terça-feira, 4 de outubro de 2011

Soberania

As exigências da FIFA para a realização da Copa do Mundo de 2014 despertaram, em algumas pessoas, reações de um nacionalismo exacerbado. Exige-se que a presidente Dilma Roussef afirme a soberania do Brasil diante da instituição que comanda o futebol mundial. Itens como o Estatuto do Idoso e a proibição de venda de bebidas de álcool nos estádios, que a FIFA quer que tenham sua aplicação suspensa durante a Copa de 2014, são defendidos com unhas e dentes por tais pessoas. Ora, antes de partir para um discurso radical, é preciso ponderar algumas coisas. Se é verdade que a FIFA, em seu caderno de encargos, estipula muitas exigências para os países organizadores de Copas, a ponto de parecer que assume o controle dos mesmos durante a realização da competição, também é fato que ninguém é forçado a aceitar isso. Se não quiser se submeter às exigências da FIFA, basta que o país não se candidate a organizar uma Copa. Um país, ao postular ser a sede de uma Copa do Mundo, sabe, de antemão, de todos os requisitos que terá de cumprir caso seja escolhido para realizar a competição. A questão do ingresso mais barato para idosos é socialmente justa e pode até ser objeto de uma negociação, mas, no que diz respeito à venda de bebidas nos estádios a FIFA tem toda a razão em não ceder. Primeiro, porque entre seus patrocinadores está uma cervejaria, e, em segundo lugar, porque tais leis, que só são aplicadas em alguns estados, não em todos, são demagógicas e ineficientes. Não se proíbe as pessoas de beberem baixando leis. Os torcedores, impedidos de adquirir bebidas nos estádios, bebem em bares situados no entorno. Com isso, os torcedores deixam para entrar no estádio próximo ao horário de início do jogo, o que causa tumulto nos portões de acesso, como se viu, por exemplo numa partida entre Grêmio e Cruzeiro, no Olímpico, pelas semifinais da Libertadores de 2009. O Brasil, ao se candidatar para sediar a Copa de 2014, sabia de todos os itens que teria de cumprir. Não é hora de bravatas nacionalistas, e, sim, de honrar o compromisso assumido.