço essas referências porque descobri que hoje, 15 de julho, é o Dia do Homem. Confesso que só soube disso hoje mesmo, ao ler um jornal. Não tinha a menor ideia da existência dessa data comemorativa. Fui, então, pesquisar. Descobri que o 15 de julho é o Dia do Homem no Brasil, e que a homenagem foi instituída em 1992, por iniciativa da Ordem Nacional dos Escritores. O Dia Internacional do Homem é comemorado em 19 de novembro, e foi instituído em 1999. Portanto, a iniciativa brasileira é anterior. Ao que parece, essa é uma das datas que não emplacaram. Afinal, existe há 21 anos, mas poucos sabem da sua existência. Talvez porque, por trás dela, esteja, no caso brasileiro, apenas uma tentativa bem-humorada de fazer um contraponto ao Dia da Mulher. Não são poucas as pessoas que torcem o nariz para essas datas, por entenderem que são um mero artifício para estimular o consumismo. Afora as acima citadas, isso inclui o Dia das Mães e o dos Pais, por exemplo. Algumas datas fogem a essa caracterização, e tem um cunho ideológico, ou de exaltação de minorias oprimidas, como o já referido Dia Internacional da Mulher e o da Consciência Negra. No caso da data de hoje, nada disso está presente. Por isso mesmo, é difícil que o Dia de Homem deixe de ser, apenas, uma curiosidade. Afinal, de que, efetivamente, se trataria nesse dia? Alguns dizem que seriam temas relacionados à saúde masculina, ao papel do homem na família e na sociedade, entre outros temas de igual relevância. Seria até produtivo um dia específico para tratar de tais assuntos, mas não vejo muitas perspectivas de que o Dia do Homem se torne uma data amplamente reconhecida.

domingo, 14 de julho de 2013

A garra que faltava

O Grêmio ganhou do Botafogo por 2 x 1, hoje à tarde, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Não foi uma atuação brilhante do Grêmio. Na verdade, o Botafogo teve mais posse de bola e maior volume de jogo. Porém, para o Grêmio, era indispensável vencer, por várias razões, e isso foi alcançado. A vitória era essencial porque era a estreia do técnico Renato na Arena, para avançar na tabela e não se distanciar dos primeiros colocados, por ser um jogo em casa, para mostrar que um novo tempo está por se iniciar para o time, com resultados mais positivos. Ganhar do Botafogo foi ainda mais significativo para o Grêmio porque o adversário entrou em campo com as credenciais de líder do Brasileirão e de ter sido campeão estadual ganhando os dois turnos da competição. Dessa forma, diante de um oponente mais estruturado e entrosado, é compreensível que o Grêmio não obtivesse uma imposição técnica. Porém, teve forças suficientes para vencer. Se o futebol ainda não foi brilhante, qual foi, então a diferença desse Grêmio para o da era Vanderlei Luxemburgo? A garra, sempre tão cobrada pelo torcedor, tão ausente com o técnico anterior, dessa vez se fez presente. Mesmo pressionado durante quase todo o segundo tempo, o Grêmio soube preservar a vitória, estabelecida ainda no primeiro, mostrando uma combatividade que não se via há muito tempo. Falta muito até o Grêmio se tornar um time confiável e consolidado, mas, por certo, todos no clube tem consciência disso. Ainda assim, o jogo de hoje trouxe boas novidades, afora a vitória em si. A atuação de Vargas foi uma delas. Vargas foi um atacante na acepção da palavra, como ainda não tinha sido desde que chegou ao clube. Explorou sua grande virtude, a velocidade, e apareceu dentro da área para marcar os dois gols que estabeleceram a vitória. Na estreia de Renato, contra o Atlético Paranaense, no Durival de Brito, Barcos, que estava há mais de dois meses sem fazer gols, deixou o seu. Assim, com jogadores recuperando o melhor do seu potencial, o Grêmio tende a ir crescendo de produção. No entanto, o que de mais importante se extrai da partida contra o Botafogo é que a velha garra do Grêmio está de volta. Sozinha, não ganha jogos, mas, sem ela, vencer se torna muito mais difícil.

sábado, 13 de julho de 2013

Melhor do que o esperado

O Inter ganhou do Fluminense por 3 x 2, hoje, no Moacyrzão, em Macaé (RJ), pelo Campeonato Brasileiro. O resultado foi melhor do que o esperado. Os gols do Inter foram marcados ainda no primeiro tempo, devido a falhas gritantes da defesa do Fluminense. Até mesmo um gol olímpico aconteceu, marcado por Diego Forlán, num erro constrangedor de Diego Cavalieri, poucos minutos depois do Fluminense ter conseguido diminuir o placar para 2 x 1. No segundo tempo, o Fluminense tomou conta do jogo, e conseguiu descontar, mais uma vez, ainda cedo, mas, mesmo com muito tempo para obter o empate, não superou mais a retranca do Inter. A vitória fez o Inter subir para o segundo lugar, com apenas um a ponto a menos do que o Botafogo, que joga amanhã contra o Grêmio. Dessa forma, uma vitória do Grêmio, ironicamente, beneficiaria o Inter. Porém, ainda há muito campeonato pela frente, e o equilíbrio entre os disputantes é grande. Não dá para arriscar previsões. Mesmo com o bom resultado de hoje, o Inter continua precisando se reforçar, mas, é claro, a vitória, fora de casa, contra o atual campeão brasileiro, vai elevar muito o moral do grupo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paralisação

O dia de paralisação convocado, ontem, pelas centrais sindicais, gerou controvérsia. Alguns o consideraram um sucesso, outros, um fracasso. Foram várias as diferenças entre as manifestações do mês passado e a de ontem. As passeatas que encheram as ruas surgiram espontaneamente, atraindo multidões. A paralisação de ontem se caracterizou por pequenos grupos de manifestantes em meio a ruas desertas. Em Porto Alegre, por exemplo, com a ausência de transporte coletivo, dada a adesão integral dos rodoviários ao dia de greve, muitas empresas nem abriram as portas. O resultado mais visível foram ruas desertas, e num dia útil, uma aparência de fim de semana, com pessoas frequentando os parques e um trânsito tranquilo. Seja como for, foi uma demonstração de força das centrais sindicais, que conseguiram alterar a rotina das cidades. O efeito prático das manifestações é algo ainda a ser avaliado, mas parece claro que o país vive um novo momento. Protestar não é mais uma atitude episódica dos brasileiros. Está se tornando um hábito. Ao contrário do que sustentam os conservadores mais empedernidos, isso não é ruim. Não se trata de quebra da ordem, baderna ou qualquer definição semelhante. Trata-se da cidadania, exercida, finalmente, por um povo que se acostumara à letargia. Não é mais assim. Os brasileiros pegaram gosto pelas reivindicações públicas. Perceberam que, para que seus anseios sejam realizados, é necessário pressionar a classe política. As coisas não vão mudar da noite para o dia, no Brasil, mas o povo não mais assistirá passivamente aos desmandos dos políticos. Estamos diante de um quadro novo, que está só nos seus primeiros passos. Por enquanto, ainda há dificuldade de todos de analisar essa nova realidade. Porém, não se deve apostar que seja um fenômeno passageiro. Seja lotando as ruas ou esvaziando-as, sem um comando central ou convocadas por instituições, as manifestações e protestos estão mudando a face do país, e, tudo indica, para que alcancemos tempos muito melhores.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Contramão

O Brasil vive um momento singular de sua história. Enquanto as grandes massas clamam por mais justiça social, há quem atue no sentido contrário, tentando ampliar a exclusão e estendê-la até para áreas historicamente populares. Exemplo nesse sentido é o que o ocorre com o futebol brasileiro e suas modernas "arenas". São estádios belíssimos, mas de capacidade reduzida em relação aos colossos de concreto do passado. Em um tempo ainda não muito distante, estádios como Maracanã, Morumbi e Mineirão tinham capacidade de público superior a 100 mil pessoas. Hoje, o maior estádio do país segue sendo o Maracanã, mas sua capacidade máxima se reduziu para 79 mil pessoas. Com menos lugares, é óbvio, pela lei da oferta e da procura, o preço dos ingressos sobe. Afora isso, as novas arenas, ou os velhos estádios reformados para se transformarem em uma, passaram a ser explorados pela iniciativa privada, que privilegia o lucro. A consequência disso já está sendo vista e tornou-se mais flagrante com o anúncio de que o consórcio de empresas que ganhou o direito de administrar o Maracanã, pretende colocar grades separando setores da arquibancada, impedir a presença de torcedores em pé e sem camisa, e proibir bandeiras com mastros de bambu. A alegação é de que tais medidas são para evitar a violência. Na verdade, são uma clara intenção de elitizar o futebol, um esporte marcadamente popular. Há quem veja nisso uma saudável evolução. Nada mais falso. Os estádios lotaram durante décadas sem que os torcedores se sentissem incomodados de ter de se sentar em degraus de cimento. Afinal, quem vai a um jogo, busca, essencialmente, a emoção, não o conforto. Um estádio com lugares marcados, em que torcedores não possam assistir ao jogo em pé e sem camisa, perde o seu calor humano. O argumento de que "na Europa é assim", não passa de mais uma demonstração do velho complexo de vira-latas de alguns brasileiros. O povo brasileiro é conhecido por sua descontração e espontaneidade, não tem a sisudez dos europeus. Não se pode construir estádios como se fossem cinemas ou teatros, pois são espetáculos que não guardam nenhuma semelhança com o futebol. No cinema e no teatro, prezam-se o silêncio e o conforto. No futebol, o ruído é indispensável. Mais uma vez, por força de interesses econômicos, estabelecem-se medidas na contramão da vontade popular, dessa vez não poupando, nem mesmo, o futebol, o esporte das multidões, e seu maior símbolo no Brasil, o Maracanã.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Emocionante

O jogo que classificou o Atlético Mineiro para a decisão da Libertadores foi emocionante do início ao fim. No Independência, hoje à noite, o Atlético fez 1 x 0 no Newells Old Boys, logo no início da partida, mas o segundo gol, necessário para levar a decisão para os tiros livres da marca do pênalti, só ocorreu no final. Foi um jogo inteiro de sofrimento. O Atlético devolveu os 2 x 0 com que foi derrotado na primeira partida. O sofrimento maior, contudo, ainda estava por vir. Foi nos tiros livres da marca do pênalti. O Atlético Mineiro venceu por 3 x 2. Desperdiçou duas cobranças, enquanto o Newells Old Boys errou três. Foi mais um jogo para deixar os nervos dos torcedores do Atlético em frangalhos, tal como ocorreu nas quartas de final, contra o Tijuana, quando Victor defendeu um pênalti, no último minuto, que, se convertido, eliminaria o clube da competição. Ao defender a última cobrança do time argentino, hoje, Victor foi, novamente, o herói do jogo. O Atlético Mineiro está com a faca e o queijo na mão para ganhar a Libertadores. Por ter feito a melhor campanha da fase de grupos, fará o segundo jogo da decisão em casa. O adversário, o Olímpia (PAR), merece respeito, pois já ganhou três Libertadores. Porém, na decisão, não há o critério do gol qualificado, o que é outro fator que favorece o Atlético. Depois de décadas de sofrimento, sem ganhar títulos de expressão, o Atlético Mineiro está a um passo de obter a maior conquista de sua história.

Susto

O Inter venceu o América Mineiro por 3 x 1, de virada, hoje à noite, no Francisco Stédile, pela Copa do Brasil. A vitória, no entanto, não foi tão tranquila quanto possa parecer. O primeiro tempo terminou 1 x 0 para o América, com o Inter jogando muito mal. No segundo tempo, a partida seguia no mesmo diapasão, até o América cometer um pênalti infantil, que permitiu a reação do Inter. Porém,até uma derrota por 2 x 1 seria boa para o América, já que lhe permitiria classificar-se, no segundo jogo, com uma vitória de 1 x 0. Ao perder por 3 x 1, o América está, praticamente, desclassificado, mas isso não deve tranquilizar os torcedores do Inter. Afinal, o América é fraco, e eliminá-lo é uma obrigação do Inter. Se, contudo, continuar jogando tão pouco, o Inter não irá longe na competição, pois não conseguirá superar adversários mais qualificados.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Primeiro finalista

A Libertadores de 2013 teve definido, hoje à noite, o seu primeiro finalista. O Olímpia se classificou para a decisão, mesmo perdendo para o Independiente Santa Fé, por 1 x 0, na Colômbia, pois ganhou o primeiro jogo, no Paraguai, por 2 x 0. Depois de atravessar uma grave crise, que o fez se ausentar da Libertadores por alguns anos, o Olímpia voltou em grande estilo, e irá buscar o seu quarto título da competição. Ficará, agora, na espera da definição do seu adversário na grande decisão, o que ocorrerá amanhã, no Independência, no jogo entre Atlético Mineiro e Newells Old Boys. O Newells é o favorito por ter ganho o primeiro jogo por 2 x 0. Caso se confirme uma decisão da Libertadores entre Olímpia e Newells, será algo, sem dúvida, inesperado. Afinal, clubes como Grêmio, Fluminense, São Paulo e Boca Juniors ficaram pelo caminho. Não custa, no entanto, dar uma torcida, amanhã, para o Atlético Mineiro conseguir reverter a situação e eliminar o Newells Old Boys. Seria uma grande decisão, entre um multicampeão da Libertadores e o clube de melhor campanha na fase de grupos da competição desse ano.

domingo, 7 de julho de 2013

Uma chuva de gols

O Inter venceu o Vasco por 5 x 3, hoje à tarde, no Francisco Stédile, pelo Campeonato Brasileiro. O placar do jogo, é sem dúvida, pouco frequente em partidas de futebol. Porém, ao contrário do que alguns possam pensar, tal profusão de gols não resultou de um jogo de alto nível técnico, mas sim, das muitas falhas ocorridas durante o seu transcurso. Três dos oito gols foram de bela feitura, os de Diego Forlán e D'Alessandro para o Inter, e o de Rafael Vaz para o Vasco, mas, em outros, houve equívocos gritantes. O primeiro gol do jogo, em favor do Inter, foi marcado contra, por Nei, que desferiu uma espetacular cabeçada contra suas próprias redes. O gol de André, o primeiro do Vasco, foi resultante de uma falha coletiva da defesa do Inter. O terceiro gol do Vasco, feito por Felipe Bastos, cobrando falta, foi um frango de Muriel. No gol de Índio, o terceiro do Inter, o goleiro do Vasco, Michel Alves, "bateu roupa". O único gol comum, sem brilho especial, nem falha grave, foi o quarto do Inter, de Rafael Moura. Embora os muitos gols, o jogo foi nivelado por baixo, e, certamente, deixou preocupados os torcedores de ambos os clubes. Os do Vasco por verem confirmada a extrema fragilidade do seu time, os do Inter, pelos três gols sofridos de um adversário tão fraco. Ao Vasco nada parece restar a não ser lutar para não ser rebaixado. Por sua vez, o Inter terá de melhorar muito para poder ambicionar algo de relevante dentro do Brasileirão.

sábado, 6 de julho de 2013

Frustrante

O Grêmio empatou em 1 x 1 com o Atlético Parananense, no Durival de Brito, hoje, na retomada do Campeonato Brasileiro, após a paralisação para a realização da Copa das Confederações. Mesmo que se concedam todos os descontos possíveis, em função do trabalho de um técnico que começou há menos de uma semana, e com apenas quatro treinos realizados, a reestreia de Renato no Grêmio foi frustrante. O time, mais uma vez, mostrou-se sem brilho, burocrático, com pouca capacidade de articulação, aceitando a pressão do adversário. Nem mesmo o fato de jogar fora de casa serve de justificativa, pois o time do Atlético Paranaense é fraquíssimo. O quadro só não foi pior porque, depois de sofrer um gol, o Grêmio teve forças para buscar o empate. Outro aspecto positivo é que o gol foi marcado por Barcos que, assim, rompeu com seu longo jejum. Máxi Rodriguez, que entrou no segundo tempo, deixou boa impressão, inclusive dando o passe para o gol. Porém, os destaques positivos param por aí. O trabalho de Renato para recuperar o Grêmio, pelo visto, será muito árduo. A pura e simples troca de técnico não resolveu todos os problemas num passe de mágica. Há muito a se fazer para que o Grêmio produza de acordo com o grupo que possui e com a expectativa de sua torcida. Para os que imaginavam poder ver, já no dia de hoje, uma transfiguração técnica e anímica do Grêmio, o desempenho do time foi uma ducha de água fria.

Incêndio

O Mercado Público de Porto Alegre, um dos maiores símbolos da cidade, foi devastado por um incêndio na noite de hoje. No transcorrer de sua longa história, é a quarta vez que é atingido pelo fogo. Como das outras vezes, é claro, será reconstruído, mas sua paralisação temporária é um prejuízo imenso para a cidade. Localizado no centro de Porto Alegre, uma capital sem atrativos turísticos, sua ausência temporária empobrecerá ainda mais uma paisagem urbana que já é extremamente árida. O Mercado Público é um ícone da cidade. Um referencial. Um ponto de encontro. Um centro de compras de apelo popular. Em suas bancas, são encontrados produtos e especiarias de alta qualidade, que não existem em nenhum outro local de Porto Alegre. Para os milhares de pessoas que, todos os dias, frequentam o centro da cidade, será extremamente traumático visualizar seu prédio arruinado pelo fogo. Será igualmente doloroso realizar as "Fan Fest" da Copa do Mundo de 2014 no Largo Glênio Peres tendo ao lado o prédio do mercado carcomido pelas chamas. Uma reconstrução como essa demandará tempo, mas tem de ser começada imediatamente, sem que se poupem esforços nem recursos. Afinal, Porto Alegre não é a mesma sem o seu mercado público.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Torcida única

O futebol sempre foi reconhecido como o esporte das multidões. Nenhuma outra prática esportiva mobiliza tantos aficionados. Ao longo do tempo, acompanhamos a construção de imensos estádios, no mundo inteiro. Os pobres conseguiam assistir aos jogos, sem ferir o seu bolso. Porém, de uns tempos para cá, esse quadro começou a ser mudado. Os estádios foram se tornando mais confortáveis, mas com uma capacidade  de público bem menor, o que eleva o preço dos ingressos e afasta os menos aquinhoados financeiramente da possibilidade de ir aos jogos. Os clássicos, partidas que, pela rivalidade, faziam com que grandes estádios se dividissem quase meio a meio entre as duas torcidas, hoje tem a maior parte dos ingressos reservados para o mandante, e algumas poucas entradas para o visitante, como vem acontecendo nos Grenais. Na Argentina e em Minas Gerais, já se adotou a fórmula do clássico só com a torcida do mandante, e essa medida, estúpida e anti-futebolística, foi agora sugerida pelo comandante do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar, coronel Kléber Goulart, que quer adotá-la no Gre-Nal do dia 4 de agosto, pelo Campeonato Brasileiro, que será disputado na Arena. Frequento estádios há 42 anos, e, nesse período, assisti dezenas de Grenais. Nesses jogos, a torcida visitante tinha à sua disposição de 30% a 40% dos lugares do estádio. Atualmente, Grêmio e Inter reservam apenas dois mil ingressos para os visitantes quando se confrontam. Pois eis que, com a sugestão do coronel Kléber Goulart, o que era ruim tende a ficar pior. Um Gre-Nal de torcida única é algo que não faz o menor sentido, é um ato lesa-futebol. A alegação para a adoção de tão estulta ideia, é claro, é a de prevenir atos de violência. Por que, de uma hora para outra, as autoridades responsáveis se sentem sem condições de garantir a segurança em jogos de futebol? Durante décadas, tivemos clássicos com 70, 80, 100 mil pessoas, e até mais, nos estádios de todo o Brasil, em que as pessoas se aglomeravam em arquibancadas de cimento, sem lugares marcados, sem que nenhuma tragédia acontecesse. Agora, mesmo em estádios encolhidos, com preços altos que barram a frequência dos mais carentes, estabeleceu-se que um clássico com as duas torcidas no estádio é um risco. Chegaremos ao ponto em que as autoridades de segurança proporão que as pessoas não mais assistam aos jogos nos estádios, fazendo-o só pela televisão. Tomara que a sugestão do coronel não venha a ser acatada. Ela gera desequilíbrio entre os times que se confrontam, pois o visitante fica sem nenhum torcedor a lhe apoiar, e atenta contra o direito das pessoas de frequentarem um espetáculo. Em outra oportunidade, já deixei bem claro que não aceito o protagonismo da Brigada Militar nessas situações. Ela não tem de sugerir nada, pois isso foge a sua alçada e esfera de competência. Como servidores públicos que são, pagos com dinheiro do erário, é obrigação dos integrantes da Brigada Militar garantir a segurança da sociedade. Servidor, acima de tudo, cumpre ordens, não lhe cabe interferir na organização dos espetáculos. O Gre-Nal de torcida única não pode ser instituído. Só o defende quem nada entende de futebol. O Batalhão de Operações Especiais que trate de cumprir com as suas obrigações, e não se meta onde não é chamado.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Velhos vícios

Só os muito ingênuos poderiam imaginar que o país mudaria de uma hora para a outra, em função dos protestos que tomaram conta das ruas. A classe política está mergulhada em seus vícios e privilégios, dos quais não pretende abdicar. Mesmo com toda a revolta demonstrada pela população para com o seu comportamento, nossos políticos não se emendam. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB -RN), que exerce mandatos na casa há 42 anos, requisitou um jato da FAB para levá-lo, junto com familiares e parentes, de Natal ao Rio de Janeiro, onde assistiram a decisão da Copa das Confederações entre Seleção Brasileira e Espanha. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também requisitou um avião da FAB, para ir a um casamento no litoral da Bahia. Para culminar, nem mesmo o Poder Judiciário ficou de fora da farra com o dinheiro público. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, o mais novo paladino da moral, segundo a direita brasileira, utilizou-se de recursos do órgão para ir ao Rio de Janeiro assistir à decisão da Copa das Confederações. Henrique Eduardo Alves se disse disposto a ressarcir os cofres públicos, pagando o preço das passagens. Há aí, no entanto, uma malandragem. Alves estaria, assim, pagando as passagens pela sua cotação de mercado, levando em conta o preço cobrado ao público pelas companhias aéreas. Ocorre que, ao requisitar um avião, Alves praticou algo semelhante a contratação de um vôo charter, cujo custo é muitíssimo mais elevado. Renan Calheiros, por sua vez, nega-se a qualquer tipo de ressarcimento, pois diz ter direito de requisitar aviões da FAB. Não é verdade. Pelos cargos que ocupam, Calheiros e Alves só tem direito de requisitarem aviões para missões oficiais e em casos de emergência médica. Alves e Renan, no entanto, são velhos exemplares do que o Brasil tem de pior na política. Porém, o que dizer de Joaquim Barbosa, tido por muitos como o candidato ideal para presidente, o homem que iria moralizar a conduta do governo? Nossos homens públicos acostumaram-se com a ideia de que privilégios e mordomias são direitos inerentes aos seus cargos. Usam o dinheiro público em proveito próprio sem nenhuma cerimônia. Infelizmente, não há nada que indique que isso um dia irá acabar.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ficou difícil

O Atlético Mineiro perdeu por 2 x 0 para o Newell's Old Boys, em Rosário (ARG), hoje à noite, pela Libertadores, e complicou muito a sua situação na tentativa de se classificar para a decisão da competição. Os gols foram de Máxi Rodriguez e Scocco, dois jogadores que interessaram ao Inter. O segundo jogo será no Independência, onde o Atlético é, praticamente, imbatível, mas a tarefa do clube brasileiro é muito árdua. Para se classificar, o Atlético terá de, no mínimo, devolver o placar, o que levaria a decisão para os tiros livres da marca do pênalti, onde tudo pode acontecer. Para obter a classificação de forma direta, o Atlético terá de ganhar por três gols de diferença. Isso, por si só, já é dificil, e contra um clube argentino é mais duro ainda. O Atlético, infelizmente, parece confirmar a fama de que sempre perde força nos momentos decisivos. Por pouco não foi eliminado na fase anterior, dentro de casa, ao ter contra si um pênalti, no último minuto, que seu goleiro defendeu. O último representante brasileiro na Libertadores tem mais qualidade que o seu adversário, mas, no futebol, nem sempre isso é suficiente. O futebol brasileiro venceu as três últimas edições da Libertadores. As chances de obter o quarto título consecutivo, depois do resultado de hoje, diminuíram consideravelmente. Convém, no entanto, não perder as esperanças. Não é fácil, mas o Atlético Mineiro tem qualidade suficiente para reverter a situação.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sucesso

A Copa das Confederações, que encerrou-se no domingo, foi um sucesso de público. As manifestações e protestos que se espalharam pelo país, durante a realização da competição, levaram muitos a cogitar de que a Fifa pudesse suspendê-la. Seria um vexame histórico para o Brasil se isso acontecesse, mas, na verdade, tudo não passou  de especulação. Mesmo com as ruas tomadas por multidões com suas reivindicações, a tabela de jogos foi cumprida integralmente, culminando com a grande decisão, desejada por todos, entre Seleção Brasileira e Espanha. Os estádios, novos ou reformados, usados na competição, passaram no teste, embora com algumas pequenas ressalvas, facilmente sanáveis. O público prestigiou amplamente a disputa, indo em grande número aos estádios, que tiveram uma média de 50 mil pessoas por jogo. Portanto, a hipótese, aventada por alguns, de que a Copa do Mundo de 2014 fosse transferida do Brasil para um outro país não passa de um disparate. Teremos a Copa no Brasil, e ela vai ser um grande êxito. Os protestos são legítimos e democráticos, e é provável que eles se intensifiquem na época da Copa, mas isso não comprometerá a realização da competição. O que todos deveriam levar em conta daqui para a frente é que boicotar a Copa em nada melhoraria a situação do país. Ainda que existam restrições quanto ao volume de gastos para a sua organização, só resta, agora, torcer para que o Brasil possa, na condição de país que sediará a competição, realizar uma Copa do Mundo inesquecível. Sem prejuízo da luta por um país melhor, deixemos de lado as resistências e usufruamos o privilégio de ver se desenrolar em nosso país a mais importante competição de futebol do mundo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A volta de Renato

Dois anos e um dia depois de sua saída, Renato Portaluppi está de volta ao cargo de técnico do Grêmio. Renato teve uma passagem com altos e baixos como técnico do clube entre 2010 e 2011. Chegou, em 2010, com o Grêmio mergulhado em uma crise e na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Realizou um segundo turno com desempenho espetacular, ficando com a primeira colocação nessa fase, encerrando a competição com o 4º lugar entre todos os participantes e classificado para a Pré-Libertadores. Em 2011, no entanto, o êxito não se repetiu. Renato continuou como técnico, mas teve de conviver com uma nova diretoria eleita para administrar o clube, que não desejava a sua permanência, mas que se curvou à vontade da torcida. O Grêmio perdeu seu maior destaque no ano anterior, Jonas, que foi para o Valência, e não contratou reforços de peso para a Libertadores, o que fez com que o clube fosse eliminado nas oitavas de final. Um pouco mais tarde, Renato perdeu um Campeonato Gaúcho que estava nas mãos do Grêmio. Após uma vitória sobre o Inter, no Beira-Rio, no primeiro jogo da decisão, por 3 x 2, permitiu que o adversário, no Olímpico, devolvesse o placar e ganhasse o título na disputa dos tiros livres da marca do pênalti. O técnico ainda ficou mais um tempo, mas os maus resultados no início do Brasileirão daquele ano, somados aos fatores já referidos, levaram à sua demissão. Depois de sair do Grêmio, Renato foi, logo a seguir, para o Atlético Paranaense, onde não teve sucesso, e ficou por pouco tempo. Desde então, não mais trabalhou, e usufruiu as delícias da vida no Rio de Janeiro, as quais aprecia muito. A volta de Renato apresenta prós e contras. Os prós são bem conhecidos. Ele é um ídolo incondicional do torcedor. Possui uma grande capacidade de mobilização dos jogadores, descontrai o vestiário, criando um clima de união no grupo. Os contras ficam por conta do excessivo empirismo de sua formação como técnico, agravado pela longa inatividade na função, sem que tenha aproveitado o período, ao que se saiba, para aperfeiçoar-se com estudos teóricos e estágios práticos. O que parece evidente é que a diretoria do Grêmio resolveu relevar os aspectos negativos e apostar nos positivos .O presidente Fábio Koff quer recuperar o tempo perdido com o ex-técnico Vanderlei Luxemburgo, a quem a torcida não mais suportava, e resgatar a parceria com ela trazendo de volta o seu maior ídolo. Koff busca, assim, obter um Grêmio de ânimo renovado, entusiasmado, em sintonia com o seu torcedor, exatamente o oposto do que vinha acontecendo com Luxemburgo. Concluída a reforma do contrato com a OAS, Koff quer dar início, finalmente ao Grêmio da Arena, o que ainda não aconteceu na prática. Para dar a largada exitosa na criação desse novo Grêmio, trouxe um ídolo eterno. Só o tempo dirá se dará certo, mas não há porque desqualificar a tentativa. Seja, mais uma vez, bem-vindo, Renato, e tenha muito boa sorte.