segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Uma receita fadada ao fracasso

Um presidente que admite nada entender de economia, e que por isso vai comer na mão do seu ministro da Fazenda, já é, por si só, algo assustador. Se esse ministro for adepto do ultraliberslismo, torna-se apavorante. Esse é o caso do presidente eleito Jair Bolsonaro e seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes. O receituário econômico de direita, como meio de debelar crises, jamais deu certo em lugar algum, é uma receita fadada ao fracasso. O exemplo mais recente disso é a Argentina, do presidente Maurício Macri. A Argentina está quebrada, e, em consequência, teve de recorrer ao FMI. Essa situação o Brasil conhece muito bem. No último governo da ditadura militar, o do general João Batista de Oliveira Figueiredo, o Brasil quebrou, e teve, depois de três décadas, de recorrer ao FMI. A crise se prolongou pelo governo seguinte, de José Sarney, já na redemocratização, com a inflação atingindo níveis galopantes. As receitas econômicas clássicas de direita só funcionam na teoria. Na prática, só geram desemprego e recessão. A fidelidade do eleitor acaba quando o seu bolso fica vazio. A lua de mel de Bolsonaro com o seu eleitorado vai durar muito pouco. A crise, em vez de ser mitigada, vai se agudizar. O temor que paira no ar é o de que o governo recorra a um golpe para se manter no poder. Dentro das regras democráticas, o futuro governo não terá como evitar um colapso, e a abreviação do seu mandato.