domingo, 6 de janeiro de 2013

O país da impunidade

Nos últimos dias, as redes sociais e a imprensa tem demonstrado a inconformidade de algumas pessoas com  o grau de impunidade que impera no país, em função do fato de que José Genoíno, um dos condenados do julgamento do mensalão, tomou posse como deputado federal, e de que Carlinhos Cachoeira e Duda Mendonça, também envolvidos com malfeitos políticos, festejaram o Revéillon em mansões no litoral da Bahia. A chiadeira é até procedente, pena que seja seletiva. Os que atacam Genoíno e Duda o fazem por que um é parlamentar do PT e o outro foi marqueteiro de campanhas do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Os mesmos que gritam, agora, contra a impunidade, são os que desejam colocar uma pedra em definitivo sobre os crimes praticados pelo espúrio golpe militar de 1964. Nem mesmo a observância de que Uruguai e Argentina puniram seus militares golpistas os faz mudar de ideia. Dizem que o país tem de andar para a frente e esquecer o passado, de que a anistia foi para os dois lados, e de que punições aos artífices da ditadura seriam revanchismo. Portanto, a indignação que se observa no, momento, com a impunidade no país, é bastante singular. Pede-se a punição drástica de quem está no espectro político oposto dos reclamantes, mas nada se solicita para os responsáveis pelo mensalão tucano, para quem vendeu patrimônio público em troca de moedas podres, ou, ainda, para quem comprou parlamentares a fim de instituir a reeleição para presidente da República. Em relação a tais fatos e ás atrocidades perpetradas pelos golpistas de 1964, total silêncio. No Brasil, até a indignação contra a impunidade é um jogo de cartas marcadas.