segunda-feira, 2 de abril de 2018

O rigor da lei

Dentre as tantas opiniões disparatadas sobre a expulsão do lateral direito Éder Sciola, do Brasil de Pelotas, no jogo de ontem contra o Grêmio, nenhuma supera a do ex-árbitro Márcio Chagas da Silva. Comentarista de arbitragem da RBS TV, Márcio Chagas disse que o árbitro Anderson Daronco, agiu certo dentro do rigor da lei, mas que se ele estivesse apitando o jogo, não teria expulsado Éder Sciola, levando em consideração o momento da partida. Esse tipo de declaração revela muito do que o Brasil é como país. Um ex-árbitro confessa que agiria em desacordo com o rigor da lei, para não causar um desequilíbrio no jogo. Não cabe a um árbitro esse tipo de ponderação, embora muitos cronistas defendam essa mesma postura. O árbitro tem que agir estritamente de acordo com o que dispõem as regras do futebol. As consequências de uma expulsão dentro de um jogo não são problema dele. A expulsão de Éder Sciola foi corretíssima. A absurda polêmica em torno do fato transformou o algoz em vítima. O jogador do Brasil de Pelotas não foi injustiçado, pois praticou uma falta grave e já tinha um cartão amarelo. Aliás, é curiosa a postura de cronistas "isentos" em relação ao lance. Em 2015, quando Anderson Daronco expulsou Geromel no primeiro Gre-Nal da decisão do Campeonato Gaúcho, na Arena, por uma entrada "temerária" em D'Alessandro, sua decisão foi festejada. Geromel sequer encostou em D'Alessandro, mas sua expulsão foi considerada correta pelos "imparciais" cronistas. Os mesmos que costumeiramente constituem a tropa de choque que defende os "erros humanos" de arbitragem quando eles favorecem o Inter, agora abrem o berreiro sobre um suposto benefício ao Grêmio, num jogo em que seu clube do coração sequer era um dos participantes. Sua indignação com a "injustiça" sofrida pelo clube pelotense nada mais é do que a manifestação da frustração e do ressentimento de quem foi barrado da festa.