sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Primeiro deslize

Por motivos técnicos, por dois dias não pude postar novos textos nesse espaço. Nesse período, sem dúvida, o assunto de maior evidência foi a escolha do novo técnico da Seleção Brasileira, Luís Felipe Scolari, o Felipão. Trata-se de uma aposta em um técnico que foi o último a conquistar uma Copa do Mundo pela Seleção. Junto com ele, como coordenador técnico, foi contratado Carlos Alberto Parreira, outro que foi campeão mundial pela Seleção. Como falta pouco mais de um ano e meio para a Copa do Mundo de 2014, a CBF preferiu apostar na experiência, por entender que não há tempo a perder. O anúncio da contratação de Felipão, dessa vez, não gerou o mesmo entusiasmo. Afinal estava desempregado, depois de ser demitido pelo Palmeiras em meio ao Campeonato Brasileiro. Embora tenha sido campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2012, seu trabalho no clube, nessa última passagem, não chegou a ser bom. Em sua primeira entrevista como novo técnico da Seleção Brasileira, Felipão já cometeu o seu primeiro deslize. "Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada", disse Felipão. A frase, como não poderia deixar de ser, foi mal recebida, gerou protestos e obrigou Felipão a fazer um pedido de desculpas. Felipão demonstra, assim que continua com o mesmo estilo truculento de sempre. Excessos verbais à parte, a questão que importa é saber o que se pode esperar de Felipão nessa sua segunda passagem pela Seleção. Felipão é um grande técnico, ninguém discute. Seus últimos trabalhos não tem sido tão bons, mas quem sabe não esquece. Sua experiência e a de Parreira poderão ser importantes nesse momento. Os dois, pelo currículo que ostentam, tem uma imposição junto aos jogadores que poucos técnicos possuem. Jogadores rodados e multicampeões sabem que Felipão e Parreira gozam do mesmo prestígio profissional. São vitoriosos, milionários, não se deixam comandar por jogadores acometidos de estrelismo, Tomara que, no trabalho específico de campo, Felipão e Parreira ainda consigam se mostrar eficientes. Nesse caso, a Seleção terá tudo para dar certo. Desde já, torço para que isso se confirme.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Conduta estranha

Alegando riscos à integridade física dos torcedores, a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros decidiram proibir a chamada "avalanche" da torcida Geral do Grêmio no futuro estádio do clube, a Arena. O fato chama a atenção pois o estádio está sendo construído há mais de dois anos, e era de conhecimento público que uma área dele havia sido reservada para a avalanche. Agora, Brigada e Bombeiros exigem que o estádio tenha cadeiras na totalidade de suas acomodações, impedindo a avalanche. Os motivos alegados parecem sempre, aos desavisados, muito ponderáveis e responsáveis, mas não me convencem. Porque as duas instituições só se manifestaram sobre o assunto agora, quando falta pouco mais de uma semana para a inauguração do estádio? Porque as mesmas instituições deram seu aval permitindo que o Beira-Rio, que há muito deveria estar interditado, continue a sediar jogos, mesmo sendo um estádio totalmente inseguro e praticamente reduzido a escombros em função das obras de sua reforma? Entendo que o Grêmio não deva se curvar a tal proibição e faça o possível para manter a avalanche. Não cabe à Brigada e aos Bombeiros tomar esse tipo de decisão, ainda que alegadamente para a defesa do público. No contexto do futebol, Brigada e Bombeiros são auxiliares, não podem assumir uma condição de protagonismo. Seu papel é colaborar com o espetáculo, não o de proibir ou decidir seja lá o que for. São coadjuvantes, jamais, em hipótese alguma, podem se tornar protagonistas. Devem trabalhar a partir do que lhes for solicitado, nunca comandar as decisões. O Grêmio não pode se submeter á ingerência indevida e descabida. Cabe ao clube, e a mais ninguém, estabelecer as regras a serem observadas em seu estádio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Um novo mito na Fórmula-1

O alemão Sebastian Vettel conquistou ontem, no Grande Prêmio do Brasil de Fórmula-1, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, o seu terceiro título de campeão mundial. Vettel passa a integrar um seleto grupo, onde estão pilotos como Jackie Stewart, Ayrton Senna, Nikki Lauda e Nélson Piquet, que também ganharam três títulos mundiais. Porém, Vettel pertence a um grupo ainda mais distinto, o dos pilotos que ganharam três títulos de forma consecutiva. Nesse item, afora Vettel, só há outros dois pilotos em toda a história da Fórmula-1: Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. Fangio e Schumacher são também, os dois maiores vencedores da categoria. Fangio ganhou cinco títulos, e Schumacher, o recordista absoluto, foi sete vezes campeão. Vettel ao igualar um feito dos dois, demonstra que já pode ser incluído não mais, apenas, na categoria dos grandes pilotos, mas, sim, na dos fora de série da Fórmula-1. Com 25 anos, Vettel é o piloto mais jovem a conquistar três títulos da modalidade. Pela idade que tem, e pelo desempenho que vem alcançando, Vettel tem tudo para se tornar o recordista absoluto da Fórmula-1, superando seu compatriota Schumacher. Para se ter uma ideia de sua performance, se ganhar mais um título, Vettel igualará Alain Prost, o terceiro maior vencedor da Fórmula-1. Se ganhar mais dois, empatará com Fangio. Com mais três títulos, se tornará o segundo maior vencedor da categoria. Para obter tudo isso, sobram tempo e talento para Vettel. Há um novo mito na Fórmula-1.

domingo, 25 de novembro de 2012

Outra derrota

O Inter sofreu, hoje á tarde, sua quarta derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. Nesses quatro jogos, não marcou nenhum gol. Nem mesmo a saída de Fernandão, substituído pelo técnico interino Osmar Loss, surtiu efeito. Dessa vez, a derrota foi para a Portuguesa, por 2 x 0, em pleno Beira-Rio. A ideia de que o time pudesse mostrar mais futebol e disposição após a saída de Fernandão, com quem o grupo de jogadores estaria incompatibilizado, logo caiu por terra. O Inter exibiu a mesma falta de futebol de outras partidas, e foi apático, novamente. Sua única motivação, nos últimos dias, tem sido a hipótese de ganhar o Gre-Nal que será o derradeiro jogo da história do Olímpico, acrescido do fato de que isso poderá fazer com que o Grêmio não se classifique diretamente para a fase de grupos da Libertadores. Convenhamos, é muito pouco para um clube do porte do Inter. Mesmo com o título do Campeonato Gaúcho, conquistado no primeiro semestre, 2012 foi um ano muito ruim para o Inter. Essa é uma realidade que nenhum resultado no Gre-Nal irá mudar. Está na hora do Inter projetar, com muita atenção, o ano de 2013, se não quiser acumular novas frustrações.

Uma tarde quase perfeita

Para o Grêmio, a tarde de hoje, por pouco, não foi perfeita. Por apenas alguns minutos, o clube deixou de conquistar a classificação para a Libertadores diretamente para a fase de grupos. O Grêmio fez a sua parte, ao ganhar do Figueirense, no Orlando Scarpelli, por 4 x 2, mas o Atlético Mineiro, que perdia para o Botafogo, no Engenhão, fez dois gols no final, vencendo por 3 x 2 e, assim, a definição sobre quem será o vice-campeão brasileiro ficou para a última rodada. O Grêmio, com um ponto e uma vitória a mais, está em vantagem, mas tudo pode acontecer, já que os dois clubes jogarão contra os seus maiores rivais. O Grêmio irá jogar contra o Inter, naquela que será a última partida da história do Olímpico. O Atlético Mineiro enfrentará o Cruzeiro, no Independência, num jogo em que só a sua torcida estará presente. Até pelas campanhas que realizam, bem melhores que as dos seus adversários na última rodada do Campeonato Brasileiro, Grêmio e Atlético Mineiro são os favoritos. Se ambos ganharem, o Grêmio será o vice-campeão brasileiro. Por enfrentarem, justamente, os seus rivais históricos, os dois terão enormes dificuldades. Se conseguirem dominar os nervos, contudo, deverão impor sua qualidade superior. Serão dois jogos de estádio lotado, a comprovar, mais uma vez, que o campeonato não acaba quando o campeão é definido antecipadamente, Há outros objetivos a buscar, e a classificação direta para a Libertadores, que permite a realização de uma pré-temporada maior, é um deles.

sábado, 24 de novembro de 2012

Emoção até o fim

O Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão teve, no seu final, a emoção que faltou na Série A. Na 1ª Divisão, faltando ainda duas rodadas para o término da competição, nesse e no próximo final de semana, os quatro primeiros colocados, que se classificam para a Libertadores, já estão definidos. Resta saber, apenas, quem será o vice-campeão, que entrará direto na fase de grupos da Libertadores, Grêmio ou Atlético Mineiro, com vantagem para o primeiro, que, momentaneamente, ocupa o 2º lugar. Na Série B, por sua vez, a emoção persistiu até a última rodada, encerrada hoje. Goiás e Criciúma disputavam o título, e três clubes lutavam por duas vagas para a 1ª Divisão, Atlético Paranaense, Vitória (BA) e São Caetano. A situação mais difícil era a do São Caetano, pois precisava vencer o Guarani, em Campinas, e torcer para que um dos outros dois perdesse. Para agravar a situação do São Caetano, o Guarani jogava em casa tentando evitar o rebaixamento para a 3ª Divisão. Pois quase que o São Caetano consegue a sua façanha. O São Caetano saiu na frente no placar, sofreu o gol de empate, mas ganhou o jogo por 2 x 1. Enquanto isso, Atlético Paranaense e Vitória, que jogavam em casa contra Paraná e Ceará, respectivamente, clubes que nada aspiravam, fizeram 1 x 0, mas cederam o empate, levando suas torcidas a viverem um filme de terror, pois a derrota de um dos dois, combinada com a vitória do São Caetano, faria com que perdessem a classificação para a 1ª Divisão para o clube paulista. Os empates, contudo, foram mantidos, o que fez com que houvesse um empate em pontos entre os três clubes. Porém, por terem obtido uma vitória a mais que o São Caetano, Atlético Paranaense e Vitória subiram para a 1ª Divisão, enquanto o São Caetano permanecerá na Série B. O Goiás, que ganhou, de virada, do Joinville, no Serra Dourada, ficou com o título, e o Criciúma, que empatou em 1 x 1 com o Avaí, na Ressacada, foi o vice-campeão. Uma rodada final cheia de emoção, pondo por terra os argumentos de quem diz que a fórmula de pontos corridos não é empolgante. Havendo equilíbrio entre os disputantes, a emoção se fará presente. Se o Campeonato Brasileiro da 1ª Divisão foi definido com antecedência, isso não é culpa da fórmula, mas do desequilíbrio técnico entre os participantes. O resultado final da 2ª Divisão contemplou, também, os interesses maiores do futebol. Atlético Paranaense e Vitória são clubes de grandes torcidas, ao contrário do São Caetano, que tem pouco apelo popular. Sejam bem-vindos de volta à elite do futebol brasileiro.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Saída em hora inesperada

A demissão do técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, anunciada hoje à tarde, pegou a todos de surpresa. O fato não vinha sendo cogitado pela imprensa. Mano saiu justamente no momento em que parecia ter achado uma escalação titular para a Seleção, com dúvidas apenas em relação ao goleiro e ao centroavante. O trabalho de Mano, em dois anos e três meses no cargo, nunca chegou a entusiasmar, mas, quando começava a mostrar alguma consistência, foi interrompido. Agora, a dúvida é saber quem será o próximo técnico. Conforme a imprensa, os nomes preferenciais são os de Tite, Muricy Ramalho e Felipão. O nome, contudo, só deverá ser divulgado em janeiro. Até lá, teremos muitas especulações. Seja como for, o tempo passa rápido e faltam, apenas, um ano e sete meses para o início da Copa do Mundo de 2014. O novo técnico não terá tempo a perder.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ocaso

O sucesso é algo que, em princípio, todo artista busca. Há aqueles que o alcançam e o mantém ao longo de toda uma carreira. Outros, depois de um êxito fulgurante, caem no ostracismo. O cantor e compositor Belchior parece estar no segundo caso. Em apenas cinco anos, entre 1974 e 1979, Belchior saltou do anonimato para a fama, compondo músicas que se tornaram hinos de uma geração. O grande impulso em sua carreira ocorreu quando Elis Regina gravou, num mesmo disco, duas composições de sua autoria, "Como Nossos Pais" e "Velha Roupa Colorida". A primeira delas tornou-se um dos maiores clássicos do repertório da cantora. A partir daí, Belchior emplacou vários sucessos em gravações próprias. "Todo Sujo de Batom", "A Palo Seco", "Galos, Noites e Quintais", "Paralelas", "Divina Comédia Humana", "Apenas um Rapaz Latino-Americano", "Medo de Avião", foram alguns de seus muitos sucessos. "Mucuripe", composição de Belchior em parceria com Fágner foi gravada por Roberto Carlos. Passados esses cinco anos, no entanto, a fonte da inspiração de Belchior pareceu secar. Depois de tantas músicas de sucesso num período tão curto, seus discos já não tinham o mesmo êxito comercial. Os próprios lançamentos começaram a escassear. Porém, com tantas músicas na memória das pessoas, concentrou-se na realização de shows, que o fizeram permanecer em evidência. Nos últimos anos, contudo, Belchior, literalmente, saiu de cena. Em 2009, o programa "Fantástico", da Rede Globo, deu conta de que Belchior estava sumido. O cantor e compositor foi localizado no Uruguai e disse não entender o porquê da preocupação com o seu paradeiro. Agora, três anos depois, o noticiário revela que Belchior abandonou um hotel no Uruguai devendo seis meses de diárias não pagas, e deixando para trás, no quarto que ocupava com sua mulher, alguns pertences pessoais. Dias depois dessa revelação pela imprensa, Belchior e sua mulher foram vistos em Porto Alegre, no bairro Moinhos de Vento. Algumas das pessoas que avistaram o casal disseram ter a impressão de que eles caminhavam sem rumo certo. O que está acontecendo com Belchior é um tanto intrigante. Parece claro que ele enfrenta dificuldades financeiras, mas isso não chega a ser de todo compreensível, já que pessoas ligadas ao meio musical garantem que há grande interesse por shows de Belchior, o que lhe garantiria uma boa fonte de renda. Particularmente, sou um grande admirador da obra de Belchior e, por isso, lamento que, sendo ele tão talentoso, viva tamanho ocaso em sua trajetória.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bicampeã

A Seleção Brasileira perdeu por 2 x 1 para a Argentina, hoje, na Bombonera, pelo Superclássico das Américas. Como havia ganho o primeiro jogo, no Brasil, pelo mesmo placar, a decisão foi para os tiros livres da marca do pênalti. Aí, de forma emocionante, a Seleção venceu por 4 x 3, conquistando o bicampeonato da competição. O Superclássico das Américas é uma reedição da antiga Copa Roca, cuja última disputa aconteceu em 1976. O jogo transcorria morno, num 0 x 0 que garantia o título para a Seleção. Foi aí que, já próximo do final da partida, o árbitro marcou um pênalti, inexistente, para a Argentina, que saiu na frente no placar. A Seleção reagiu, e empatou logo depois. O resultado já parecia definitivo, e o título conquistado, quando a Argentina, num contra-ataque, fez o gol da vitória. A Seleção parecia mais cansada e psicologicamente abatida, mas a perda das duas primeiras cobranças pela Argentina acabou sendo decisiva. Mesmo com Carlinhos errando a sua cobrança, a Seleção venceu por 4 x 3 e obteve o bicampeonato. A competição não chega a ser das mais importantes, e as duas equipes só contaram com jogadores que atuam nos dois países, mas a Seleção mostrou empenho e motivação, e a torcida brasileira presente ao estádio voltou a vibrar e a se identificar com ela. Isso é o que fica de mais importante.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A saída de Fernandão

O que era especulado acabou se confirmando, hoje, e Fernandão não é mais o técnico do Inter. Ainda ontem, o presidente do clube, Giovanni Luigi, garantia a continuidade de Fernandão, mas as pressões em contrário eram muito fortes, e o técnico foi demitido. Fernandão concedeu uma longa entrevista de despedida do cargo, na qual, em determinado momento, chorou, quase não conseguindo prosseguir. O choro de Fernandão foi motivado pela lembrança de que, num momento em que não tinha zagueiros para escalar, o volante Ygor se prontificou a jogar improvisado na função, o que foi recusado por outro jogador. Esse jogador, cujo nome não foi revelado por Fernandão, seria o argentino Bolatti. Some-se a isso a informação de que a demissão de Fernandão teve como um dos motivos o temor de que os jogadores boicotassem o técnico no Gre-Nal da última rodada do Campeonato Brasileiro e se pode ter uma ideia do quadro aterrador que vive o vestiário do Inter. Na verdade, a contratação de Fernandão havia sido um evidente equívoco. Fernandão não tinha experiência anterior na função e pegou o "bonde andando", após a demissão de Dorival Júnior, o que exigiria alguém mais experiente. Mais uma vez, Osmar Loss foi convocado para ser o técnico interino, que treinará o Inter nos dois jogos que lhe restam no Brasileirão. Resta a curiosidade de saber como o time irá se comportar em campo. Se o rendimento aumentar consideravelmente, a ideia de que os jogadores não vinham se empenhando ganhará ainda mais força. Seja como for, o vestiário do Inter, há muito tempo, clama por uma varredura. O que, no entanto, não deverá acontecer. Giovanni Luigi, com seu estilo leniente, por certo não irá realizá-la. Por sinal, é Luigi o maior responsável por tudo que vem acontecendo ao Inter. Não fora ter ganho dois campeonatos gaúchos, sua administração nada teria a mostrar. Ainda assim, é muito pouco em comparação com seus antecessores Fernando Carvalho e Vitório Píffero. Isso não impediu que Luigi fosse reeleito pelo Conselho Deliberativo do Inter para mais dois anos de mandato, sem que os associados pudessem votar. Uma decisão difícil de entender fora dos conchavos políticos do clube.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Limites

A sociedade se solidifica com o compartilhamento de valores em comum entre os indivíduos. Porém, dada a diversidade e heterogeneidade humanas, esses valores são preponderantes, jamais consensuais. Isso é muito bom, pois, em caso contrário, teríamos uma construção social claustrofóbica, incapaz de abrigar a necessária pluralidade de ideias e comportamentos. Com o avançar do tempo, e a mudança cada vez mais acelerada dos costumes, esses pilares conceituais vão se tornando cada vez mais frágeis. Tudo parece caminhar na direção de que nada é definitivo ou inquestionável. Num mundo onde o dinheiro parece ser o único parâmetro, tudo pode ser vendido, sem restrições ou pudores de qualquer espécie. No entanto, será que é assim mesmo? Teríamos atingido um estágio civilizatório onde todas as restrições foram removidas e tudo pode ser transacionado? Uma matéria da edição dessa semana da revista "Veja" coloca esse assunto em discussão. Tendo como mote o caso da catarinense Ingrid Migliorini, de 20 anos, que pôs em leilão a sua virgindade, a revista propõe a reflexão sobre a ideia de que tudo pode ser vendável. A posição de "Veja" é de que valores familiares, ideais e senso cívico são inegociáveis, mas, cada vez mais, há quem defenda o contrário. Tenho uma visão libertária em termos de moral e costumes, mas entendo que a comercialização indiscriminada de qualquer coisa, incluindo venda de órgãos, bebês, cobaias humanas e de sangue para transfusões, degrada a condição humana. O ser humano, numa condição assim, se despe da sua dignidade, e se torna apenas mais um objeto. Por incrível que pareça, contudo, há quem defenda o contrário. O economista Gary Becker, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1992, é a favor do comércio de órgãos! Para Becker, a venda de órgãos acabaria com o mercado negro, reduziria a espera por transplantes, evitaria a morte de muitas pessoas e não teria impacto considerável nos custos médicos globais desse tipo de procedimento clínico. O jurista americano Richard Posner, por sua vez, acha que a venda de bebês eliminaria a burocracia envolvida no processo de adoção e reduziria filas de espera em orfanatos. Posner argumenta, também, que as crianças sairiam ganhando, por serem criadas em lares com melhores condições econômicas. Felizmente, outras figuras intelectualmente tão respeitáveis quanto Becker e Posner, tem uma visão oposta. Uma delas é o filósofo Michael Sandel, da Universidade de Harvard. Sandel reconhece que o mercado produz riquezas materiais, mas afirma que sua lógica não pode dominar todas as relações entre as pessoas. Não se pode, declara Sandel, explicar todo e qualquer comportamento humano em termos puramente econômicos, pois essa visão desconsidera os valores morais, as atitudes e as complexidades das relações entre as pessoas. Não é à toa que Sandel é um filósofo. Tivesse a filosofia um maior peso no mundo atual, e, certamente, essa mercantilização da vida não estaria no patamar em que se encontra. Trata-se de mais uma demonstração de quão aviltante pode ser uma sociedade que valoriza apenas o lucro e as vantagens materiais, e da capacidade quase inesgotável do capitalismo de promover a degradação do ser humano.

domingo, 18 de novembro de 2012

Rotina

Nada de novo aconteceu nos resultados da dupla Gre-Nal nos jogos de hoje, pelo Campeonato Brasileiro. O Grêmio, depois de estar perdendo por 2 x 0, reagiu e empatou em 2 x 2 com a Portuguesa, no Canindé, dando prosseguimento a sua boa campanha na competição e mantendo o 2º lugar, que dá classificação direta para a Libertadores. O Inter perdeu por 2 x 0 para o Corinthians, no Beira-Rio, mostrando-se, mais uma vez, pouco animado, mesmo com as constantes reuniões para mobilizar o grupo. Na verdade, os resultados espelham o momento dos dois clubes. O Grêmio segue motivado no Brasileirão, pois tem o objetivo de ser vice-campeão para obter a classificação direta para a Libertadores. O Inter, por sua vez, nada mais aspira na disputa e, por isso, se arrasta num cumprimento de tabela melancólico. Ainda que tenha sofrido, na quinta-feira, uma eliminação traumática na Copa Sul-Americana, o Grêmio vive um presente bem melhor, e tem um futuro mais promissor do que o Inter.

A cidade onde tudo acontece

O Rio de Janeiro é, na minha opinião, a mais linda cidade do mundo. Depois que alguém a conhece, é quase impossível não chegar a essa conclusão. Não há outra cidade que possa reunir tantas belezas naturais ao mesmo tempo, belas praias em plena área urbana, floresta, morros, paisagens luxuriantes. Junte-se a isso um povo com a vocação para o prazer e o contentamento, e se está diante, também, de um lugar que é uma festa permanente. A cidade onde tudo acontece. Com seu enorme apelo turístico, o Rio recebe visitantes o ano inteiro, não só no verão. Em qualquer época do ano, ao circular por suas ruas, nos depararemos com pessoas falando os mais diferentes idiomas. Estive no Rio durante quatro dias e, mais uma vez, pude comprovar o seu encanto irresistível, sua beleza ímpar, a população local e os visitantes partilhando o compromisso de desfrutar o que de bom a vida pode oferecer. Afora sua atrações de sempre, hoje, a cidade foi movimentada pela Parada Gay, com toda a sua descontração e irreverência. Um dia lindo, ensolarado, de praias lotadas. Porém, o Rio não é só um belo cenário. Também é um pólo cultural, onde está centrada grande parte da produção musical, cinematográfica, teatral e literária do país. Numa comprovação desse fato, o tradicional Festival de Cinema de Tribeca terá uma edição no Rio já em 2013. O Rio é um manancial permanente de atividades. Uma cidade que é um antídoto contra a depressão.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Eliminação cruel

A eliminação do Grêmio na Copa Sul-Americana se deu de forma cruel. O Grêmio saiu na frente no placar, e só seria eliminado se sofresse três gols. Pois foi exatamente o que aconteceu. O último gol, de pênalti, ocorreu já nos acréscimos. Duro demais! O pênalti, embora a revolta dos jogadores do Grêmio, existiu. A culpa pela derrota de 3 x 1 do Grêmio para o Millonarios (COL), no El Campin, em Bogotá, ontem, não é da arbitragem. Um time que obtém um resultado  parcial, embora estivesse perdendo, que ainda lhe era favorável, não pode permitir uma reversão nos acréscimos. Ao apelarem para os chutões, os jogadores do Grêmio facilitaram a tarefa do adversário. Deviam era ter mantido a posse de bola, enervando o Millonarios. O técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, mais uma vez, cometeu erros num jogo decisivo. Novamente, começou o jogo com três volantes e apenas um atacante, o quer nunca deu certo. Pior, ao ter a sorte de sair na frente no placar, manteve o esquema até o final. A saída de Kléber, lesionado, poucos minutos depois de entrar em campo, também resultou de um erro de Luxemburgo. Não havia nenhuma razão para tirar Marcelo Moreno e colocar Kléber, que vinha de lesão e não tem correspondido tecnicamente. O resultado foi uma ducha de água fria na, até então, eufórica torcida gremista. A partir dele, a renovação de contrato de Luxemburgo pode já não ser tão certa quanto parecia.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Empate

A Seleção Brasileira empatou em 1 x 1 com a Colômbia, hoje, em New Jersey (EUA), mostrando um bom futebol e deixando escapar a vitória, que seria de virada, numa desastrada cobrança de pênalti de Neymar. A Seleção terminou o primeiro tempo perdendo por 1 x 0, mas soube reagir no segundo, com um belo gol de Neymar. O jogo foi de boa qualidade, e a Colômbia é uma equipe que realiza boa campanha nas Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2014, o que faz com que o resultado não seja um tropeço como muitos possam imaginar. A Seleção Brasileira, como vem acontecendo nos últimos jogos, tem mostrado evolução. Os jogadores, agora, estão aplicados, o que não acontecia antes. Um reparo que pode ser feito, no entanto, é a insistência do técnico da Seleção, Mano Menezes, em não escalar um centroavante de ofício na equipe titular. Um atacante com "faro de gol" é um recurso de que não se deve abrir mão. Mesmo sem vencer, contudo, a Seleção demonstrou que seu futebol está em crescimento e, ao menos por hora, Mano Menezes não deve estar com o cargo ameaçado. O que deve ser lamentado é que, tendo sido o milésimo jogo da história da Seleção, a equipe não tenha obtido uma vitória para ressaltar tão expressiva marca.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Forjando candidatos

A imprensa conservadora, principalmente a revista "Veja", segue em seu afã de descobrir um candidato viável para desalojar o PT do governo federal. Depois da morte política de José Serra, duas vezes derrotado em eleições presidenciais e que acaba de perder a disputa para prefeito de São Paulo, e diante da incerteza sobre a potencialidade de Aécio Neves, a aposta da vez é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Por haver rompido alianças com o PT e candidatos de seu partido terem ganho eleições para prefeito em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, Campos está sendo apontado como nome certo para concorrer a presidente em 2014. Conforme "Veja", o governador até já montou uma agenda de conversas com empresários e escalou sua equipe de assessores visando a eleição presidencial de 2014. A aposta em Campos mostra o quão desesperada é a tentativa da imprensa de direita de tirar o PT do poder. Ao contrário de Serra e Aécio, integrantes de um partido conservador, Campos pertence a uma sigla socialista, e é neto de Miguel Arraes, um esquerdista histórico. Mesmo que tenha crescido de cotação no cenário político, Campos teria enorme dificuldade de ganhar do PT concorrendo por um partido de estrutura ainda modesta no plano nacional. O PSB é um tradicional aliado do PT, e não é certo que até 2014 não possa haver uma reaproximação entre os dois partidos em localidades onde houve um afastamento. Não bastasse isso, Campos é jovem e não precisa ter pressa. Pode muito bem esperar mais tempo para sedimentar sua imagem, postergando uma candidatura a presidente para 2018. Por enquanto, com Eduardo Campos concorrendo ou não, inexistem perspectivas concretas de o PT perder o poder no governo federal, para desconsolo da imprensa de direita.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Título inquestionável

O título de campeão brasileiro de 2012 conquistado ontem pelo Fluminense não deixa margem para contestações. Afinal, foi ganho três rodadas antes do final da competição. O Fluminense foi superior em todos os itens. Teve o ataque, mais positivo, a defesa menos vazada e, até o momento, o goleador do campeonato. Metade de suas vitórias ocorreram fora de casa. Seu rendimento percentual até agora, de 72,38%, é o mais alto da era dos pontos corridos. Por sinal, o técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, destacou o fato de que, com o rendimento que seu time possui até aqui, de 62,86%, teria conquistado o título nas três últimas edições do Campeonato Brasileiro, ou seja, o desempenho do Fluminense é que superou todas as expectativas. Mesmo que, em alguns jogos, tenha sido beneficiado pelas arbitragens, o Fluminense, pela expressividade dos números de sua campanha, é um campeão mais do que legítimo. A trajetória do Fluminense, nos últimos anos, tem sido amplamente exitosa. Nos três últimos campeonatos brasileiros, foi campeão em 2010 e 2012 e 3º colocado em 2011. Foi vice-campeão da Libertadores em 2008, mesma posição que alcançou na Copa Sul-Americana de 2009, ainda que, naquele ano, tenha evitado de forma heróica o rebaixamento no Brasileirão. A lamentar, somente, que, pelo fato do título ter sido decidido de forma antecipada, alguns cronistas esportivos estejam, novamente, criticando a disputa de pontos corridos e propondo a volta do formulismo. Seria um retrocesso inaceitável. O campeonato de pontos corridos premia o melhor e, por isso, é o mais justo. O resto é choro de mau perdedor.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ladeira abaixo

A derrota por 1 x 0 para a Ponte Preta, hoje, no Moisés Lucarelli, expôs ainda mais o contraste da situação do Inter comparada com a do seu maior rival, o Grêmio. Enquanto o Grêmio sobe na tabela do Campeonato Brasileiro, ocupando, agora, o 2º lugar, o Inter segue descendo a ladeira. Com a derrota de hoje, caiu para o 8º lugar. O Inter está 15 pontos atrás do Grêmio e tem seis vitórias a menos do que o seu tradicional adversário. Sua única motivação até o encerramento da competição é ganhar o Gre-Nal da rodada final, que será o último jogo da história do Olímpico. Muito pouco para um clube da expressão do Inter. Independentemente do resultado do Gre-Nal, 2012 não deixará saudades nos torcedores do Inter.

Vitória com a marca da imortalidade

A vitória do Grêmio por 2 x 1, de virada, sobre o São Paulo, hoje à tarde, no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro, foi digna da exitosa história do clube. O Grêmio jogou melhor a partida inteira, mas saiu perdendo, com um gol sofrido no final do primeiro tempo, e foi obrigado a empenhar-se muito para obter a virada. O descanso de oito dias sem jogos fez bem ao time, que mostrou fôlego durante toda a partida. Vários jogadores se destacaram individualmente, principalmente Marcelo Grohe, Naldo, Souza e Zé Roberto. Por sinal, Zé Roberto parecia um garoto, não um jogador de 38 anos, dada a exuberante condição física que demonstrou. Deve-se destacar, também, que, enquanto o São Paulo jogou completo, o Grêmio esteve desfalcado de Werley, Gilberto Silva, Elano e Kléber, todos eles titulares absolutos. Mesmo assim, em momento algum o Grêmio foi inferior ao seu adversário. A vitória de hoje teve significados bem mais amplos do que os do jogo em si. O Grêmio alcançou o segundo lugar na tabela, ultrapassando o Atlético Mineiro, posição que, se mantida, lhe dará a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores. Foi uma tarde gloriosa no penúltimo jogo da história do Olímpico. Não faltou nada. Tempo bom, estádio lotado, torcida vibrante e em sintonia com o time. Uma tarde com a marca da imortalidade gremista, exaltada na letra do hino do clube, composto pelo genial Lupicínio Rodrigues.

sábado, 10 de novembro de 2012

O curioso universo das redes socias

Um dos grandes fenômenos dos tempos atuais são as redes sociais, cujo maior expoente é o Facebook. Representam um interessante recurso, permitem a reaproximação de pessoas que há muito estavam sem contato, entre outras possibilidades. Porém, há um aspecto especialmente interessante. As postagens nas redes sociais revelam a existência de posições ideológicas carregadas de um furor xiita. Se o autor do comentário tiver posições de direita, veremos postagens contra a "corrupção que tomou conta do Brasil" e aplausos às punições do Supremo Tribunal Federal contra os "mensaleiros". Se o autor da mensagem tiver posições de esquerda, nos depararemos com campanhas contra a Rede Globo, a disseminação dos shopping centers, o consumismo desenfreado, a repressão policial. Nota-se um tom de fanatismo em ambos os lados. A defesa dessas posições se faz com um claro sentimento de ódio em relação ao pensamento contrário. Lamentavelmente, tais pessoas são incapazes de prezar a pluralidade. Sonham com um mundo em que prevaleçam apenas as suas vontades, numa visão totalitária de sociedade. Não consigo pensar assim. Claramente, minhas posições ideológicas são de esquerda, mas não desejo cassar a concessão da Rede Globo, nem proibir a construção de shopping centers. Cultivo uma visão humanista de sociedade e, sendo assim quero um mundo que permita a convivência respeitosa entre os diferentes, e não uma sufocante homogeneidade, onde não haja espaço para o contraditório.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Reeleição

O presidente do Inter, Giovanni Luigi, foi reeleito para mais dois anos de mandato. A recondução de Luigi se deu no Conselho Deliberativo, sem a necessidade de um segundo turno com o voto dos associados. Isso aconteceu porque as outras duas chapas concorrentes não conseguiram superar a cláusula de barreira de 25% dos votos no Conselho para levar a eleição a um segundo turno. O fato, certamente, desagradou os associados, que tinham a expectativa de poder votar. Há quem diga que, caso a eleição fosse para o segundo turno, Luigi tinha grande possibilidade de ser derrotado, devido aos maus resultados de campo do Inter em 2012. Porém, Luigi possui ampla maioria no Conselho Deliberativo, e foi isso que decidiu a eleição em seu favor já no primeiro turno. Agora, na data que estava reservada para um possível segundo turno, 15 de dezembro, haverá eleição para renovação de parte do Conselho. Será o momento de os associados descontentes com o resultado de hoje votarem para modificar a composição do Conselho, mudando sua relação de forças. No entanto, pelos próximos dois anos, Luigi continuará a presidir o Inter. Nota-se, pelas manifestações nas redes sociais e canais de interatividade, que a permanência de Luigi no cargo desagrada a um grande número de torcedores do Inter, e é vista com agrado pelos do Grêmio. O primeiro desafio de Luigi no seu novo mandato será desmanchar o conceito negativo da opinião pública em relação à sua competência administrativa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os 25 anos de um disco notável

Em 2012 completam-se 25 anos do lançamento de "Cloud Nine", o último disco solo de George Harrison. Nos cinco anos anteriores, desde 1982 com "Gonne Troppo", George ficara sem gravar. Nos 14 anos que se seguiram, de "Cloud Nine" até sua morte, em 2001, George colocou no mercado uma coletânea, um álbum duplo gravado ao vivo no Japão, seu primeiro show desde 1974, e dois discos com o "Travelling Wilburys", grupo de astros da música que contava, também, com Bob Dylan, Roy Orbison, Jeff Lyne e Tom Petty. Orbison, por sinal, faleceu antes da gravação do segundo disco do grupo. Afora isso, Harrison, nesse longo período, fez participações em gravações de amigos e dedicou-se à sua produtora de filmes, a Handmade. O jubileu de prata de "Cloud Nine", no entanto, não vale ser destacado apenas por esses aspectos históricos. Sua qualidade é excelente, pouco abaixo, se é que está, do álbum triplo "All Things Must Pass", de 1970, a obra-prima da carreira solo de George. Ainda me recordo da sensação de quando adquiri "Cloud Nine", em vinil. A cada música que ouvia, mais encantado eu ficava. George, depois de um período de baixa na carreira, com trabalhos de qualidade irregular, voltava ao melhor da sua forma. A imprensa cobria o lançamento de elogios. Era o ressurgimento exuberante de um astro que permanecera sem gravar por cinco anos. "Cloud Nine" é para se ouvir sem pular faixas. Somado à excelência das composições, contou com a participação de músicos de primeiro nível. Nas guitarras, junto com George, Eric Clapton e Jeff Lyne. Na bateria, Ringo Starr e Jim Keltner. No piano, Elton John e Gary Wright. Na percussão, Ray Cooper. Um disco primoroso. Curiosamente, o grande sucesso do disco foi um cover, "Got My Mind Send On You", música composta por Rudy Clark. Com o disco, George voltou aos primeiros lugares das paradas de singles e de álbuns, depois de muitos anos. Tinha tudo para ser um retorno triunfal para uma série de lançamentos de grande êxito comercial, mas George não parecia pensar assim e praticamente encerrou sua carreira discográfica com "Cloud Nine". Talvez, por que tivesse provado, para quem duvidasse, de que podia fazer, novamente, um disco tão bom quanto os primeiros de sua carreira solo. Seja como for, quem não conhece "Cloud Nine" deveria ouvi-lo. Por certo, não irá se arrepender.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A reeleição de Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi reeleito. O mundo pode respirar aliviado. Não poderia haver nada pior do que uma vitória do candidato do Partido Republicano, Mitt Romney, na eleição presidencial americana. Seria um retorno aos oito anos desastrosos em que George Walker Bush presidiu o país. Romney é um republicano típico. Riquíssimo, moralmente conservador, e um Robin Hood às avessas, que propõe impostos maiores para os mais pobres e diminuição da taxação dos mais bem situados economicamente. As proposições republicanas são extremamente retrógradas e, sob esse aspecto, seria melhor que em todas as eleições presidenciais americanas o vencedor fosse o candidato do Partido Democrata, mas, infelizmente, não é assim que as coisas ocorrem. A cada vez que os republicanos assumem o poder crescem os gastos militares, surgem novas guerras, aumenta o intervencionismo americano em outros países. Na eleição atual, particularmente, uma derrota dos democratas seria um retrocesso absurdo. A eleição de Obama, em 2008, deu aos Estados Unidos o seu primeiro presidente negro, um fato de enorme simbolismo. Negar a Obama a possibilidade de governar por mais um mandato, trocando-o por Romney, seria um desatino eleitoral americano que, ainda bem, não aconteceu. Obama foi reeleito presidente do mais poderoso dos países. Pelo menos pelos próximos quatro anos, o mundo permanecerá menos tenso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A gafe do senador

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é uma das figuras mais íntegras e simpáticas da política brasileira, cujos integrantes, em geral, não costumam se destacar por tais qualidades. Porém, com alguma frequência, dá margem a brincadeiras e comentários depreciativos sobre sua pessoa. Isso porque Suplicy, como costuma se dizer nos dias de hoje, tem algumas atitudes "sem noção". O senador, por exemplo, já arriscou-se, algumas vezes, a cantar enquanto ocupava a tribuna. O problema é que Suplicy canta muito mal. A lentidão com que muitas vezes se expressa, principalmente em entrevistas, também já se tornou notória. Hoje, no Senado, Suplicy cometeu mais uma de suas gafes. Suplicy levou até o plenário o músico Chambinho do Acordeon, que fez o papel de Luiz Gonzaga, dos 27 até os 50 anos, no filme "Gonzaga de Pai para Filho". Suplicy solicitou que Chambinho tocasse em homenagem à Luiz Gonzaga. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que presidia a sessão, negou o pedido de Suplicy, argumentando que isso feria o regimento da casa, que só prevê apresentações desse tipo em ocasiões especiais, não em sessões ordinárias. Suplicy continuou insistindo e Mozarildo negando, até que o senador paulista desistiu de sua intenção. A atitude de Suplicy expôs Chambinho do Acordeon desnecessariamente e ajudou a engrossar o rol de gafes das casas legislativas brasileiras, contribuindo ainda mais para o descrédito da classe política. Suplicy é um político coerente e humanista. O eleitor paulista reconhece nele esses valores, tanto que Suplicy já está no terceiro mandato consecutivo de senador. No entanto, com suas frequentes "escorregadas", ameaça obscurecer o grande político que sempre foi, deixando em primeiro plano um lado folclórico a ser fartamente explorado pela imprensa. Sua respeitável biografia política não merece esse fecho.

domingo, 4 de novembro de 2012

O fim das ilusões

A goleada sofrida pelo Inter para o Náutico, por 3 x 0, hoje, nos Aflitos, terminou de vez com as ilusões que alguns torcedores ainda pudessem ter em relação à classificação para a Libertadores. Se é verdade que, matematicamente, essa chance ainda existe, ela é tão remota que ninguém, em sã consciência, cogitaria de sua concretização. O resultado é vexatório. Ainda que o Náutico tenha uma excelente campanha nos jogos em casa, levar uma goleada, como aconteceu com o Inter, é algo demasiado. O Inter está tendo um final de ano melancólico, e isso poderá ter reflexos na eleição para presidente do clube, caso Giovanni Luigi, candidato á reeleição, não obtenha a vitória apenas com os votos do Conselho Deliberativo, onde tem ampla maioria. Caso a eleição vá para o segundo turno, no "pátio", isto é, com o voto dos associados, os maus resultados de campo, somados à presença do ex-presidente Vitorio Piffero na chapa de um dos candidatos de oposição, poderá mudar o rumo do pleito. O Inter tem um grupo de jogadores considerado muito qualificado e gasta uma quantia altíssima com a folha de pagamentos para a sua manutenção. Os resultados de campo tem ficado muito abaixo da expectativa. A última esperança em que se agarra o torcedor do Inter, em 2012, é a de vencer o Grêmio no Gre-Nal pela última rodada do  Campeonato Brasileiro. Assim, o Inter que goleou o Grêmio por 6 x 2 no primeiro Gre-Nal realizado no Olímpico, ganharia, também, o último clássico no estádio que está para ser fechado. Um consolo, convenhamos, insuficiente para quem sonhava com a conquista de grandes títulos.

sábado, 3 de novembro de 2012

Mais sorte do que juízo

A vitória do Grêmio, por 1 x 0, sobre a Ponte Preta, hoje, no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro, foi uma repetição do panorama dos últimos jogos do time. O Grêmio, mais uma vez, mostrou-se lento, dispersivo, e sem destaques individuais. O próprio técnico Vanderlei Luxemburgo, sempre muito reticente em fazer críticas mais contundentes, disse que foi a pior atuação do Grêmio sob o seu comando. O gol da vitória só saiu aos 45 minutos do segundo tempo, numa cabeçada de André Lima. A queda de rendimento técnico e físico do Grêmio é assustadora. A grande diferença do jogo de hoje para os anteriores, contudo, é que, dessa vez, a vitória foi obtida, e ela traz excelentes perspectivas para o Grêmio, desde que ele faça a sua parte, é claro. Com a vitória de hoje, o Grêmio não poderá ser alcançado pelo São Paulo nessa rodada. Afora isso, caso o Atlético Mineiro perca para o Coritiba, sua vantagem sobre o Grêmio cairá para apenas um ponto. O próximo jogo do Grêmio será, novamente, no Olímpico, contra o São Paulo. O estádio deverá estar lotado. O Grêmio estará com vários desfalques, mas terá uma semana inteira para se preparar para a partida. Mesmo com um mau futebol, a vitória de hoje deu um grande impulso ao Grêmio na busca de seu objetivo de garantir logo a classificação para a Libertadores para poder se dedicar à busca do título da Copa Sul-Americana. A atuação foi, de novo, ruim, mas, dessa vez, a sorte colaborou com o Grêmio.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Campeonatos anacrônicos

Os campeonatos estaduais são um anacronismo que persiste no futebol brasileiro. Sua existência até poderia ser defendida para dar atividade aos clubes pequenos, mas não faz o menor sentido que os grandes continuem a tomar parte neles. Os estaduais são campeonatos sem atrativo técnico, que misturam clubes de diferentes divisões do futebol brasileiro, e que exibem uma média de público baixíssima. Nem mesmo os campeonatos de estados como Rio de Janeiro e São Paulo escapam desse quadro. Enfoco o assunto porque foi divulgada, ontem, a tabela do Campeonato Gaúcho de 2013. A competição irá iniciar já no dia 20 de janeiro. Isso significa que, se o Grêmio chegar até a decisão da Copa Sul-Americana, cujo segundo jogo está previsto para 12 de dezembro, e cumprir um mês regulamentar de férias a partir do dia seguinte, terá de estrear no Gauchão uma semana após o término das mesmas. Um absurdo! Aliás, com a modificação feita pela CBF na Copa do Brasil, que, a partir do ano que vem, irá até o mês de novembro, é de se perguntar como os clubes brasileiros conseguirão enfrentar o calendário. O simplismo e sabujice de alguns cronistas esportivos faz com que apontem como solução à adequação do calendário brasileiro ao europeu, a exemplo do que já fizeram os outros países sul-americanos. Sou totalmente contra. Não faz sentido disputar jogos importantes no tórrido verão brasileiro. Verão é para descanso e férias. O que deveríamos copiar dos europeus é a pré-temporada extensa, seguida de torneios de verão. Bastaria, para isso, retirar os grandes clubes dos campeonatos estaduais. Assim, eles poderiam cumprir com tranquilidade seu período de férias, realizar alguns jogos preparatórios após seu retorno e, só depois disso, entrar no ritmo das grandes competições. Como está atualmente, o calendário brasileiro pune os clubes de melhor desempenho, que começam o ano desgastados e com seu plano de preparação física comprometido, o que é por demais insensato. No futebol milionário dos dias de hoje, os campeonatos estaduais nada acrescentam aos grandes clubes.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um gol muito polêmico

A rodada do Campeonato Brasileiro iniciada sábado e encerrada ontem teve jogos bem mais importantes do que Inter x Palmeiras. Afinal, a partida reunia um clube com chances meramente teóricas de se classificar para a Libertadores, o Inter, e outro afundado na zona de rebaixamento, o Palmeiras. No entanto, foi um lance ocorrido nesse jogo que se tornou o assunto esportivo mais discutido durante toda a semana, no Brasil. O Palmeiras perdia por 2 x 1, de virada, para o Inter, quando, já no segundo tempo de jogo, o atacante Barcos marcou o que seria o gol de empate, tocando visivelmente com a mão na bola. Ainda assim, o árbitro e o bandeirinha validaram o gol. Diante dos protestos veementes de todo o time do Inter, o árbitro Francisco Carlos do Nascimento (AL), através do intercomunicador, pediu o auxílio do quarto árbitro, Jean Pierre Gonçalves Lima (RS) para saber quem tinha colocado a mão na bola. Só depois de mais de cinco minutos da ocorrência do lance é que o árbitro voltou atrás, anulando o gol. Tudo estaria muito bem, não fora um detalhe fundamental. Francisco Carlos do Nascimento só foi informado por Jean Pierre Gonçalves Lima sobre a irregularidade do lance depois do relato do delegado da partida, que, por sua vez, valeu-se da informação de uma repórter que observara a jogada pela televisão. Ora, isso é totalmente irregular. A Fifa não prevê a correção eletrônica dos erros de arbitragem, nem dá aos delegados de jogos o poder de interferir nesse tipo de questão. Ainda que o gol tenha sido, claramente, ilegítimo, e que, portanto, sua anulação fosse justa, a forma como isso se deu foi absolutamente ilegal. Há muito tempo, estou convencido de que a Fifa deveria implantar a correção eletrônica dos erros de arbitragem. Porém, isso precisa ser regulamentado, o que ainda não aconteceu. Sem o devido respeito às leis, retroagimos à uma situação de barbárie. Não basta que algo pareça justo para que possa ser feito. Há normas legais a serem observadas. No caso em questão, elas foram desconsideradas. Portanto, o Palmeiras tem todo o direito de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva buscando anular o jogo. Se irá, ou não, consegui-lo, é outra história, mas ao contrário do que muitos estão dizendo, o Palmeiras não está atentando contra a ética e a esportividade. Está lutando por seus direitos, que foram prejudicados por uma decisão correta no conteúdo, mas feita de forma inaceitavelmente irregular.