sábado, 13 de janeiro de 2018

A insuportável supremacia do sertanejo

A música brasileira, antes tão vigorosa e diversificada, vive um processo de empobrecimento assustador. Seus velhos ícones parecem ter esgotado seu veio criativo. Os novos nomes que surgem não tem a mesma força e expressão desses grandes ídolos. Em meio a isso, tirando proveito desse quadro desolador, um ritmo tornou-se onipresente nos meios de divulgação da música, o sertanejo. Na televisão, principalmente, a música sertaneja reina de forma quase absoluta. A insuportável supremacia do sertanejo é a tradução mais fiel da pobreza criativa da música brasileira atual. Depois da explosão de duplas sertanejas, ocorrida há alguns anos, agora são as cantoras desse gênero que vão surgindo aos magotes. O fenômeno já foi denominado de "feminejo". O fato é que, seja com duplas, masculinas ou femininas, com cantores ou cantoras, o sertanejo é um suplício para os ouvidos. Melodias pobres e letras indigentes caracterizam a música sertaneja atual, que pouco ou nada tem a ver com a raiz do gênero, representada, em tempos idos, por duplas como Pena Branca e Xavantinho, por exemplo. Como qualquer outro gênero musical, o sertanejo tem o direito de buscar o seu lugar. O que não é admissível é que se torne o único a ter espaço nos meios de divulgação. A música brasileira sempre se caracterizou pela diversidade, não pode ser reduzida a um único gênero.