quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Desleixo

No Brasil, os governantes adoram fazer obras. Elas dão visibilidade às suas administrações, e proporcionam ganhos vultosos às construtoras, que retribuem com generosas quantias para financiar campanhas de candidatos. Porém, uma vez concluídas, essas obras não recebem a mesma atenção quanto à sua conservação e manutenção, numa evidente demonstração de desleixo com o dinheiro público. Os exemplos se acumulam. O estádio do Engenhão, construído para os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, está fechado há cerca de dois anos, para reformas, depois que foram constatados problemas na sua cobertura. Como pode um estádio, construído a um custo elevado, apresentar problemas estruturais com tão pouco tempo de uso? Mais absurdo do que o caso do Engenhão, é o da Arena Pantanal, construída para a Copa do Mundo de 2014, ao custo de R$ 600 milhões. Apenas seis meses depois do encerramento da competição, na qual sediou quatro jogos, a Arena Pantanal foi interditada pelo governo do Mato Grosso, devido ao péssimo estado de suas instalações, para a realização de reformas. Para piorar a situação, a construtora Mendes Júnior, que ergueu o estádio, alega nunca tê-lo entregue oficialmente, e cobra do governo do Estado mais R$ 70 milhões. No Rio Grande do Sul, a ERS-448, uma rodovia recentemente inaugurada, já mostra uma coleção de buracos na sua pista. Obras, no Brasil, são uma farra com o dinheiro público. Milhões são gastos nas suas construções, com preços, quase sempre, superfaturados. Depois de prontas, impera o descaso e elas são, praticamente, abandonadas. Um crime contra o erário público, que se repete exaustivamente, sem perspectiva de mudança.