terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diferenças

Os desempenhos das seleções masculina e feminina de futebol do Brasil nos Jogos Panamericanos, em Guadalajara, no México, ensejam algumas reflexões. Tal como ocorrera no Pan de 2007, no Rio de Janeiro, a seleção masculina deu vexame, não passando da primeira fase. A seleção feminina, que ganhou a medalha de ouro em 2007, já está classificada para a decisão em 2011, podendo, portanto, bisar o feito. Os fatos não se repetiram por acaso. Alguns alegarão que a seleção masculina não levou sua força máxima. Isso é verdade, mas não serve como justificativa, pois a seleção feminina também está privada de algumas de suas principais jogadoras, entre elas, Marta, a melhor do mundo. O que ocorre é que é visível que, enquanto as meninas se empenham ao máximo em busca das vitórias, a equipe masculina não mostra o mesmo grau de aplicação. Vários jogadores da seleção masculina já recebem bons salários em grandes clubes do futebol brasileiro. Alguns deles participaram, ainda esse ano, das conquistas do Sul-Americano e do Mundial da categoria sub-20. Dessa forma, o Pan pode lhes parecer algo menor, para o qual não se sentem devidamente motivados. De uma forma ou de outra, no entanto, não há como aceitar que uma equipe que represente o futebol brasileiro numa competição internacional termine sua participação sem nenhuma vitória em três jogos, tendo enfrentado adversários modestos como Cuba e Costa Rica. A equipe feminina, por sua vez, tem um comportamento oposto. Como o futebol feminino no Brasil, em nível de clubes, não se estruturou, as competições das quais a seleção feminina participa são a grande chance que as jogadoras tem de obter visibilidade. Por isso, enquanto os garotos se mostram indolentes, as meninas empenham-se muito. Por mais incrível que possa parecer, a seleção feminina é que está, no momento, proporcionando as alegrias esperadas pelo torcedor. A seleção masculina principal e a que representou o Brasil no Pan só trouxeram decepção para a torcida e perda de prestígio para o futebol brasileiro. Afora a preocupação com estádios, obras viárias, aeroportos e hotéis, é preciso cuidar de montar uma Seleção Brasileira que empolgue o torcedor e tenha amplas condições de ganhar a Copa do Mundo de 2014 que, afinal, terá o Brasil como sede. No momento, infelizmente, essa hipótese ainda parece estar bem distante.