sábado, 31 de dezembro de 2011

Mais um ano que se vai

Chegamos ao último dia de 2011. Como é de hábito, época de balanços, recordações, lamentações por perdas afetivas ou profissionais, enfim, de fazer um somatório do que ocorreu nos 365 dias do ano que está findando. Imediatamente, começam  as projeções para 2012. O que desejamos fazer no ano anterior, mas não foi completado, novos objetivos, promessas as mais variadas. Muitos planejarão casar-se, outros quererão ter um filho, ou comprar a tão sonhada casa própria, fazer uma viagem há muito idealizada, abrir um negócio próprio, estudar no exterior. Numa forma mais simples, pode-se dizer que todos, sem exceção, desejam ser mais felizes em 2012. Assim seguem nossas vidas, sempre tocadas pela esperança, muitas vezes não concretizada. A primeira vitória de cada um é ter chegado ao novo ano. Muitos ficaram pelo caminho. O ano de 2011 se foi, e com ele, alegrias, tristezas, conquistas, decepções, momentos de grande euforia, acontecimentos trágicos. Todos os anos são assim. Agora, 2012 está por chegar, trazendo esperanças renovadas. Tomara que, na impossibilidade da concretização de todos os sonhos para o novo ano, pelo menos a maioria deles se torne realidade. Como sonhar não custa nada, seria bom que os eternos ideais de um mundo mais justo e fraterno, de sociedades menos corruptas, de abandono do consumismo em favor de valores mais sólidos, pudessem ser alcançados a partir de 2012. Temos de seguir em frente, e é preciso fazê-lo confiando em melhores dias. Feliz Ano Novo!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um Grammy para Tom Jobim

Na próxima edição do Grammy, o mais prestigioso prêmio da música internacional, em fevereiro de 2012, o compositor brasileiro Tom Jobim será agraciado pelo conjunto de sua obra. O prêmio será dado de forma póstuma, dezessete anos e dois meses após o seu falecimento, mas deve ser saudado como um justo reconhecimento a um gigante da música. Tom Jobim é autor, em parceria com Vinícius de Moraes, de "Garota de Ipanema", um dos maiores clássicos da música em todos os tempos. Também compôs outros grandes sucessos, como "Insensatez", "Lígia", "Samba do avião", "Águas de março", entre tantos outros. Em termos de arrecadação de direitos autorais, sua obra só perde para os Beatles. Como outros brasileiros, Tom Jobim parece ter obtido mais reconhecimento no exterior do que em seu próprio país. Gravou, junto com Frank Sinatra, um disco notável, referência até os dias de hoje. Tom Jobim pertence a um grupo seleto de brasileiros que atingiram reconhecimento mundial, como Pelé, Ayrton Senna, Ronaldo. Tem o mérito de ter obtido tal conceito no ramo da arte, e não do esporte, cujo apelo é sempre mais imediato. Sua obra é um atestado de que o Brasil também é capaz de brilhar nas artes e na cultura. Não há outro brasileiro, até hoje, que tenha recebido um Grammy pelo conjunto da obra. O prêmio é um motivo de justo júbilo, não só para seus familiares e descendentes, mas para o Brasil.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A escalada da violência

Houve um tempo em que os gaúchos acreditavam que viviam num oásis de tranquilidade, a salvo de acontecimentos de extremada violência. Achava-se que tais fatos eram restritos a Rio de Janeiro e São Paulo. Não é mais assim. A escalada da criminalidade assusta a todos. Só na região metropolitana de Porto Alegre, foram 1000 assassinatos desde o início do ano de 2011. Em grande parte dos casos, vítimas e algozes estão envolvidos com drogas. A violência, agora, não está mais restrita aos dois maiores centros do país. Espalha-se por todas as regiões, e o Rio Grande do Sul, é óbvio, não seria uma ilha nesse contexto. Ao contrário do que pensam muitos, não será com a intensificação das ações de repressão que o problema terá solução. Os envolvidos nessa carnificina são pessoas que tem muito pouco a perder, pois pertencem ao submundo da sociedade. Necessita-se é de um novo modelo social, com mais educação e cidadania. Um modelo que procure acolher a todos, sem exclusões. O crime e a droga prosperam onde o Estado se mostra ausente. A violência não é causa de coisa alguma, é consequência. Sem reformar as estruturas da sociedade, nada irá mudar. O  Brasil ainda é uma país brutalmente injusto e desigual. Enquanto isso persistir, muitos jovens das camadas mais desassistidas da sociedade irão ser atraídos pelo crime e pela contravenção Os números assustadores da violência são um retrato da falência do modelo social vigente, baseado no individualismo, no consumismo, na indiferença em relação aos outros. Uma mudança de paradigmas se faz necessária. Isso, no entanto, não gera resultados imediatos, o que levará a maioria a, simplesmente, pedir por mais repressão, resultando num círculo vicioso de violência. Somente uma sociedade estruturada em bases humanistas pode reverter essa situação. Parece utópico? Pois, acredite, é a única saída para enfrentar a violência. Não há outra.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A esquerda e o câncer

Uma macabra coincidência está afetando os governantes de esquerda da América do Sul. Vários deles foram diagnosticados com câncer. A doença já atingiu o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, o da Venezuela, Hugo Chávez, e, agora, a mandatária da Argentina, Cristina Kirchner. No Brasil, a atual presidente, Dilma Roussef, ainda na condição de candidata, e seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, depois de ter deixado o cargo, também foram acometidos pela doença. Portanto, nesse momento, o maior inimigo desses atuais e ex-governantes não é a oposição, a imprensa conservadora, o neoliberalismo dominante no cenário internacional, mas sua própria condição de saúde. Os prognósticos variam, a cada caso. A situação mais grave parece ser a de Chávez, cujos planos de uma permanência ilimitada no poder estariam comprometidos por uma sobrevida curta, que não excederia o prazo de dois anos. Dilma, ao que se diz, estaria curada, podendo fazer planos de reeleição. Lula, cujo quadro, a princípio, preocupou os médicos, está, agora, com prognósticos bem mais favoráveis, o que lhe autorizaria, caso assim o deseje, a disputar, novamente, cargos eletivos. As notícias também parecem ser boas para Cristina Kirchner, que, após ser submetida a uma cirurgia, no dia 4 de janeiro, deverá ficar poucos dias afastada do exercício do cargo. Sobre Fernando Lugo, pouco tem sido divulgado sobre seu estado clínico. Curiosamente, se é que se pode dizer assim, os governantes sul-americanos de direita não foram afetados pela doença, até o momento. Ela parece preferir a esquerda. Dessa forma, José Mujica, do Uruguai, Rafael Corrêa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, todos presidentes de esquerda, devem ficar alertas, pois a "bruxa" parece estar solta.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Leis não modificam comportamentos

Alguns fatos mexem muito com a opinião pública e levam as pessoas a pedirem leis mais rigorosas e uma ação policial mais ostensiva. Exemplos disso são os atos violentos praticados sob o efeito do álcool e os acidentes nas estradas. Cobra-se mais fiscalização e multas altas para os motoristas imprudentes, proibição da venda de bebidas alcoólicas em determinados locais, como estádios de futebol por exemplo, e o fim da publicidade de tais produtos. Sei que estou na contramão de grande parte da sociedade, talvez da maioria, mas não acredito na eficácia de tais medidas. A ideia de que a parte do corpo que mais dói é o bolso, como dizem muitos, não é de todo verdadeira. Não há multa ou fiscalização que impeça um motorista imprudente de andar em alta velocidade. A restrição ou proibição da venda de bebidas alcoólicas só favoreceria o surgimento de um mercado negro para a comercialização do produto. Beber é um hábito socialmente arraigado, e lei nenhuma vai modificar isso. Só se modificam comportamentos com campanhas de conscientização, cujos resultados aparecem, apenas, a longo prazo. Agora, por exemplo, os meios de comunicação, mais uma vez, divulgam números que dão conta de um massacre nas estradas, no fim de semana do Natal. Trata-se de algo que se repete a cada feriado prolongado ou data festiva. Muito já se falou a respeito, várias medidas já foram tomadas para tentar resolver a situação, mas sem que resultem em qualquer efeito prático. A imprudência própria de alguns motoristas, a vontade de chegar no destino programado, a ansiedade e euforia diante da perspectiva de dias de lazer, levam aos descuidos, que por vezes, se tornam fatais. Não faltam leis no Brasil, pelo contrário, elas existem em  excesso. Comportamentos inadequados são consequência de uma formação deficiente como cidadão. O Brasil precisa é de uma educação de melhor qualidade. Somente assim teremos pessoas melhores, mais conscientes, menos inconsequentes. Leis acabam sendo burladas, e ações repressoras geram reações igualmente violentas. Pensando de modo imediatista, muitos entendem que leis drásticas e multas pesadas podem diminuir os acidentes de trânsito. Outros consideram que restringir a venda de bebidas alcoólicas praticamente acabaria com a violência na sociedade. São proposições simplórias e moralistas. Precisamos é melhorar a formação e educação dos indivíduos. Sem isso, toda e qualquer medida repressora ou punitiva será inócua.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

As mortes de fim de ano

Depois de três dias sem postar textos nesse espaço, devido a uma impossibilidade temporária, retorno aludindo a um dos tantos aspectos que marcam os finais de ano, essa época já tão coberta de significados. Nesse período, sabe-se lá porquê, ocorrem muitas mortes de personalidades dos meios, artístico, cultural, político e esportivo. Nos últimos dias, tivemos a morte de nomes como Joãosinho Trinta, Sérgio Britto, Vaclav Havel. Hoje, fiquei sabendo da morte de Vicente, ex-zagueiro do Santos e do Grêmio, entre outros clubes. Para as pessoas da minha geração, certas mortes tocam muito de perto, por se tratar de nomes cuja trajetória profissional pudemos testemunhar. Foi o caso de Escurinho, ex-jogador do Inter, recentemente falecido, e é, também o de Vicente. Pude acompanhar sua carreira como jogador, com certa distância no Santos, com proximidade no Grêmio. Não era um craque, mas foi um bom zagueiro. Chegou no Grêmio já próximo do final de carreira, mas conseguiu dar a sua contribuição. Teve a chance, antes do Grêmio, de jogar no Santos, ainda com Pelé no time, e lá ficou por um bom período. Não foi um ídolo de multidões, mas jogou em grandes clubes, construiu uma carreira digna e, sobretudo, foi um homem de caráter. Partiu muito cedo, com apenas 62 anos, como mais uma vítima desse ceifador de vidas que é o câncer. Deixa em todos que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar, a admiração e o reconhecimento por um profissional correto e um homem de boa conduta.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Máquina

Tornou-se comum no futebol, ao longo dos anos. chamar de "máquina" os grandes times que se formam de tempos em tempos, e que se mostram quase imbatíveis, acumulando vitórias e títulos. A máquina da vez é o Barcelona. Jogando com o time titular, misto, ou reserva, contra adversários fracos, médios ou fortes, o Barcelona vai empilhando gols e vitórias. Nos últimos quatro jogos foram vinte gols a favor e apenas um contra. A série começa com uma vitória de virada, fora de casa, por 3 x 1, contra o maior rival, o Real Madrid. Prossegue com um 4 x 0, jogando com um time misto, contra o Al Sadd, do Catar. Logo depois, outros 4 x 0, sobre o Santos, na decisão do Mundial de Clubes. Hoje, dando sequência a esse formidável cartel de vitórias, uma goleada de 9 x 0 sobre o Le Hospitalet, da 3ª divisão, em jogo válido pela Copa da Espanha. O adversário era modesto é verdade, mas o Barcelona, jogou sem vários titulares, inclusive seu maior destaque, Messi. Afora isso, o nível do adversário não tem feito muita diferença para o Barcelona, como provam as recentes vitórias sobre o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e o Santos de Neymar. O Barcelona, tem grandes jogadores, inclusive aquele que é considerado o melhor do mundo no momento, o já citado Messi. O time tem uma base que joga junto há muito tempo, o que lhe dá um entrosamento fantástico. A maioria dos jogadores foi formada no próprio clube, o que facilita na formação de uma identidade e na assimilação do esquema tático. O Barcelona atingiu um estágio em que gera admiração e inveja em iguais proporções. Todos sonham imitá-lo, tanto quanto desejam derrotá-lo. Já disse que não concordo que o atual time do Barcelona seja o melhor de todos os tempos. Porém, é inegável que já se inscreveu entre os maiores times da história do futebol. Como tudo, no futebol e na vida, a grande fase do Barcelona não vai durar indefinidamente, mas parece ainda longe de acabar. Até que isso aconteça, os que apreciam o bom futebol, independentemente de suas preferências clubísticas, continuarão a usufruir as apresentações de um time que não apenas joga, mas, sim, na maioria das vezes, proporciona um espetáculo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Imprensa livre

A imprensa conservadora brasileira denuncia constantemente a intenção, por parte do governo federal, de "cercear a liberdade de expressão", "controlar os meios de comunicação", e outras acusações de igual gênero. Na verdade, a dita "comunicação social", no Brasil, se encontra num patamar lastimável, pois ela nada tem de social. Os grandes veículos da imprensa brasileira não traduzem o pensamento das ruas, apenas espalham pregações afinadas com os interesses e a visão de mundo dos seus proprietários. O maior exemplo disso é a revista "Veja". A publicação está permanentemente atenta a toda e qualquer ação que entenda ser de um cunho esquerdista e antidemocrático, mas faz exatamente o que condena, no flanco oposto, o da direita. Entre as "pérolas" que podem ser extraídas da sua última edição estão coisas como: "Obama fala da desigualdade como se fosse, sempre, uma chaga. É da desigualdade de renda que nascem investidores que, por sua vez, animam e inovam a economia, de tal modo que ela só é nefasta quando excessiva e aguda". Pois é, é isso mesmo que você leu. A revista estava se referindo a denúncia, feita pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, da desigualdade de renda em seu país. "Veja" entende que um pouquinho de desigualdade não faz mal a um país. Algo tão lógico quanto um médico dizer para o seu paciente que um pouco de febre é até bom, ou que uma dor, se não for muito forte, não traz nenhum problema! A revista enviou o seu "especialista" em educação, Gustavo Ioschpe para a China, a fim de documentar a excelência de seu método de educação. Ioschpe ficou fascinado com um sistema de ensino que prevê aulas em dois turnos todos os dias, três horas de deveres escolares todas as noites em casa, e reforço aos domingos. A maioria dos jovens chineses submetidos a esse sistema, exalta o enviado, não tem namorada, não vai a baladas, não usa drogas e não fuma. Ioschpe só se esqueceu de dizer que os cidadãos chineses vivem num país sem democracia, onde a internet é censurada, a carga horária de trabalho é desumana, os salários são aviltantes. Ao atacar sistematicamente o governo brasileiro, legitimamente eleito, ignorar um livro que expôs as mazelas da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por quem nutre indisfarçável simpatia, defender a ideia de que a desigualdade social não é um mal em si, e fazer a apologia de um regime despótico e desumano como o que comanda a China, "Veja" demonstra que está a serviço, unicamente, dos interesses do neoliberalismo selvagem. Sua linha editorial torna-se, a cada dia, mais fobicamente reacionária e direitista. Em termos práticos, a revista nada tem conseguido com sua pregação fascistóide. Pelo contrário, os índices de aprovação dos governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef são os maiores da história do país, e não há nenhum indício de que o PT possa deixar a presidência da República tão cedo. Porém, é necessário que a comunicação social no Brasil seja repensada. Ela tem de refletir os interesses da sociedade como um todo, não de grupos. A grande imprensa quer que tudo fique como está, mas assim não pode ser. A liberdade de expressão e informação tem de ser preservadas, mas os veículos de imprensa devem contemplar, prioritariamente, o pensamento da opinião pública, não o de seus proprietários. Dessa forma, com esperneio ou não, mais cedo ou mais tarde, uma nova regulamentação da comunicação no Brasil terá de ser feita. Para o bem da maioria e interesse maior do país.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Reforços e um discurso coerente

O dia de hoje no Grêmio apontou no rumo de tempos promissores. O clube apresentou para seus torcedores mais um reforço, o atacante Marcelo Moreno, e anunciou a contratação de outro, o zagueiro Sorondo. São duas boas notícias. Marcelo Moreno é um jogador de qualidade, já foi artilheiro da Libertadores, e é, ainda, bastante jovem. Sorondo é um bom zagueiro, que interessa ao Grêmio desde 2007. Estava no Inter, onde pouco jogou devido a várias e graves lesões. Apesar desse histórico, e de já ter ultrapassado os 30 anos, vale a aposta. O Grêmio não iria se atirar numa aventura. Se o contratou é porque os médicos do clube atestaram que o jogador possui condições clínicas para atuar. Em relação á sua capacidade, não há dúvida de que se trata de um bom zagueiro. Porém, o que de melhor aconteceu no dia gremista foi, possivelmente, o que disse o gerente de futebol Paulo Pelaipe. Demonstrando entender a essência do que seja um grande clube, Pelaipe declarou que não promete títulos para o torcedor, mas que irá montar um time competitivo, capaz de fazer com que o Grêmio seja postulante a conquistar todas as competições de que participar. Pelaipe acertou na "mosca". Um clube, por maior que seja, não irá ganhar tudo o que disputar, é óbvio. A diferença em relação aos pequenos e médios, no entanto, é que o clube grande, por sua importância, representatividade, estrutura e apelo popular, tem de estar permanentemente apto a postular o título de toda e qualquer competição. Não pode se contentar apenas em participar, tem de almejar ser campeão. As contratações do Grêmio, até agora, são boas. As saídas, como as de Adílson e William Magrão, também. Junta-se a essa boa prática, agora, um discurso sensato e coerente. O Grêmio de 2012 já surge, depois de anos de desencanto, como uma perspectiva alentadora.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Velhas intenções

A "flexibilização" das leis trabalhistas é um antigo sonho da direita brasileira. O discurso é conhecido, as alegações são repetidas, isto é, de que a legislação trabalhista do Brasil é muito antiga, por ser da década de 40 do século passado, de que ela é excessivamente detalhista e intervencionista, de que dificulta as contratações pelos custos que acarreta para as empresas. Por trás de todo esse arrazoado se esconde, na verdade, a intenção de precarizar cada vez mais os empregos, facilitando as demissões e implantando uma política de baixos salários, que favoreça o aumento dos lucros dos empregadores. Essas ideias são constantemente defendidas por empresários e por veículos da grande imprensa, permanentemente a serviço do capital. A mais notória publicação dessa vertente jornalística, a revista "Veja", traz, em sua última edição, uma entrevista, nas "páginas amarelas", com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, João Oreste Dalazen. Por incrível que pareça, Dalazen, em vez de defender obstinadamente os interesses dos trabalhadores, faz eco aos argumentos conservadores. Dalazen diz que são necessárias a revisão e a atualização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Na opinião do magistrado, a intervenção estatal na legislação trabalhista é exagerada, a lei deveria assegurar um patamar mínimo de proteção ao trabalhador e com "sindicatos fortes e representativos" o diálogo entre as partes construiria normas permanentes, aplicáveis e suportáveis para cada segmento, levando em conta "as especificidades de cada um". Dalazen cita o modelo trabalhista americano como exemplo de um vastíssimo sistema de negociação coletiva "sem quase nenhuma intervenção estatal no ãmbito legal". Sobre a crescente tendência da terceirização, Dalazen considera inegável se tratar de "um fenômeno econômico irreversível no plano universal", pois entende ser "compreensível" que as empresas se utilizem desse meio para aumentarem seus lucros com o barateamento do custo da mão de obra. Pobre trabalhador brasileiro! O presidente do Tribunal Superior do Trabalho não está interessado em defendê-lo. Mesmo revelando ser de origem muito pobre, e ter trabalhado, entre outras funções, como office-boy, engraxate, lavador de carro, cobrador e balconista, Dalazen tem conceitos afinados com as elites. A CLT nada tem de excessiva, isso não passa de retórica direitista. Na verdade, é necessário que se ampliem as conquistas e garantias dos trabalhadores, defendendo-os da sanha dos neoliberais. O Brasil é um dos países com maior desigualdade social e pior distribuição de renda do mundo. "Flexibilizar", as leis trabalhistas só iria agravar esse quadro. A direita seguirá tentando, mas não irá conseguir, ainda que conte com a adesão dos Dalazen da vida.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Chocolate

Foi um "banho de bola" como há muito tempo não se via. Uma decisão de Campeonato Mundial de Clubes que acabou se parecendo com uma pelada de fim de semana, tal a disparidade dos disputantes. O Barcelona ganhou do Santos como e quando quis. Seus gols tiveram brilho técnico, tanto coletivo como individual. A posse de bola, ao final do jogo, apontava 71% para o Barcelona e 29% para o Santos. Paulo Henrique Ganso não conseguiu jogar. Neymar, afora perder, talvez, a única grande chance de gol do Santos, já no segundo tempo, pouco fez. Ao final do primeiro tempo, o placar de 3 x 0 mostrava que o jogo já estava decidido. Messi, que havia aberto o placar com um belo gol, reservou outro, também muito bonito, para o segundo tempo, encerrando a goleada. O Barcelona provou que, atualmente, não tem adversários. Passa por cima de todos que vê pela frente. Dizer, como fazem alguns, que é o melhor time de todos os tempos é um evidente exagero, mas, na atualidade, inegavelmente, ninguém o supera. O Barcelona tem o melhor jogador do mundo, Messi, outros grandes nomes, como Xavi, Iniesta e Fábregas, um futebol coletivo que se vale do entrosamente de um time que joga junto há três anos, e um esquema tático que, muitas vezes, coloca o adversário "na roda". O toque de bola do Barcelona é envolvente, o time troca vários passes sem que o adversário consiga o desarme. Num dos gols de hoje, o Barcelona tocou a bola por quase dois minutos, trocando mais de vinte passes, até a conclusão para as redes. Após o jogo, Neymar declarou, com surpreendente sinceridade, que o Barcelona ensinou como se joga futebol. Neymar parecia resignado. Ele sabia que não havia o que fazer diante de um time tão inspirado e poderoso. Foi 4 x 0. Poderia ter sido muito mais. Como se costuma dizer, hoje em dia, foi um autêntico "chocolate" do Barcelona sobre o Santos. O resultado deve ensejar, também, algumas reflexões. Nas últimas cinco edições do Mundial de Clubes, os europeus ganharam todas, sendo que, no ano passado, o representante sul-americano sequer se classificou para a decisão. As duas últimas Copas do Mundo foram ganhas por seleções européias. O futebol sul-americano precisa reagir com urgência.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Duas perdas

O Brasil sofreu, hoje, a perda de duas grandes personalidades, de diferentes áreas de atuação, Joãosinho Trinta e Sérgio Britto. Joãosinho Trinta popularizou a figura do carnavalesco, isto é, do responsável pela concepção do desfile de uma escola de samba. Antes de Joãosinho, essa era uma função pouco percebida pelo grande público. Joãosinho Trinta revolucionou o Carnaval, adicionou-lhe o luxo e as mulheres desnudas, levou-o para um inevitável profissionalismo. Aos que criticavam sua concepção opulenta e faustosa dos desfiles, que teriam matado a pureza do Carnaval, respondia com uma frase que se tornou célebre: "Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual". Joãosinho contribuiu decisivamente para que o Carnaval se tornasse um espétaculo fascinante e inebriante, de muitas luzes e cores, indo muito adiante do simples samba no pé. Vários de seus enredos marcaram época, pela ousadia temática, pela beleza visual, ou sua antítese, como quando colocou na avenida pessoas vestidas de mendigos, e, também, por efeitos especiais, em que, até mesmo, um homem fez um vôo sobre a Marquês de Sapucaí. A importância de Joãosinho Trinta pode ser resumida nas palavras de Neguinho da Beija-Flor: "O Carnaval se divide em antes e depois de Joãosinho Trinta". O outro grande nome que nos deixou hoje, Sérgio Britto, foi, sobretudo, um homem do teatro, embora tenha atuado, também, no cinema e na televisão. No teatro sua grande paixão, foi ator e diretor. "O teatro não é chato, ele não se repete, o público é que se renova", disse, certa vez, Sérgio Britto. Mesmo tendo morrido com 88 anos, Sérgio Britto trabalhou até o fim. O teatro era a sua vida, a força que o movia. Seu trabalho atravessou gerações, marcado pela qualidade, reconhecido pelo público e pelos colegas. O Brasil perdeu, num mesmo dia, dois homens que atingiram a maestria nos ofícios que escolheram. Marcaram sua presença de maneira indelével e permanecerão nas nossas lembranças.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A popularidade de Dilma

Uma pesquisa realizada sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que a popularidade de Dilma Roussef é a maior da história para um presidente brasileiro no primeiro ano de mandato. Trata-se de um feito notável, pois Dilma supera, dessa forma, o seu antecessor no cargo, e padrinho político, Luís Inácio Lula da Silva, cujos índices de aprovação também eram superiores a todos os presidentes anteriores. Imagine-se o desespero que tais números devem estar causando em certos setores da sociedade brasileira. A revista "Veja", porta-voz do direitismo brasileiro, tem conseguido, com suas denúncias, derrubar vários ministros do governo Dilma. No entanto, como a pesquisa está a demonstrar, ainda que a revista consiga causar a demissão, um a um, de todos os ministros do governo, isso não resultará em perda de prestígio de Dilma junto à opinião pública. O governo Lula já havia deixado isso claro, mas a direita não aprendeu a lição. Os escãndalos José Dirceu/Valdomiro Diniz e do mensalão, apesar da ampla repercussão na imprensa, em nada afetaram a popularidade de Lula como presidente. O mesmo ocorre, agora, com Dilma. A mensagem do eleitor é muito clara. Ele estava satisfeito com o governo Lula e tem a mesma postura em relação á administração de Dilma Roussef. Pode-se lamentar o que parece ser uma indiferença das pessoas com a ética na política, mas o eleitor brasileiro está se mostrando pragmático. Ele está priorizando os próprios interesses. O brasileiro sabe que Lula melhorou a condição de vida dos mais pobres, promoveu o crescimento econômico, expandiu a geração de empregos, e entende que Dilma, por ser sua afillhada política, prosseguirá nessa direção. A verdade é que, para o desalento da grande imprensa e demais parcelas reacionárias da sociedade brasileira, não há nenhuma perspectiva de alternãncia no poder nos próximos anos. A era do PT na presidência da República tem tudo para ser muito longa.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pouco mais que um treino

Como já se esperava, o Barcelona não teve nenhuma dificuldade para vencer, hoje, o Al Sadd, do Catar, e classificar-se para decidir o Mundial de Clubes contra o Santos. A goleada de 4 x 0 não diz o que foi o jogo, poderia ter sido muito mais. O Al Sadd conseguiu resistir por mais de vinte minutos até sofrer o primeiro gol, armando uma retranca poucas vezes vista, mas o lance que colocou o Barcelona em vantagem mostrou toda a limitação do time catariano. O goleiro, para não segurar uma bola que lhe foi atrasada por um companheiro, o que resultaria na marcação de uma falta, titubeou e permitiu que o brasileiro Adriano empurrasse a bola para o fundo das redes. Os demais gols do Barcelona também foram marcados com grande facilidade, e o goleiro falhou, praticamente, em todos. Foi pouco mais que um treino para o Barcelona que, no entanto, teve o prejuízo da fratura de tíbia de David Villa, que ficará parado por seis meses. Agora, é esperar para ver a grande decisão de domingo entre Santos e Barcelona. Tem tudo para ser um jogo inesquecível.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Supremacia individual

A vitória do Santos sobre o Kashiwa Reysol, hoje, por 3 x 1, foi determinada pelas individualidades, mas o time brasileiro pecou no que tange ao aspecto coletivo. O Santos, sabidamente, possui jogadores mais qualificados que os do Kashiwa, e dois deles, Neymar e Paulo Henrique Ganso, são diferenciados, do tipo que podem resolver uma partida sozinhos. Neymar, inclusive, confirmou isso, ao fazer 1 x 0 para o Santos, em jogada de craque, sendo que, até aquele momento, o time brasileiro pouca tinha realizado em campo, com a posse de bola estando a maior parte do tempo com o adversário. O gol de Borges, cinco minutos depois, foi outro que teve o brilho da jogada pessoal. Borges tentava encontrar um companheiro para passar a bola. Como a marcação não permitisse isso, conduziu a bola, cortou um marcador e descortinou uma brecha para chutar a bola no ângulo, fazendo um golaço. O gol do Kashiwa, no início do segundo tempo, de cabeça, após uma cobrança de escanteio, mostrou uma falha defensiva preocupante para quem terá de enfrentar o Barcelona, já que ninguém cogita da eliminação do time espanhol para o Al Sadd, do Catar. O jogo só não cresceu em dificuldades, porque Danilo cobrou uma falta com maestria, ainda que o goleiro pudesse ter, pelo menos, saltado. Foi outro lance de habilidade individual, que resultou em mais um gol para o Santos. O representante sul-americano fez sua parte, classificando-se para a decisão do Mundial de Clubes, e evitando o vexame proporcionado pelo Inter em 2010, quando perdeu para o Mazembe, um time bem inferior ao Kashiwa Reysol. Assim, o Santos só fica na espera do seu adversário para a decisão de domingo, que, certamente, deverá ser o Barcelona. A vitória de hoje, no entanto, ficou apenas como a confirmação de uma expectativa. O futebol demonstrado pelo Santos não entusiasmou, e o time brasileiro terá de jogar muito mais para poder fazer frente ao poderoso Barcelona. Só com os talentos individuais, não será suficiente, pois o Barcelona também os possui, e tem um desempenho coletivo afinadíssimo. Será um jogo imperdível, em que teremos um confronto de talentos entre Neymar e Messi. O desafio do Santos, vencer o Barcelona, é enorme, mas isso só o torna mais estimulante. O Santos sabe que o adversário é favorito, mas em futebol tudo é possível. Tudo indica que Santos x Barcelona será um espetáculo como há muito tempo não se vê no futebol. Resta torcer para que isso se confirme, e desejar boa sorte ao Santos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O silêncio da grande imprensa

A sociedade avança, mas o comportamento de certos setores não muda. A grande imprensa brasileira continua a divulgar amplamente o que serve aos seus propósitos, e a ignorar o que se choca contra os seus interesses. O livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr.,vem sendo ignorado pelos grandes veículos da imprensa brasileira. A obra trata dos malfeitos cometidos durante as privatizações realizadas pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Defensora ardorosa do privatismo e do neoliberalismo, a grande imprensa não faz qualquer referência ao livro, ao mesmo passo em que, a cada semana, divulga mais uma denúncia contra o governo federal, comandado pelo PT, partido contra o qual possui um ódio indisfarçável. Felizmente, as redes sociais trouxeram consigo uma democratização da informação. Foi por meio das redes sociais que o livro de Amaury Ribeiro Jr. recebeu ampla divulgação. Como resultado, a tiragem inicial, de 15 mil exemplares, se esgotou num único dia! Foi inútil o esforço da imprensa conservadora para tentar abafar a repercussão da obra. Já  não há mais como manipular a informação impedindo-a de chegar ao público. "A Privataria Tucana" se tornou um sucesso de vendas. Para quem havia esquecido, o livro trata de relembrar que os que hoje pregam a condição de defensores da ética na política, quando estiveram no poder, trocaram patrimônio público por "moedas podres", num predatório processo de privatização. A notáver acolhida do livro mostra que não é mais possível conduzir a informação e manipular a opinião pública. Tal e qual a Carolina da célebre composição de Chico Buarque de Holanda, o tempo passou na janela e só a grande imprensa não viu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A vitória do bom senso

O plebiscito realizado ontem para decidir sobre a divisão do Pará em outros dois estados terminou com uma vitória esmagadora da opção "não". Um total de 68,4% dos eleitores consultados rejeitou a criação do estado de Tapajós, e 67,4%  foram contrários ao estado de Carajás. Foi uma vitória, também, do bom senso. A criação de novos estados tem benefícios muito duvidosos, se é que gera algum, mas ocasiona prejuízos bastante evidentes. A partir da instalação de novas unidades federativas, várias instituições tem de ser criadas, o que leva ao surgimento de uma série de cargos, pagos com o dinheiro público. São novos governadores, deputados federais e estaduais, senadores, assessores, cargos de confiança, justiça estadual, entre outras funções. Antes que possa obter qualquer ganho prático com a divisão territorial, o cidadão e contribuinte é chamado a pagar a conta. Felizmente, o eleitor, tido quase sempre como despreparado, soube, no caso em questão, ter o discernimento de recusar a proposta de criar novos estados. O Pará seguirá tendo o seu tamanho original. As regiões que abrangem as áreas em que seriam instaladas as novas unidades federativas terão de achar outras alternativas para o seu desenvolvimento que não impliquem no fracionamento do território paraense. O Brasil ficará um pouco mais tranquilo, pois estará livre de um novo desperdício de dinheiro público. Tomara, inclusive, que a derrota fragorosa da proposição divisionista desencoraje ideias semelhantes no futuro. O eleitor paraense está de parabéns. Ele provou que, ao contrário do que expressa o chavão por muitos propalado, o brasileiro sabe votar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Conquista inesquecível

O dia 11 de dezembro marca a passagem de mais um aniversário da conquista do Campeonato Mundial de Clubes pelo Grêmio, em Tóquio. Foi em 1983, já se passaram 28 anos. O adversário era o Hamburgo, que naquele ano derrotara, na decisão da Copa dos Campeões da Europa, o poderoso Juventus, que tinha oito jogadores da seleção da Itália, mais os astros Platini, francês, e Boniek, polonês. Foi uma partida inesquecível, que consolidou Renato, autor dos dois gols do Grêmio na vitória por 2 x 1, como o maior jogador e ídolo da história do clube. O Grêmio voltou a Tóquio doze anos depois, em 1995, para decidir, novamente, o título mundial, desta vez contra o Ajax. O Ajax era o melhor time do mundo na época, mas só obteve o título nos tiros livres da marca do pênalti, depois de um 0 x 0 que se estendeu por toda a partida, e também pela prorrogação, com o Grêmio tendo jogado grande parte do tempo com um homem a menos, devido à expulsão de Rivarola. Num momento tão ruim como vive o Grêmio atualmente, há dez anos sem conquistar um título de expressão, o feito de dezembro de 1983, mais do que nunca, tem de ser lembrado, não pode cair no esquecimento. Ele serve como um indicativo, para os que dirigem o clube, da extensão do poderio da instituição, e de qual o caminho que ela deve, permanentemente, perseguir. O Grêmio dos últimos dez anos não tem sido fiel á sua história gloriosa, o que tem frustrado e machucado o seu torcedor. Mais do que comemorar a passagem do aniversário de uma conquista, a lembrança do título mundial de 1983 deve servir como um farol a iluminar a trajetória futura do clube, para o reencontro com a sua imensa grandeza.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Impunidade

Já me referi ao assunto outras vezes nesse espaço, mas é pertinente fazê-lo novamente. A manutenção da chamada "Lei da Anistia" é algo inaceitável, que fará com que o Brasil continue com as feridas causadas pelo espúrio golpe militar de 1964 permanentemente abertas. Felizmente, apesar dos indicativos do governo federal de que pretende ceder á influência dos que querem deixar tudo como está, há fortes pressões em sentido contrário. A Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) deu ao Brasil um prazo até o dia 14 de dezembro para alterar a Lei da Anistia e permitir a punição de torturadores, a exemplo do que ocorreu em outros países da América do Sul, como Argentina e Uruguai. A ONU também se manifesta favorável á revisão da anistia. O ex-secretário nacional de Direitos Humanos, e ex-deputado federal pelo PT de Minas Gerais, Nilmário Miranda, atualmente presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, diz que espera que a criação da Comissão Nacional da Verdade, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional, possa mobilizar a opinião pública para que a Lei da Anistia seja revista. Em abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal rejeitou uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que contestava a Lei da Anistia. A lei, promulgada em 1979, concede perdão a todos os crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985), inclusive torturas praticadas por agentes do Estado contra presos políticos. A manutenção dessa lei é um escárnio. Ela tem de ser revista. Há que se punir exemplarmente os artífices do abjeto golpe militar pelas monstruosidades que praticaram. Argentina e Uruguai já deram o exemplo. Façamos o mesmo. Para superar, definitivamente, esse fato traumático de nossa história, é preciso acabar com a impunidade. O lugar de golpistas, torturadores, liberticidas e assassinos é na cadeia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sessenta anos de uma paixão brasileira

As telenovelas estão completando, em 2011, 60 anos de existência no Brasil. Portanto, já no ano seguinte à implantação da televisão no país, ocorrida em 1950, a primeira novela ia ao ar. Trata-se de um gênero de programa que caiu no gosto do público, consolidou-se ao longo dos anos, foi evoluindo tecnicamente na sua realização, e tornou-se um produto brasileiro de exportação. Para os observadores mais atentos, isso não deveria constituir surpresa. Os brasileiros já se mostravam grandes apreciadores das radionovelas, e é natural que aderissem com entusiasmo ao folhetim com imagens. O preconceito de setores da intelectualidade brasileira resultou, muitas vezes, em críticas ferozes às telenovelas. Como tudo que desperta intensa paixão popular, as novelas receberam rótulos depreciativos como, por exemplo, o de que seriam alienantes. Durante esse período de 60 anos, a decadência e o esgotamento do gênero foram várias vezes previstos pelos analistas de comunicação, algo que jamais se confirmou, muito antes pelo contrário. Ao longo de tantos anos, é óbvio, foram levadas ao ar novelas excelentes, boas, razoáveis, e ruins. Não é diferente em qualquer outro campo de atividade humano. Porém, não reconhecer o valor das telenovelas é uma triste manifestação de pedantismo daqueles que se julgam acima do gosto médio da população. As novelas são realizadas, hoje, com notável apuro técnico, envolvem gastos milionários e um enorme contingente de pessoas para a sua produção. Nada autoriza a que se imagine seu enfraquecimento, nem mesmo a médio ou longo prazo. O brasileiro costuma depreciar seu país e desfazer da capacidade de realização de seu povo. Pois as novelas são uma prova de que o brasileiro é capaz de produzir em alto nível, com reconhecimento internacional. Não somos só o país do futebol e do carnaval. Somos, também, o país das novelas. Um produto feito com altíssima qualidade por brasileiros, e que é exportado para diversos países, divulgando lá fora nossos hábitos e costumes. Os sessenta anos das telenovelas merecem ser saudados. Nada faz tanto sucesso, por tão largo espaço de tempo, se não for muito bom.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um dia de luto para a música

Decididamente, o dia 8 de dezembro é uma data de luto para a música. Foi nesse dia que, em 1980, John Lennon foi assassinado. Também num 8 de dezembro, em 1994, morreu Tom Jobim. Dois grandes compositores, de estilos muito distintos, mas, ambos, de notável sucesso. Lennon foi integrante dos Beatles, o maior grupo de rock de todos os tempos, cujos discos atingiram vendagens estratosféricas. Afora os inúmeros clássicos que compôs para o grupo, sempre assinados em conjunto com Paul McCartney, mesmo que a autoria fosse só de um deles, Lennon emplacou sucessos também em sua carreira solo, como "Imagine", considerada uma das mais belas músicas já criadas. Tom Jobim, com a sensível desvantagem de compor em português e ser oriundo de um país de terceiro mundo, foi um dos criadores da Bossa Nova, movimento musical de grande repercussão no Brasil e muito apreciado no exterior. "Garota de Ipanema", música que compôs em parceria com Vinícius de Moraes, é um dos grandes standards da música mundial. Em termos de direitos autorais, ao que se sabe, "Garota de Ipanema" só perde para "Yesterday", composição de Paul McCartney assinada por ele e John Lennon. Tom Jobim, por sinal, no conjunto da obra, só perde em arrecadação de direitos para as músicas dos Beatles. Sobre isso, ele costumava dizer que "eles são quatro e eu um só, e, além disso, eles cantam em inglês". Deixando essas questões de lado, hoje é dia de reverenciar a memória desses dois grandes talentos. Felizmente, as gravações em áudio e vídeo estão aí para que possamos matar a saudade. Pena é que eles se foram cedo. Lennon com apenas 40 anos, completados 59 dias antes de sua morte. Tom com 67 anos. Ambos poderiam estar até hoje entre nós, criando novas e belas composições. Porém, o material que deixaram é vasto, e há de nos acompanhar e encantar ao longo de nossas vidas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A festa das gafes

A festa de entrega dos prêmios para os melhores do Campeonato Brasileiro de 2011, realizada anteontem no auditório do Ibirapuera, em São Paulo, ficou marcada pelas gafes. Jogador que foi chamado ao palco e não estava no recinto, falta do envelope para anúncio de premiação, entre outros fatos, tornaram a festa ainda mais "bagunçada" do que em anos anteriores. Eis um fato que chama a atenção. Apesar dos ambientes nobres em que é realizada, nos anos anteriores a festa teve por local o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e da presença de astros da Rede Globo como apresentadores, a premiação aos melhores do Brasileirão tem sido, ano após ano, uma cerimônia confusa. Na edição desse ano, por exemplo, o zagueiro Dedé, do Vasco, teve seu nome anunciado para receber um prêmio. O jogador, no entanto, não estava no local. Onde estava Dedé? Participando do programa "Bem Amigos", do Sport TV, canal de esportes a cabo da própria Rede Globo, co-promotora do evento da CBF! O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, subiu ao palco para entregar um prêmio, mas o envelope com o nome do vencedor não havia sido levado aos apresentadores da cerimônia. A diretoria do Vasco, vice-campeão brasileiro e clube com mais jogadores premiados, não foi convidada  para a festa, fato que a CBF imputou à empresa responsável pela organização do evento. Em edições anteriores, outras gafes foram cometidas. A partir do que se vê nessa e em tantas outras premiações no país, fica a impressão de que o gosto brasileiro pela informalidade é tão grande que nos impede de dar a devida solenidade a determinadas situações. Muitos criticam a festa do Oscar, considerando-a um espetáculo "kitsch"  e aborrecido, mas ela é feita com rigor profissional.  No Brasil, nas premiações do esporte, do cinema e da música, o que se vê são figurinos equivocados, quando não absolutamente desleixados, apresentadores atrapalhados, e uma série de outros deslizes incompatíveis com um evento que se pretenda grandioso. A descontração e a capacidade de improvisação dos brasileiros são atributos apreciáveis, mas há momentos em que eles são indesejáveis.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A morte no exílio

No dia de hoje, 6 de dezembro, completam-se 35 anos da morte do ex-presidente João Goulart. Uma morte prematura, aos 57 anos, de um homem amargurado pela condição de exilado, impedido, por um espúrio regime militar, de retornar ao seu país. O "crime" cometido por Goulart que o fez ser condenado ao exílio, foi ter tentado realizar reformas que tornassem o país mais justo e menos submetido aos interesses do capital internacional. Num país que, até hoje, é um dos mais desiguais do mundo, contrariar interesses dos grandes grupos econômicos em busca da justiça social foi considerado um desaforo por parte das forças retrógradas que, desde a descoberta do Brasil, são responsáveis pelo seu atraso. Não satisfeitos em impedi-lo de voltar ao Brasil, os golpistas que se apoderaram do país trataram de enxovalhar a memória de Goulart. A historiografia oficial o apresenta como um homem vacilante, de personalidade fraca. A exemplo de seu mentor político, Getúlio Vargas, João Goulart era um grande proprietário de terras. Porém, também como Getúlio, tinha sensibilidade social. Getúlio tirou o Brasil do atraso político e econômico. Recebeu a imensa gratidão do povo, mas despertou o ódio das elites, cujas pressões resultaram no seu suicídio. Goulart propôs reformas de base que mudariam a face do país. Foi tachado de comunista, perseguido, deposto e, por fim, exilado. Morreu, oficialmente, de um ataque cardíaco, mas há quem sustente que foi assassinado pelas forças da repressão. Ao contrário de tantos outros que foram remetidos para o exílio, não teve a chance de voltar. Morreu três anos antes da entrada em vigor da Lei da Anistia, que permitiu o retorno ao Brasil de Leonel Brizola e Miguel Arraes, entre outros. A data de hoje não deveria passar em branco. As novas gerações deveriam saber que o Brasil teve um presidente que quase foi impedido de assumir, aceitou tomar posse num regime parlamentarista que lhe retirava poderes, mais tarde teve as atribuições de seu cargo restituídas e, finalmente, foi deposto por um abjeto golpe de estado. Por ter aceitado, inicialmente, o arranjo parlamentarista que lhe permitiu tomar posse e, mais tarde, não ter resistido ao golpe que lhe apeou do poder, Goulart foi tido por muitos como um homem sem fibra. Na verdade, nas duas situações, parece ter prevalecido o sentimento, por parte do ex-presidente, de não atirar o país numa guerra fratricida. Goulart desejava mudar o Brasil para melhor, mas não ao custo de um banho de sangue. Passados 35 anos de sua morte, o Brasil ainda deve a João Goulart o devido reconhecimento pelo que fez e pelo que tentou realizar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A chegada de Caio Júnior

Caio Júnior foi apresentado, no final da tarde de hoje, como o novo técnico do Grêmio. Particularmente, não o considero um bom técnico. Seu currículo não o recomenda, pois apesar de ter trabalhado em grandes clubes como Palmeiras, Flamengo e Botafogo, não possui títulos. Lembra nesse aspecto, vários técnicos, como Celso Roth, Cuca, Adílson Batista, entre outros, que pouco ou nada ganham, apesar de passarem por clubes de expressão. Sua tarefa será dificílima, pois terá de levar de volta às grandes conquistas um clube cujo time quase nada deixou de bom em 2011. Em seu último jogo do ano, o Gre-Nal de ontem, no Beira-Rio, o Grêmio foi um resumo de todo o seu fracasso nesse período. Foi mal escalado, apresentou um esquema de jogo inadequado, não teve poder ofensivo. Perdeu a partida por um pênalti cometido por um jogador, Fábio Rochemback, que era, desde o início, o pior homem em campo. Lento, pesado, voltando de lesão, Rochemback, mesmo assim, foi escalado por Celso Roth, que ainda lhe confiou a faixa de capitão. O resultado foi o que se viu. O Grêmio não mostrou poder ofensivo e, praticamente, não chutou a gol. Com exceção de Saimon e Fernando, os demais jogadores pareciam já estar em ritmo de férias. Caio Júnior terá muitas tarefas difíceis pela frente, e uma delas, essencial para que tenha êxito, é identificar os falsos brilhantes, como Rochemback, e afásta-los do time. O novo técnico do Grêmio é uma aposta, num momento em que o clube deveria buscar um nome mais afirmado. Porém, em outras ocasiões, o Grêmio fez apostas que se mostraram bem sucedidas, como nos casos de Felipão, em 1987, Tite, em  2001, e Mano Menezes, em 2005. Ao contrário desses citados, Caio Júnior chega ao Grêmio já tendo passado por outros grandes clubes. Pode ser uma vantagem. No momento, resta desejar boa sorte para Caio Júnior. Ele, certamente, irá precisar.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sócrates

A morte do ex-jogador Sócrates, na madrugada do dia em que aconteceu a última rodada do Campeonato Brasileiro, impactou o meio futebolístico. Sócrates era uma figura marcante do futebol, disputou duas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira, foi um dos maiores ídolos do Corinthians. Era, também, um homem de posições fortes e engajado politicamente. No ínício dos anos 80, liderou a chamada "democracia corintiana", que buscava estabelecer novos parâmetros nas relações entre clubes e jogadores com medidas, por exemplo, como o fim das concentrações antes dos jogos. Sócrates faleceu com 57 anos, uma morte que pode ser considerada prematura, dada a expectativa de vida cada vez mais larga nos dias de hoje. Porém, quem vinha acompanhando o que acontecia com Sócrates nos últimos tempos não foi pego de surpresa pela notícia. Essa era a terceira internação de Sócrates em quatro meses. O ex-jogador já havia revelado que sofria de cirrose hepática devido ao alcoolismo. Sua aparência física denotava a precariedade de seu estado de saúde. Sócrates tinha um rosto precocemente envelhecido, uma aparência cansada, apresentava-se desmazelado. Sua imagem era a de quem havia perdido o rumo. Mesmo sendo um homem esclarecido, formado em Medicina, e um ídolo de um grande clube como o Corinthians, a vida parecia pesar sobre os seus ombros. Aparentemente, era daquelas pessoas que apresentam um permanente desconforto existencial, uma sensação de inadequação ao meio que o cerca. Depois que parou de jogar, Sócrates parece ter se desencontrado definitivamente. Não se firmou como médico. Não abraçou a carreira de técnico, embora tenha tido experiências na função em pequenos clubes. O passado exitoso não o sustentou animicamente. Sócrates tinha uma visão de sociedade ideal muito distante da existente no Brasil. Admirava o modelo implantado em Cuba e deu a um de seus filhos o nome de Fidel Brasileiro. Como tantos visionários, Socrátes não suportou o peso da realidade. Morreu cedo, mas deixou sua marca. Será lembrado por suas jogadas de calcanhar, sua participação na grande Seleção Brasileira de 1982, por tomar parte na campanha das eleições diretas para presidente da República. Vai-se o homem, fica o personagem histórico.

Um final sem surpresas

A última rodada do Campeonato Brasileiro acabou determinando que a competição tivesse um final sem surpresas. Como se esperava, o Corinthians ficou com o título, o que é bastante justo para quem liderou 25 das 38 rodadas. O Vasco fez uma campanha elogiável, mas não conseguiu superar o Corinthians, ficando com um digno vice-campeonato. O Fluminense, que há algumas rodadas tinha tudo para ser o campeão, obteve a última das vagas diretas para a Libertadores. Flamengo e Inter disputarão a pré-Libertadores. Os resultados dos jogos que estabeleceram essa definição de posições foram bastante lógicos. Corinthians e Vasco não foram além de empates, o que é normal, pois enfrentaram seus maiores rivais, Palmeiras e Flamengo, respectivamente. O Fluminense também empatou, com o Botafogo, outro resultado normal em se tratando de um clássico. O Inter ganhou do Grêmio, o que já era esperado por todos, e ainda contou com a incrível bobeada do Coritiba, que se deixou derrotar pelo já rebaixado Atlético Paranaense, entregando de bandeja a vaga na pré-Libertadores para o clube gaúcho. Como se tratava de mais um confronto entre grandes rivais, no entanto, a derrota do Coritiba não chega a ser uma "zebra". O único jogo "estranho" foi Cruzeiro x Atlético Mineiro. O Cruzeiro ganhou por 6 x 1, goleada que é a maior da história do clube sobre o Atlético Mineiro. Como pode um time que fazia uma campanha tão ruim, e que jogou desfalcado, ganhar uma partida contra o seu maior rival por um placar tão elástico? Nem mesmo o fato de que o Cruzeiro estava mobilizadíssimo na busca de fugir do rebaixamento e o Atlético apenas cumpria tabela podem explicar um resultado como esse. De qualquer forma, dos dois outros clubes interessados no jogo, só o Atlético Paranaense poderá chiar, pois ganhou sua partida contra o Coritiba e, no caso de uma derrota do Cruzeiro escaparia do rebaixamento. O Ceará não terá como reclamar, pois não fez a sua parte e perdeu para o Bahia por 2 x 1. Outra goleada da rodada foi Atlético Goianiense 5 x 1 América Mineiro , que classificou o clube goiano para a Copa Sul-Americana. O São Paulo também ganhou de goleada, 4 x 1 sobre o Santos, mas de nada adiantou, pois a vitória do Inter o deixou fora da fase prévia da Libertadores. Terminado o Brasileirão, o balanço que se pode fazer é de que foi um campeonato emocionante, decidido, mais uma vez, na última rodada, mas que foi fraco tecnicamente. O campeão Corinthians, apesar dos méritos inegáveis de sua conquista, está longe de ser um grande time. O Vasco, embora a ótima campanha, também não é um time de exceção. Os grandes clubes brasileiros possuem times que se equivalem nas virtudes e nos defeitos. Para 2012, seria desejável que a competição permanecesse emocionante, mas que o nível técnico melhorasse substancialmente.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Chegou a hora da definição

Dentro de poucas horas, o Campeonato Brasileiro terá a sua definição. Teremos, na última rodada, a revelação de quem será o campeão, de mais dois classificados para a Taça Libertadores da América, de quem mais irá para a Copa Sul-Americana, e de mais dois clubes a serem rebaixados. Com isso, nenhum dos dez jogos da rodada é isento de interesse. Em todos os jogos, pelo menos um clube está em busca de um objetivo. Ora, se ainda havia alguma dúvida sobre o quanto é boa a fórmula de campeonato com pontos corridos, aí está a prova. Mais uma vez, o campeão só será conhecido na última rodada. Mesmo os clubes que estão alijados da possibilidade de alcançar o título, tem metas a atingir. Até mesmo clubes que já estão há várias rodadas sem um interesse maior pela competição, casos de Grêmio e Palmeiras, por exemplo, terão, nessa última rodada, fatores de estímulo para os jogos que irão realizar. O Grêmio tentará impedir que o Inter, seu maior rival, se classifique para a Libertadores. O Palmeiras buscará atrapalhar a conquista do título pelo seu maior adversário, o Corinthians. O Avaí, já rebaixado, tentará eliminar qualquer chance do Figueirense participar da Libertadores. O Atlético Mineiro vai se esforçar para rebaixar o Cruzeiro. Como se vê, por todos esses exemplos, será uma rodada empolgante, demonstrando que não é só o "mata-mata" que proporciona partidas eletrizantes. Agora é esperar e acompanhar, nos estádios ou pela televisão, todas as definições pendentes do Brasileirão. Emoção não irá faltar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As mudanças no calendário

A CBF anunciou mudanças no calendário do futebol brasileiro, a partir de 2013. A Copa do Brasil será mais extensa, sendo disputada de março a novembro, e não mais de fevereiro a junho ou julho. A competição terá um total de 86 concorrentes, e os clubes que estiverem na Libertadores do mesmo ano poderão participar, o que hoje não ocorre, mas entrando apenas a partir da quarta fase. Também haverá modificações em relação à participação dos clubes brasileiros na Copa Sul-Americana. Não ocorrerá mais uma primeira fase com enfrentamento dos clubes brasileiros entre si, o que, aliás, nunca deveria ter acontecido. O número de participantes do país na competição diminuirá, passando para quatro, em vez dos atuais oito, tornando o processo de classificação mais exigente e interessante. No geral, as modificações foram boas, porém, não concordo com a extensão da Copa do Brasil até novembro. Com isso, ela iniciará antes mas terminará quase junto com o Campeonato Brasileiro, num paralelismo que não me parece saudável. Isso será feito para que os clubes que estiverem na Libertadores possam integrar a Copa do Brasil, mas não de modo simultâneo, só ingressando na competição após o término de sua participação na disputa sul-americana. O que a CBF deveria fazer, em benefício do futebol brasileiro, seria diminuir os anacrônicos campeonatos estaduais, ou, simplesmente, retirar os grandes clubes dessas competições. Não faz sentido os grandes clubes brasileiros, durante quase um semestre inteiro, de janeiro a maio, se envolverem em competições sem atrativo técnico e cuja importância ficou no passado. Sem os campeonatos estaduais, seria possível os clubes disputarem paralelamente a Libertadores e a Copa do Brasil, sem que a competição nacional tivesse de ser extendida em sua duração, gerando uma simultaneidade com o Campeonato Brasileiro que é absolutamente indesejável. Os campeonatos estaduais tem em torno de si os interesses das federações e da rede de televisão que detém os seus direitos de transmissão. Isso tem lhes dado uma sobrevida, mas chegará o dia em que, inevitavelmente, para o bem do futebol brasileiro, terão de ser extintos, ou, pelo menos, deixarem de contar com a participação dos grandes clubes.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A expansão do consumo

Faltando menos de um mês para o Natal, o governo federal anunciou, hoje, medidas de incentivo ao consumo, com a redução de impostos sobre produtos da chamada "!linha branca" (máquinas de lavar, refrigeradores, fogões) e estímulos à concessão de crédito. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, ao justificar as medidas adotadas, de que o brasileiro pode e deve continuar consumindo. Mantega rejeitou, também, qualquer semelhança entre as condições ecônomicas do Brasil e a dos países da Europa, onde o consumo está em queda e há alto índice de desemprego. A perspectiva, portanto, é de que tenhamos um Natal com grande volume de vendas no comércio. As palavras de Guido Mantega injetam confiança no futuro do país. Será, no entanto, que o panorama da economia brasileira é tão róseo assim? Na chamada "globalização econômica" é possível um país permanecer infenso à crise que se abate sobre o primeiro mundo? Não há dúvida de que, nos últimos anos, a economia brasileira fortaleceu-se e um grande número de pessoas ascendeu à classe média. Também é verdade que a criação de empregos no país vem ocorrendo em níveis muito bons. Tais fatos se refletem nas pesquisas que demonstram a satisfação dos brasileiros com o momento atual do país, sua confiança no futuro, e o grande índice de popularidade da presidente Dilma Roussef. Um quadro, portanto, bastante alentador, e muito diferente dos tempos de inflação galopante, consumo reprimido e desemprego em alta. Resta saber por quanto tempo o Brasil poderá ser uma ilha de prosperidade em meio à crise econômica da Europa que já resulta, no momento, num contingente de 16 milhões de desempregados. Tomara que as afirmações de Mantega estejam calcadas em fatores econômicos sólidos, que permitam a manutenção dessa situação favorável não só nos próximos meses, mas, de modo estável, por muitos anos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inveja

Dentre os sentimentos humanos, a inveja é um dos mais rasteiros. Ao desdenhar do sucesso alheio, questionando seu merecimento, o indívíduo expõe o tamanho do seu despeito. Tais conceitos me assaltam ao tomar conhecimento de uma declaração do ex-jogador de futebol moçambicano, naturalizado português, Eusébio. Atacante habilidoso, Eusébio foi o maior destaque de Portugal na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, a primeira de que a seleção daquele país participou, fazendo grande campanha e obtendo o 3º lugar. Porém, se dentro do campo foi um grande jogador, fora dele Eusébio revela-se um homem pequeno. A declaração a que me refiro foi dada por Eusébio em um evento no Rio de Janeiro. O ex-jogador disse que lamentava as atitudes que Pelé tinha em campo contra os zagueiros, e acrescentou que Garrincha "paralítico" foi o maior jogador brasileiro de todos os tempos. Tanto no Brasil, como no exterior, há pessoas que, por inveja, ousam por em dúvida a condição de maior jogador de todos os tempos atribuída a Pelé. Maradona insiste em provocar Pelé e em reivindicar para si a condição de o melhor entre todos. Messi disse que nunca viu os lances de Pelé, mas que isso não lhe faz falta. Leônidas da Silva, um dos grandes jogadores brasileiros da era pré-Pelé, também mostrava mágoa pelo fato do Rei do Futebol ter lhe suplantado em fama e reconhecimento. Leônidas, Eusébio, Maradona e Messi tem em comum a condição de grandes craques, que foram ou são, mas mostram-se, também igualados pela inveja diante de alguém que, sabidamente, foi superior a eles e a qualquer outro jogador. Só a inveja ou a mais absoluta burrice podem fazer com que alguém deixe de reconhecer em Pelé um talento insuperável, sua indiscutível condição de melhor jogador de todos os tempos. No caso de Eusébio, sua declaração, além de despeitada, foi extremamente deselegante, pois foi feita no Brasil, o país de Pelé. Ao agirem dessa forma, Eusébio, Maradona e outros demonstram que seus talentos se resumem ao trato com a bola dentro do campo. Fora dele, melhor seria que permanecessem de boca fechada.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Dez anos sem George Harrison

O tempo, como se sabe, passa muito depressa. Hoje, completam-se dez anos da morte de George Harrison. Para um beatlemaníaco como eu, uma data que não tem como ser esquecida. Lembro que, ao saber da notícia, fiquei profundamente abalado, ainda que tivesse conhecimento da gravidade de seu estado de saúde. George foi um grande guitarrista e inspirado compositor. Seu jeito reservado e um tanto tímido não permitiram que tivesse, como integrante dos Beatles, o espaço correspondente ao seu talento. George tinha imensa dificuldade para conseguir que o grupo gravasse composições de sua autoria. Ainda assim, mesmo tendo apenas 22 composições suas gravadas pelos Beatles, George foi responsável por alguns clássicos do grupo, como "Something", "While My Guitar Gently Weeps" e "Here Comes the Sun". Estreou em sua carreira solo com um disco antológico, o álbum triplo "All Things Must Pass", de 1970, considerado um dos 50 melhores de todos os tempos. Após outro disco exitoso, " Living in the Material World", de 1973, sua carreira discográfica teve altos e baixos, até que, em 1987, fez outro lançamento excelente, "Cloud Nine". A partir daí, não mais lançou álbuns de músicas inéditas, mas, nos anos 90, criou, junto com Bob Dylan, Roy Orbison, Jeff Lyne e Tom Petty, o supergrupo "The Traveling Wilburys", que lançou dois discos, o segundo deles já sem Orbison, que falecera. Em 1991, depois de 17 anos afastado dos palcos, realizou um show no Japão, acompanhado por Eric Clapton e banda, que foi registrado num álbum duplo. O set list do show fez um apanhado de toda a trajetória de George, desde os tempos dos Beatles até a carreira solo. A partir de meados dos anos 90, George foi se retirando dos holofotes, pouco a pouco, pois começou a lutar contra o cãncer que o vitimaria em 2001, causando sua morte com apenas 58 anos. George é daquelas pessoas cuja obra as mantém sempre vivas. Deixou uma legião de fãs, que não o esquecerão.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Punição justa

O zagueiro Bolívar, do Inter, recebeu, hoje, do STJD, uma punição inédita no Brasil. Afora ser suspenso por quatro jogos, Bolívar deverá permanecer sem jogar pelo tempo equivalente ao que o lateral Dodô, do Bahia, ficará afastado do futebol, isto é, cerca de seis meses. Para quem não sabe exatamente do que se trata, cabe esclarecer que Bolívar, num recente jogo Inter x Bahia, no Beira-Rio, entrou de maneira desleal sobre Dodô, causando-lhe séria lesão, que o obrigou a fazer uma cirurgia e a ficar sem jogar por longo período. O lance, ocorrido dentro da área, deveria resultar na marcação de pênalti e na expulsão de Bolívar, mas, incrivelmente, o árbitro do jogo, Paulo César de Oliveira (SP), não fez nem uma coisa nem outra, limitando-se a dar um cartão amarelo para o zagueiro. Como Paulo César deverá ser o indicado do Brasil para apitar na Copa do Mundo de 2014, pode-se ter uma idéia do nível atual da arbitragem brasileira. Nada que possa espantar diante do fato de que Carlos Simon, cuja carreira foi pontilhada de erros grotescos e estapafúrdios, foi o árbitro brasileiro indicado para as três últimas Copas do Mundo. Devido ao absurdo praticado por Paulo César, o STJD resolveu fazer a sua parte. Muitos não aceitam que o tribunal puna jogadores que não tenham sido expulsos, passando por cima da soberania do árbitro do jogo. Trata-se de um argumento respeitável, mas, diante da barbaridade cometida por Paulo César de Oliveira, o tribunal tratou de agir em consonância com o clamor público, dada a indignação que o ato praticado por Bolívar gerou. O Inter irá recorrer da decisão e poderá se valer até de um efeito suspensivo. Porém, a punição, inédita no Brasil mas já aplicada em outros países, merece ser saudada. Bolívar, a exemplo de seu companheiro de time, o volante Guinãzu, é um jogador que abusa das faltas e, muitas vezes, é desleal. Até hoje, ambos tem contado com uma incrível complacência por parte dos árbitros. Os auditores resolveram agir, aplicando as medidas punitivas devidas. O caso em questão deverá, provavelmente, balizar futuras decisões em situações análogas. O futebol só tem a ganhar com isso.

domingo, 27 de novembro de 2011

Gre-Nal desigual

O Gre-Nal que será realizado no próximo domingo, no Beira-Rio, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, se apresenta muito desigual. Enquanto o Inter, mesmo tendo sido derrotado pelo Flamengo, por 1 x 0, hoje, em Macaé (RJ), ainda se mostra um time mobilizado e em busca de um objetivo, o Grêmio, mais uma vez, teve uma atuação lamentável, e não passou de um empate em 2 x 2 com o Atlético Goianiense, no Olímpico. As entrevistas após o jogo, no vestiário do Grêmio, nada acrescentaram. Repetiram-se as constatações, e, também, as desculpas e promessas de um 2012 com melhores resultados. Não bastasse todo o sofrimento que já impingiu ao seu torcedor em 2011, o Grêmio ainda poderá ser um dos responsáveis pela classificação do Inter para a Libertadores, caso perca o Gre-Nal e Flamengo ou Coritiba não vençam seus jogos. O Inter é amplo favorito para o Gre-Nal. Vai jogar em casa, com o estádio quase inteiro a seu favor, diante de um adversário que tem se mostrado displicente, não ganha há cinco jogos e fez apenas um ponto nos últimos nove que disputou. O Inter, mesmo perdendo para o Flamengo, teve bom volume de jogo e desperdiçou várias chances de gol. Se o torcedor do Grêmio quiser ver o Inter fora da Libertadores, convém torcer para Flamengo e Coritiba ganharem seus jogos, situação que o tiraria da competição mesmo com a vitória no Gre-Nal. Se é verdade que num clássico tudo pode acontecer, por outro lado, não há qualquer razão para apontar a viabilidade de uma vitória do Grêmio. Tão díspar é a condição anímica e técnica dos dois times, que até uma goleada do Inter não é uma hipótese que possa ser afastada. A tortura a que o torcedor do Grêmio vem sendo submetido nesse ano ainda não chegou ao fim. Resta uma última etapa, que, talvez, seja a mais dolorosa.

sábado, 26 de novembro de 2011

Desastre na área ambiental

O governo da presidente Dilma Roussef, que é uma continuidade, nos aspectos ideológicos e programáticos, da administração do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, tem mantido o desempenho exitoso na área econômica, mas vem se revelando um desastre no que concerne ao meio ambiente. Não bastassem a insistência na construção da usina de Belo Monte, que irá gerar uma devastação ambiental, e o novo Código Florestal, que abre caminho para novos desmatamentos, o Brasil se depara, agora, com o vazamento de petróleo num dos postos de perfuração da Chevron na Bacia de Campos, que já atinge níveis alarmantes. Percebe-se, tanto no governo de Lula quanto no de Dilma, um evidente descaso com as questões ambientais. Lula, por sua origem humilde, tende a achar que preservação ambiental é coisa de "burguês" e que em nome do desenvolvimento do país é aceitável que se dizimem florestas e se polua o oceano. Bem mais instruída e culta que Lula, Dilma é, no entanto, uma tecnocrata, afeita aos gabinetes e não aos clamores das ruas, e pessoas assim tendem a ver as coisas de maneira pragmática, buscando atingir determinados fins, sem se importar com os custos ambientais em que isso implique. Agindo dessa forma, o governo se mostra na contramão de uma preocupação com a preservação ambiental que, hoje, percorre o mundo inteiro, Nada mais anacrônico do que a busca do progresso a qualquer preço, sacrificando a integridade do ar que respiramos, da água que bebemos, da vida nos oceanos e nas florestas. Essas ideias existiam ao tempo da ditadura militar e, como qualquer outra coisa daquela época, deveriam ser arquivadas. Os êxitos dos governos Lula e Dilma na economia, com mais empregos e expansão da classe média, são inegáveis, mas não minimizam os erros cometidos na questão ambiental. Dilma ainda está no início de seu governo e tem tempo para mudar essa postura. Afinal, um governante tem de ter em mente que suas decisões não podem estar voltadas apenas para os interesses do presente, mas, também, para os efeitos que poderão se abater sobre as gerações futuras. Ter a capacidade de perceber isso é que faz a diferença entre um simples governante e um estadista, que inscreve seu nome na história.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A imagem do governo

Será que o fato de a economia brasileira ainda se apresentar sólida, sem sofrer maiores reflexos da crise internacional, tem o efeito de blindar o governo de qualquer apreciação negativa? Será que eleitores e investidores são indiferentes a onda de corrupção que parece se espalhar por todos os cantos da administração federal? São perguntas cabíveis diante da sucessão de malfeitos e demissões de ministros que tem marcado o governo da presidente Dilma Roussef. Não passa semana sem que novas denúncias venham á tona por parte da imprensa, derrubando ministros como num castelo de cartas. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, por enquanto, segue no cargo, mas sua saída é questão de tempo. O mais novo alvo de denúncias é o ministro das Cidades, Mário Negromonte, cuja pasta estaria envolvida numa fraude que adulterou um projeto de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá. O que chama a atenção em todos esses episódios, é que a má conduta não é privilégio dessa ou daquela corrente política. Abrange desde partidos de esquerda, como o PC do B, do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, até siglas de direita, como o PP, de Mário Negromonte, nome novo da antiga Arena dos tempos da ditadura militar. Em meio aos dois extremos, o PR do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, o PMDB do ex-ministro da Agricultura, Waldir Rossi, e o PDT de Carlos Lupi. Ninguém escapa. Todos chafurdam no mar de denúncias e escãndalos. O motivo de tudo isso já foi exaustivamente abordado nesse espaço. Trata-se do método de "governabilidade" que loteia os cargos da administração entre os partidos aliados. Fala-se que, em janeiro, Dilma procederá uma ampla reforma ministerial, inclusive extinguindo algumas pastas. A medida é necessária, sem dúvida, mas não bastará mudar nomes, é preciso alterar métodos. Por mais que a popularidade de Dilma Roussef siga em alta, ela não ficará permanentemente incólume diante de tantos fatos negativos envolvendo seus comandados. Os números positivos da economia também não se constituirão num escudo intransponível para o governo. Uma administração não pode calcar-se apenas na figura do chefe. Mais que reformar seu ministério, Dilma terá que dar uma nova conformação ao governo, substituindo as nomeações de conveniência política pelas de comprovada capacidade técnica. Se não for assim, a tão propalada reforma ministerial não passará de uma maquiagem, que não disfarçará a má imagem do governo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Bolsonaro ataca outra vez

Depois de meses relegado ao ostracismo de que é merecedor, eis que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou às manchetes. Em pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados, Bolsonaro chamou a presidente Dilma Roussef de mentirosa e fez insinuações sobre suas preferências sexuais. Bolsonaro acusou Dilma de ter mentido quanto à suspensão do "kit gay" para alunos do primeiro grau, pois haveria uma orientação para que os livros didáticos abordem obrigatoriamente a temática GLBT. O deputado alegou seu direito de expressão e inviolabilidade como parlamentar para poder dizer o que bem entende. Seu discurso, mais uma vez, foi carregado de ódio e preconceito. Porém, dessa vez, Bolsonaro foi mais longe, pois faltou com o decoro pela forma com que se referiu à presidente, maior autoridade do país. Até quando, em nome da liberdade de expressão e das prerrogativas parlamentares, iremos suportar suas manifestações de intolerãncia, racismo e homofobia? Bolsonaro é ardoroso defensor do regime militar que torturava e matava opositores e cassava mandatos parlamentares. Se estivesse ao seu alcance, certamente reeditaria tais práticas. Portanto, não há porque ter pruridos em relação à Bolsonaro, em função de ter sido legitimamente eleito pelo voto e gozar das já referidas prerrogativas do cargo. Bolsonaro faltou com o decoro parlamentar, e isso não pode passar em branco. Por tudo o que o deputado já disse, deveria sofrer um processo de cassação. Bolsonaro foi eleito legitimamente, mas sua postura, no entanto, é incompatível com a democracia. Ao desrespeitar a presidente, ultrapassou todos os limites. Para o bem do país e preservação do parlamento, Bolsonaro devia ter seu mandato cassado.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A chegada do gladiador

Finalmente, depois de praticamente um mês de tratativas, o Grêmio apresentou o atacante Kléber como o seu mais novo reforço. Kléber é um bom jogador, sem dúvida, e vem para sanar a principal deficiência do Grêmio após as saídas de Jonas e Borges, ou seja, a falta de bons atacantes. Porém, vários aspectos que envolvem essa contratação são preocupantes. Kléber, a despeito de sua qualidade técnica, é um jogador temperamental, dentro e fora de campo. Por seu comportamento durante as partidas, coleciona expulsões. Não é à toa que é conhecido como "gladiador". Esse, por sinal, é outro dado questionável na vinda do jogador para o Grêmio. O clube pretende explorar o conceito de "gladiador" atribuído a Kléber para associá-lo com o novo estádio que está construindo, que denomina de "arena". Além da óbvia associação dos dois termos, tais conceituações se encaixam na ideia permanentemente propagada pelo presidente do clube, Paulo Odone, de que o Grêmio é um clube "guerreiro", e de "raça". Tão enraizada está ficando essa ideia, que até mesmo uma peça publicitária dirigida aos torcedores da dupla Gre-Nal, veiculada nos jornais de Porto Alegre nessa semana, fala na expectativa de jogadas bonitas por parte dos colorados, e de raça do lado dos gremistas. O jogador do Inter cuja foto aparece na peça publicitária é D'Alessandro, maior expressão técnica do time. Já o jogador do Grêmio escolhido para o anúncio é Fábio Rockembach, um volante marcador. Ora, um clube da grandeza do Grêmio, que teve, ao longo de sua história, jogadores de altíssimo nível técnico como Gessy Lima, Aírton, Renato e Ronaldinho, não pode ser reduzido a uma imagem de raça e combatividade. O futebol exige muito mais do que apenas esforço e aplicação. Exige talento. Outro reparo a se fazer quanto à vinda de Kléber é no que diz respeito ao seu salário. Ainda que o clube não vá arcar inteiramente com o valor que será pago ao jogador, R$ 500 mil reais por mês parece ser um exagero para quem não tem em seu currículo passagens pela Seleção Brasileira. O tempo de duração de seu contrato, cinco anos, também é demasiado para um  jogador que já está com 28 anos. Mesmo com todos esses senões, a contratação de Kléber merece ser saudada, por sinalizar uma política de pensar grande no futebol que o Grêmio tinha abandonado nos últimos anos. No entanto, é preciso que o Grêmio tenha consciência de que para voltar a conquistar grandes títulos é preciso muito mais do que Kléber. O trabalho de construção de um grande time para 2012, que é a intenção declarada dos dirigentes do Grêmio, exigirá outras contratações de qualidade. Por enquanto, cabe desejar que Kléber retribua em campo o tempo e o esforço empregados pelo Grêmio para concretizar a sua contratação.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Os descalabros do futebol

Não são poucas as pessoas que se espantam e, por vezes, se revoltam, com as cifras do futebol. Jogadores adquridos por quantias milionárias, ganhando altíssimos salários, numa realidade que contrasta fortemente com a do cidadão comum. Pessoas que acordam cedo e trabalham duro para ganhar um parco salário, são informadas, de modo quase ininterrupto, das fortunas que são pagas para jogadores nem tão bons assim e, o que é pior, muitas vezes indolentes. Essa maneira desatinada com o que o futebol é comandado, não dá mostras de refluir, pelo contrário. O Grêmio acaba de contratar um jogador, Kléber, que, anuncia-se, irá ganhar R$ 500 mil por mês. Ainda que se saiba que o dinheiro não sairá inteiramente dos cofres do clube, é um despropósito. Nessa mesma linha de prodigalidade, o vice-presidente de futebol do Inter, Luís Anápio Gomes, entusiasmado com a vitória sobre o Botafogo, que aumentou as chances do clube de se classificar para a Libertadores, revelou para os jogadores, logo após a partida, que iria lhes pagar um "bicho", isto é, o prêmio por vitória, 100% maior que o valor costumeiro. A medida será repetida nos dois últimos jogos do Campeonato Brasileiro, contra Flamengo e Grêmio. Ora, o Inter possui um grupo de jogadores tido como de muito boa qualidade, cuja folha de pagamento é, conforme se diz, de R$ 7 milhões. Considerado um dos favoritos para a conquista do título do Brasileirão, faz uma campanha muito abaixo da expectativa. O "bicho" que é normalmente pago, por certo, não é nada desprezível. Sendo assim, porque aumentá-lo ainda mais para um time cuja resposta em campo, ao longo da competição, esteve longe de ser satisfatória? Já é algo muito discutível que se paguem prêmios por vitória para os jogadores. Afinal, eles tem um contrato com o clube, pelo qual recebem salários bastante altos, estando implícito que busquem alcançar vitórias. Esse incentivo extra para a produtividade não se vê em quase nenhuma outra profissão. Pois agora, na reta final da competição, o Inter aumenta significativamente o valor do prêmio como forma de estímulo a quem já teria, ao natural, de empenhar-se, e que, ao longo de toda uma campanha, fez muito menos do que se esperava. O futebol, cada vez mais, torna-se uma ilha da fantasia, totalmente apartado da realidade, e uma fonte de péssimos exemplos na ética das relações do trabalho.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Plebiscito

Um plebiscito, a ser realizado em dezembro, fará com que os eleitores do Pará, decidam se são favoráveis, ou não, à divisão do território paraense para a criação de mais dois estados, Carajás e Tapajós. O instrumento do plebiscito é, sem dúvida, bastante democrático, porém, o assunto em questão sequer deveria ser objeto de consulta. No Brasil, não se passa muito tempo sem que alguém venha a propor a criação de novos estados, argumentando que a vastidão do território brasileiro ensejaria uma nova divisão geográfica que facilitaria a administração, impulsionando o desenvolvimento. A mesma justificativa levou, há alguns anos, a uma febre de emancipação de distritos, fazendo surgir novos municípios. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que, há pouco mais de vinte anos, tinha 232 municípios, hoje tem 496! Em termos de novos estados, tivemos, no mesmo período, a divisão do Mato Grosso em dois, e a criação de Tocantins, surgido de parte do território de Goiás. Por trás das aparentes boas intenções estão os interesses políiticos de sempre. Cada novo município ou estado que surge implica na criação de toda uma estrutura político-administrativa, com inúmeros cargos e, consequentemente, muitos gastos. No caso dos municípios, há que se ter, no mínimo, prefeito, secretários e vereadores. No caso de novos estados, governador, secretários, deputados estaduais, deputados federais, senadores, tribunal de justiça.. São novos cargos, que geram, em torno deles, centenas de outros, numa verdadeira farra sustentada pelo dinheiro do contribuinte. Torço para que o eleitor paraense diga não à divisão do seu estado. Não vejo nenhum benefício na criação dos dois novos estados propostos. A simples divisão do território paraense em outros estados não garantirá um maior desenvolvimento para tais áreas. O ganho imediato será dos políticos ávidos por cargos e de todos os que gravitam em torno deles. O Brasil pode encontrar formas bem melhores de impulsionar o desenvolvimento de suas diversas regiões sem ter de redesenhar sua configuração geográfica. Não precisamos de novos estados, mas, sim, de administrar corretamente os já existentes.

domingo, 20 de novembro de 2011

Chances aumentadas

A vitória do Inter por 2 x 1 sobre o Botafogo, hoje à tarde, no Engenhão, aumentou consideravelmente a possibilidade de classificação do clube para a Libertadores. Pela segunda vez em todo o Campeonato Brasileiro, o Inter ingressou na zona de classificação para a principal competição sul-americana. Antes, só havia conseguido isso na 8ª rodada. O jogo foi bem menos difícil do que se poderia esperar. O Botafogo, comprovando ter entrado num período descendente, não ofereceu maiores resistências, e só reagiu quando já perdia por 2 x 0. O clube carioca perdeu o seu quarto jogo consecutivo, e ficou praticamente sem chances de classificação para a Libertadores. Os resultados paralelos também ajudaram o Inter. O Flamengo não saiu de um empate em 0 x 0 com o Atlético Goianiense, no Serra Dourada. O resultado obriga o Flamengo a vencer o Inter no próximo domingo, em Macaé, se quiser voltar ao grupo dos cinco primeiros colocados. A goleada de 4 x 0 do Fluminense sobre o Figueirense, no Orlando Scarpelli, também foi benéfica para o Inter que, assim, ultrapassou na tabela, pelos critérios, o clube catarinense. O que antes parecia quase impossível para o Inter, um lugar entre os cinco primeiros da competição, já foi, momentaneamente, alcançado. Faltam, ainda, dois jogos para confirmar essa condição. Enquanto o Inter vem em crescimento, seus dois próximos adversários estão em baixa. O Flamengo vem caindo de produção a cada jogo, e o Grêmio, como foi visto contra o Ceará, transformou-se numa ruína tanto técnica quanto animicamente. O Inter está com a faca e o queijo na mão para atingir seu objetivo.

sábado, 19 de novembro de 2011

Exibição deprimente

Nem o torcedor mais pessimista poderia prever o que aconteceu hoje á tarde no Olímpico. O Grêmio perdeu para o Ceará, por 3 x 1, e, mais do que ser derrotado, teve uma atuação rídícula. Não houve um único jogador do Grêmio que tenha atuado bem. Até jogadores que normalmente se destacam, como Mário Fernandes e Júlio César, tiveram atuações frias e apáticas. Douglas parece, a cada partida, mais desligado. André Lima foi a nulidade de sempre. O time, como um todo, jogou sem vibração, aceitando sem reação a derrota para um Ceará que está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, perdeu suas duas últimas partidas em casa e estava desfalcado de sete titulares. O sofrimento da torcida do Grêmio parece não ter fim. O último título de expressão que comemorou foi o da Copa do Brasil de 2001. De lá para cá, apenas três Campeonatos Gauchos, contra sete de seu maior rival, o Inter que, no péríodo, ganhou, também, duas Recopas Sul-Americanas, duas Libertadores da América e um Mundial de Clubes. O final do jogo, com o time inteiramente batido em campo, a torcida gritando olé quando o Ceará estava com a bola e cantando "adeus Roth, adeus Roth", demonstram bem o que foi a exibição depriimente do Grêmio. Muito pouco resta para ser preservado. O Grêmio terá de fazer muito para que 2012 seja  um ano melhor. Será preciso mudar, pelo menos, meio time, agregando jogadores de grande qualidade. Um técnico de inegável capacidade também é indispensável. O ano de 2012 será o da inauguração do novo estádio do Grêmio. Não é possível que o clube vá viver esse momento com um time deficiente. Os dirigentes já declararam que pretendem montar um grande time para o ano que vem. Está na hora de passar do discurso para a prática. A paciência do torcedor do Grêmio chegou ao limite.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A construção da usina

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na região Amazônica, tem tudo para se transformar numa grande dor de cabeça para o governo federal. A obra, necessária, segundo o governo, para evitar "apagões" energéticos no país, resultará num desastre ambiental. Uma enorme área de floresta será inundada, devastando a fauna e a flora locais. Populações índigenas serão desalojadas de seu habitat. Um imenso prejuízo ecológico em nome de uma pretensa necessidade estrutural do país. Outras usinas, aliás, estão sendo projetadas pelo governo, para garantir o fornecimento de energia, o que causará danos semelhantes. Diante da perspectiva de tão grave agressão ao meio ambiente, setores da sociedade já se mobilizaram. Uma campanha para angariar assinaturas contra a construção da usina de Belo Monte já está nas redes sociais, com depoimentos de artistas da Rede Globo. A campanha também deverá contar com a adesão de astros internacionais do porte de Leonardo Di Caprio. Uma forma legítima e pacífica de pressão para que o governo brasileiro reveja a sua intenção de construir essa e outras usinas, evitando o seu rastro de prejuízos ambientais. Como é dito em alguns dos depoimentos da campanha, há outras formas de geração de energia, não danosas ao meio ambiente, que podem ser adotadas pelo governo. Ao que se sabe, a presidente Dilma Roussef permanece firme na intenção de levar adiante a construção da usina. Dilma deveria repensar sua posição. O Brasil ficará com sua imagem muito desgastada, no mundo todo, caso insista em erguer a obra. Não convém ao governo apostar que essa é uma questão de grupos organizados ou privilegiados da sociedade e de que o "povão" está alheio a tais manifestações. A popularidade de Dilma, bastante alta, a exemplo de seu antecessor no cargo, não deve ser vista como um escudo intransponível. Não é. Voltar atrás em uma decisão, quando se fizer necessário, também é uma demonstração de sabedoria de um governante. Se precisar de um estímulo para rever sua posição, Dilma deveria ouvir o depoimento do ator Ary Fontouta para a campanha. Dirigindo-se a Dilma, Ary Fontoura diz: "Presidente, pense no país em que seu neto vai crescer". Considero ser desnecessário fazer qualquer acréscimo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Injustiça social

Apesar do crescimento da economia nos últimos anos, da ascensão da classe C para um novo patamar de consumo, e da maior geração de empregos, o Brasil continua um país brutalmente injusto. A comprovação desse fato veio com a divulgação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que, em 2010, metade da população brasileira passou o ano recebendo menos que um salário mínimo! Sim, quase 100 milhões de pessoas tiveram como renda um valor de até R$ 375,00, para uma média nacional de R$ 668,00. Outro dado estarrecedor divulgado pelo IBGE é o de que os 10% da população que ganham mais no Brasil amealharam, em 2010, 44,5% do montante de rendimentos do país. Já os 10% de menor renda ficaram, no mesmo período, com apenas 1,1%. Depois de se tomar conhecimento de números como esses, é de se perguntar como alguém pode ser contra os programas sociais do governo federal. O Brasil é um país desumanamente desigual. Milhões de brasileiros ainda vivem em condições precaríssimas, sem saneamento básico, sem acesso à saúde e educação, sem um mínímo de dignidade. O grande desafio do país é, há muito tempo, e cada vez mais, resgatar essa imensa parcela de sua população de uma situação tão aviltante, e integrá-la ao grupo dos que tem acesso ao ensino, ao trabalho, à assistência médica, ao mercado de consumo. Enquanto essa chaga social não for curada, será de pouca serventia exibir números vigorosos da economia brasileira. Os benefícios de uma economia sólida e próspera tem de ser melhor repartidos. Não é possível que um país de quase 200 milhões de habitantes deixe metade de sua população na condição de exclusão social. Em termos de distribuição de renda, o Brasil é um dos países mais injustos do mundo. Isso não pode persisitir indefinidamente. Afinal, como já dizia Tancredo Neves: "Enquanto houver, nesse país, um só cidadão sem casa, sem comida e sem escola, toda a prosperidade será falsa".

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Esperança renovada

A vitória do Inter sobre o Bahia, por 1 x 0, hoje á noite, no Beira-Rio, renovou a esperança do clube de ainda obter a classificação para a Libertadores. O Inter subiu do 10º para o 7º lugar na tabela e está distante apenas um ponto da zona de classificação para a Libertadores, beneficiado que foi pelas derrotas de Botafogo e São Paulo. Se o resultado do jogo foi bom, a atuação do Inter não agradou nem um pouco. Apesar de marcar seu gol cedo, aos 8 minutos do primeiro tempo, o Inter não teve uma vitória fácil, e seu mau futebol foi reconhecido até pelo seu técnico, Dorival Júnior. O técnico do Bahia, Joel Santana, disse que se surpreendeu pelo fato do Inter não ter pressionado o seu time de uma maneira mais contundente. A verdade é que não há razão para muito otimismo por parte do Inter, mesmo que os jogos de hoje lhe tenham sido favoráveis. O Inter ganhou uma partida que todos esperavam que vencesse, mas o fez pelo placar mínimo e jogando mal. O problema são os jogos que lhe restam, os quais é obrigado a ganhar. O Inter enfrentará Botafogo e Flamengo fora de casa e o Grêmio no Beira-Rio. Botafogo e Flamengo são seus adversários diretos na busca da classificação para a Libertadores, e o Grêmio é o seu maior rival. A classificação do Inter para a Libertadores ainda é possível, mas continua improvável.

A derrota pelo apito

O jogo Fluminense 5 x 4 Grêmio, hoje à noite, no Engenhão, foi, sem dúvida, inusitado. A começar pelo placar, mais comum em jogos de futebol de salão. Numa partida em que o Grêmio estava descompromissado e o Fluminense buscava manter a esperança de ganhar o Campeonato Brasileiro, os dois times jogaram soltos, com as defesas vazando constantemente e os goleiros acumulando falhas. A figura mais saliente do jogo, no entanto, foi o árbitro Francisco Carlos Nascimento, de Alagoas, que teve uma atuação vergonhosa e decretou a vitória do Fluminense. Não procede a ideia, defendida por alguns, de que Nascimento errou para os dois lados. Não é verdade. Ainda que a falta marcada sobre Lúcio, que originou o gol de Marquinhos, não tenha acontecido, o Grêmio foi o grande prejudicado pelo árbitro. Foram três erros gravíssimos, que resultaram em gols do Fluminense. Fred estava escandalosamente impedido no gol que empatou o jogo em 2 x 2. O pênalti que originou o quarto gol do Fluminense não existiu. No lance do quinto gol, antes da conclusão de Fred, houve falta de Leandro Euzébio sobre Brandão, que o árbitro não marcou tendo, ainda, expulsado o jogador do Grêmio após sua justa reclamação. Afora isso, o Grêmio ainda deixou de ter um pênalti marcado a seu favor, num lance em que um jogador do Fluminense desvia a bola com a mão dentro da grande área. Era para ser um jogo de final agradável para o torcedor do Grêmio, depois do time conseguir virar o placar para 4 x 3 já próximo do final da partida. No entanto, Francisco Carlos Nascimento entrou em ação, manipulando o resultado e entregando a vitória para o Fluminense. A reação dos jogadores do Grêmio após o quinto gol, de querer abandonar o campo, foi extremada, mas compreensível. Dessa vez, o Grêmio não perdeu em função de suas falhas. Foi derrotado pelo apito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A guerra não é uma solução

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, após participar da cúpula da Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico, não descartou a possibilidade de uma ação militar contra o Irã, devido ao programa nuclear que está sendo desenvolvido por aquele país. Obama disse que acredita na possibilidade de os Estados Unidos trabalharem com a China e a Rússia para tentar estabelecer maiores sanções antes de partir para um ataque, mas que os três governos concordaram com a necessidade de garantir que o Irã não se torne uma potência nuclear. A afirmação de Obama foi feita ao ser indagado sobre se a ação militar deve ser considerada em algum momento, como já foi sugerido por alguns presidenciáveis republicanos. Obama declarou que prefere continuar a negociar uma solução, mas que nenhuma opção ficou fora da mesa. O presidente americano disse, ainda, que o mundo está unido contra um Irã isolado. A posição de Obama gerou divergências entre diplomatas europeus. Em reunião de ministros das Relações Exteriores da União Européia, realizada em Bruxelas, representantes da Grã-Bretanha e da Alemanha tiveram posições diferentes sobre o assunto. O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, declarou que não considera a opção de uma ação militar contra o Irã no momento, mas que a hipótese poderá ser cogitada no futuro. Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, afirmou que seu país se recusa a falar sobre o assunto, embora o diplomata entenda ser inevitável a aplicação de sanções mais severas caso o Irã se recuse a cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica, que acusa o governo iraniano de tentar produzir armas nucleares. Como se pode perceber, os motivos alegados para as ações militares variam, mas os Estados Unidos continuam a praticar o intervencionismo, sempre que julgarem necessário. Os americanos entendem que lhes cabe o papel de "xerifes" do mundo, e assim tem agido, invadindo e atacando países, sempre alegando motivos nobres para fazê-lo. Outros países já desenvolveram programas atômicos, sem que isso implicasse numa intervençao militar. A reação extremada contra o Irã, ecoada pela imprensa ocidental, resulta da posição hostil de seu governo, comandado pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, contra os Estados Unidos e Israel. Não se trata de desdenhar das consequências do desenvolvimento de uma bomba atômica pelo Irã, mas há de se encontrar outros meios de enfrentar a situação, sem partir para uma ação militar com seu rastro de destruição e morte de civis inocentes. Esse é um filme já visto, e que não merece ser repetido.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Desempenho pífio

No seu último jogo em 2011, a Seleção Brasileira venceu hoje o Egito, em Doha, no Catar, por 2 x 0. Foi mais um dos amistosos inexpressivos que não trazem qualquer proveito na preparação para a Copa do Mundo de 2014. Como já havia ocorrido contra o Gabão, na quinta-feira, a equipe que o técnico Mano Menezes escalou para o jogo está longe de representar o que tem de melhor o futebol brasileiro. Ainda que se entenda que Mano Menezes esteja em uma fase de prospecção de jogadores para formar o seu conjunto ideal, a convocação de nomes como Fernandinho e William, por exemplo, não se justifica. Os dois últimos amistosos da Seleção Brasileira só serviram para a CBF obter boas cotas e aumentar o cartel de vitórias com o atual técnico, que andava muito esquálido. Faltando dois anos e oito meses para o início da Copa de 2014, a Seleção não tem o esboço de uma base de equipe, não consegue se impor diante de adversários mais categorizados, mostra um futebol sem qualidade nem vibração, e não mobiliza o torcedor brasileiro. A sensação que se tem é a de que Mano Menezes, em um ano e três meses no cargo, pouco contribuiu para que se possa ter uma Seleção forte em 2014, à altura da responsabilidade da equipe que vai representar o país que sediará a competição. Foi um ano em que a Seleção não empolgou em momento algum, e chegou a ser motivo de vergonha para o seu torcedor ao ser eliminada prematuramente da Copa América, contra o Paraguai, desperdiçando quatro cobranças de tiros livres da marca do pênalti, de forma consecutiva. Até agora, vive-se um anticlímax, no Brasil, em relação à Copa de 2014. Em vez de uma população entusiasmada e em contagem regressiva para a competição, confiante em sua Seleção, o que temos são reclamações quanto aos preparativos para a Copa, gasto excessivo de dinheiro público, deficiências de infraestrutura, estádios que virarão "elefantes brancos" depois da disputa, entre outros itens. Tomara que, em 2012, pelo menos o desempenho da Seleção, que tem sido pífio sob o comando de Mano Menezes, possa ter uma melhora substancial, capaz de dar confiança ao torcedor para fazer da Copa de 2014 uma grande festa e não uma enorme frustração.

domingo, 13 de novembro de 2011

Cumprindo tabela

Com a derrota por 1 x 0 para o Cruzeiro, hoje à noite, em Sete Lagoas (MG), o Inter passa a ostentar uma condição que seu maior rival, o Grêmio, já exibia há algumas rodadas, isto é, a de simples "turista" no Campeonato Brasileiro. A matemática ainda apresenta possibilidades, mas só alguém dominado pelo fanatismo pode imaginar que o Inter seja capaz de obter a classificação para a Taça Libertadores da América, último objetivo que lhe restava após ficar alijado da possibilidade de ser campeão. Grêmio e Inter repetiram nesse domingo, contra Palmeiras e Cruzeiro, respectivamente, as mesmas falhas e defeitos costumeiros, colhendo novamente, por consequência, maus resultados. O Grêmio, mais uma vez, foi um time mal escalado por seu técnico, Celso Roth. Começar um jogo em casa, contra um time fraco e em crise, com três volantes de contenção, é um disparate. A preterição de Saimon, um zagueiro jovem e em grande fase, pelo improvisado Gilberto Silva, veterano que perde todas as disputas contra os adversários, é outro absurdo. Incompreensível, também, é a manutenção como titular de Rafael Marques, de desempenhos comprometedores ao longo do ano e que já teve definida a sua saída do clube no final de 2011. Com tantos desatinos cometidos por seu técnico, o Grêmio por pouco não perdeu para um Palmeiras fraquíssimo, que vinha de oito jogos sem vitória. A lesão de Escudero, que resultou na entrada de Brandão, e a saída de Adílson, de péssima atuação, no intervalo, deram ao time uma maior ofensividade, mas, ainda, assim, o Grêmio não conseguiu mais do que um empate em 2 x 2, depois de estar perdendo por 2 x 0, com um golaço de Fernando no último minuto do tempo regulamentar. Mais uma atuação ruim e um resultado frustrante para o torcedor. Se o Grêmio repetiu seus problemas habituais, a fragilidade defensiva e o pouco poder ofensivo, o Inter também não se mostrou diferente, apresentando limitações já conhecidas. Mais uma vez, o Inter criou muitas oportunidades de gol, mas não conseguiu concretizá-las. Gilberto, que acabou sendo substituído, jogou isolado no ataque. Tinga chegou algumas vezes em condições de marcar gols, mas não o fez, comprovando que não sabe concluir. O jogador diferenciado do time, D'Alessandro, foi mais uma vez sacado durante a partida, o que não traz benefício algum para quem está buscando reverter um resultado negativo. Em sua entrevista após o jogo, o técnico do Inter, Dorival Júnior, demonstrou, até, ter algumas concepções equivocadas, como a de que Oscar seria um atacante e não um jogador de meio de campo. Assim, vitimados pelos erros e conceitos equivocados de seus técnicos muito bem remunerados, entre outros fatores, Grêmio e Inter fazem uma campanha medíocre no Brasileirão. O Inter, agora, é o 10º colocado, e o Grêmio permanece em 11º lugar. Muito pouco para folhas de pagamento tão altas como são as dos dois clubes. Restando quatro jogos para cada um até o final da competição, a dupla Gre-Nal não aspira mais nada no Campeonato Brasileiro. Só lhe resta cumprir tabela. Para Grêmio e Inter, o ano, na prática, já acabou. Resta começar a trabalhar, o quanto antes, para que 2012 possa ser bem melhor, em termos de resultados, para ambos.

sábado, 12 de novembro de 2011

Indefinição

A derrota do Fluminense por 2 x 1 para o América Mineiro, hoje à tarde, no Engenhão, deixou o Campeonato Brasileiro, em sua reta final, ainda mais indefinido. Com os resultados da rodada anterior, o Fluminense tinha tudo para se encaminhar para o título. Afinal, tem o maior número de vitórias na competição, o que é o primeiro critério de desempate, e iria enfrentar o lanterna do Brasileirão. Porém, assim como o Corinthians, o Fluminense também se deixou surpreender pelo América Mineiro, tornando a disputa ainda mais acirrada. Não resta dúvida de que o campeonato, com tantos resultados inesperados e com a proximidade de vários clubes na tabela, está emocionante. Por outro lado, esse equlíbrio de forças, infelizmente, resulta de um nivelamento por baixo, ou seja, da extrema paridade dos times, que se igualam nas poucas virtudes e nos muitos defeitos. A falta de grandes times, capazes de se sobrepor aos demais, permite até campanhas surpreendentes como a do Figueirense, que já está na zona de classsificação da Libertadores. Após a rodada desse fim de semana, restarão apenas quatro para o final da competição. Mesmo assim, é impossível fazer qualquer prognóstico. Os jogos que parecem mais fáceis são justamente aqueles em que o resultado contraria totalmente as expectativas. Até a zona de rebaixamento, que parecia definida, está agora embolada. Apenas o Avaí pode ser apontado como um virtual rebaixado, os outros ainda estão na luta. O futebol apresentado pelos times participantes do Brasileirão está longe de ser um primor, mas emoção é o que não vai faltar nessa reta final da competição. O título está em aberto e, pelo que tem acontecido até aqui, o campeão não deverá ser o time que brilhar mais, mas, sim, o que errar menos.