terça-feira, 13 de novembro de 2018

As idas e vindas de Bolsonaro

O período de transição entre governos é longo. Afinal, os governantes são eleitos no mês de outubro de um determinado ano e só tomam posse em janeiro do seguinte. A transição do governo do presidente golpista e ilegítimo Michel Temer para o do eleito Jair Bolsonaro não completou nem um mês, mas tem sido uma fonte inesgotável de informações desencontradas sobre o que viverá o país a partir de janeiro de 2019. As idas e vindas de Bolsonaro em suas declarações são a causa desse quadro. Bolsonaro já disse e desdisse sobre medidas de seu futuro governo várias vezes. A mais recente volta atrás em suas falas foi sobre a extinção do Ministério do Trabalho. Depois da enorme repercussão que a declaração gerou, Bolsonaro, hoje, sinalizou que o Ministério do Trabalho será mantido. A impressão que Bolsonaro transmite é a de que está permanentemente testando a repercussão das medidas que anuncia, e que quando ela é negativa, recua. Com isso, parece pretender evitar um desgaste de sua imagem antes de assumir o cargo. Porém, e depois de empossado, como agirá Bolsonaro? Governará indiferente a possíveis protestos, ou irá recuar cada vez que sua popularidade ameaçar cair? O fato é que o candidato boquirroto e de discurso agressivo deu lugar a um presidente eleito que  parece preocupado em não gerar animosidades na opinião pública. O primeiro efeito que resulta dessas afirmações constantemente revistas é o de transmitir uma imagem de desorientação da futura administração do país, o que gera insegurança sobre o que acontecerá a partir do próximo ano. Cada vez mais, o governo Bolsonaro parece um vôo cego a que os brasileiros serão submetidos. Entre as expectativas positivas do "mercado" e o pessimismo dos brasileiros minimamente conscientes, ninguém sabe exatamente o que acontecerá após a virada do calendário, e isso não é nem um pouco tranquilizador.