segunda-feira, 22 de maio de 2017

O país dos cretinos

Entre suas tantas mazelas, o Brasil é, também, o país dos cretinos. Obcecados em seu antipetismo doentio, eles, cinicamente, se aferram á defesa da Constituição para condenar a realização de eleições diretas para presidente antes de 2018. A tresloucada Janaína Paschoal, conhecida por sua atuação no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, postou um áudio nas redes sociais em que defende que a Constituição seja respeitada, e que, caso Michel Temer venha a cair, seu substituto seja escolhido de forma indireta. Na mesma linha, o jornalista Tulio Milman, do grupo RBS, escreveu que uma eleição direta agora configuraria um golpe, pois seria feita apenas para beneficiar os interesses de um candidato. O candidato, no caso, obviamente, é o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A defesa da Constituição é o argumento que sistematicamente é usado, seja para justificar o impeachment de Dilma, ou para condenar uma antecipação das eleições diretas. O argumento é raso em ambos os casos. O fato de Michel Temer ser o vice de Dilma, não descaracteriza a condição de golpe da deposição da presidente. As alegações para o impeachment foram pífias e inconsistentes, e o fato do processo ter seguido o rito formal previsto não o legitima. Pior, ainda, é chamar de golpe uma antecipação de eleição pela via direta. Afinal, para que isso acontecesse, seria necessária a aprovação de uma emenda constitucional. Na verdade, essa incoerência argumentativa, deixando de reconhecer um golpe, e classificando dessa forma uma iniciativa que teria de ser votada pelo Congresso Nacional, apenas revela o pânico da direita com a possibilidade de que Lula volte a ser presidente. Por sinal, o defensor de tão disparatado argumento foi o mesmo que escreveu que não se importa em morrer trabalhando, na tentativa de defender a aprovação da criminosa reforma da Previdência. Argumentos fracos e incoerentes, considerações seletivas, com diferentes apreciações para situações análogas, essa é a postura da direita brasileira. O respeito á Constituição deve ser observado, sim, mas ele não pode servir para justificar as posições dos defensores do golpe.