quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Chegou a hora do julgamento

Enfim, depois de sete anos de denúncias, investigações, evidências, tentativas de desmentidos, e de uma série de matérias da imprensa a respeito do fato, o "mensalão" começou a ser julgado, hoje, pelo Supremo Tribunal Federal. As tentativas de que o julgamento fosse postergado para depois das eleições municipais de outubro próximo, felizmente, não surtiram efeito. A tradicional morosidade da Justiça brasileira fez com que um caso ocorrido em 2005 só agora esteja sendo julgado. Não faz mal. Antes tarde do que nunca. O importante é que se tome uma decisão justa, de caráter técnico e não político, punindo todos os que tiverem culpa comprovada. Ninguém deve ser absolvido por ser "amigo do rei", nem condenado como forma de atingir quem está no poder. O mensalão existiu, disso não há dúvida, mas qualificá-lo como "o maior escândalo político da história do país", como faz, insistentemente, a revista "Veja", é um exagero que tem sua raiz na conhecida linha editorial de extrema direita da publicação. O Brasil sempre foi pródigo em casos de corrupção na política. O mensalão é mais um deles. O curioso é que pessoas que explodem de indignação com o fato, que envolve nomes ligados ao PT, encararam de forma bem mais branda acontecimentos tão graves quanto o mensalão, como, por exemplo, a compra de votos de deputados federais por parte do governo Fernando Henrique Cardoso para que aprovassem a criação da reeleição nos cargos do Poder Executivo, o que permitiu ao então presidente concorrer a um segundo mandato. Espero que, diante das evidências de sua culpabilidade, os réus do mensalão venham a ser punidos por seus atos. Porém, não nos deixemos levar por aqueles que, de forma mal intencionada, querem crer que é o governo que está em julgamento. Não é verdade. O governo é julgado nas urnas, e nelas Luís Inácio Lula da Silva, do PT,  foi eleito presidente por duas vezes e Dilma Roussef, do mesmo partido, tornou-se a atual detentora do cargo. Com qualquer resultado do caso do mensalão, essa realidade não irá mudar. O mensalão é um escândalo político, e de grande dimensão, mas não é um terceiro turno eleitoral, mesmo que alguns veículos de imprensa assim o desejem.