quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sem ao menos pedir desculpas

Poucos assuntos impactaram tanto o país nos últimos dias quanto a tragédia ambiental de Mariana, no interior de Minas Gerais. O rompimento da barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, jogou um mar de lama sobre o distrito de Bento Rodrigues, praticamente varrendo-o do mapa, e deixando 11 mortos e 12 desaparecidos. O desastre de Mariana não ficou restrito ao município. Ontem, o governo de Minas Gerais decretou situação de emergência na região da bacia do Rio Doce e nos municípios afetados pelo rompimento. A medida envolve 202 municípios, e outros 26, do Espírito Santo, também fazem parte da bacia. Agora, há o risco de rompimento de outra barragem, a de Santarém. Mesmo diante de um quadro tão desastroso, com o Rio Doce tendo sua morte praticamente decretada e com o abastecimento de água de vários municípios estando seriamente afetado, o diretor de Operações e Infraestrutura da Mineradora Samarco, Kléber Terra, afirmou que "não é o caso de pedir desculpas à população". A lógica capitalista é assim. Em busca de lucros, empresas privadas causam danos ambientais que acarretam prejuízos para milhares de pessoas, e cujos efeitos se prolongam ao longo de décadas. Ainda assim, entendem que não devem sequer um pedido de desculpas para a população. Os efeitos do rompimento da barragem de Fundão não foram inteiramente mensurados, e se prolongarão por muito tempo. Espera-se que os responsáveis pelo ocorrido tenham de arcar com o dispêndio de grandes somas de dinheiro para tentar, ao menos, minorar as consequências do desastre. Porém, a declaração do diretor da Samarco e a conhecida leniência da Justiça brasileira para com os poderosos, não tornam essa hipótese muito viável.