quinta-feira, 4 de novembro de 2021

A possível repetição de uma fórmula

São muitas as especulações sobre candidaturas e composições de chapa para as eleições presidenciais de 2022. Faltando onze meses para o pleito, ainda levará muito tempo até que ocorram definições, mas a possível repetição de uma fórmula já chama a atenção. Aventa-se a hipótese de que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seja o candidato a vice numa chapa encabeçada pelo ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva. Para isso, Alckmin ingressaria no PSB. Por enquanto, tudo o que há são conjecturas, mas o assunto estimula que se façam considerações a respeito. As intenções por trás dessa proposta parecem claras. Uma delas é que a presença de Alckmin na chapa faria Lula parecer mais palatável a setores da sociedade e, especialmente, do empresariado. A mesma fórmula foi adotada quando Lula escolheu o empresário José de Alencar para vice em seus dois mandatos presidenciais. Outro fator levado em conta nessa proposta é a busca da governabilidade, com um vice que agrade aos setores conservadores do Congresso, recurso utilizado por Dilma Rousseff, que teve Michel Temer como vice nas duas eleições que venceu. Porém, dificilmente os eleitores de cada lado do espectro político se deixariam seduzir por uma combinação como essa. Os eleitores de esquerda, em geral, e de Lula, em particular, esperam uma postura mais confrontante do ex-presidente para com a direita. Para os que se deixaram contaminar pelo antipetismo, nenhuma composição de chapa servirá para que cogitem votar em Lula. A chapa especulada remete para um "Lulinha paz e amor, parte 2", mas os tempos são outros, e as circunstâncias, também. Em tempos de polarização exacerbada, um discurso conciliatório corre o risco de desagradar gregos e troianos. A hora é de marcar posições, não de tentar juntar tendências antagônicas. A puxada de tapete que Dilma sofreu de Temer já deveria ser exemplo suficiente para desestimular propostas semelhantes.