sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carnaval

Mais uma vez, é Carnaval. A bem da verdade, oficialmente, ele começaria amanhã, mas na noite de sexta-feira cidades como São Paulo e Porto Alegre já realizam os seus desfiles, para fugir da concorrência com o imbatível Carnaval do Rio de Janeiro. Para quem já viveu muitos carnavais, como é o meu caso, não há como evitar a comparação entre hoje e o passado. O Carnaval era uma festa muito mais enraizada popularmente do que o que se vê atualmente. Seu apelo contagiava o país, praticamente, do Oiapoque ao Chuí. Em Rio Grande, onde nasci, o Carnaval era tão forte que durava uma semana, pois, respeitada a Quarta-Feira de Cinzas, era retomado na quinta-feira, só se encerrando no domingo seguinte. Havia um belo carnaval de rua e vários clubes promoviam bailes animadíssimos. O mesmo fenômeno se repetia no município vizinho, Pelotas. Hoje, Rio Grande e Pelotas tem um Carnaval de quatro dias, como em todos os lugares. Os desfiles de rua lutam para não desaparecer, e os bailes quase não existem mais. O Carnaval, no Brasil, deixou de ser uma festa de intensa participação popular, à exceção de Salvador e Recife, que tem suas ruas tomadas pelos foliões. Afora isso, há a beleza extasiante dos desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro, que, no entanto, constituem um espetáculo para ser visto, nas arquibancadas ou pela televisão, e não uma festa a qual todos se integram pulando enquanto tiverem forças. Nesse sentido, o renascimento dos blocos de rua na Cidade Maravilhosa, que vem ocorrendo nos últimos anos, é algo a ser saudado, pelo que representa de resgate do aspecto mais autenticamente popular do Carnaval. Porém, no país como um todo, o Carnaval não tem mais o mesmo encantamento de outras épocas. As marchinhas, compostas especialmente para a festa, e que tanto sucesso faziam, ficaram no passado. Para os mais jovens, o Carnaval talvez seja, apenas, a oportunidade de aproveitar um feriado prolongado. Para os mais velhos, é a evocação de um lindo tempo que não volta mais.