quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O compromisso de Dilma

Em todo ano eleitoral, como é o caso de 2012, os partidos da chamada "base aliada" do governo federal, apressam-se em pedir ao presidente do país que se mantenha neutro na disputa, não apoiando abertamente qualquer candidato. Nesse ano, por se tratar de eleições municipais, a preocupação também se estende aos governadores. Em princípio, a reivindicação parece justa, pois evita que os mandatários desequilibrem a eleição e que façam uso da máquina pública em favor de um candidato. Porém, tal pedido não é feito em função da ética eleitoral, é apenas mais um item de barganha feito em nome da "governabilidade". Ora os ocupantes de cargos executivos, como os governadores e o presidente, são filiados a partidos políticos, sendo muito natural que declarem apoio a um correligionário. A presidente Dilma Roussef, ao que parece, já teria aceitado o pedido e se comprometido a não abrir seu apoio a candidatos da eleição de outubro. Seu antecessor no cargo, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, procedeu da mesma forma, quando no exercício do poder. Lula. aliás, é um capítulo à parte nessa questão. Já há políticos que, conscientes da enorme popularidade do ex-presidente, estão gestionando que ele também se mantenha neutro nas eleições municipais. A intenção é um disparate. Lula não é mais presidente e, portanto, não tem a obrigação de agir como um magistrado. Filiado que é a um partido, Lula tem todo o direito de voltar à condição de militante, podendo apoiar abertamente qualquer candidato. Por outro lado, se os argumentos para que Dilma se mantenha imparcial na eleição são ponderáveis, também é legítima a expectativa de candidatos de seu partido de que possam contar com seu apoio. Na verdade, numa democracia, todos tem direito à livre expressão de opiniões e pensamentos. Retirar essa condição de um governante, seja em nome do que for, é um ato incompatível com esse princípio.