sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Consenso impraticável

A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) criticou o tom da campanha do candidato a presidente pelo seu partido, Eduardo Campos. Erundina disse que Campos tem que se posicionar ao lado dos trabalhadores, formular um discurso que lhe proporcione o voto da massa. O discurso ambíguo utilizado até aqui por Campos, analisa Erundina, se dá pela temor de desagradar as elites financeiras. Num posicionamento crítico e lúcido, Erundina declara que uma proposta que envolva consenso não tem serventia num país tão contraditório, desigual e injusto como o Brasil. Ela tem toda a razão. Há que se ter a coragem de tomar posição, de contrariar interesses. O partido de Campos e Erundina leva a palavra "socialista" no seu nome. Logo, deveria ser um partido à esquerda no espectro político. Eduardo Campos, no entanto, até aqui, tem se comportado como um candidato "engomadinho", palatável para os setores mais conservadores da sociedade. Na sua ânsia de se mostrar uma alternativa ao governo de seus antigos aliados do PT, Campos não ousa nas proposições, parece preocupado em não se indispor com nenhum segmento social. Porém, como bem observou Luíza Erundina, o consenso, numa sociedade com contrastes tão intensos como é o caso da brasileira, é impraticável. Se continuar "em cima do muro" em questões polêmicas e fundamentais, Campos não conseguirá romper a polarização PT-PSDB. Por enquanto, Campos constituiu uma candidatura, mas não se revelou uma alternativa concreta de mudança.