segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tristeza no reino da alegria

O incêndio que atingiu os barracões da Grande Rio, Portela, União da Ilha do Governador e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), na Cidade do Samba, no bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro, é um duro golpe faltando um mês para o carnaval. Um golpe duro não só para as comunidades diretamente envolvidas com a preparação para o desfile, mas para todos quantos reconheçam no carnaval do Rio de Janeiro a condição de um espetáculo belíssimo e suntuoso. Aqueles que, como é o meu caso, já tiveram a oportunidade de assistir o desfile ao vivo no sambódromo da avenida Marquês de Sapucaí, sabem o quanto é visualmente extasiante e emocionalmente contagiante. O carnaval de 2011 já está, em parte prejudicado. A Liesa já decidiu que não haverá escolas rebaixadas e que as três prejudicadas pelo incêndio não serão submetidas a julgamento. Isso tira um pouco do brilho do evento, mas, trata-se de uma medida justa. No entanto, de uma forma ou de outra, quando o carnaval chegar, lá estarão milhares de pessoas no sambódromo e milhões pela tv, deixando-se enlevar por um espetáculo encantador. O carnaval do Rio de Janeiro sofreu um abalo, sem dúvida, mas vai passar por cima disso.

A mudança que faltou

Só os mais desavisados podem ter se surpreendido com a derrota do time principal do Inter por 2 x 1 para o Veranópolis, de virada, pelo Campeonato Gaúcho. O Inter tratou de afastar Renan e Alecsandro, tidos como os principais culpados pelo fracasso no Campeonato Mundial de Clubes, mas, incrivelmente, manteve o técnico Celso Roth, cujo esdrúxulo esquema com apenas um atacante já havia mostrado sua total ineficiência em 2010. O técnico, conhecido por sua teimosia, não abdicou de suas idéias e escalou, para um jogo contra um clube do interior um meio de campo com dois e, mais tarde, três volantes, e apenas um atacante. Só podia dar no que deu, ainda que o adversário fosse modesto. Nem mesmo Ademir de Menezes, Coutinho,  Eusébio, Van Basten, Romário ou Ronaldo Fenômeno, todos centroavantes goleadores, conseguiriam jogar sem parceria. Leandro Damião até fez um gol, mas não podia ir muito além disso. O pior, para o Inter, é que sequer pode se queixar da sorte. Ao renovar com Roth, já devia saber o que lhe esperava e, como expressa o ditado popular, "quem corre por gosto não cansa".

Paixão pelo futebol

O brasileiro, como se sabe, adora futebol, mas, até hoje, não se chegou a um consenso sobre em que unidade da federação essa paixão seria maior. Depois do que aconteceu ontem, Pernambuco parece reivindicar para si a condição de estado brasileiro mais apaixonado pelo futebol. Refiro-me ao público do clássico Santa Cruz 2 x 0 Sport Recife, que superou a marca de 45 mil pessoas. Com isso, é, até o momento, o maior público do ano no futebol brasileiro. O mais incrível é que o jogo nada decidia, era válido pelo Campeonato Pernambucano e não por uma competição de maior porte, e os dois adversários não integram a primeira divisão do país.  O Sport pertence à segunda divisão e o Santa Cruz ainda tem de buscar, via campeonato estadual, o direito de participar do campeonato brasileiro da quarta divisão! O futebol reflete, infelizmente, a realidade econômica do país. Onde há mais riqueza e desenvolvimento, há futebol mais forte, o que explica o fato de os 12 maiores clubes do Brasil pertencerem somente a duas regiões, Sul e Sudeste. O que é uma pena, pois, enquanto o jogo em Pernambuco recebia um grande público, no Engenhão, no Rio de Janeiro, o clássico Botafogo 3 x Fluminense 2, teve pouco mais de 13 mil assistentes. O público do jogo de Recife, caso fosse colocado no Engenhão, lotaria o estádio, cuja capacidade é exatamente de 45 mil pessoas. Os torcedores pernambucanos, diante de tamnaha demonstração de gosto pelo futebol, merecem ser brindados pela formação de times mais fortes e qualificados. O Brasil é um país de dimensões continentais e o melhor do seu futebol não pode ficar concentrado, permanentemente, nos quatro estados mais ricos da federação.