sexta-feira, 3 de junho de 2022

Coadjuvância

Durante anos, PT e PSDB foram os dois partidos predominantes na política brasileira. O PSDB chegou ao maior cargo político do país, o de presidente, com Fernando Henrique Cardoso, que ficou oito anos no cargo, de 1995 a 2003, quando transmitiu a faixa para Luís Inácio Lula da Silva. Derrotado sucessivas vezes, Lula, finalmente, chegava ao posto tão almejado, no qual também permaneceu por dois mandatos, transmitindo a faixa, em 2011, para sua correligionária, Dilma Rousseff. Primeira mulher a se tornar presidente do país, Dilma também foi reeleita, sendo derrubada por um golpe espúrio. O PSDB nunca mais elegeu um presidente depois de Fernando Henrique Cardoso. Em compensação, transformou o governo do Estado de São Paulo em um verdadeiro feudo, ganhando sucessivas eleições, por mais de duas décadas. Aliás, o governo paulista permanece em seu poder. Porém, os ventos já não sopram tão favoráveis ao partido, enquanto o seu grande rival mostra um incrível vigor, mesmo tendo sido alvo de um impeachment vergonhoso e da prisão injustificada de seu maior nome apenas para o impedir de concorrer a presidente, já que sua vitória era certa. Vítima de um conluio que reuniu a extrema direita, o empresariado, poderes Legislativo e Judiciário e a imprensa conservadora, o PT conseguiu, ainda assim, chegar ao segundo turno da eleição presidencial de 2018 com Fernando Haddad, que fez expressiva votação. O que não aconteceu com o PSDB, cujo candidato na ocasião, Geraldo Alckmin, não fez mais do que 5% dos votos. A política é dinâmica, e hoje Alckmin, atualmente no PSB, será vice de Lula na próxima eleição presidencial, na qual o candidato do PT é franco favorito. A sorte do PSDB, no entanto, não melhorou. Seu candidato a presidente, escolhido em prévia, o ex- governador do Estado de São Paulo João Dória Júnior, foi pressionado a abdicar de sua postulação, o que acabou fazendo. Numa eleição polarizada entre Lula e o presidente genocida Jair Bolsonaro (PL), de cuja barca o partido pulou fora, restou ao PSDB indicar o senador Tasso Jereissati (CE), como candidato a vice da senadora Simone Tebet (PMDB/MS), o nome da "terceira via" que João Dória Júnior não conseguiu ser. O PT, mesmo com toda a sorte de ataques espúrios que sofreu e continua recebendo, segue sendo um protagonista na cena política brasileira, enquanto o PSDB foi relegado à coadjuvância.