segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Favoritismo

A ansiedade da imprensa conservadora brasileira em desalojar o PT do poder levou-a a tirar conclusões precipitadas sobre os protestos de junho nas ruas de várias cidades do país. Os movimentos foram interpretados como uma rejeição ao governo, abrindo a possibilidade de uma mudança nos ocupantes do poder. Algumas pesquisas, feitas pouco tempo depois dos protestos, ajudaram a fazer crescer essas especulações. Nelas, a popularidade da presidente Dilma Rousseff sofria sensíveis quedas. Houve até quem, em face de tais números, aventasse a hipótese do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva assumir a candidatura, para evitar a derrota de seu partido. Agora, quatro meses depois das manifestações de rua, uma pesquisa do Instituto Datafolha revela que a popularidade de Dilma Rousseff voltou a subir, e que, caso seus adversários na eleição sejam Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), a presidente deverá ganhar no primeiro turno. Muitos devem ter se surpreendido com tais dados. Eu não. Sempre achei que a possibilidade de uma derrota de Dilma era muito remota. Por mais que a imprensa se esforce em divulgar escândalos e povoar a mente da população com fantasmas como o da volta da inflação, a maioria do eleitorado brasileiro continua a apoiar o governo. Não se trata de algo casual ou irrefletido, mas de uma escolha consciente. O eleitor age assim porque é capaz de constatar os benefícios concretos que obteve na atual administração. Por isso, concedeu dois mandatos sucessivos para Lula, e deverá fazer o mesmo com Dilma. Os programas sociais, as políticas de cotas, e tantas outras iniciativas de afirmação da cidadania, fazem com que o eleitor mantenha a sua preferência pelo atual governo. Não serão denúncias em série ou previsões catastrofistas que mudarão esse quadro. Para que haja uma troca no poder, é preciso que quem está na oposição proponha algo melhor para o eleitorado. Isso, até hoje, não aconteceu, e o PT deverá seguir governando o país por muito tempo.