terça-feira, 4 de junho de 2013

O embate da razão com o obscurantismo

A sociedade brasileira tem alcançado notáveis avanços na área do comportamento. Velhos tabus e preconceitos vão, aos poucos, sendo deixados de lado. Paralelamente, no entanto, forças propagadoras do atraso, apologistas de ideias retrógradas e medievais, tentam deter a marcha inexorável das mudanças nos usos e costumes, apelando para uma retórica tão estridente quanto cínica e hipócrita, sempre calcada na religião, eterna muleta dos defensores do obscurantismo. Nesse aspecto, poucos superam o pastor Silas Malafaia. Basta ter um mínimo de senso crítico para perceber que Malafaia é um lobo em pele de cordeiro. Sua entrevista, tempos atrás, nas páginas amarelas da revista "Veja", deixa isso bem claro. Malafaia é um dos tantos pastores das chamadas igrejas evangélicas, organizações que se especializaram em adotar posturas arcaicas e tungar o bolso dos incautos que se tornam seus fiéis. Pois eis que Malafaia volta às manchetes ao afirmar, referindo-se ao jurista Luís Roberto Barroso: "Vamos descer a ripa nele". Barroso foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. O jurista manifestou-se a favor das pesquisas com células-tronco embrionárias, do reconhecimento das uniões homoafetivas e da interrupção da gestação de fetos anencéfalos, assuntos estigmatizados pelos evangélicos. Malafaia estará em Brasília amanhã, na mesma ocasião em que Barroso será sabatinado pelo Senado, para participar de uma "manifestação pacífica" em favor das posições defendidas pelo rebanho evangélico. O pastor também disse não acreditar que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL} vá colocar em votação a criminalização da homofobia. Todo o barulho que Malafaia tenta fazer, felizmente, não deverá ter nenhum efeito prático. Barroso deverá ter sua indicação para o Supremo Tribunal Federal confirmada, e o projeto de criminalização da homofobia será levado à votação. O que Malafaia tenta é fazer uma chantagem com o governo e os parlamentares baseado no grande contingente de eleitores que são evangélicos. Como os políticos detestam perder votos, poderiam se deixar pressionar e voltar atrás em algumas posições para não se incompatibilizarem com essa fatia do eleitorado. Os políticos, contudo, andam a reboque da sociedade, que, em sua maioria, deixou bem claro para onde quer caminhar. Ainda que numericamente expressivos, os evangélicos não constituem a maior parte do eleitorado. No embate entre a razão e o obscurantismo, os brasileiros já firmaram posição em favor da primeira..