sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carnaval

Mais uma vez, é Carnaval. A bem da verdade, oficialmente, ele começaria amanhã, mas na noite de sexta-feira cidades como São Paulo e Porto Alegre já realizam os seus desfiles, para fugir da concorrência com o imbatível Carnaval do Rio de Janeiro. Para quem já viveu muitos carnavais, como é o meu caso, não há como evitar a comparação entre hoje e o passado. O Carnaval era uma festa muito mais enraizada popularmente do que o que se vê atualmente. Seu apelo contagiava o país, praticamente, do Oiapoque ao Chuí. Em Rio Grande, onde nasci, o Carnaval era tão forte que durava uma semana, pois, respeitada a Quarta-Feira de Cinzas, era retomado na quinta-feira, só se encerrando no domingo seguinte. Havia um belo carnaval de rua e vários clubes promoviam bailes animadíssimos. O mesmo fenômeno se repetia no município vizinho, Pelotas. Hoje, Rio Grande e Pelotas tem um Carnaval de quatro dias, como em todos os lugares. Os desfiles de rua lutam para não desaparecer, e os bailes quase não existem mais. O Carnaval, no Brasil, deixou de ser uma festa de intensa participação popular, à exceção de Salvador e Recife, que tem suas ruas tomadas pelos foliões. Afora isso, há a beleza extasiante dos desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro, que, no entanto, constituem um espetáculo para ser visto, nas arquibancadas ou pela televisão, e não uma festa a qual todos se integram pulando enquanto tiverem forças. Nesse sentido, o renascimento dos blocos de rua na Cidade Maravilhosa, que vem ocorrendo nos últimos anos, é algo a ser saudado, pelo que representa de resgate do aspecto mais autenticamente popular do Carnaval. Porém, no país como um todo, o Carnaval não tem mais o mesmo encantamento de outras épocas. As marchinhas, compostas especialmente para a festa, e que tanto sucesso faziam, ficaram no passado. Para os mais jovens, o Carnaval talvez seja, apenas, a oportunidade de aproveitar um feriado prolongado. Para os mais velhos, é a evocação de um lindo tempo que não volta mais.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um cheiro de pizza no ar

Não sou formado em direito, por isso não me atreverei a analisar tecnicamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que absolveu os principais réus do mensalão do crime de formação de quadrilha. Porém, não há como negar que uma revisão desse tipo deixa um cheiro de "pizza" no ar e serve para robustecer a ideia de que, no Brasil, a Justiça só pune os pobres e desvalidos. O chamado "escândalo do mensalão" levou sete anos para ser julgado, a partir da sua eclosão. Feitas as condenações e fixadas as penas, eis que, um ano e meio depois, a principal imputação aos réus é tornada sem efeito. Com isso, eles seguirão cumprindo as penas pelos demais delitos pelos quais foram condenados, mas não mais terão de ficar em regime fechado. Com o quadro estabelecido a partir da nova decisão, o ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu, por exemplo, poderá ser solto daqui a um ano! A polêmica e grave revisão, ainda por cima, foi tomada por apenas um voto de diferença, 6 x 5. Outro fato que chama a atenção é que dois dos ministros que votaram pela absolvição, Teori Zavaschi e Luís Alberto Barroso, não participaram do julgamento inicial, pois ainda não integravam o Supremo Tribunal Federal. Não seria o caso de se declararem impedidos de votar agora? O mensalão foi um episódio que dividiu o país, com a direita destilando seu ódio contra o governo e superdimensionando o fato, e as forças situacionistas tentando transformar praticantes de delitos em injustiçados. O mensalão não foi o "maior escândalo da história do Brasil" como a imprensa conservadora insistiu em classificá-lo, mas também não é uma ficção como sustentam os apoiadores do governo. O que resulta de tudo isso é que a credibilidade do Poder Judiciário, por parte da população, que já não era grande, ficará ainda menor. Um país cujas instituições não gozem da confiança da opinião pública, não pode esperar por dias melhores.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Êxodo

A venda, hoje anunciada, do lateral esquerdo Wendell, do Grêmio, para o Bayer Leverkusen, escancara, mais uma vez, o maior problema do futebol brasileiro, ou seja, o êxodo das suas jovens revelações. A malfadada "Lei Pelé" tirou dos clubes a prerrogativa de manter o vínculo de seus jogadores. Visando atender, prioritariamente, o interesse dos jogadores, beneficiou, também, os atravessadores, que se apresentam sob a denominação de "empresários". Os clubes não tem tempo de desfrutar de suas grandes descobertas e revelações, pois elas logo tomam o caminho do exterior. Para piorar, sequer um grande volume de recursos vai para os cofres dos clubes, pois os jogadores tem seus direitos econômicos divididos entre várias partes, cabendo-lhes, apenas, uma fração do montante pago. Wendell, vindo do Londrina, onde foi escolhido o melhor lateral esquerdo do Campeonato Paranaense de 2013, chegou no Grêmio no final do primeiro semestre do ano passado. Ficou na reserva de Alex Telles, que havia assumido a titularidade da posição com a saída de André Santos. Na única oportunidade que teve de sair jogando, contra o Náutico, na Arena Pernambuco, pelo Campeonato Brasileiro, teve excelente atuação. No início desse ano, com a venda de Alex Telles para o Galatasaray, assumiu a condição de titular, sempre com ótimo desempenho. Com menos de uma dezena de jogos no time principal já se tornara um ídolo do torcedor e um dos principais jogadores do time. Ele ficará no Grêmio até o término da participação do clube na Libertadores, mas isso não serve de consolo. O Grêmio se desfaz de um jogador de apenas 19 anos, que tem tudo para, em breve, estar na Seleção Brasileira. O futebol brasileiro construiu seu êxito com grandes ídolos que desfilavam por seus gramados e levavam o público a lotar os seus estádios. Eles faziam suas carreiras dentro do país, criando identificação com o torcedor. Hoje, a Seleção Brasileira conta, até mesmo, com jogadores que jamais atuaram profissionalmente por um clube do país. A consequência desse quadro é que ela já não desperta o mesmo encanto de antes sobre os brasileiros, e a saída precoce dos grandes jogadores esvazia os estádios. Um triste quadro que, infelizmente, não apresenta probabilidade de alteração.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Confiança

Mais do que a vitória, a goleada do Grêmio por 3 x 0 sobre o Nacional, de Medellin, hoje à noite, na Arena, pela Libertadores, infunde uma grande confiança no torcedor. Afinal, dessa vez, o adversário não era um modesto time do Campeonato Gaúcho, mas um clube que dividia com o Grêmio a liderança do grupo 6, o mais forte da competição. O Nacional de Medellin teve maior posse de bola, mas o Grêmio soube conduzir o jogo de acordo com seus interesses e chegou à goleada. O Grêmio teve uma boa atuação coletiva, e vários destaques individuais. Luan e Wendell foram os dois melhores jogadores em campo, mas o Grêmio, como um todo, jogou bem. O único senão fica para Barcos, que desperdiçou uma chance de gol imperdível. Até mesmo Zé Roberto, geralmente improdutivo, teve uma atuação de bom nível. Antes visto como um azarão, o Grêmio já é o clube de melhor campanha na Libertadores. Ainda é muito cedo para qualquer previsão, mas o Grêmio já consegue ter crédito junto ao seu torcedor, e isso não é pouca coisa. O título da Libertadores, para o Grêmio, ainda está muito distante, mas já não parece uma quimera, e sim, uma possibilidade concreta.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Projeto fracassado

Não é segredo para ninguém o fato de que a grande imprensa brasileira sonha em ver o PT fora do poder no governo federal. Até hoje, seus esforços tem sido infrutíferos, pois Luís Inácio Lula da Silva cumpriu dois mandatos como presidente, e fez de Dilma Rousseff a sua substituta no cargo. No entanto, a imprensa conservadora brasileira não desiste. Em 2014, veio com uma sanha redobrada na busca de um meio para derrotar o atual governo e instalar em seu lugar os neoliberais de que tanto gosta. Os leitores, ouvintes, telespectadores e usuários da internet recebem, todos os dias, uma quantidade enorme de notícias, reportagens, artigos e colunas de tom apocalíptico em relação ao país. Tudo parece estar em ruínas. A educação, com seus índices vergonhosos nas avaliações internacionais. A saúde, com as filas para marcação de consultas e os corredores dos hospitais lotados de pacientes esperando por atendimento. A segurança, com as manifestações de rua que se espalham pelo país e ameaçam se intensificar durante a Copa do Mundo. A economia, com a possibilidade de uma volta da inflação aos níveis calamitosos de outros tempos. Tudo isso "temperado" por uma corrupção que teria atingido o mais alto estágio da história do Brasil. No entanto, mesmo com  toda essa apologia do caos, os eleitores brasileiros não parecem ter se impressionado. Uma pesquisa de intenção de votos, realizada há poucos dias, aponta que a presidente Dilma Rousseff, se o pleito fosse realizado agora, seria reeleita no primeiro turno. Não se trata de desconhecer que o atual governo tem problemas, pois eles existem, mas sim de saber, também, avaliar os seus méritos, que não são poucos. Porém, principalmente, o que pesa na decisão do eleitor é que ele já testou a alternativa que lhe apresentam como solução para as mazelas do país, e não gostou. Mais uma vez, a ação dos meios de comunicação contra o governo está se mostrando um projeto fracassado. O eleitor sabe pensar com a própria cabeça, não se deixa manipular.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Invencibilidade perdida

Sem que houvesse nenhuma razão objetiva para isso, o Inter jogou com um time reserva, hoje à tarde, contra o Veranópolis, no Antônio David Farina, pelo Campeonato Gaúcho, e perdeu por 1 x 0. O resultado não é nada surpreendente, afinal o Veranópolis tem excelente retrospecto em jogos em casa contra o Inter e, afora isso, cumpre boa campanha no Gauchão, tendo perdido apenas uma partida, para o Grêmio, na Arena, e por somente 1 x 0. O Inter reclama, com razão, de um pênalti não marcado sobre Alan Ruschel, no primeiro tempo. O Veranópolis fez um bom primeiro tempo, quando conseguiu o seu gol, e, no segundo, apenas se defendeu. Seu técnico, Julinho Camargo, reconheceu que o empate teria sido mais justo, pelo amplo domínio do Inter no segundo tempo. Em relação às atuações individuais no Inter, Dida, o único titular em campo, fez sua estreia e não se destacou, parecendo, inclusive, sem reação no lance do gol. Otavinho está irreconhecível, em nada lembrando a grande revelação do Inter em 2013. Wellington Paulista teve uma atuação muito modesta, e não se mostra uma alternativa consistente para o time titular nesse momento. Alan Patrick, por sua vez, teve mais uma atuação de bom nível. O fato é que, com a derrota, o Inter perdeu sua invencibilidade na competição, algo que poderia, provavelmente, ter sido evitado, se escalasse seu time titular, cuja preservação no jogo de hoje, reitero, não apresenta nenhum motivo aceitável.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Goleada

Com um time misto, o Grêmio goleou o Novo Hamburgo por 3 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Foi o terceiro jogo consecutivo em que o Grêmio marcou três gols na mesma partida. A diferença foi que, contra Esportivo e Caxias o Grêmio sofreu um e dois gols, respectivamente, e, hoje, não foi vazado. Aos 10 minutos do primeiro tempo, o jogo já estava 2 x 0 para o Grêmio. Dudu, Barcos, Luan e Alan Ruiz tiveram grandes atuações. Geromel fez uma boa estreia, Breno confirmou suas qualidades, Bressan, dessa vez, não comprometeu. Os destaques negativos foram Pará, Edinho e Léo Gago, tecnicamente muito abaixo de seus companheiros. Marcelo Grohe, um bom goleiro, falhou em várias saídas de gol, felizmente, para ele, sem maiores consequências. O mais positivo que se extrai do jogo foram os belos desempenhos individuais de Dudu, que infernizou os adversários com seus dribles e velocidade, Barcos, que voltou aos seus tempos de goleador, Luan, aplaudido de pé quando foi substituído, e Alan Ruiz, que mostrou grande qualidade técnica. O Grêmio dá mostras de ter um grupo qualificado, capaz de lhe permitir formar um time forte e dispor de boas opções no banco de reservas. Foi uma vitória tranquila e afirmativa, que motivou, ainda mais, o time e a torcida para o jogo de terça-feira, novamente na Arena, contra o Nacional, de Medellin, pela Libertadores.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Declaração infeliz

O ator Caio Castro, um jovem galã da televisão, arranca suspiros do público feminino. Porém, sua trajetória de sucesso sofreu um forte abalo depois que foi ao ar uma entrevista por ele concedida à jornalista Marília Gabriela, em que, numa declaração infeliz, confessa não gostar de teatro, nem de ler. A princípio, isso não tem nada demais, pois ninguém é obrigado a gostar seja lá do que for. O problema é que Caio Castro é ator. Convenhamos, é no mínimo estranho um ator declarar que não gosta de teatro. Soa algo tão improvável quanto um piloto de automobilismo que não goste de dirigir carros. Pior ainda, é não gostar de ler. Nem é preciso dizer que as possibilidades de crescimento de Caio Castro na sua profissão ficam muito limitadas a partir desse seu desapreço pelo teatro e pela leitura. Como não poderia deixar de ser, Caio Castro recebeu críticas candentes de muitos colegas de profissão. Ele é muito jovem, tem apenas 25 anos, e, lamentavelmente, é um espelho de grande parte da sua geração. Os jovens de hoje dão pouco valor à leitura e a tudo que exija um maior esforço intelectual. Vivem voltados para os estímulos áudio-visuais e cibernéticos. Com isso, não desenvolvem o seu senso crítico. Suas vidas seguem um ritmo trepidante, mas calcado na superficialidade, sem espaço para a reflexão. Caio Castro faz sucesso porque é jovem e bonito, mas esses atributos, como sabemos, são efêmeros. Sem eles, e com o desprezo que revelou pelo teatro e pela leitura, ele tende a ir para o limbo profissional, onde ficam aqueles que alicerçam sua carreira apenas na imagem, ou seja, na forma, e deixam de cultivar o mais importante, o conteúdo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Uma cavalgada sem sentido

Há instituições e movimentos que tem uma força tão avassaladora junto a "mídia" que poucos são os que ousam questioná-los. Esse é o caso do chamado "tradicionalismo", um movimento que, no Rio Grande do Sul, transformou-se, com o passar do tempo, num poder paralelo. A ninguém é dado o direito de não gostar das manifestações "tradicionalistas", de seu culto às "raízes" da "cultura gaúcha". Em nome de tais "valores", os tradicionalistas promovem, em setembro, o Acampamento Farroupilha, em um parque localizado no centro de Porto Alegre, para celebrar o mês em que se comemora uma "revolução" que, após dez anos de embates com o poder central, na época do Império, terminou derrotada. Em 2014, os tradicionalistas foram ainda mais longe. Conseguiram que, durante a realização da Copa do Mundo, entre os meses de junho e julho, seja realizado um Acampamento Farroupilha extra, para divulgar a "cultura gaúcha" para os turistas que vierem a Porto Alegre assistir jogos pela competição. Assim sendo, foi uma surpresa positiva, para mim, encontrar, na seção do leitor de um jornal de Porto Alegre, na edição de hoje, uma carta questionando o porquê de ainda ser realizada a Cavalgada do Mar. A referida cavalgada ocorre, há vários anos, no litoral do Rio Grande do Sul, como mais um meio de valorizar as "tradições gauchescas". Como muito bem destaca o leitor, a presença de animais na beira da praia é proibida porque eles contaminam a areia com fezes, o que constitui um problema de saúde pública, pois as pessoas andam descalças no local. Afora isso, os cavalos sofrem com o calor, a exposição ao sol e o cansaço. Não faz o menor sentido essa exaltação do "tradicionalismo" à beira-mar. Na verdade, é uma aberração. Como, no entanto, os tradicionalistas possuem um poder que rivaliza com as instituições oficiais, nenhuma autoridade constituída se opõe publicamente a esse descalabro. Os responsáveis pela saúde pública, há muito tempo, já deveriam ter determinado o fim da Cavalgada do Mar. Porém, quem vive no Rio Grande do Sul sabe que é praticamente impossível bater de frente com o movimento tradicionalista. Dessa forma, essa patética e esdrúxula exaltação do "gauchismo", continuará, por muito tempo ainda, a espalhar fezes de cavalos ao longo da orla e a sacrificar os pobres animais ao longo do seu trajeto. Tudo sob o olhar complacente das autoridades, que não estão dispostas a comprar briga com o poder paralelo dos tradicionalistas. Pobre Rio Grande do Sul!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vitória em grande jogo

Depois de vários jogos ruins, e de um Gre-Nal apenas bom, o Campeonato Gaúcho teve a sua primeira grande partida. A vitória do Grêmio por 3 x 2 sobre o Caxias, no Francisco Stédile, teve emoção, duas viradas no placar, boas atuações individuais e dois times buscando incessantemente a vitória. O Grêmio saiu na frente com um gol de Zé Roberto, num lançamento magnífico de Luan. O Caxias virou com dois gols em sequência, ambos de cabeça, marcados por Júlio Madureira e Baiano, respectivamente. Em apensa 25 minutos de jogo, ocorreram três gols. Ainda no primeiro tempo, numa jogada em que Barcos tentou cruzar, a bola pegou efeito e encobriu o goleiro. Era o empate em 2 x 2. Logo no início do segundo tempo, numa cobrança de tiro de meta por Busatto, a bola atravessou o campo e quicou na frente de Barcos que dominou e tocou por cobertura, fazendo 3 x 2 para o Grêmio. A partir daí, o Grêmio passou a dominar amplamente o jogo, e poderia ter aumentado o placar. Entre os destaques da vitória do Grêmio, Luan teve outra grande atuação, Barcos parece ter recuperado sua condição de goleador, Wendell manteve sua regularidade e Dudu fez uma boa estreia, mesmo jogando poucos minutos. Os aspectos negativos foram Busatto, um goleiro inseguro, Pará, em mais uma atuação inexpressiva, e a dupla de zaga, Werley e Rhodolfo que, surpreendentemente, não esteve bem. Foi a segunda vitória do Grêmio, fora de casa, no Gauchão. No próximo jogo, contra o Novo Hamburgo, sábado, na Arena, é provável que o Grêmio escale um time reserva. Afinal, o jogo será realizado apenas três dias antes da partida contra o Nacional, de Medellin, também na Arena, pela Libertadores. Mesmo que não tenha os seus titulares, o Grêmio, jogando em casa, tem condições de obter mais uma vitória e ir ainda mais motivado para a partida da Libertadores.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Empilhando vitórias

Com exceção do Gre-Nal, no qual empatou em 1 x 1, o Inter ganhou todos os jogos, até agora, no Campeonato Gaúcho. Hoje, dando sequência a essa série de vitórias, ganhou do Juventuide, no Estádio do Vale, por 2 x 1. O centroavante Rafael Moura, desacreditado pela torcida, mas contando com a confiança do técnico Abel Braga, com quem viveu boa fase no Fluminense, marcou mais um gol. O outro gol foi do volante chileno Aranguiz, numa bela cobrança de falta. Aranguiz, que está emprestado até agosto, vem comprovando o acerto de sua contratação a cada jogo, e deverá ser adquirido em definitivo pelo Inter. O gol do Juventude foi marcado por Zulu, comprovando sua condição de artilheiro. Foi, portanto, um jogo de resultado lógico, sem surpresas. Beneficiado pela fragilidade dos adversários no Gauchão, e sem competições paralelas para disputar, o Inter segue empilhando vitórias e disparando na classificação geral. Convém, apenas, não esquecer que o campeonato estadual não é parâmetro para nada. Em 2013, o Inter também encontrou grandes facilidades na competição doméstica, e fracassou rotundamente nas demais disputas do ano.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O sacrifício de Marius

Não faço parte do contingente, cada vez maior, dos ativistas em defesa dos animais. Não por indiferença ou insensibilidade para com a questão, mas por entender que a causa dos animais está se tornando superdimensionada e, por vezes, histérica. Ainda assim, não pude deixar de me sensibilizar com a história de Marius, uma girafa que foi sacrificada no zoológico de Copenhague, capital da Dinamarca. Marius era uma girafa saudável, de 1,5 ano de vida. A direção do zoológico alega que sacrificou Marius para evitar que ela cruzasse com outras girafas com quem tinha consanguinidade, o que poderia gerar filhotes não saudáveis. Como o objetivo do zoológico é promover a reprodução das espécies, e Marius não poderia procriar, entendeu-se de que ela deveria ser sacrificada. Diante do pedido, então, de que ela fosse, simplesmente castrada, o zoológico argumentou que não faria sentido ocupar espaço com um animal que não poderia se reproduzir. Em relação ao pedido de muitos interessados em adquirir o animal, o zoológico de Copenhague respondeu que não vende seus animais. O mais chocante de tudo é que, depois de sacrificada, Marius teve seu corpo seccionado e entregue para a alimentação de animais carnívoros do zoológico, como os leões. Para essa finalidade, inclusive, houve o cuidado de abatê-la com um tiro de pistola, e não com uma injeção letal, de modo a que sua carne pudesse servir de alimento para outros animais. Diante dos protestos em relação ao fato, a direção do zoológico, em mais uma demonstração de frieza, respondeu que leões se alimentam de carne, e perguntou, provocativamente, qual o tipo de comida as pessoas queriam que lhes fosse dada. Afirmou, também, que é responsabilidade do zoológico regular a população das espécies que abriga, e que cerca de 25 animais são sacrificados por ano. Os argumentos dos dirigentes do zoológico podem até ter base científica, mas fica difícil saber de tudo isso sem ter o estômago revirado. Como referido anteriormente, todas as soluções alternativas para que Marius permanecesse viva foram rechaçadas pelo zoológico. Isso demonstra uma insensibilidade incompatível com um local que deveria celebrar a vida animal, e não um se constituir num abatedouro.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sem esforço

O Grêmio jogou com um time misto, hoje à tarde, contra o Esportivo, na Montanha dos Vinhedos, pelo Campeonato Gaúcho. Ainda assim, não precisou fazer esforço para vencer por 3 x 1. Aos 5 minutos do primeiro tempo, o Grêmio já teve um pênalti a seu favor, cometido sobre Luan, cobrado por Máxi Rodriguez, que fez 1 x 0. O domínio do Grêmio era amplo e, ainda no tempo inicial, Werley fez 2 x 0. Logo no começo do segundo tempo, Everaldo fez 3 x 0. A partir daí, o Grêmio desinteressou-se do jogo, permitindo o crescimento do Esportivo, que diminuiu para 3 x 1 aos 35 minutos. Ainda assim, não houve uma ameaça à vitória do Grêmio nos minutos finais. Foi a primeira vitória do Grêmio, fora de casa, no Gauchão. O próximo jogo, novamente como visitante, será contra o Caxias, quarta-feira, no Francisco Stédile. A campanha do Grêmio no campeonato estadual segue tranquila, e nada indica que esse quadro possa se alterar, pois a fragilidade dos adversários é visível.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Retorno

Ainda que não tenha sido a reinauguração oficial, o Inter, depois de mais de um ano, voltou a jogar no Beira-Rio. Classificado como evento-teste, embora não tenha sido aceito nessa condição pela Fifa, devido aos problemas ainda existentes no entorno, o jogo de hoje contra o Caxias, pelo Campeonato Gaúcho, foi sob medida para o reencontro de clube e torcida com o velho estádio, agora repaginado, já que o adversário, o Caxias, foi, como era de se prever, uma presa fácil. A goleada de 4 x 0 serviu para alegrar os 10 mil associados que puderam assistir ao jogo no estádio, manter a invencibilidade do Inter no Gauchão e fazê-lo disparar na classificação geral da competição. O jogo foi tão fácil que até Rafael Moura, centroavante que, no Inter, caracteriza-se pela ineficiência, marcou dois gols. O destaque do jogo foi Fabrício, que marcou os outros dois gols. Mesmo sendo lateral esquerdo, Fabrício marcou três gols nos dois últimos jogos. Sempre considerei que se trata de um bom jogador, inexplicavelmente marcado pela torcida e pela imprensa. Mesmo que em número reduzido, os torcedores do Inter puderam matar a saudade de seus estádio. Foi só para esse retorno ao Beira-Rio que o jogo serviu. Como teste para o time do Inter seu valor foi quase nulo. Durante o primeiro semestre, afora os Gre-Nais, o Inter não será exigido, pois, praticamente só terá o campeonato estadual para disputar, já que a Copa do Brasil e o Brasileirão terão poucos jogos nesse período. Resta ao clube e à torcida festejarem a reabertura do seu estádio.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Desfaçatez

A declaração dada pelo presidente do Inter, Giovanni Luigi, de que Porto Alegre corre um risco alto de ficar sem os jogos da Copa do Mundo é de uma desfaçatez pouca vezes vista. Luigi disse isso como forma de chantagear a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Estado a arcarem com o custo das estruturas temporárias da Copa, responsabilidade que, na verdade, é do clube. O Ministério Público já se mostrou contrário a que tais despesas sejam pagas com dinheiro público. O presidente do Inter chegou ao ponto de afirmar que o clube já está com seu estádio pronto, novinho, e que, se ficar sem os jogos da Copa, a perda maior será da sociedade. Uma clara tentativa de forçar os administradores públicos a assumirem os gastos em nome do interesse coletivo. As tropelias de Luigi já fizeram Porto Alegre ficar de fora da Copa das Confederações, pois o Beira-Rio esteve, por culpa de decisões suas, com as obras paralisadas por 10 meses. Agora, Luigi não só lança a ameaça de Porto Alegre ficar sem jogos pela Copa do Mundo, como dá a entender que o clube já conseguiu o que buscava, que é ter o seu estádio reformado. Sem nenhuma dúvida, Luigi é um dos presidentes mais ineptos da história do Inter. Não fossem os títulos do Campeonato Gaúcho, ganhos muito mais pelo desdém com que o Grêmio trata a competição nos últimos anos do que por méritos do Inter, sua administração nada teria a mostrar no futebol. Isso, no entanto, é problema do Inter. Porém, tentar se eximir de uma despesa que cabe ao seu clube para que ela seja paga com dinheiro público é algo que diz respeito a todos os nós. Espero que prefeitura e governo do Estado não cedam à chantagem, e que, ao contrário, todos os instrumentos legais possíveis sejam utilizados para obrigar o Inter a pagar o que deve.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Boa estreia

O Grêmio teve uma boa estreia na Libertadores. Ganhou do tradicionalíssimo Nacional, do Uruguai, por 1 x 0, no alçapão do Parque Central, em Montevidéu. Foi uma vitória bem ao estilo da Libertadores, com pouco brilho técnico, mas muita aplicação. Mesmo jogando fora de casa, o Grêmio manteve o domínio do jogo, e percebia-se, ao longo do partida, que estava muito mais perto da vitória do que o seu adversário. Após levar o gol, já no segundo tempo, o Nacional exerceu uma maior pressão, como seria de se esperar, mas não conseguiu transformá-la em gol. Com a vitória, o Grêmio está em primeiro lugar no grupo, junto com o Nacional, de Medellin, que derrotou, em casa, o Newell's Old Boys por 1 x 0. Os dois clubes estão, portanto, iguais em pontos e saldo de gols. A vantagem do Grêmio é que sua vitória foi conquistada fora de casa. O próximo jogo do Grêmio pela Libertadores será dia 25, na Arena, contra o próprio Nacional de Medellin, quando estará em jogo a liderança do grupo. Um começo promissor do Grêmio na Libertadores, num ano em que seus torcedores não estão confiantes nas possibilidades do time. Destaque-se que, incluindo os jogos da pré-Libertadores, o Grêmio foi o único clube brasileiro a vencer jogando como visitante, até agora, na competição. Um bom sinal, na busca do sonho do terceiro título da Libertadores na história do clube.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Reacionarismo

A divulgação de um vídeo gravado durante uma audiência pública da Câmara dos Deputados, no município de Vicente Dutra (RS), em novembro de 2013, expõe o quanto nossas casas parlamentares ainda são assoladas pela presença de reacionários da pior espécie. No vídeo, o deputado federal Luís Carlos Heinze (PP/RS), ferrenho aliado do setor agrícola, exorta os proprietários de terras a defenderem com unhas e dentes o seu patrimônio da ação de invasores. Em meio ao seu pronunciamento, Heinze diz que quilombolas, gays e lésbicas são "tudo o que não presta". Perguntado a respeito, apelou para o surrado recurso de usar frases como "não foi isso o que eu disse" e "nada tenho contra gays e lésbicas". Seu partido, o PP, fez questão de, imediatamente, frisar que não concorda com as posições de Heinze. A preocupação do PP, por certo, é por estarmos num ano eleitoral, e o partido que tem uma candidata com boas chances de se eleger governadora do Rio Grande do Sul, a senadora Ana Amélia Lemos, não quer desgastar sua imagem pública. Porém, é óbvio que sendo o PP, simplesmente, a Arena, partido de sustentação do regime militar, com outro nome, muitos dos seus integrantes devem partilhar das ideias de Heinze. Na mesma audiência, o deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS) fez coro às exortações de Heinze no que tange a defesa que os donos de terras deveriam fazer de suas propriedades. O partido de Moreira, o PMDB, nada tem a ver com o antigo MDB, bastião da luta contra a ditadura, é apenas um partido apegado a qualquer governo, em busca de cargos. Portanto, não há nada de espantoso nas posturas que defendem. O Brasil já avançou muito, desde que restituiu a democracia, há 29 anos, mas ainda levará um tempo considerável até que consiga livrar-se da corja reacionária que infesta os parlamentos. Heinze e Moreira, contudo, mesmo que pertençam a uma fatia, infelizmente, ainda numerosa da sociedade, não representam o pensamento da maioria dos brasileiros. Suas declarações são o reflexo do desespero de quem sabe que os tempos mudaram, e que odiosos privilégios de setores conservadores da sociedade serão, a cada dia, tornados fatos do passado. Um passado autoritário, excludente, opressor e violento que é próprio dos regimes de exceção, e incompatível com a democracia em que vivemos.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A banalização da violência

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, atingido por um artefato pirotécnico enquanto cobria uma manifestação no Rio de Janeiro, é um monumento à estupidez humana. Andrade estava trabalhando, não era um ativista nem um membro das forças de segurança. O fato, em si, já é de uma abjeção intolerável, mas, pior do que isso, é a reação de algumas pessoas ao acontecimento. Numa tentativa absurda de politizar um homicídio covarde, pois é disso que se trata a morte de Santiago, tentam minimizar seu significado, identificando um "exagero da mídia" no tratamento ao ocorrido. Essa postura é inadmissível, pois significa a banalização da violência, um rebaixamento da condição humana, levando o maquiavelismo do "fim que justifica os meios" às últimas consequências. No entender dessas pessoas, estaria havendo "corporativismo" da imprensa na cobertura do fato. Há os que sustentam que o cinegrafista deveria usar material de segurança, como se estivesse a cobrir uma guerra. A alegação é ridícula. A reação da imprensa é proporcional ao fato. Afora isso, os que usam de tais argumentos fingem ignorar que Santiago era um trabalhador que estava ali ganhando, dignamente, o seu sustento, e não um dos "barões" da tão odiada "mídia". Os que causaram a morte de Santiago, ao contrário, são ou membros da classe média entediada ou jovens de baixa condição econômica cooptados para um ativismo que para eles se apresenta difuso e desfocado. A consequência prática dos protestos desses grupos, como sempre, será mínima, mas eles geraram uma vítima fatal. Isso é inaceitável! A punição aos culpados deve ser exemplar. Não se pode tratar a morte de um ser humano, nas circunstâncias em que se deu, como um "acidente de percurso". Honremos a memória de Santiago colocando seus assassinos na cadeia. Caso contrário, estaremos renunciando à civilização e legitimando a barbárie.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma tendência que resiste ao tempo

O Gre-Nal de ontem, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho, demonstrou, mais uma vez, uma tendência que resiste ao tempo: o favorecimento das arbitragens ao Inter. O jogo terminou empatado em 1 x 1, mas o seu desenrolar poderia ter sido diferente caso um pênalti claríssimo de Fabrício em Pará, aos 9 minutos do primeiro tempo, tivesse sido marcado pelo árbitro Leandro Vuaden. Tudo muda no mundo, numa velocidade que, às vezes, dificulta a nossa assimilação. Menos a tendência pró-Inter das arbitragens gaúchas, que resiste impávida ao longo dos anos. O Grêmio começou o jogo sufocando o Inter, numa verdadeira blitz em busca do gol. Houvesse o pênalti sido marcado, e todo o encaminhamento da partida poderia ser diferente. Como seria de se esperar, o Grêmio não tinha como manter aquele ritmo alucinante durante todo o primeiro tempo, e diminuiu a intensidade do seu jogo, permitindo ao Inter um maior equilíbrio nas ações a partir dos 25 minutos. Ainda assim, o gol do Inter, aos 44 minutos, não fez justiça ao que se via em campo, com o Grêmio dominando durante a maior parte do tempo. No segundo tempo, o Grêmio decaiu de produção, mas conseguiu o empate, em outro pênalti igualmente claro. Grêmio e Inter tiveram alguns destaques individuais. No Grêmio, Marcelo Grohe, Rhodolfo e Luan. No Inter, Muriel, Gilberto e Aranguiz. Os destaques negativos foram Zé Roberto, no Grêmio, e Alex, no Inter. Agora, enquanto o Inter continua dedicado, apenas, ao Gauchão, o Grêmio se prepara para estrear na Libertadores, quinta-feira, contra o Nacional, em Montevidéu. Um alento o Grêmio já tem para esse jogo: o de saber que a arbitragem não será gaúcha.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O milésimo gol de Túlio

Enfim, aconteceu. Com um gol de pênalti, jogando pelo Araxá contra o Mamoré, no Campeonato Mineiro da Segunda Divisão, o centroavante Túlio, aos 44 anos, marcou, segundo afirma, o seu milésimo gol. Repete, assim, o feito de Romário, outro jogador da posição que fez seu gol mil já na condição de quarentão. Os dois perseguiram a marca obstinadamente, na ânsia de igualar o feito do maior jogador do mundo em todos os tempos, Pelé. No entanto, as diferenças na obtenção da façanha são gritantes. Pelé alcançou o índice de maneira comprovada e documentada, e o fez ainda no auge de sua carreira, aos 29 anos, no mais célebre dos estádios, o Maracanã, contra um grande clube, o Vasco. Romário, para chegar à marca, contabilizou até jogos de categorias anteriores aos profissionais, e Túlio, cujos números também não batem com a contabilidade oficial, foi esticando sua carreira e jogando pelos clubes mais inexpressivos até atingir a tão pretendida meta. Em comum aos três, somente o fato de o gol mil ter sido de pênalti. Ao contrário de Pelé, um gênio, e de Romário, um craque, Túlio foi apenas um bom jogador. Inegavelmente, é também uma grande figura humana, irreverente e simpático. Porém, sua busca do milésimo gol foi constrangedora e patética. Menos mal que, ainda que no modesto cenário da segunda divisão de Minas Gerais, a saga do gol mil de Túlio chegou ao fim. O episódio entrará para a história, na melhor das hipóteses, como algo folclórico. Túlio, contudo, tem o direito de saborear o seu "feito" e de ter uma sobrevida como alguém capaz de mobilizar a mídia em torno de si, tantos anos depois de ter deixado de ser, na prática, um jogador de nível profissional. Não há em si, nenhum mal nisso. Ele lutou com as armas de que dispunha para se manter em evidência. Seu desafio será daqui para frente, pois não ficou rico com o futebol. Tomara que, de uma forma ou de outra, a vida lhe seja generosa, pois, sendo, como é, um bom ser humano, Túlio faz por merecer.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A data que mudou a história da música

Há exatos 50 anos, em 7 de fevereiro de 1964, os Beatles desembarcavam, pela primeira vez, nos Estados Unidos. Eles já eram ídolos em seu país, a Inglaterra, mas só a partir de sua incursão no território americano se tornariam um fenômeno mundial. Foram recebidos com desdém pela imprensa local, mas sua apresentação no programa de tv "The Ed Sullivan Show" teve enorme audiência. A partir daí, o mundo se renderia ao talento do grupo. Iria começar a Beatlemania, um fenômeno de popularidade jamais visto antes ou depois no meio musical. Ao dominarem o país culturalmente mais influente de todos, os limites geográficos desapareceram para o grupo, e os Beatles tornaram-se ídolos mundiais. Vários de seus shows foram realizados naquele país, inclusive o último, em 1966. Ainda que tenham enfrentado a má vontade inicial da imprensa, por serem estrangeiros, logo desmancharam qualquer resistência, e mudaram a história da música. Começava, em termos mundiais, a apoteótica trajetória do maior grupo musical de todos os tempos. Foram milhões de cópias vendidas de seus discos em todo o mundo, o que acontece até hoje, pois todos permanecem em catálogo, sempre com muitos bons índices de comercialização. São de autoria dos Beatles vários standards da música internacional. A música de maior sucesso de todos os tempos, por ter sido a mais regravada e a que mais vezes foi tocada nas rádios, "Yesterday", é criação do grupo, mais especificamente de Paul McCartney, embora tenha sido creditada a ele e John Lennon, em parceria. Desde aquela data, foram anos de êxtase para fãs do mundo inteiro, até a dissolução do grupo, em 1970, quando, no dizer de John Lennon, "o sonho acabou". Na verdade, esse é um sonho que nunca acabará, pois a música dos Beatles é atemporal e segue conquistando novos fãs. A eclosão desse fenômeno começou há 50 anos, mas permanecerá pelo tempo afora.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O fracasso de Alexandre Pato

O futebol, com seus jogadores de ascensão meteórica e salários milionários, vez por outra, produz fracassos pessoais gigantescos. São casos de jogadores que, embriagados pela fama súbita e pelo enriquecimento rápido, se esquecem do que os fez chegar nessa condição, e passam de ídolos a renegados. Um exemplo disso é Alexandre Pato. Revelação fulgurante do Inter aos 16 anos, Pato ficou pouco tempo no clube, pelo qual foi campeão mundial um mês depois de lançado no time principal. Logo foi vendido ao Milan, que apostava estar diante de mais um craque brasileiro. Pato sofreu inúmeras lesões enquanto esteve no Milan, não mantendo uma continuidade no time. O jogador não justificou o alto investimento feito na sua contratação. Afora as lesões, seu nome só ficou em evidência por seu casamento de curta duração com uma atriz da Rede Globo e, posteriormente, por seu envolvimento com a filha de Sílvio Berlusconi, dono do Milan e ex-primeiro ministro da Itália. As principais preocupações de Pato pareciam ser a de vestir roupas de grife e frequentar restaurantes caros. Suas declarações seguem um roteiro previamente traçado por consultores. Como se vê, Pato tratou de atuar em várias frentes, só se esqueceu de jogar futebol. O Corinthians o adquiriu por R$ 40 milhões, a maior quantia já paga por um jogador no Brasil, mas Pato não correspondeu. Ontem, Pato foi trocado por Jádson, do São Paulo. Pato ficará emprestado ao São Paulo por dois anos, Jádson foi em definitivo para o Corinthians. Seja como for, a negociação é um atestado eloquente do seu fracasso, que ficou mais evidente diante dos protestos da torcida do São Paulo em relação à sua contratação durante o jogo de hoje, no Morumbi, em que o clube venceu o Paulista, de Jundiaí, por 2 x 0, pelo Campeonato Paulista. Com apenas 24 anos, Alexandre Pato já é um homem rico, mas por ter perdido o foco, privilegiando os prazeres proporcionados pela carreira em detrimento do futebol dentro de campo, não irá ingressar no panteão dos craques, como era esperado. Irá para o limbo, lugar dos jogadores que logo são esquecidos, ainda que, no seu caso, com os bolsos cheios.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Injustiça

Em princípio, resultado injusto, em futebol, é aquele ditado por erros de arbitragem. Porém, é inevitável se pensar em injustiça depois do que se viu na vitória do Inter sobre o Pelotas, por 1 x 0, hoje, na Boca do Lobo, pelo Campeonato Gaúcho. O Pelotas dominou o jogo inteiro, obrigou o goleiro Agenor a fazer defesas importantes e, no minuto final da partida, levou um gol que não lhe permitiu obter sequer o empate. O Inter, que mais uma vez utilizou um time misto entre reservas e jogadores do sub-23, chegou, assim, a sua sexta vitória em seis jogos no Gauchão, mas sem somar méritos para alcançá-la. A velha máxima do futebol, mais uma vez se confirmou: quem não faz, leva. O resultado acabou sendo um castigo para o Pelotas, e um prêmio imerecido ao Inter. Resta, agora, ver se, no Gre-Nal de domingo, na Arena, com o seu time titular, o Inter será capaz de manter os seus 100% de aproveitamento na competição.

Vitória inconvincente

Dessa vez, ao contrário do jogo de domingo, contra o Juventude, o Grêmio venceu. A vitória de hoje contra o Veranópolis, por 1 x 0, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho, no entanto, esteve longe de se mostrar convincente. O time repetiu os mesmos erros do jogo anterior, e as atuações individuais, mais uma vez, foram muito fracas. Alguns são casos perdidos, como Pará e Kléber, de quem nada pode se esperar de sã consciência. Edinho, novamente, foi muito mal e, a exemplo da partida no Alfredo Jaconi, foi substituído. Zé Roberto foi o burocrata de sempre. Ramiro, uma vez mais, foi inexpressivo. Máxi Rodriguez esteve péssimo. Bressan, como de costume, foi tosco e atrapalhado. Até mesmo Wendell, que foi o melhor em campo em Caxias do Sul, não teve uma boa atuação. Marcelo Grohe foi bem, no geral, mas cometeu um erro, numa saída de gol, que poderia ter custado caro ao Grêmio. Entre os titulares, a melhor atuação foi de Rhodolfo. A vitória, contudo, só foi possível pelas entradas de Jean Deretti e, principalmente, Luan, que deram outra dinâmica ao time. Porém, foi uma vitória escassa, contra um adversário modesto. Pelo que o Grêmio vem mostrando, não há qualquer razão para se ter otimismo em relação ao seu desempenho na Libertadores. O Grêmio ainda padece dos mesmos defeitos e limitações do ano passado, e parece não saber identificá-los.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Primeiros classificados

Saíram, hoje, os dois primeiros classificados na pré-Libertadores. O Nacional, do Uruguai, como era de se esperar, reverteu a derrota por 1 x 0 na primeira partida, e, jogando em casa, venceu o Oriente Petrolero, da Bolívia, por 2 x 0, e se classificou para integrar o "grupo da morte" da Libertadores, junto com Grêmio, Nacional de Medellin e Newells Old Boys. A classificação do Nacional também deverá ter uma consequência direta no Gre-Nal de domingo, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Como o Grêmio estreará na Libertadores na quinta-feira, dia 13, fora de casa, contra o vencedor desse confronto, caso o Oriente Petrolero fosse o classificado, provavelmente, jogaria o Gre-Nal com seu time B, dada a viagem, relativamente longa, para Santa Cruz de La Sierra. Como Montevidéu fica bem mais próxima, não implicando num desgaste maior, os titulares deverão jogar o Gre-Nal. Especificamente em relação à Libertadores, a classificação do Nacional torna o grupo do Grêmio, que já era difícil, ainda mais duro. Isso deve deixar o torcedor do Grêmio ainda mais preocupado, porque a apresentação do time contra o Juventude, domingo passado, foi desalentadora. O outro classificado da noite foi o Independiente Santa Fe, da Colômbia, que venceu, em casa, o Morelia, do México, por 1 x 0. Como perdera, no primeiro jogo, por 2 x 1, classificou-se pelo saldo qualificado, ou seja, por ter marcado um gol fora de casa. O Independiente Santa Fe irá para o grupo do Atlético Mineiro, atual campeão da Libertadores. Os outros dois integrantes, no entanto, Nacional, do Paraguai, e Zamora, da Venezuela, fazem desse grupo um dos mais fracos da competição.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Um novo perfil na educação

Não resta dúvida de que a má qualidade da educação é um dos grandes problemas do Brasil. Muito se tem falado sobre o assunto, sob os mais diversos ângulos. Em sua coluna na edição dessa semana da revista "Veja", o economista Claudio de Moura Castro, especializado em educação, aborda um aspecto interessante que parece não estar sendo levado em conta pelos que pretendem modificações no sistema de ensino brasileiro. Moura Castro alerta para o excesso de conteúdos no ensino médio brasileiro. Ele sustenta que é preciso ensinar bem o que esteja ao alcance dos alunos, e não inundá-los com uma enxurrada de informações e conhecimentos. Vai adiante e afirma que falar de teorias não serve para nada e que o que se aprende na escola tem de ser útil na vida real. Particularmente, sempre entendi que o ensino na escola é muito distanciado da realidade prática, e isso é um forte fator de desestímulo ao estudo e de incentivo à evasão. Mesmo os melhores alunos das escolas de elite, diz Moura Castro, são entulhados com mais do que conseguem digerir. Sendo assim, a situação dos alunos menos brilhantes é ainda pior. Ensina-se demais e eles aprendem de menos. Uma nova escola precisa ser criada, ajustando os currículos aos alunos. Para isso, é preciso cortar conteúdos. Não se trata, adverte Claudio de Moura Castro, de uma escola de pouca exigência para alunos que se esforçam menos. O que se propugna é uma escola que vai exigir o que tem sentido na vida do estudante e que está dentro do que ele pode, efetivamente, dominar. Concordo com o entendimento do colunista, e acho que se essa proposição fosse posta em prática, o ensino brasileiro daria um salto em eficiência.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Facilidade

O Inter, jogando pela primeira vez, em 2014, com o seu time titular, custou a marcar o primeiro gol, que só saiu no final do primeiro tempo, sofreu o empate no início do segundo, mas goleou o Cruzeiro por 4 x 1, no Estádio do Vale, pelo Campeonato Gaúcho. Foi mais uma demonstração da fragilidade técnica da competição. Como teste, o jogo não teve nenhuma serventia para que se possa aferir o potencial do time do Inter. Como o clube não está na Libertadores, vai levar um bom tempo até que seja, efetivamente, exigido. Até lá, o torcedor poderá se deliciar com a facilidade proporcionada pelo Gauchão, onde o Inter, em cinco jogos, com diferentes escalações, ainda não perdeu nenhum.

Mau futebol

O time titular do Grêmio, em seu primeiro teste mais forte em 2014, foi amplamente reprovado. Empatou em 1 x 1 com o Juventude, no Alfredo Jaconi, pelo Campeonato Gaúcho, depois de sair perdendo, e assustou pelo mau futebol apresentado. A única exceção ao desastre técnico foi Wendell que, com inteira justiça, foi o autor do gol do Grêmio. Marcelo Grohe não brilhou, mas também não comprometeu. Os demais jogadores foram abaixo da crítica. Pará e Bressan foram péssimos, Rhodolfo esteve atrapalhado, Edinho mostrou todas as suas conhecidas limitações técnicas, Ramiro foi inexpressivo, Máxi Rodriguez não se encontrou em campo, Zé Roberto, o jogador de toques improdutivos de sempre, Kléber, a nulidade costumeira, e Barcos, um centroavante sem nenhuma contundência. Os torcedores que assistiram ao jogo, no estádio ou pela televisão, devem ter ficado apavorados com as perspectivas do Grêmio para esse ano, a partir do que viram. Algumas verdades, já constatadas em 2013, seguem sendo ignoradas pelo Grêmio. Vamos a elas. Pará é um jogador esforçado e dedicado. Porém, tecnicamente, não possui condições para jogar num clube como o Grêmio, muito menos como titular. Bressan, ainda que tenha combatividade, é outro jogador limitadíssimo do ponto de vista técnico, e não pode ser titular. Com o que o Grêmio dispõe em seu grupo, sua zaga tem de ser, obrigatoriamente, Warley e Rhodolfo. Ramiro no time e Riveros no banco é um absurdo. Kléber não pode mais ficar no Grêmio. Urge que a diretoria encontre uma solução para rescindir o seu contrato. A verdade é que o Grêmio do técnico Enderson Moreira não acrescentou nada ao que se via no ano passado. O que é natural, já que não resolveu nenhuma das deficiências flagrantes que apresentava. O sofrimento gremista, há 13 anos sem grandes títulos, ao que parece, vai prosseguir.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O desafio dos governantes

O ano de 2014 está apenas no começo, mas as ruas já vivem um processo de ebulição. Os protestos de junho de 2013 marcaram a história do país, e era sabido que quando a Copa do Mundo se aproximasse, eles voltariam com mais força. A greve dos rodoviários, em Porto Alegre, é uma demonstração do vulto que tomaram essas manifestações. Há uma semana, um milhão de pessoas estão sem transporte coletivo para se deslocar até o trabalho. Em meio à paralisação, movimentos paralelos, com as mais variadas intenções, também marcam a sua presença. Atos de vandalismo são praticados. No entanto, a atuação das forças de segurança tem sido branda, quase passiva, o que irrita os mais conservadores. Para eles, o Brasil vive o caos em termos de segurança pública. O que eles propugnam, e que dizem ser a vontade da "maioria honesta e trabalhadora da população" é que aqueles que promovem badernas sejam rigorosamente reprimidos. Isso não irá acontecer, a menos que a situação caminhe para um total descontrole. A razão é simples, tanto no plano estadual, quanto no federal. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e a presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, são candidatos a reeleição e, até o momento, favoritos em relação aos seus adversários no pleito. Se autorizassem as forças de segurança a "baixarem o pau", para conter possíveis distúrbios na ordem pública, entrariam em rota de colisão com as bases do seu partido, que tomariam a atitude como uma repressão contra setores desfavorecidos da sociedade, algo incompatível com uma sigla de origem popular. Seus adversários, que clamam por uma atitude mais forte dos governos, não deixariam passar a chance de acusá-los de truculentos. Afora isso, com uma Copa do Mundo que fará o Brasil ficar no foco do mundo inteiro, o governo não pode permitir que o país transmita uma imagem de violência contra a população, inaceitável numa democracia. Esse é o desafio dos governantes. Tarso e Dilma caminham numa corda bamba, e manifestantes, autênticos ou oportunistas, sabem disso. Por isso, estão testando ao limite a sua paciência. Porém, como já referi acima, só uma balbúrdia absoluta, com o país sendo varrido pela desordem, poderão levar os governos estadual e federal a tomarem medidas mais duras. Em ano de eleição, prevalece o pragmatismo político. Como se sabe, em time que está ganhando não se mexe. Tarso e Dilma conduzirão a questão da segurança sob o fio da navalha, para que tudo se acomode da melhor maneira, em nome da Copa e da eleição. Antes de condená-los, pense se, no lugar deles, você não faria o mesmo. Faria, certamente.