terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Artificialismo

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) decidiu que, no Campeonato Mundial de Fórmula-1 de 2014, a última corrida, o Grande Prêmio de Abu Dhabi terá os pontos valendo em dobro. A medida é uma clara tentativa de dar mais competitividade à F-1, que tem sido dominada por Sebastian Vettel e sua equipe, a RBR, nos últimos quatro anos. Se a medida já tivesse sido adotada anteriormente, Vettel não teria ganho um de seus quatro títulos consecutivos, o de 2011. Vettel, aliás, já se pronunciou sobre a mudança, considerando-a injusta para quem se esforça durante um ano inteiro. Concordo com Vettel. No esporte, as competições buscam apontar quem é o melhor. Por vezes, há uma superioridade escancarada de um competidor sobre os demais. Isso pode levar a uma previsibilidade quanto ao resultado que desestimule o público. Como o esporte se tornou um negócio milionário, é preciso cativar a audiência. Para isso, é desejável que as competições apresentem um alto grau de disputa, mantendo a mobilização e o interesse do público quanto ao seu desfecho. Tudo isso é muito compreensível, mas não justifica um artificialismo como pontos dobrados numa única corrida. O recurso do formulismo pode até ser eficiente para manter a emoção durante uma competição, mas é injusto. Os melhores tem o direito de usufruir a sua superioridade, ainda que isso tire um pouco do interesse pela disputa. Não se pode punir o talento. Vettel e a RBR tem sido hegemônicos na F-1, mas isso é consequência da qualidade do piloto e da competência da equipe. Eles tem feito um trabalho melhor do que os dos seus concorrentes, e, enquanto isso persistir, tem o direito de colher os resultados correspondentes.