sexta-feira, 27 de abril de 2018

Retrocesso

A decisão judicial que anulou a troca do nome da via de acesso a Porto Alegre, de Castelo Branco para Avenida da Legalidade e da Democracia, é um enorme retrocesso. A troca fora estabelecida pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Sua revogação se deu a partir de uma ação proposta por vereadores de direita, inconformados com a medida. Entre os proponentes da ação estão os vereadores João Carlos Nedel e Mônica Leal, conhecidos pelo seu reacionarismo, ambos pertencentes ao Partido Progressista (PP), atual denominação da Arena, legenda de sustentação da ditadura militar. Mônica, aliás, e filha do falecido coronel Pedro Américo Leal, ex-vereador de Porto Alegre e ex-deputado estadual do Rio Grande do Sul, uma das mais execráveis figuras do regime autoritário. O Brasil insiste em cortejar sua deprimente ditadura militar. Seus vizinhos Uruguai e Argentina souberam enfrentar a mesma situação do único modo correto, ou seja, julgando e punindo os artífices e agentes da ditadura. Voltar a dar o nome de um ditador a uma importante avenida de Porto Alegre é um insulto aos que pereceram na defesa da democracia. O Brasil insiste em andar na contramão da história. Se em outros países as ditaduras são execradas e seus agentes são devidamente punidos, no Brasil torturadores e assassinos recebem homenagens, e pessoas saem às ruas para pedir a volta do regime de exceção. Num país assim, o futuro será sempre sombrio.