sábado, 18 de dezembro de 2021

Falsa solução

O futebol brasileiro foi sacudido fortemente, hoje, com a notícia de que Ronaldo Fenômeno tornou-se o acionista majoritário do Cruzeiro, o primeiro clube brasileiro a se transformar numa emoresa. Na prática, Ronaldo, agora, é o dono do Cruzeiro, dando início a um modelo de administração há muito tempo existente na Europa. Aliás, Ronaldo já é proprietário de um clube europeu, o Valladolid, da Espanha. Os cronistas esportivos alinhados com os " modernos métodos de administração" ficaram em polvorosa com a novidade. Na sua estultice característica, acham que a privatização dos clubes é a grande saída para o futebol brasileiro. Parecem ignorar que o Valladolid, sob o controle de Ronaldo, está na Segunda Divisão da Espanha, ou seja, ter um proprietário não é garantia de sucesso esportivo. Na verdade, a transformação dos clubes em empresas é uma falsa solução. Mais uma vez, o Brasil mimetiza o que acontece no exterior, partindo do pressuposto de que é preciso copiar o modelo de países mais "evoluídos". Com o transcorrer do tempo, se constatará que, para os torcedores, razão de ser dos clubes, haverá pouco efeito prático em termos de resultados. Não tardará para que a nova configuração do futebol brasileiro caia em descrédito. Os problemas dos clubes nada têm a ver com o modelo pelo qual são geridos. Ter dono e vários ocupantes de cargos administrativos bem remunerados não garante o êxito esportivo de um clube, apenas favorece aqueles que tratam o futebol como um meio de obter lucros, sem nenhum compromisso com a paixão dos torcedores.